CIRCULAÇÃO COM A BOLSA DE PROPOSTAS E INFORMAÇÕES OU COM A BOLSA DE SOLIDARIEDADE


Segundo JOSÉ CASTELANI em seu livro “Curso Básico de Liturgia e Ritualística – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. – Pag. 39, 40 e 4, a Circulação do Tronco de Solidariedade (ou de Beneficência) e da Bolsa (ou Sacola, ou Saco) de Propostas e Informações (nos ritos que a possuem, como Escocês, Adoniramita, Moderno e Brasileiro, já que nos Ritos de York e Schroeder ela é inexistente), quando feito com as devidas formalidades ritualísticas, deve levar em consideração a hierarquia dos cargos em Loja e os Graus simbólicos. 

A circulação mais simples é a que começa no Venerável, passa por todos os que se encontram no Oriente, depois pelo Sul e, finalmente, pelo Norte (ou pelo Norte e depois, pelo Sul dependendo do Rito). Essa circulação, todavia, não leva em conta a hierarquia dos cargos e dos Graus simbólicos, além de ser destituída de qualquer sentido esotérico, sempre presente nas práticas maçônicas.

A circulação formal, que leva em consideração todos esses fatores, é a seguinte:

São atendidos, pela ordem: o Ven.´. Mestr.´. , o 1º Vig.´., o 2º Vig.´., o Orad.´., o Sec.´., o Cobr.´. Int.´. (G.´. do Temp.´.), o Cobr.´. Ext.´. (se a Loja o tiver), os IIr.´. postados no Oriente e os MM.´. MM.´. da Coluna do Sul, os mm.´. MM,´, da Coluna do Norte, os Ccomp.´. e, finalmente, os Aap.´..

Pode-se notar que no início dessa circulação é formada pelo Oficial circulante (Mestre-de-Cerimônias, ou Hospitaleiro), uma estrela de seis pontas, com dois triângulos entrecruzados, sendo o de ápice superior, formado pelo Ven.´, e pelos dois VVig.´., enquanto que o de ápice inferior é formado pelo Orad.´., pelo Sec.´. e pelo Cobr.´.. Essa estrela de seis pontas que no Rito de York é chamada de “Blazing Star” (Estrela Flamejante) é um antiqüíssimo símbolo, que foi aproveitado pelos hebreus e foi sempre importante no judaísmo, sob o nome de “Magsen David” (Estrela de David). Como símbolo bem antigo, ela tem dupla interpretação esotérica:

a)  – Os dois triângulos representam as duas naturezas humanas, masculina e feminina, que se interpenetram e se harmonizam, formando uma figura inteiramente nova, embora ambos os princípios originais conservem a sua individualidade. Graças a isso, a estrela (formada por dois triângulos eqüiláteros) é considerada como o símbolo do matrimônio perfeito e, por extensão, a eternidade, pela perpetuação da espécie, já que simboliza o macho e a fêmea que se unem para formar um novo ser (é a figura interinamente nova, a estrela), sem perder a sua individualidade (os dois triângulos).

b) - Representa a relação Espírito-Matéria, como segue: o triângulo de ápice superior representa os atributos da espiritualidade, enquanto que o triângulo de ápice inferior simboliza os atributos da materialidade.

Na administração de uma Oficina, o Ven.´. e os VVig.´. representam o triângulo da espiritualidade, pois a eles compete a condução espiritual da Loja: o Orad.´., o Sec.´. e o Cobr.´. (G.´. do Temp.´.) simbolizam o triângulo da materialidade, pois a eles compete a execução das atividades materiais da Oficina (peças de arquitetura, interpretação da lei, redação dos balaústres, expediente e segurança do Templo). Assim, ao atender, inicialmente, ao Ven.´., aos VVig.´., ao Orad.´., ao Sec.´. e ao Cobr.´. (G.´. do Temp.´.), o Oficial circulante estará atingindo os três ângulos de cada triângulo e formando o antigo símbolo da estrela hexagonal.

Essa forma de Circulação é a praticada no Rito Escocês Antigo e Aceito, no GOB. Nas Grandes Lojas são poucas as diferenças. Troca-se o Cobr.´. Inter.´. (G.´. do Templ.´.) pelo 1º Exp,´,  e faz-se em cada uma das colunas, em primeiro lugar, os ocupantes dos cargos, depois os MM.´. MM.´., Ccomp.´. e Aap.´.. Nesse caso, conforme poderemos observar na sequência da Circulação, a figura esotérica dos dois triângulos fica prejudicada.

Já, na Grande Loja Maçônica do Distrito Federal, no Ritual de julho de 1996 (anterior ao atual), consta a seguinte forma de Circulação com as Bolsas de Propostas e Informações e de Solidariedade:

“Começa pelo Ven.´. Mestr.´. e todos os que se acham no Trono.
Se o Grão-Mestre e/ou Grão-Mestre-Adjunto estiverem presentes, serão, na respectiva ordem os primeiros.

A seguir: 1º e 2º VVig.´., depois Orad.´. e Sec.´., Port.´. Band.´., MM.´. MM.´. do lado Norte, 2º Diac.´., Port.´. Esp.´. , MM.´. MM.´. do lado Sul e Port.´. Estand.´. , Hosp.´., Chanc.´., 1º Exp.´.. 2º Diác.´., Tes.´., M.´. de CCer.´., MM.´. MM.´. da Col.´. do Sul, 2º Exp.´., M.´. de Harm.´., MM.´.MM.´. da Col.´. do Norte, Ccomp.´., AAp.´., Cobr.´. G.´. do T.´. e, finalmente, o Ir.´. que se acha circulando, entrega a Bol.´. ao G.´. do T.´., coloca a sua proposta ou óbolo, retoma a Bol.´., vai para entre CCol.´. e anuncia.”

Essa é a forma de Circulação nas Lojas Jurisdicionadas à Grande Loja Maçônica do Distrito Federal, em vigor.

Além da beleza há algo mais na ritualística que a simples circulação, e se assim não fosse, documentos e metais poderiam ser entregues diretamente às autoridades da Loj.´. ou ao Tes.´.


RITOS MAÇÔNICOS


Denomina-se de rito maçônico um conjunto sistemático de cerimônias e ensinamentos maçônicos. Esses variam de acordo com o período histórico, conotação, objetivo e temática dada pelo seu criador; muitos ritos existiram por breves períodos de tempo e foram extintos, muitos mantém suas tradições inalteradas até hoje, estima-se que ao longo da historia tenha existido mais de 140 ritos diferentes, os ritos hoje mais difundidos no mundo são: O rito de York, O rito Escocês Antigo e Aceito, O rito Francês ou Moderno, O rito Schröeder, O Rito de Memphis-Misraim. No Brasil se exercem todos esses, mas se destacam também o Rito Brasileiro e o Rito Adonhiramita.

RITO DE YORK
Acredita-se ter sido criado por volta de 1743. Foi levado à Inglaterra por volta de 1777. Inicialmente foi composto de quatro graus, hoje possui 13 e atualmente é o rito mais difundido no mundo. Até 1744 possuía apenas os três graus simbólicos, quando foram introduzidos vários graus filosóficos. Em 1813 reestruturou-se o Rito com 03 graus simbólicos mais um grau filosófico o ROYAL ARCH. A data dessa unificação foi 27 de dezembro de 1813, dia de São João Evangelista.

No Brasil dizemos Rito de York ao sistema maçônico que segue estritamente as práticas inglesas, de um modo particular observando-se as cerimônias tradicionais que recebem o nome geral de Emulation working ("trabalhos de Emulação"). Emulação é o sentimento que nos estimula a superar algo, a sermos perfeitos. Em 1813, ao se unirem Antigos e Modernos, na solene afirmativa do Act of Union foi dito, e até hoje é mantido como declaração preliminar no livro das Constituições da Grande Loja Unida da Inglaterra, que "a pura e Antiga Maçonaria consiste de três graus e não mais, a saber, os de Aprendiz Registrado, Companheiro do Ofício e Mestre Maçom, incluindo a Suprema Ordem do Santo Real Arco.

Fica desse modo bastante claro que, conforme os princípios ingleses (ou pelo menos da Grande Loja Unida), embora a complexa existência de círculos ou ordens além do grau três, tais manifestações não são consideradas como puras, nem o Arco Real é tido como um grau extra, mas sim uma Ordem incluída nos três graus a que se reduz a dita pura Antiga Maçonaria. Paradigma estranho aos brasileiros, à medida que estamos acostumados às diversas escalas da carreira maçônica ou graus, assim, por exemplo, os prestigiosos 33 graus do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA).

RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO
Derivou-se do Rito de Heredon. Em 1º de maio de 1786 foram fixadas as regras e seus fundamentos, composto até hoje de 33 graus. Atualmente é o rito mais difundido nos países latinos. A origem do rito escocês antigo e aceito está diretamente ligada as Cruzadas. Devia fazer-se sentir, não só entre os artífices, mas ainda entre os nobres que também conheceram na Palestina, formas de associações novas e, uma vez de volta a Europa constituíram Ordens, semelhantes às do Oriente, nas quais admitiram logo outros iniciados. É assim que em 1196, fundou-se na Escócia a "Ordem dos Cavaleiros do Oriente", cujos membros tinham como ornamento uma cruz entrelaçada por quatro rosas. Dizem que essa Ordem trazida da Terra Senta, pelo ano de 1188 da Era Cristã, da qual o rei Eduardo I da Inglaterra.

O Rito Escocês Antigo e Aceito resolveu definitivamente o problema que tinha por objetivo conservar na Maçonaria os ensinamentos filosóficos que, há séculos, se agruparam em torno do pensamento primitivo e simples, em que a Maçonaria está estabelecida. Cada iniciação evoca a lembrança de uma religião, de uma escola, ou de alguma instituição da Antigüidade. Estão em primeiro lugar as doutrinas judaicas. Vêem em seguida os ensinamentos baseados no cristianismo e representados, sobretudo pelos Rosacruzes, esses audazes naturalistas que foram os pais do método de observação e procura da verdade, de onde saiu a ciência moderna. Portanto, as iniciações do Escocismo reportam-se aos Templários, esses cavaleiros hospitalares e filósofos nos quais os maçons dos Altos Graus glorificam a liberdade do pensamento corajosamente praticada numa época de terrorismo sacerdotal.

RITO FRANCÊS OU MODERNO
A história deste rito se inicia em 1774, com a nomeação de uma comissão para se reduzir os graus, deixando apenas os simbólicos. No princípio houve uma forte oposição, então a comissão decidiu deixar quatro dos principais graus filosóficos. Com o decorrer do tempo, lojas adotaram o rito e hoje em dia é muito praticado na França e nos países, que estiveram sob sua influência.


O rito, embora criado sob moldes racionais, seguia a orientação dos demais, em matéria doutrinária e filosófica, baseada, entretanto, na primitiva Constituição de Anderson, com tinturas deístas, mas largamente tolerante, no que concerne à religião. Em 1815, ocorreria a regressão dogmática, que tanto influiria nos destinos da Maçonaria francesa: a Grande Loja Unida da Inglaterra, que surgira em 1813, da fusão da Grande Loja dos "Modernos" (de 1717) e a dos autodenominados "Antigos", de 1751, alterava a primitiva Constituição de Anderson, tornando-a absolutamente dogmática e impositiva. Ou seja: ao liberalismo e à tolerância da original compilação de Anderson, foram sobrepostos os teísmo pessoal, o dogmatismo e a imposição, incompatíveis com a liberdade de pensamento e de consciência.

Apesar disso, quando o Grande Oriente promulgou, em 1839, seus primeiros "Estatutos e Regulamentos Gerais da Ordem", estes conservavam o melhor da tradição da Maçonaria dos Aceitos, dentro do espírito da original Constituição de Anderson, de 1723. Em 1872, depois de estudos iniciados em 1867, o Grande Oriente da Bélgica suprimia, de seus rituais, a invocação do G.'.A.'.D.'.U.'.. Essa resolução aboliu a invocação, mas não a fórmula do G.'.A.'.D.'.U.'., como freqüentemente se afirma. Era a tolerância, elevada ao máximo, que motivava o Grande Oriente a rejeitar qualquer afirmação dogmática, na concretização do respeito à liberdade de consciência e ao livre arbítrio de todos os maçons.

O Grande Oriente e a Grande Loja da França, porém, doutrinariamente, continuam a manter a fidelidade àqueles antigos usos, relativos ao respeito à liberdade absoluta de consciência. A Maçonaria francesa, tendo muitos aristocratas em seus quadros, embora seu maior contingente fosse da burguesia, que faria a revolta, ao implantar o uso de espadas em Loja, pretendia mostrar que ali todos eram iguais, não havendo nobres ou plebeus, ricos ou pobres, ficando, as ainda inevitáveis diferenças sociais e econômicas para lá do limite dos templos. O Rito Moderno, hoje, o único fiel ao texto original das Constituições de Anderson (1723), que traduziam os antigos usos e costumes da Maçonaria e que se tornaram o instrumento jurídico básico da moderna Maçonaria.


RITO SCHRÖEDER:
Criado por Frederick Louis Schoröeder, em 1766 na Alemanha, com a idéia de a Maçonaria conter apenas as suas características fundamentais iniciais, sem nenhum acréscimo. Estudou muito as origens maçônicas para compor este rito. Os Rituais de Schröder foram aprovados em 1801 pela Assembléia dos Veneráveis Mestres da Grande Loja de Hamburgo, Alemanha, sendo praticados por alemães e seus descendentes em diversos países. No Brasil, com a colonização germânica no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, o Rito estabeleceu-se inicialmente no idioma Alemão. Mais tarde foi traduzido para o Português e hoje é reconhecido pelas Grandes Lojas Estaduais- CMSB, pelo G. O. B. e pelos Grandes Orientes Estaduais Independentes - COMAB.

O Ir.'. Schröder entendia a Maçonaria como uma união de virtudes e não, uma sociedade esotérica. Por isso, enfatizou no seu Ritual o ensinamento dos valores morais e a difusão do puro espírito humanístico, dentro do verdadeiro amor fraternal. Preservando a importância dos símbolos e resgatando o princípio que afirma ser "a verdadeira Maçonaria a dos Três Graus de São João". Pelo seu trabalho e exemplo, o Ir.'. Schröder é venerado e respeitado hoje, como no passado, sendo homenageado pelas antigas Lojas alemãs e por Lojas e Irmãos de todo o mundo. O Rito Schröder apresentou expressivo crescimento a partir de 1995, quando havia cerca de 14 Lojas no Brasil. Por utilizar um Templo simples, com poucos paramentos e cargos, torna-se muito mais fácil "trabalhar" em uma Oficina Schröder. Tudo isso contribui para aumentar o número de Oficinas que adotam o Rito. Atento a este movimento, o G. O. B. criou em 1999 o cargo de Grande Secretário Geral de Orientação Ritualística-Adjunto para o Rito Schröder, não por acaso, ocupado por um dos integrantes do Colégio de Estudos.

Alguns aspectos principais chamam a atenção de todos os Irmãos que entram em contato com o Rito: a simplicidade da Liturgia, que em nada diminui sua beleza e profundidade; as palavras amáveis do V.M. ao iniciando e aos Irmãos; a valorização das qualidades morais do homem; o estímulo ao autoconhecimento.


RITO DE MEMPHIS-MISRAIM
Esta Obediência Maçônica, que celebrou seu bicentenário em 1988, surgiu quando os dois Ritos, de Memphis e de Misraim, foram reunidos em 1881, por Giuseppe Garibaldi, que se tornou seu primeiro Grão-Mestre. O Rito de Misraim foi fundado em Veneza em 1788. Sua filiação veio através de Cagliostro, que o erigiu com os Graus Menores da Grande Loja da Inglaterra e os Altos Graus da Maçonaria Templária Alemã. O Rito de Memphis foi constituído em Montauban em 1815, por Franco-maçons que tomaram parte na Missão do Egito, com Napoleão Bonaparte, em 1799. A estes dois Ritos foram adicionados os Graus Iniciáticos que vieram de Obediências Esotéricas do século XVIII: o Rito Primitivo, o Rito dos Philadelphos, entre outros.

O Rito de Misraim
A primeira menção ao Rito foi feita em Veneza em 1788. Ele se difundiu rapidamente em Milão, Gênova e Nápoles e apareceu na França com Michel Bedarride, que recebeu o Grão-mestrado em 1810, em Nápoles, do Irmão De Lasalle. De 1810 a 1813 os três Irmãos Bedarride desenvolveram o Rito em França, de certa forma sob a proteção do Rito Escocês. Ilustres Maçons pertenceram a ele, como o Conde Muraire, Soberano Grande Comendador do Rito Escocês Antigo e Aceito, entre outros.

O Rito de Memphis
A maioria dos membros que acompanharam Bonaparte na Missão do Egito eram Maçons pertencentes a antigos Ritos iniciáticos: Philalètes, Irmãos Africanos, Rito Primitivo e Grande Oriente de França. Tendo descoberto no Cairo uma sobrevivência gnóstico-hermética e no Líbano a Maçonaria drusa, que Gérard de Nerval também encontrou, remontando à Maçonaria "operativa" que acompanhava os seus protetores, os Templários, os Irmãos da Missão do Egito decidiram renunciar à filiação maçônica vinda da Grande Loja da Inglaterra. E assim nasceu o Rito de Memphis em 1815, em Montauban, sob a direção de Samuel Honis e Marconis de Negre, com numerosas Lojas no exterior e personalidades ilustres em suas fileiras, como Louis Blanc e Giuseppe Garibaldi, que em breve se tornaria o unificador de Memphis e de Misraim.

O Rito de Memphis-Misraim
Os Ritos de Memphis e Misraim, até 1881, seguiam rotas paralelas e concertadas no mesmo clima particular. Os Ritos começaram então a agrupar Maçons interessados no estudo do simbolismo esotérico da Maçonaria, gnose, cabala e até mesmo o hermetismo e o ocultismo. O Rito de Memphis-Misraim perpetua sua Tradição na fidelidade aos princípios de liberdade democrática e das ciências iniciáticas. Alguns outros ritos derivaram da formulação original do rito de Menphis e Miram. Mênphis ou Oriental: Foi introduzido em Marselha(França) pelos Maçons Marconis de Négre e Mouret, no ano de 1838; esse rito dirige seus ensinamentos como o de Mizraim para a tradição Egípcia, compões-se de 92 graus, dividido em 3 séries. Mênphis-Mizraim: Rito criado com a reunião dos ritos de Mênphis e Mizraim em 1899 no Grande Oriente da França. Soberano Santuário: Termo específico do Rito de Memphis-Misraim. É a Direção do Rito como um todo, seguindo antigas Tradições. Mizraim-Mênphis: Rito criado com a reunião dos dois ritos, com conotação mais voltada ao Mizraim.


O RITO BRASILEIRO
Alguns estudiosos falam de sua instalação em 1864 no Estado de Pernambuco, com o nome de Maçonaria Especial do Rito Brasileiro. Oficialmente tem-se a data de 23 de dezembro de 1944 como de sua criação, através do Decreto nº 500 do Soberano Grão-Mestre Lauro Sodré. Dos diversos ritos praticados pela Maçonaria Regular, em todos os recantos da Terra, o Rito Brasileiro é um deles. O Rito Brasileiro há muito tempo é Regular, Legal e Legítimo. Acata os Landmarks e os demais princípios tradicionais da Maçonaria, podendo ser praticado em qualquer país.

Teria sido o embrião do Rito Brasileiro o apelo feito por um irmão Lusitano, um Cavaleiro Rosa Cruz, no ano de 1864, dirigido aos Orientes Lusitano e Brasil, no sentido de que fosse criado um Rito novo e independente, mantendo os três graus simbólicos, de acordo com a tradição maçônica, comum a todos os ritos e, os demais, altos graus, fossem diferenciados com características nacionais. Em 1878, em Recife surgiu a Constituição da Maçonaria do Especial Rito Brasileiro com aval de 838 obreiros, presidido pelo comerciante José Firmo Xavier, para as Casas do Circulo do Grande Oriente de Pernambuco; Esta Constituição era Maçonicamente totalmente irregular, pois a mesma além de se assentar sob os auspícios de sua Majestade Imperial Dom Pedro II, Imperador do Brasil, da Família Imperial e sua Santidade Sumo Pontífice o Papa, nela estava incluído vários preceitos negativos, como por exemplo: A admissão somente de Brasileiros natos, e em seu artigo quarto afirmava que uma das finalidades do Rito era defender a Religião Católica e sustentar a Monarquia Brasileira. Evidentemente o Rito não prosperou, pois era Irregular.

Atualmente o Rito Brasileiro é uma realidade vitoriosa. Possui organização e doutrina bem estruturada, que muito se diferencia da organização e doutrina incipientemente propostas ao longo de sua história. Solidamente constituído é praticado por mais de 150 Oficinas Simbólicas distribuídas por quase todas as unidades da Federação.


O RITO ADONHIRAMITA
Criado pelo Barão de Tschoudy, ilustre escritor, em Paris, França, no ano de 1766. De caráter místico e cerimonial, atualmente só está em funcionamento no Brasil; Este rito se originou em 1878 em Recife, com o primeiro movimento maçônico brasileiro, ficou adormecido até que em 1976, por iniciativa de Lauro Sodré, Grão Mestre, deu o caráter de regular, legítimo e legal para o rito. Este sofreu ainda atualizações, para a sua forma atual. Ao lado do Rito Moderno, o Rito Adonhiramita foi um dos primeiros introduzidos no Brasil, precedendo, por pouco tempo, o primeiro, no início do século XIX.

Embora, no início do século XIX, o rito tenha tido muita aceitação, ele acabaria, logo, sendo praticamente ignorado, pois, quando, depois do fechamento do Grande Oriente Brasílico --- a 25 de outubro de 1822 --- foi reerguida a Maçonaria brasileira, em 1830 e 1831, através de dois troncos, o Grande Oriente Brasileiro e o Grande Oriente do Brasil, respectivamente, nenhuma Loja adotou o rito. Ele só seria reintroduzido em 1837, quando foi fundada a Loja "Sabedoria e Beneficência", de Niterói, regularizada a 16 de janeiro de 1838, na jurisdição do Grande Oriente do Brasil, vindo a abater colunas em 1850. A segunda Loja "Firmeza e União" surgiria em 1839, ano em que a Constituição do Grande Oriente do Brasil instituía o Grande Colégio de Ritos, para abrigar os Altos Graus dos ritos então praticados: Moderno, Adonhiramita e Escocês Antigo e Aceito.

Em 1863, ocorreria uma dissidência, no Grande Oriente do Brasil, liderada por Joaquim Saldanha Marinho, sendo criado o Grande Oriente do Vale dos Beneditinos --- que, depois de uma fracassada tentativa de reunificação, passou a se denominar Grande Oriente
"Unido" --- em alusão ao seu local d funcionamento. Nesse Grande Oriente, o Rito Adonhiramita floresceu, chegando, o número de suas Lojas, a suplantar o do Grande Oriente do Brasil: neste, foram fundadas as Lojas "Aliança", em 1869, e "Redenção", em 1872, perfazendo três Lojas do rito.

Em 15 de abril de 1968, era assinado, entre o Grão-Mestre do Grande Oriente, Álvaro Palmeira, e o então Grande Inspetor do Sublime Grande Capítulo, Josué Mendes, um Tratado de Aliança e Amizade entre as duas Obediências. Com a morte, em 1969, de Josué Mendes, Aylton de Menezes assumiu o cargo de Grande Inspetor, tratando de alterar, totalmente, a estrutura administrativa do rito, que, há muito, não era mais praticado em qualquer outro país do mundo. Com isto, de acordo com sua Constituição, promulgada a 2 de junho de 1973, o Sublime Grande Capítulo passou a se denominar Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita, enquanto o Grande Inspetor assumia o título de Magnífico Patriarca Regente. Conforme os termos da Constituição, os poderes e autoridades do Sublime Grande Capítulo eram transmitidos ao Excelso Conselho, embora o tratado de 1968, com o GOB, tivesse sido feito em nome do Grande Capítulo. Além da alteração administrativa, os graus adonhiramitas eram, então, aumentados de treze para trinta e três.

Em 1973, por uma cisão no Grande Oriente do Brasil, surgiram os Grandes Orientes estaduais independentes, ou autônomos. Alguns criaram Lojas adonhiramitas, mas não promoveram essa modificação estrutural, surgida no âmbito do Grande Oriente do Brasil. Foi o caso da pujante Maçonaria Adonhiramita do Grande Oriente de Santa Catarina, depois transformada em Oficina Chefe do rito, em âmbito nacional, para todos os Grandes Orientes independentes, que já promoveu diversos encontros estaduais e nacionais, com pleno sucesso. Ali, a Oficina Chefe do Rito continua sendo o Sublime Grande Capítulo, é dirigida por um Grande Inspetor e adota o Rito Adonhiramita original, sem o acréscimo de graus.

Não foram feitos muitos rituais adonhiramitas dos graus simbólicos, no Brasil (menos ainda nos Altos Graus). Os primeiros utilizados, na primeira metade do século XIX, eram, simplesmente, uma tradução feita da "Compilação Preciosa". Somente em 1873, diante da iminente criação do Grande Capítulo Noachita, é que o Grande Oriente do Brasil editaria o Regulamento dos Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. Esse regulador dos três graus simbólicos seria reeditado em 1916 e em 1938. Depois disso, surgiriam novas edições, com mais freqüência. As práticas ritualísticas do Rito Adonhiramita são, seguramente, das mais belas, entre as dos diversos ritos praticados em nosso país. Se o Rito Schroeder é, sem dúvida nenhuma, o mais simples e objetivo, o Adonhiramita é o mais complexo e o de maior riqueza cênica, não só nas cerimônias magnas de iniciação, elevação e exaltação, mas até nas sessões mais simples, quando nenhuma das práticas próprias do rito é omitida.

OUTROS RITOS MAÇÔNICOS
Além destes ritos que tem a sua presença de forma mais marcante no mundo e no Brasil, existem mais de cem outros ritos, como por exemplo: Rito do Anel Luminoso: fundado em 1780 e tendo com visão reviver a escola de Pitágoras; Rito dos Cavalheiros do Oriente: Sua origem remontava a maçonaria primordial baseada nas tradições egípcias; Rito dos Arquitetos da África: surgiu na Áustria em 1787 e dedicava-se a investigações históricas sobre a maçonaria; Rito de Heredom: surgiu na França em 1758 e tinha como foco os Cavaleiros Templários; Rito Platônico: Fundado em 1842 se espelhava na academia Platônica; Rito Eclético Lusitano : Foi uma tentativa de constituir um rito próprio e exclusivo dos maçons portugueses. Foi elaborado em 1838 durou pouco mais de 23 anos e foi incorporado ao Rito Francês. Muitos outros ritos são conhecidos na história da maçonaria, muitos destes serviram de alicerce para os ritos hoje largamente praticados.

Muitos outros se perderam nas areias do tempo, mas independente dos ritos e obediências e por trás de todos eles estavam os nossos irmãos que defenderam e propagaram a maçonaria pelos quatros cantos da terra e é em honra a estes irmãos que prestamos hoje homenagem nos filiando e seguindo o nosso rito nos empenhando em nos tornarmos pessoas melhores e tornar o mundo melhor para que possamos contribuir na elaboração da obra cujo alicerce foi forjado há muitos anos atrás pelo suor e sangue dos verdadeiros maçons.

Que o Grande Arquiteto do Universo, Supremo Reparador dos Mundos, possa sempre nos iluminar em nossa obra e abrir a nós as portas do conhecimento, e quando ao fim de nossa vida chegar possa permitir que nos unamos a sua luz de onde um dia saímos.

Bibliografia:
Apostila de Informações Preliminares.
Coleção da Maçonaria Simbólica do Rito Adonhiramita.
CASTELLANI, José. Curso Básico de Liturgia e Ritualística. Ed. A Trolha 2a. Ed. - 1997.
CAMINO, Rizzardo da. Dicionário Maçônico. São Paulo. Ed. Madras. 2001.
SILVA, Pedro. História e Mistério dos Templários. Rio de Janeiro Ed. Ediouro. 2001.
ARDITO, João Antonio. Maçonaria Lendas Mistérios e Filosofia Iniciática. Rio de janeiro. Ed. Madras. 2002.


Gabriel Campos Oliveira

TRECHOS DOS RITUAIS


“...há séculos que o punhal tem servido de instrumento homicida. Com ele, reis feriram suas vitimas e fanáticos feriram os reis. Nunca, porém, serviu a Justiça e a Verdade. 

Há séculos os nossos antepassados o traziam como símbolo da luta, mas nunca o mancharam de sangue. Há muito, partidos políticos tem procurado infiltrar-se em nossos Templos e seitas religiosas já tentaram dissimular, sob o manto da Maçonaria, seus preceitos e paixões. 

Atos políticos, algumas vezes extravagantes, outras vezes criminosos, foram dados como inspirados pela Maçonaria. Nunca essa calúnia pôde afastar a Maçonaria de sua linha de conduta – a Verdade, apesar de preceitos de cada época e de interesses passageiros, porque a Maçonaria sempre repudiou o mal, não só nos meios como nos fins...”

“A Maçonaria não se limita a despertar o pensamento e a incentivar o sentimento. Seu fim é também agir sobre a conduta real do homem, impondo-lhe a fiscalização de si próprio. O homem está exposto a agir mal, pensando fazer o Bem. 

O sentimentalismo confessional protege a ignorância e engendra o vicio.
O rigorismo religioso exalta a fé, mas muitas vezes é falho de sinceridade e de generosidade.  Homens políticos que, sonhando com a perfeição se enxovalham na lama da vaidade e da concupiscência. 

Todos têm sentimentos; poucos possuem princípios. O sentimento é uma impressão passageira, banal, facilmente refletida, raramente dominante. A Maçonaria só se preocupa com princípios. Aplaudir o direito e sentir o erro é a historia do homem.
Quem, pois, preconiza a injustiça, a opressão, a avareza ou a inveja?

Ninguém! Quantos, porém, são injustos, opressores, avarentos e invejosos! Todos falam, em termos indignados, da concupiscência e da infâmia! “Quantos, entretanto, são covardes diante de um sacrifício do menor prazer; avarentos, se lhes pedir a menor parcela de seus bens...” 


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OS MAUS MAÇONS


As boas ações dos maçons ficam quase sempre - como é suposto - no segredo do íntimo de cada um. Não é próprio de um maçom alardear o bem que espalha em seu redor, ou, como diz o evangelho segundo Mateus, "não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita". Assim, os bons exemplos daquilo que os maçons fazem nunca chegam a ser verdadeiros exemplos: desconhecidos de quase todos, é como se não tivessem sequer ocorrido.

Não falam as bocas do mundo das boas obras deste ou daquele maçom, e se falam não mencionam o fato de ser maçom - eventualmente de forma pública. Mas, se por acaso o mencionam, não se diz nunca que foi "a maçonaria", por intermédio dessa pessoa, que fez bem; o bem é sempre e quando muito, um ato individual.

Já quando o nome de um suposto maçom cai na lama da praça pública, logo os clamores se erguem para estabelecer uma suposta ligação entre um fato e o outro, e logo se toma a parte pelo todo, atacando-se a totalidade dos maçons por causa de uma acusação feita a um ou a uns poucos... De fato, a discrição que caracteriza a maçonaria joga frequentemente em seu desfavor.

Negar as evidências não é próprio de seres racionais ou de pessoas inteligentes. Por isso começarei por afirmar: é claro que há maçons que fazem coisas mal feitas; venha o primeiro dizer que nunca cometeu um erro. O fato de um maçom cometer erros só prova que cumpre um dos requisitos para ser maçom: pretender aperfeiçoar-se. 

Um maçom que cometa um erro pode contar com o apoio dos seus irmãos, e será tanto mais apoiado quando manifeste a firme vontade de se corrigir e aperfeiçoar. Por isto mesmo, uma pessoa perfeita não teria lugar na maçonaria.

Mesmo os melhores fazem, por vezes, coisas mal feitas. Assim, não me assusta nem me incomoda nada que se diga que um maçom cometeu um erro. Preocupa-me, sim, saber como reagiu ele a esse erro: evitou-o? Corrigiu-o? Remediou o mal feito? Ou persistiu no erro, acomodou-se a ele e voltou a repeti-lo? E quando não são os melhores a errar? Quando são os piores? Quando não é um ato mal cometido por alguém que tem uma história consistente de fazer o bem, mas um ato mau de alguém que costuma fazer o mal?

Deixem que estabeleça um paralelismo. Tem-me chocado, como creio que a milhões de outros, saber do escândalo dos abusos sexuais de crianças por padres católicos por esse mundo fora. Choca-me tanto mais quanto fui criado no seio de uma família católica, e toda a vida conheceu e privou com muitos padres. Por isso me repugna a ideia de que um padre possa ser pedófilo. Como é possível que um padre - alguém que eu tenho, em princípio, na melhor das contas - possa tornar-se algo de tão odioso?

Um dia, de repente, apercebi-me de que estava a ver ao contrário: não eram os padres que se tornavam pedófilos, mas os pedófilos que se tornavam padres. Se bem atentarem, é o disfarce perfeito: não precisa explicar o fato de não viver com ninguém, e pode estar quase sempre com crianças por perto. Como evitar, então, os padres pedófilos? A meu ver, evitando-se que os pedófilos se tornem padres. Note-se que isso não diminui o número de pedófilos, mas pode reduzir para zero, ou perto disso, o número de padres pedófilos.

Com a maçonaria e os maus maçons acontece fenômeno semelhante. Infelizmente, dos muitos que tentam juntar-se aos maçons para obter prestígio, benefícios e privilégios, alguns conseguem ser admitidos. Quando, por fim, se revela através das suas más ações, o mal está feito. E, quando as suas más ações são conhecidas, é toda a maçonaria que fica manchada.

Porque a maçonaria regular é cumpridora das leis de cada país onde está estabelecida, e porque pretende, precisamente, manter um distanciamento dessas práticas, caso um maçom seja condenado pela justiça pelo cometimento de crimes ou ilícitos graves, só pode aguardar por um veredicto: a expulsão.

Mas melhor do que remediar é prevenir. Quando os processos de inquirição são adequadamente conduzidos minimiza-se o risco de se admitir quem não deva sê-lo. 

E é assim que deve ser.
 

 Ir:.Paulo M.

O QUE É “SER LIVRE E DE BONS COSTUMES” NA CONCEPÇÃO MAÇÔNICA?


Livre e de Bons Costumes implica que, apesar de todo homem ser livre na real acepção da palavra, pode estar preso a entraves sociais que o privem de parte de sua liberdade e o torne escravo de suas próprias paixões e preconceitos. Assim é desse jugo que se deve libertar, mas, só o fará se for de Bons Costumes, ou seja, se já possuir preceitos éticos (virtudes) bem fundamentados em sua personalidade.

O ideal dos homens livres e de bons costumes, que nossa sublime Ordem nos ensina, mostra que a finalidade da Maçonaria é, desde épocas mais remotas, dedicar-se ao aprimoramento espiritual e moral da Humanidade, pugnando pelos direitos dos homens e, pela Justiça, pregando o amor fraterno, procurando congregar esforços para uma maior e mais perfeita compreensão entre os homens, a fim de que se estabeleçam os laços indissolúveis de uma verdadeira fraternidade, sem distinção de raças nem de crenças, condição indispensável para que haja realmente paz e compreensão entre os povos. 

Livre, palavra derivada do latim, em sentido amplo quer significar tudo o que se mostra isento de qualquer condição, constrangimento, subordinação, dependência, encargo ou restrição. 

A qualidade ou condição de livre, assim atribuído a qualquer coisa, importa na liberdade de ação a respeito da mesma, sem qualquer oposição, que não se funde em restrição de ordem legal e, principalmente moral. Em decorrência de ser livre, vem a liberdade, que é faculdade de se fazer ou não fazer o que se quer, de pensar como se entende, de ir e vir a qualquer parte, quando e como se queira, exercer qualquer atividade, tudo conforme a livre determinação da pessoa, quando não haja regra proibitiva para a prática do ato ou não se institua princípio restritivo ao exercício da atividade. 

Bem verdade é que a maçonaria é uma escola de aperfeiçoamento moral, onde nós homens nos aprimoramos em benefício de nossos semelhantes, desenvolvendo qualidades que nos possibilitam ser, cada vez mais, úteis à coletividade. Não nos esqueçamos, porém, que, de uma pedra impura jamais conseguiremos fazer um brilhante, por maior que sejam nossos esforços. 

O conceito maçônico de homem livre é diferente, é bem mais elevado do que o conceito jurídico. Para ser homem livre, não basta Ter liberdade de locomoção, para ir aqui ou ali. Goza de liberdade o homem que não é escravo de suas paixões, que não se deixa dominar pela torpeza dos seus instintos de fera humana.

Não é homem livre, não desfruta da verdadeira liberdade, quem esta escravizado a vícios. Não é homem livre aquele que é dominado pelo jogo, que não consegue libertar-se de suas tentações. Não é homem livre, quem se enchafurda no vício, degrada-se, condena-se por si mesmo, sacrifica voluntariamente a sua liberdade, porque os seus baixos instintos se sobrepuseram às suas qualidade, anulando-as.

Maçom livre é o que dispõe da necessária força moral para evitar todos os vícios que infamam que desonram que degradam. O supremo ideal de liberdade é livrar-se de todas as propensões para o mal, despojar-se de todas as tendências condenáveis, sair do caminho das sombras e seguir pela estrada que conduz à prática do bem, que aproxima o homem da perfeição intangível. 

Sendo livre e por conseqüência, desfrutando de liberdade, o homem deve sempre pautar sua vida pelos preceitos dos bons costumes, que é expressão, também derivada do latim e usada para designar o complexo de regras e princípios impostos pela moral, os quais traçam a norma de conduta dos indivíduos em suas relações domésticas e sociais, para que estas se articulem seguindo as elevadas finalidades da própria vida humana. 

Os bons costumes referem-se mais propriamente à honestidade das famílias, ao recato das pessoas e a dignidade ou decoro social. 

A idéia e o sentido dos bons costumes não se afastam da idéia ou sentido de moral, pois, os princípios que os regulam são, inequivocamente, fundados nela. 

O bom maçom, livre e de bons costumes, não confunde liberdade, que é direito sagrado, com abuso que é defeito, crê em Deus, ser supremo que nos orienta para o bem e nos desvia do mal. O bom maçom, livre e de bons costumes, é leal. Quem não é leal com os demais, é desleal consigo mesmo e trai os seus mais sagrados compromissos, cultiva a fraternidade, porque ela é a base fundamental da maçonaria, porque só pelo culto da fraternidade poderemos conseguir uma humanidade menos sofredora, recusa agradecimentos porque se satisfaz com o prazer de haver contribuído para amparar um semelhante. 

O bom maçom, livre e de bons costumes, não se abate jamais se desmanda não se revolta com as derrotas, porque vencer ou perder são contingências da vida do homem, é nobre na vitória e sereno se vencido, porque sabe triunfar sobre os seus impulsos, dominando-os, pratica o bem porque sabe que é amparando o próximo, sentindo suas dores, que nos aperfeiçoamos. 

O bom maçom, livre e de bons costumes, abomina o vício, porque este é o contrário da virtude, que ele deve cultivar, é amigo da família, porque ela é a base fundamental da humanidade. O mau chefe de família não tem qualidades morais para ser maçom, não humilha os fracos, os inferiores, porque é covardia, e a maçonaria não é abrigo de covardes, trata fraternalmente os demais para não trair os seus juramentos de fraternidade, não se desvia do caminho da moral, quem dele se afasta, incompatibiliza-se com os objetivos da maçonaria. 

O bom maçom, o verdadeiro maçom, não se envaidece, não alardeia suas qualidades, não vê no auxílio ao semelhante um gesto excepcional, porque este é um dever de solidariedade humana, cuja prática constitui um prazer. Não promete senão o que pode cumprir. Uma promessa não cumprida pode provocar inimizade. Não odeia, o ódio destrói só a amizade constrói. 

Finalmente, o verdadeiro maçom, não investe contra a reputação de outro, porque tal fazer é trair os sentimentos de fraternidade. O maçom, o verdadeiro maçom, não tem apego aos cargos, porque isto é cultivar a vaidade, sentimento mesquinho, incompatível com a elevação dos sentimentos que o bom maçom deve cultivar. 

Os vaidosos buscam posições em que se destaquem; os verdadeiros maçons buscam o trabalho em que façam destacar a maçonaria. 

O valor da existência de um maçom é julgado pelos seus atos, pelo exercício do bem.


Klebber S Nascimento


O APRENDIZ



LIBERTANDO-SE DO EGO, DESENVOLVENDO A RAZÃO E ADQUIRINDO CONSCIÊNCIA PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA SOCIEDADE.

A Pedra Bruta possui uma carga muito grande de simbolismo, e talvez seja uma das lembranças mais vivas para o Maçom, não somente para o recém-iniciado, mas, para todo o restante da nossa trajetória maçônica, como se a lembrar-nos sempre do quanto é longo o caminho em busca da perfeição, ou o quanto é difícil desvencilhar-se de todas as nossas impurezas e defeitos.

O Aprendiz, a partir do momento aquele que sucedeu ao da sua Iniciação e de ter recebido a sua primeira lição, é considerado apto a dar início ao trabalho esse que inaugura a sua caminhada rumo à libertação do ego, com o desbaste contínuo da sua pedra bruta, até então uma massa informe, e o lugar onde residem as suas imperfeições, paixões e defeitos.

Trabalho somente para o Aprendiz?

 Certamente pela sua condição de Aprendiz, o trabalho a que irá se dedicar deverá ser cumprido com uma maior intensidade, movido pela máxima vontade e afinco, pois, o Aprendiz é ainda um ser muito rústico, mais material e, portanto, imperfeito do ponto de vista espiritual.

Mas, se o Aprendiz é assim imperfeito espiritualmente, aqueles que ultrapassaram essa e outras etapas podem ser considerados perfeitos?

Claro que não, daí dizermos que o desbastar da pedra bruta irá diminuindo com certeza de intensidade ao longo do caminho, mas, sempre haverá alguma aresta por apararmos, pois, somos Maçons, e somos humanos.

Talvez a pretendida evolução, ou o estágio mais avançado na busca da perfeição possa definitivamente ser alcançado se formos donos de uma vontade férrea em nossos objetivos, pois, sem a vontade constante não conquistar consciência para mudarmos.

Num mundo materialista e de individualismos exagerados, quem não sofre os reflexos desses comportamentos hoje tão disseminados e até dissimulados em meio as nossas múltiplas tarefas da vida profana?

E como ficar imune a tudo isso?

Porque é livre e de bons costumes, liberdade de pensamento, pedreiro-livre, liberdade, igualdade e fraternidade, são expressões e conceitos afetos ao mundo maçônico, mas, como eles irão sendo assimilados, como eles irão sendo entendidos pelo Aprendiz, e depois de digeridos totalmente, como serão devolvidos pelo Maçom, já um Mestre, e assim, consciente de que a sua maior missão é mesmo colaborar para a evolução da humanidade como um todo.

 Como regular o seu livre-arbítrio, como ser livre para mudar o que tem de ser mudado, em meio a uma sociedade, a mesma de onde ele é oriundo, e aquela que faz vigorar um conceito de liberdade “mais atual”, esticado a ponto de abrigar em seu âmago, a ideia errônea e individualista de que ser realmente livre, combina com a possibilidade de agir sem necessariamente levar em conta os outros?

A nossa época é marcada pelo individualismo, e exatamente aí residem muitos dos males atuais. Além do mais, o orgulho e o egoísmo, nada constroem. Como extirpá-los, como removê-los, tão entranhados estão em nossa sociedade, ou, por onde começar para minimizar seus efeitos nocivos, sabendo que as primeiras vítimas são as nossas próprias crianças?

Quando o homem abre mão do seu egoísmo, ele está usando a sua liberdade de forma universal, assim como, oferecendo o melhor de si ao coletivo.

Como implantar essa ideia já defendida por um filósofo iluminista que foi Rousseau?
Ou de maneira mais aprimorada depois, por Kant?

A Maçonaria que propicia ao Aprendiz lições éticas de elevação para o ser humano, dá-lhe os instrumentos desde o primeiro momento, para que trabalhando a sua pedra bruta venha a despir-se do seu egoísmo.

Dá-lhe também o conhecimento das vertentes filosóficas para o devido discernimento, onde aí se inclui o mesmo Rousseau foi um dos filósofos que mais se aprofundou no estudo da liberdade, para concluir que somente é possível ao homem desfrutar de certo grau da própria liberdade, se souber abrir mão dela em proveito do bem comum.

Após, Kant, colocou a liberdade como uma condição humana surgida da razão, ou da sua capacidade racional.

O homem é um animal superior, está acima da natureza, e tal condição é que lhe dá a liberdade. Ou seja, liberdade sem condições de desenvolvimento da razão, sem o aprendizado da valorização do outro, sem o respeito para com o nosso próximo, não faz muito sentido.

A Maçonaria propicia ao Aprendiz um novo nascimento, depois o sólido aprendizado com as instruções e os exemplos, ensina-o a usar das ferramentas necessárias para que, se aprimorando sempre, melhore, apare, e desbaste as asperezas existentes na sua pedra bruta.

De posse do seu maço e cinzel empreenderá a sua tarefa, de libertação do ego, de construção do seu templo interior, só finalizando quando estiver livre das paixões materiais.

Está lá no Ritual e Instruções: “Para elevar o Homem aos próprios olhos e para torná-lo digno de sua missão sobre a Terra, a Maçonaria proclama que o Grande Arquiteto do Universo deu ao mesmo, como o mais precioso dos bens, a LIBERDADE – patrimônio de toda a Humanidade, cintilação divina que nenhum poder tem o direito de obscurecer ou de apagar e que é a fonte de todos os sentimentos de Honra e Dignidade”.

A palavra liberdade é parte da vida e das especulações filosóficas do ser humano desde muito tempo. Com o estudo ou leituras mais aprofundadas, podemos constatar que o conceito ou o sentido de liberdade sofreu mudanças no transcorrer da história das mais variadas sociedades. O que devemos ter em mente, nós os Maçons, é que devemos trabalhar para que a humanidade ganhe essa tal liberdade.

O homem que não é livre em todos os sentidos não pode ser Maçom, conforme o que está disposto no verbete Liberdade do Grande Dicionário Enciclopédico de Nicola Aslan, e ainda ”não pode ser Maçom, porque a liberdade, ou a consideração de não ser escravo, socialmente falando, e o livre uso das suas ações, lhe são indispensáveis para poder, sem coação, cumprir os deveres da Ordem, e a irrepreensibilidade da conduta social é a única garantia do êxito da missão que lhe cabe dentro e fora da Instituição”.

Curioso, como esta descrição efetuada por Aslan vem de encontro ao pensamento de Rousseau que disse que somente os homens realmente livres poderiam ter um comportamento bom.

É a Maçonaria e o eco do Iluminismo reverberando. Outra passagem que considero digna de ser assimilada por nós todos, e que se aplica ao conjunto todo aqui, diz respeito à tríade Liberdade, Igualdade e Fraternidade, título de um trabalho do Irmão Felipe Spir, onde podemos ler o seguinte: (...) Os três princípios são solidários entre si, apoiando-se mutuamente.

Sem a sua existência o edifício social fica incompleto, pois, a Fraternidade praticada em sua pureza, necessita da Liberdade e da Igualdade, sem as quais nunca será perfeita.

Com a Fraternidade o homem saberá regular o livre arbítrio. Estará sempre na ordem. Sem a fraternidade, a Liberdade soltará a rédea às más paixões, que correrão sem freio. Sem ela, usará o livre arbítrio sem escrúpulos, originando a licenciosidade e anarquia.

“A Igualdade sem Fraternidade conduz aos mesmos resultados, porque a Igualdade requer necessariamente a Liberdade”.

 Como possibilidade, hoje somos mais livres que nunca. Libertar-se de limites para ampliar possibilidades é o caminho que o Maçom terá pela frente.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS: Revistas: A Trolha - números 195 e 287 Filosofia – números 62 e 65
Livros; GRANDE DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MAÇONARIA E SIMBOLOGIA – Nicola Aslan – Ed. A Trolha Ltda. - 2012 - O HUMANO, LUGAR DO SAGRADO - Vários Autores – Ed. Olho
D'Água – 1998 - RITUAL E INSTRUÇÕES DO GRAU DE APRENDIZ-MAÇOM DO R.'.E.'.A.'.A.'. – GORGS – 2010-2013

 Ir.'. Jose Ronaldo Viega Alves - Loja Saldanha Marinho “A Fraterna”

Or.'. de Sant'Ana do Livramento – RS.

RITUAL: QUEM PRECISA DELE?


A resposta é curta: “nós precisamos”. Explicar porque, requer um pouquinho mais.

Em um sentido muito real, é o ritual da Maçonaria que faz o trabalho da Maçonaria. 

Ritual é o canal através do qual a Maçonaria ensina. Mas é mais que isto. Porque o ritual é tão importante para a Maçonaria, é valioso tomar um pequeno tempo para falar acerca da natureza do ritual em si mesmo e porque é tão central para a vivência Maçônica.

Primeiro de tudo, ritual é uma virtual necessidade para todos os humanos, de fato para quase todos os animais. Isto é tão verdadeiro que todos os cérebros humanos vêm “equipados com circuitos” para responder à ritual.

(Maravilhoso, ao seu próprio modo. Muito poucas coisas em seres humanos são instintivas – quase tudo é comportamento aprendido. Mas a resposta para ritual foi localizada por anatomistas na parte mais antiga e primitiva do cérebro, bem acima da estrutura central do cérebro, na mesma área que controla a atenção e as emoções. É tão “natural” para nós como o amor, ou a agressão, ou a cooperação).

Todos estamos engajados em ritual todo o tempo – nós somente não o reconhecemos sempre. A maioria de nós tem uma rotina matinal, por exemplo. Alguns de nós fazemos a barba antes do banho, alguns fazem a barba após o banho e alguns se barbeiam enquanto se banham, mas, qualquer que seja o modo, usualmente fazemos sempre do mesmo modo.

• Ritual é uma ferramenta poderosa de ensinar.

De fato, foi provavelmente a primeira ferramenta de ensinar. Sabemos de rituais de caça entre algumas tribos, cujo propósito era ensinar os jovens como caçar efetivamente. Mnemônicos (frases ou logos que nos ajudam a lembrar coisas através de associações) são rituais, como é aprender o alfabeto por cantar a canção do alfabeto. Os militares desenvolvem muitos rituais (padrões de comportamento repetidos) para ensinar os recrutas como manter armas.

• Ritual ajuda a nos dar um senso de identidade.

Pode parecer estranho, mas pessoas frequentemente definem a si mesmo pelas suas ações (sou um vendedor, um mecânico, um professor, projetista de moinhos, etc.) Isto não é limitado ao que fazemos para viver. Nossos rituais, nossas ações, dão um senso destacado de realidade para nossas vidas. Sentimo-nos “certos” ou “completos” quando seguimos certos rituais.

• Ritual ajuda o nosso preparo – nos ajuda a “entrar no clima” do que vem a seguir.

Se o evento é uma missa na igreja ou se é um jogo de futebol, a maioria dos eventos repetitivos tem um ritual de algum tipo que ajuda a dar o tom emocional. E nós podemos ter um forte sentido de “erro” se estes foram violados – se uma missa na igreja iniciou com uma banda de musica e dançarinas ou se um jogo de futebol começou com uma procissão litúrgica, por exemplo.

• Ritual nos deixa condensar muito em pouco tempo.

Ritual enriquece uma vivência por concentrá-la. Ao invés de envolver a exposição completa, como uma palestra, ritual faz referências a coisas e nos deixa pensar acerca dela e preencher os detalhes por nós mesmos. Para ilustrar com uma porção do ritual da igreja, considere última linha da Doxologia – “Louvar o Pai, o Filho e o Espírito Santo”.

O conceito de Trindade é um conceito muito difícil para a “fazer a cabeça”. Ao invés de dar muitas horas de discussão que seria necessário para explorar este tópico, o ritual simplesmente o menciona, e o deixa para nós elaborarmos o pensamento se estivermos assim inclinados. O ritual da Maçonaria envolve tudo isto e mais...

• O ritual da Maçonaria – a abertura e o fechamento, os Graus, até o ritual de votar, organiza os eventos e assegura que tudo aconteça como deveria.

• Nos ajuda a definir nós mesmos como Maçons e estreita os laços fraternais que nos unem como Irmãos. E este efeito é internacional e transcultural. Sabemos que temos vivências compartilhadas com Maçons de todo o mundo.

• É uma ferramenta de ensinar – as lições e os valores da Maçonaria são ensinados através do ritual e de símbolos.

• Ajuda a montar o tom e o clima da reunião – nos ajuda a remover da mente as preocupações do mundo exterior e colocar foco nas grandes verdades de natureza humana e espiritual.

• Ritual Maçônico obviamente condensa vivência. Contém elementos que levantam questões importantes, mas que deliberadamente são deixados inexplorados porque quer que o Maçom pense sobre eles através de si mesmo.

• Ritual Maçônico proporciona uma total extensão para os Maçons explorarem os seus próprios interesses. Muitos dos meus melhores amigos amam aprender e apresentar o ritual.

Eu mesmo me interesso em lidar com a interpretação do ritual e dos símbolos que usa, e especialmente com os efeitos que o ritual é projetado para produzir nas mentes dos iniciados e os modos nos quais estes efeitos são produzidos.

Outros são especialmente interessados na história do ritual e os modos que ele mudou e se desenvolveu através dos anos.

Um Maçom que conheço é interessado no ritual do ponto de vista de um antropólogo cultural, e tem prazer em traçar os modos que o ritual se relaciona com as grandes tradições iniciáticas da história. E o ritual é grande o bastante e complexo, o bastante para acomodar todos estes interesses e muito mais.

Então, novamente, a resposta para a questão “De qualquer modo, quem precisa de ritual?” é “Todos nós precisamos”.

O ritual da Maçonaria atende muitas necessidades e muitos interesses.

Não é a mesma coisa que Maçonaria.

- não mais quanto um sermão é a mesma coisa que uma igreja

- mas é um modo primário que nós ensinamos e aprendemos.

É a cola (cimento) que nos mantém juntos. É importante. Faz-nos sermos, nós.


Por:  Jeronimo Borges

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