SER UM HOMEM, NASCIDO LIVRE


 

No grau de Aprendiz, uma das coisas que mais me chamou à atenção foi à seguinte pergunta e resposta depois de você, como candidato, bater pela primeira vez na porta da sala para declarar o seu desejo de se tornar um Maçom. É uma pergunta feita ao Diácono Júnior pelo Diácono Sênior.

A questão é: “Com que direitos e benefícios espera ele ser admitido?” A resposta é: “Sendo homem, nascido livre, de boa reputação e bem recomendado“. Depois de o candidato entrar no Templo da Loja, a mesma pergunta é feita pelos 1º e 2º Vigilantes e pelo Venerável Mestre ao Diácono Sênior. Para ser correto, o Mestre Venerável pergunta duas vezes ao Diácono Sênior.

Ele responde uma vez no altar quando relata a causa do alarme na porta do Templo e outra quando o candidato está a ser examinado pelo Venerável Mestre, antes de ser reconduzido para o Ocidente, onde o 1º Vigilante lhe ensina a se aproximar do Oriente por um passo regular e ereto.

A principal razão que me chamou à atenção foi o termo “nascido livre”. Há uma resposta bastante simples para o porquê de ainda ser usado no nosso ritual. Para citar a explicação que Chris Hodapp dá sobre o termo no seu livro Maçonaria para Leigos (Freemasonry for Dummies):

“O “termo” nascido livre” vem dos dias em que escravidão, servidão contratada e vínculo eram comuns. Significa que um homem deve ser o seu próprio Mestre e não estar ligado a outro homem. Atualmente, isto não é um problema, mas a linguagem é mantida por causa da sua antiguidade e do desejo de manter a herança da Fraternidade”.

Contudo, ao ler “Uma Palestra sobre Vários Rituais da Maçonaria”, do Rev. George Oliver D. D., enquanto ele explica as Palestras Prestonianas para Aprendizes, encontrei outra explicação interessante.

A terceira parte da Palestra de Aprendiz Prestoriano, apresentada por Oliver, é a seguinte:

P: Que tipo de homem deve ser um Maçom livre e aceite?

R: Um homem livre, nascido de uma mulher livre, irmão de reis e companheiro de príncipes, se Maçons.

P: Por que livre?

R: Para que os hábitos cruéis da escravidão não contaminem os verdadeiros princípios nos quais a Maçonaria se baseia.

P: Uma segunda razão…

R: Porque os Maçons que foram escolhidos para construir o templo do rei Salomão foram declarados livres e isentos de todas as imposições, deveres e impostos. Depois, quando este templo foi destruído por Nabucodonosor, a boa vontade de Ciro deu-lhes permissão para erigir um segundo templo, e ele colocou-os em liberdade para esse fim. É a partir desta época que ostentamos o nome de Maçons Livres e Aceites.

P: Por que irmão de reis e companheiro de príncipes?

R: A um rei na Loja é lembrado de que, embora uma coroa possa adornar a sua cabeça e um cetro a sua mão, o sangue nas suas veias é derivado do pai comum da humanidade, e não é melhor do que o do sujeito mais malvado.

O estadista, o senador e o artista são lá ensinados que, tal com os outros, eles são, por natureza, expostos a enfermidades e doenças; e que um infortúnio imprevisto, ou uma estrutura desordenada, pode prejudicar as suas faculdades e nivelá-las com as mais ignorantes da sua espécie. Isto é motivo de orgulho e incita cortesia ao comportamento.

Homens de talentos inferiores, que não são colocados por fortuna em tais posições exaltadas, são instruídos na Loja a considerar os seus superiores com estima peculiar; quando os descobrem voluntariamente despojados das armadilhas da grandeza externa e condescendentes, no emblema da inocência e do vínculo de amizade, para rastrear a sabedoria e seguir a virtude, auxiliada por aqueles que estão abaixo deles.

A virtude é a verdadeira nobreza, e a sabedoria é o canal pelo qual a virtude é dirigida e transmitida; Sabedoria e virtude apenas marcam a distinção entre os Maçons.

P: De onde surgiu a frase – nascido de uma mulher livre?

R: Na grande festa que Abraão deu ao seu filho Isaac. Posteriormente, quando Sara, esposa de Abraão, viu Ismael, filho de Hagar, a escrava egípcia, provocando e perturbando o seu filho, ela protestou a Abraão, dizendo: Afasta essa escrava e o seu filho, pois eles não podem herdar como os nascidos livres.

Ela falou como sendo dotada de inspiração divina; sabendo que, se os rapazes fossem criados juntos, Isaac poderia absorver alguns dos princípios escravos de Ismael; sendo universalmente reconhecido que as mentes dos escravos estão muito mais contaminadas do que as dos nascidos livres.

P: Por que essas igualdades entre os Maçons?

R: “Todos somos iguais pela nossa criação, mas muito mais pela força da nossa obrigação”.

Algumas coisas acima se destacaram para mim. A primeira é que um homem deve ser livre para que “os hábitos cruéis da escravidão não contaminem os verdadeiros princípios sobre os quais a Maçonaria se baseia“. Para tentar entender isto, fui ver as definições de vicioso e de hábitos. Uma das definições de cruel é: “Ter a natureza do vício; mal, imoral ou depravado“.

Uma das definições de hábito é: “Uma disposição estabelecida da mente ou do caráter“. Isto parece apontar para uma crença na época de que os escravos seriam de caráter imoral.

Esta crença parece estar apoiada na resposta à pergunta que pergunta a origem do termo mulher livre.

“Ela falou como sendo dotada de inspiração divina; sabendo que, se os rapazes fossem criados juntos, Isaac poderia absorver alguns dos princípios escravos de Ismael; sendo universalmente reconhecido que as mentes dos escravos estão muito mais contaminadas do que as dos nascidos livres”.

Por que seria universalmente reconhecido que as mentes dos escravos estão muito mais contaminadas do que as dos nascidos livres? Eu acho que é impossível responder a isto, pois não sou daquele tempo. Devo suspeitar que a resposta que Chris Hodapp deu acima, que é a ideia de que um escravo não seria capaz de ser o seu próprio Mestre, provavelmente é a resposta mais próxima que poderíamos esperar encontrar.

Também vale a pena mencionar que isto também pode ser um remanescente da arte especulativa proveniente da arte operativa. Na época, os pedreiros operativos não estariam dispostos a partilhar os segredos de seu ofício com alguém que não os pudesse proteger.

Um escravo, ou servo contratado poderia ser obrigado pelo Mestre a lhe contar esses segredos. Portanto, pelas mesmas razões, Maçons especulativos não gostariam que alguém que não pudesse proteger os segredos fosse membro.

Olhando para a última pergunta: “Por que essas igualdades entre os Maçons?” A resposta que é dada é: “Somos todos iguais pela nossa criação, mas muito mais pela força da nossa obrigação“. Esta resposta é uma homenagem emocionante à ideia essencial da nossa irmandade de que somos irmãos devido à nossa obrigação. No entanto, também demonstra por que a ideia de alguém não ter nascido livre seria prejudicial para a Ordem. Isto fica mais claro na quarta parte das palestras de Preston com esta pergunta e resposta:

P: Como não trouxe outras recomendações, o que veio aqui fazer?

R: Não pela minha própria vontade e prazer, mas para aprender a governar e governar minhas paixões, ser obediente à vontade do Mestre de manter uma língua de boa reputação, praticar sigilo e fazer mais progressos no estudo da Maçonaria.

Oliver menciona que “Esta cláusula foi introduzida para ilustrar a subordinação necessária para garantir a observância da disciplina estrita na Loja“. Como Mateus 6:24 diz: “Ninguém pode servir a dois senhores. Ou você vai odiar um e amar o outro, ou será dedicado a um e desprezará o outro”. Portanto, seria impossível ser obediente ao Mestre da Loja, assim como ao Mestre que o possuía. Para evitar o potencial na desarmonia Loja, seria essencial que apenas homens nascidos livres pudessem participar.

Independentemente das razões originais, felizmente vivemos numa época em que isto já não é uma preocupação. No entanto, para os nossos irmãos que viveram numa época em que estas coisas abomináveis ainda eram praticadas, era uma preocupação. Penso que parte da razão pela qual permaneceu no nosso ritual é como um lembrete de que não devemos entrar na Maçonaria devido a quaisquer motivos mercenários.

Perguntam-nos várias vezes ao longo dos nossos graus se a nossa razão para buscar o avanço maçônico é de livre e espontânea vontade. Se não fosse, então você não seria livre, mesmo que nascesse livre. Você estaria a entra por outras razões, para além das da sua própria vontade. Isto é o que nossos irmãos da época de Preston e antes tentavam evitar afastando da Fraternidade aqueles que não nasceram livres.

Darin A. Lahners

Tradução de António Jorge

Fonte

Midnight Freemasons

 

A MAÇONARIA E O JOGO DE XADREZ


 

A palavra “silêncio” está associada a segredo e sigilo. Segredo é aquilo que não pode ser revelado, o que existe de mais recôndito na pessoa, a significação oculta dos seus sentimentos, desejos e pensamentos. Substituam a letra E pela letra A e a palavra segredo torna-se sagrado – algo inviolável, puríssimo, santo; aquilo que não deve ser violado e que não se deixa corromper.

O jogo de xadrez muito se assemelha à vida maçônica, não apenas pelo tabuleiro de casas alternadamente brancas e pretas ‒ como o Pavimento Mosaico. Há passos para cada peça e regras imutáveis para o ataque e captura de determinadas posições. Há a promoção dos peões que alcançam a oitava fileira e todo esforço se resume na proteção do rei, peça chave ou Landmarkiana.

O sigilo, por sua vez, pertence à estratégia e ao dever ético que impede o jogador de bem a revelar tácticas confidenciais ligadas a determinado ofício ou condição. O oposto do silêncio é a tagarelice, apanágio dos indiscretos ‒ são os “sapos” que se intrometem no jogo com palpites desarrazoados. Falar muito – quebrar o silêncio – é o primeiro passo em direção à profanação das condições sagradas, dentre as quais a vida e a honra são as mais importantes.

O meu amigo médico, Dr. J. N. F. defende a tese de que falar muito emagrece; todo gordo – diz ele – é um sujeito calado, cheio de segredos. Assim diz aquela música antiga:

“Quando eu morrer quero ir em fralda de camisa, defunto pobre de luxo não precisa! Cinquenta velhas desdentadas e carecas hão de ir à frente tocando rabeca; e um velho bem barrigudo irá na frente tocando no canudo… “ (Os Originais do Samba*).

Mutatis mutandis, o silêncio tem contribuído para a ocultação da ilegalidade. Amedrontada, a sociedade mantém em segredo fatos que deveriam ser revelados. Inconscientes disto, muitos cidadãos concorrem para as consequências da violência, do crime organizado e da corrupção.

 

Os que comandam o jogo substituem algumas letras da palavra segredo e passam a SEGREGAR – pondo pessoas à margem dos seus direitos e deveres. Um apartheid adotado pela minoria esperta a cercear a maioria que paga os impostos e trabalha.

 

Tudo isto seria um mero jogo de palavras se não fosse trágico. Entre quadrados brancos e pretos do tabuleiro de xadrez da vida, as peças movem-se às cegas num combate vital, struggle for life.

Os peões em passos lentos e impedidos de recuar, mesmo na iminência de serem capturados ou capturados. Uma espécie de terror os anestesia como sapos diante de cobras. As outras peças aguardam em silêncio, lance após lance, as decisões e movimentos de uma guerra que não lhes cabe discutir. A mão invisível decide e todos – torres, cavalos, bispos, reis e rainhas – contemplam, atônitos, o xeque-mate.

Sou um idealista, um sonhador. Imagino outra partida de xadrez na qual os adversários rompem o silêncio e discutem os planos entre si e a cada lance.

 

No xadrez seria impossível. Mas na vida teríamos uma partida onde teriam voz e voto ativa cada um dos dezesseis peões, brancos ou pretos, desdentados ou carecas, mesmo en passant; onde opinassem retilíneas as torres e com igual valor o parecer em esquadria dos quatro cavalos.

 

E que fosse inquirida a deliberação oblíqua e dissimulada dos bispos; interrogado o entendimento multíplice das desocupadas rainhas e, antes da derradeira jogada, nos curvássemos ao julgamento salomônico dos reis ‒ a Arte Real, o suum cuique tribuere.

 

Nesta hipotética partida, o silêncio seria apenas uma questão de cortesia. O sagrado, uma questão de caráter. E no final, sem vencedor nem vencido, as trinta e duas peças seriam recolocadas nos seus justos e perfeitos lugares.

 

Porque na morte, esse nível incomparável do GADU, todos seremos convenientemente  acomodadas numa caixa especial, forrada de veludo azul. Todas, sem distinção ou segregação. E o samba antigo, fundo musical:

Quando eu morrer quero ir em fralda de camisa, defunto pobre de luxo não precisa! Quatro velhas que forem de balão irão segurando nas argolas do caixão, irão segurando nas argolas do caixão…”

 

Vaidade, tudo é vaidade”. 


Não foi isto que aprendemos?

 

José Maurício Guimarães

 

A VIAGEM AO CENTRO DO SER


 

Quando a mente do homem começa a entender a ordem e a relação de tais impressões de sentido, ele passa da escuridão da ignorância para a luz branca da sabedoria. Para fazer isso ele deve, dentro de si mesmo, possuir o divino dom do desejo do saber; pois é através dessa faculdade que ele se eleva acima das preocupações da vida.

O homem cuja curiosidade o leva a contemplação da manifestação à contemplação das suas causas é aquele cujos instintos o estão preparando para empreender a Grande Obra.

O Maçom é chamado a conhecer e praticar os antigos mistérios, despertando seu lado espiritual, a buscar e contemplar os motivos da sua existência. É chamado a tornar-se um cientista em sua própria vida, a transmutar o que há de defeitos em virtudes, enterrar os vícios e se erguer em virtudes.

O objetivo da Maçonaria é demonstrado claramente ao neófito que tem o contato com a Ordem pela primeira vez: realização da Grande Obra. Esse objetivo é expresso através da fórmula alquímica conhecida como VITRIOL.

Juntamente com o "o que está em cima é como o que está abaixo", o VITRIOL é talvez o mais famoso axioma hermético. O símbolo da Iniciação é a morte e o renascimento, cuja representação encontramos também no Ouroboros.

VITRIOL é a sigla da expressão, do latim "Visita InterioremTerrae, Rectificando, Invenies Occultum Lapidem", que quer dizer: Visita o Centro da Terra, Retificando-te, encontrarás a Pedra Oculta (ou Filosofal). Filosoficamente ela quer dizer: Visita o Teu Interior, Purificando-te, Encontrarás o Teu Eu Oculto, ou, "a essência da tua alma humana". É o símbolo universal da constante busca do homem para melhorar a si mesmo e a sociedade em geral.

As três primeiras palavras, "visita interiorem terrae", dizem respeito ao conhecer o que está em seu interior. É a primeira fase da alquimia, chamada Putrefação, onde as carnes são separadas dos ossos acontecendo a morte do maçom. Significa que as aparências são deixadas de lado, devemos buscar o que está no interior, o que está oculto. Por esse motivo outro símbolo que acompanha a fase da putrefação é o negro, a escuridão, representação de um local do oculto que devemos encarar e descobrir dentro de nós.

Segundo Jules Bouchet, em sua Obra A Simbólica Maçônica, “trata-se de um convite à procura do Ego profundo. Que nada mais é do que a própria alma humana, no silêncio e na meditação”. Ainda, segundo Bouchet, por vezes, poderá ser encontrada como “VITRIOLUM’, atribuindo as duas últimas letras como “Universalem Medicinam”, ou seja, “Medicina Universal”, ou, ainda, “Veras Medicinam”, como a “Verdadeira Medicina”.

Filosoficamente falando, o acrônimo VITRIOL, composto por sete letras, à guisa de tantos misteriosos setenários alquímicos, descortina a frase mais enigmática da vereda iniciática. Sua perfeita compreensão serve como imprescindível “Palavra de Passe” para adentrarmos aos nossos portais internos, na busca de nossa pedra filosofal, nosso Eu Verdadeiro, nossa Quintessência!

Portanto, vemos no VITRIOL, um chamado ao conhecimento das coisas existentes na Terra, no Universo e dentro de nós mesmos. Iniciado é aquele que penetra e vivencia esses mistérios, e não aquele que somente passou pelo ritual de iniciação.

É por esse motivo que desde a mais remota antiguidade as iniciações simulam um processo de morte, onde o iniciado é posto em algum lugar que simbolize a escuridão. Esse local escuro é também o símbolo do momento da morte. Para o nascimento dizemos "foi dada a luz", e para a morte é o oposto, usamos o termo “putrefação" herdado da Alquimia.

Esses locais escuros são representados por cavernas, por túmulos, ou por vendas, cujo objetivo é levar o iniciado a uma jornada em que tudo lhe é desconhecido. Esse é uma jornada ao interior de si mesmo.

No centro do axioma temos a palavra "rectificando". Assim como não é coincidência termos 7 palavras, não é por acaso que está se encontra no centro. Retificar significa "fazer reto", é uma referência direta ao simbolismo do Esquadro. Quando dizemos que "estamos esquadrando" dizemos que estamos corrigindo os erros, tirando o que não é necessário e deixando o essencial, livrando-se do que é ruim e ficando com o bom.

É o que um pedreiro faz em uma pedra bruta quando esquadra suas arestas. Esquadra a pedra bruta para torná-la cúbica, deixando-a perfeita para ser utilizada em uma obra. As três últimas palavras "invenies occultum lapidem" refere-se a essência do nosso ser. Após termos arrancado a carne dos ossos para descobrirmos o que é necessário em nós e o que não o é, e termos retificado todo o encontrado, chegamos a recompensa: a Pedra Oculta.

Essa Pedra Oculta é também outro nome para a "Pedra Filosofal" tão procurada pelos Alquimistas. Ou seja, é algo que existe dentro de nós, e não no exterior. A transmutação alquímica, o lapidar da pedra bruta, o retificar, são sinônimos para uma total reestrutura espiritual, mental e física.

Na maçonaria, o processo de retificação é chamado também de Arte Real, cujo objetivo final é a realização da Grande Obra. A Grande Obra é o resultado da Arte Real, quando alcançamos a verdadeira e livre espiritualidade, quando nos comunicamos conscientemente com a centelha divina interior (achamos a Pedra Oculta).

De nada adianta descobrir que em seu interior há uma pedra bruta, se essa pedra não é tocada, não tem a sua rusticidade conhecida, se nada se faz para seu polimento.

Esse polimento é pesado, o desbaste das arestas, dos excessos, é doloroso, mas necessário, para fazer crescer aquele que encontrou dentro de si o que o diferencia dos demais animais: A pedra oculta, isto é, a inteligência, a capacidade de raciocinar, de discernir entre o certo e o errado, de dominar o desejo pessoal, de vencer paixões e submeter vontades.

Portanto, vemos no VITRIOL, um chamado ao conhecimento das coisas existentes na Terra, no Universo e dentro de nós mesmos. Iniciado é aquele que penetra e vivencia esses mistérios, e não aquele que somente passou pelo ritual de iniciação. Quem quer que se empenhe na dura obra do seu aperfeiçoamento espiritual deve penetrar no âmago do seu ser, com o propósito sincero de encontrar e eliminar todas as imperfeições por ventura encontradas.

E elas certamente não serão poucas. Este caminho a percorrer haverá de levá-lo à descoberta da Pedra Filosofal ou Pedra Polida; que é o princípio, a Centelha Divina que repousa viva dentro de cada um de nós.

Quando nascemos, trazemos algumas características genéticas que podem nos predispor a desenvolvermos certas doenças ou aptidões intelectuais. Entretanto, nosso caráter é uma folha de papel em branco, na qual irá aos poucos sendo impresso tudo aquilo que nos for transmitido.

O bem ou o mal não existem em si mesmos, intrinsecamente. Eles serão desenvolvidos de conformidade com o meio, com os hábitos desenvolvidos, práticas ou costumes, através da educação recebida no lar e da educação formal.

Só mais tarde adquirimos um nível de consciência capaz de discernir ou escolher entre o que seria o bem ou o mal, de conformidade com o que tenha sido impresso na folha de papel de que falamos. A tendência natural é preponderar o que tenha maior peso em nosso aprendizado.

Nossos valores podem ser modificados mesmo na fase adulta, mas o processo é bem mais complexo e demorado.

Quantos de nós, após o ingresso na Ordem revisitou a Cam das RRefl, a fim de buscar entender, de fato, a riqueza dos ensinamentos que ali se encerra.

A Visita que este misterioso acrônimo VITRIOL nos sugere é de periodicidade diária, na Cam de nossa consciência, a fim de que possamos, conscientemente, responder à pergunta que, diariamente se sussurra aos nossos ouvidos: “o que vindes fazer aqui?”

“Se queres bem empregar a tua vida, pensa na morte”

ORIENTE DO RIO DE JANEIRO, RJ.

A.·. R.·. L.·.M.·. FLAUTA MÁGICA DO RIO DE JANEIRO, Nº 170

M.·.M.·. SANDRO PINHEIRO

http://www.esoterismodemolay.com.br/2014/09/alquimia-na-maconaria-vitriol.html

http://www.esoterismodemolay.com.br/2013/06/iniciacao-hermetismo-e-alquimia.html

https://0201.nccdn.net/1_2/000/000/0dd/44c/TRABALHO-06---VITRIOL.pdf

https://csarrangel.medium.com/vitriol-ou-o-abra-te-s%C3%A9samo-para-o-mundo-dos-deuses-932de15d39c1

https://maconaria-memphismisraim.com/hermes-trimegisto-o-principio-da-correspondencia/

https://www.rlmad.net/?s=alquimia

 

 

 

O “CONHECE-TE A TI MESMO” NUNCA ESTEVE TÃO PERTO DE NÓS


 

Todas as vezes que o Venerável Mestre em conjunto com a sua equipe de oficiais abre a Loja, atentamo-nos para um preâmbulo que está no ritual, intitulado “Reflexão sobre os princípios da Maçonaria”. Ali, naquela pequena frase dita pelo Venerável Mestre, relembramos os motivos pelo qual aceitamos entrar na maçonaria e quais são os objetivos da instituição, levando-nos a refletir o porquê participamos na ordem.

Esclarecedor e direto – assim como todo o Rito Francês, esta reflexão inicial nos leva-nos a refletir sobre a missão da maçonaria. Porém, há uma expressão que pode passar sem a devida percepção da sua importância: “Considerando as concepções metafísicas como sendo de domínio exclusivo da apreciação individual de seus membros, ela se recusa a toda afirmação dogmática”. O que é que isto de fato significa?

As concepções metafísicas de que o rito trata pode ser explicada pela raiz da palavra metafísica, que vem de meta (depois de) e physis (natureza). A metafísica é uma das disciplinais mais importantes da filosofia, dedicando-se ao estudo do ser e de como este se relaciona com as demais coisas. William James definiu a metafísica como “apenas um esforço extraordinariamente obstinado para pensar com clareza”.

Ora, então a expressão significa que temos que pensar com clareza para investigar a verdade das coisas, o porquê de os fenômenos acontecem, como explicar temas importantes como: o nascimento, a morte, a vida terrena ou eterna, se há uma força suprema (Deus ou o GADU, por exemplo), enfim, a razão do mundo ser assim.

Para isto, há outro detalhe fundamental: definir as concepções metafísicas deve ser algo de domínio individual, isto é, nós mesmos é que devemos investigar os problemas que nos circundam para então conceber a nossa verdade.

Este processo é semelhante à construção básica do conhecimento que experimentamos desde o ingresso na escola: o professor dá os caminhos, o aluno estuda em casa e, se existem dúvidas, há a discussão entre as partes, concebendo a verdade sobre determinado fato ou questão, por exemplo.

No momento em que temos o nosso saber (constituído de maneira individual), recusamo-nos ao mesmo tempo às afirmações dogmáticas. Sim, ambas as questões estão ligadas: se nos recusamos a ter uma verdade dita por alguém, que deve ser produto da nossa busca, da nossa investigação, devemos ser livres para recusar qualquer dogma. Ora, esta afirmação faz todo sentido quando ouvimos a expressão “livres e de bons costumes”.

O “Conhece-te a ti mesmo”, consagrado por Delfos e inscrita no pronaos do Templo de Apolo em Delfos está mais que contemplado nesta frase do ritual. O objetivo deste trabalho era justamente este: demonstrar como o aperfeiçoamento pessoal (tanto pelo intelecto quanto pela moral) é tratado no Ritual de Aprendiz do Rito Francês. Vale para nós perseguir esta reflexão, sempre lembrando de que devemos recusar dogmas e investigar a verdade, pagando o preço que for necessário para ter o direito de defendê-la.

Tiago Valenciano

 

A GRANDE VIAGEM E OS QUATRO ELEMENTOS


 

Desde o momento que a venda lhe é tirada dos olhos, o aprendiz recebe a Luz e se vê cercado de irmãos, em um lugar totalmente desconhecido até então.

Para o resto de sua vida o Aprendiz Maçom jamais será o mesmo.

Ao receber o traje Maçônico, um Avental branco, o Aprendiz terá postura serena, gestos solenes e disciplina, estando sempre “Em Pé e a Ordem”.

INTRODUÇÃO

Certamente todos nós mantemos viva em nossas lembranças o dia da nossa iniciação. Sobre esse momento impar, quando tivemos nosso primeiro contato com a Ordem, e fomos submetidos às provas iniciáticas, a da TERRA, AR, ÁGUA e o FOGO, que por mais simples que possam parecer à primeira vista, somente no convívio diário com os irmãos é que podemos compreender a amplitude daquele momento especial, ao tomarmos contato com os QUATRO ELEMENTOS.

DESENVOLVIMENTO

A TERRA

Ao nos prepararmos para sermos recebido Maçom, somos cercados de diversos mistérios e alegorias, que somente após a iniciação é que vamos tomando consciência do seu significado e grandeza.

Primeiramente, antes de adentrarmos ao Templo, temos os olhos vendados, nesse momento percebemos que estamos nos desligando da luz física do mundo profano e indo ao encontro da Verdadeira Luz, a luz espiritual, aquela que nos ajudará a desvendar os Augustos Mistérios. Somos colocados de forma nem nus, nem vestidos e despojados de todos os metais.

Neste momento, é preciso mergulhar na idéia central do simbolismo maçônico, do grão de trigo que é colocado na terra aparentemente morto, porém, que contém em si todas as possibilidades de vida, e ao perder sua casca e em contato com a terra, está pronto para germinar começando um novo ciclo. Desta forma o aprendiz Maçom deve imitar o grão de trigo: é a necessidade de morrer para renascer em uma vida mais elevada e mais perfeita.

O Recipiendário despojado de todos os metais e de parte de suas vestes, (pode até parecer ser ridículo aos espíritos superficiais), mas é fantástico o simbolismo deste gesto. Seu testamento é o que sobrevive do homem que foi. Seu traje violado, o coração está descoberto e exprime fraqueza, o gesto de ajoelhar-se é feito com sinceridade e, em sinal de respeito ao Templo, o pé direito descalço, em sinal de respeito ao Grande Arquiteto do Universo.

Nesta condição, caminhando em direção aos hipogeus, somos conduzidos a câmara de reflexões onde elaboramos o nosso testamento espiritual e nos deparamos com vários pensamentos escritos dos quais destaco, se fores dissimulado serás descoberto e vários objetos, entre os quais a imagem de um galo, uma caveira, um copo com água, um pouco de enxofre, sal, que são representações simbólicas de muita profundidade, encerrada a prova, o ir.'. Terrível nos conduz à porta do Templo.

Nota: segundo definição do Dicionário Universal Hipogeu significa túmulo subterrâneo, onde os antigos depositavam os mortos, por extensão, adega, celeiro, túnel;

Após passar pela à prova da TERRA, fui levado a refletir sobre a tirania e o cerceamento da liberdade, da superstição e preconceito, da necessidade de morrer para o Vício e nascer para a Virtude, a Honra e a Sabedoria, acreditando na existência de um Princípio Criador: o G\A\D\U\, foi quando fiz contato com o PRIMEIRO ELEMENTO.

Lembro-me que após a primeira prova a que fui submetido levaram-me à porta do Templo, após passar pela sala dos passos perdidos, (lugar que exotericamente significa que o homem fora do templo pode perder-se), quando no átrio fui identificado como sendo um temerário forçando a porta do Templo, que caminhando nas trevas e despojado de todas as vaidades, desejava receber a Luz. Foi quando pela primeira vez, fui identificado como sendo uma pessoa livre e de bons costumes, e de que meu coração era sensível ao bem.

Ao entrar no Templo, escuto a leitura da Declaração de Princípios da Maçonaria Universal, tomando conhecimento dos princípios e os fins da Subl:. Ordem. Fui questionado se acreditava num Ente Supremo, o que entendia por Virtude, o que pensava sobre o Vício, pelo que respondi de acordo com meus princípios.

Chegada a hora do Juramento de Honra prestado sobre a Taça Sagrada junto ao Altar, e após provar da bebida doce e depois a amarga, escuto em tom alto e áspero:

“- Alterara-se o vosso semblante. A vossa consciência desmentiria, por ventura, as vossas palavras?

– A doçura dessa bebida mudar-se-ia em amargor? “Retirai o Candidato”:

Confesso irmãos, que fui tomado de enorme angustia, e ao ser retirado pensava:

– Será que alterei realmente meu semblante?

– Será que não serei aceito na Ordem?

A Primeira Viagem – O AR

Aí surgem novas provas, a Primeira Viagem… um caminho árduo e repleto de obstáculos e trovões ecoando, são os ventos transportados pelo sopro do espírito afastando as impurezas, separando o joio do trigo, porém, segui com confiança na escuridão apesar de guiado por alguém de nome estranho… um tal de “Irmão Terrível”, (será que devo confiar minha integridade a alguém com esse nome?), porém, apesar do nome, mostrava-se um guia confiável e seguro. Neste momento percebo que às cegas não chegaremos a lugar algum, sem assistência, sem um braço protetor.

Neste momento escuto o Irmão Terrível anunciar minha intenção de ser recebido como Maçom; pelo que fui questionado quanto ao que me levou a conceber tal esperança? É quando pela segunda vez sou retratado como sendo “livre e de bons costumes”.

Está feita a “Primeira Viagem”, esta por sua vez, representa o SEGUNDO ELEMENTO, o AR, símbolo da vitalidade, com suas tempestades e calmarias, perturbações e equilíbrio, o que demonstra que o progredir está sujeito a variações contraditórias e que apesar das dificuldades, é necessária coragem e perseverança para vencer as paixões, submeter às vontades e fazer progressos na Maçonaria.

A ÁGUA

Início uma nova jornada, a “Segunda Viagem”, desta vez ouço o tilintar de metais, que simulam os combates que devemos sustentar contra as forças maléficas, o egoísmo, as paixões a inveja, a ganância, a ignorância e a superstição. E novamente, cuidadosamente sou guiado na escuridão, paro e sou questionado quanto minha pretensão de ser recebido Maçom; e mais uma vez meu condutor responde tratar-se de uma pessoa livre e de bons costumes. É quando meu interlocutor exclama:

– “Então que seja purificado pela ÁGUA”, como nos batismos da Judéia, de São João, nosso padroeiro.

Eis que sou contemplado com o TERCEIRO ELEMENTO ao ter as mãos lavadas em água que representam o oceano, que banha praias, continentes e ilhas e que para os Maçons simboliza o povo, hora inerte em suas calmarias hora agitado e revolto, sua instabilidade retrata o comportamento humano com seus caprichos e vaidades.

O FOGO

Realizo a “Terceira Viagem”, não percebo obstáculos e tampouco qualquer barulho, o questionamento se repete tal qual a resposta dizendo que sou livre e de bons costumes, então sou submetido às chamas purificadoras, que nas iniciações egípcias era uma caminhada sobre o braseiro, no interior da Pirâmide. O iniciado aí obtém o domínio completo de si mesmo. Como a Salamandra, deve viver entre as chamas, sem sentir seus efeitos: as chamas das paixões humanas. Eis que surge o QUARTO ELEMENTO, o FOGO. O último modo de purificação.

Nota: Salamandra segundo a definição de Aurélio Buarque é: operário que, nas fundições e nas regiões petrolíferas, penetra nas caldeiras quentes a fim de consertá-las ou enfrenta os incômodos dos poços de petróleo para apagar;

Conclusão

Agora, simbolicamente limpo pela água e purificado pelo fogo, cujas chamas simbolizam aspiração, fervor e zelo, estou apto a prestar meu juramento de nunca revelar os mistérios da Maçonaria e ajudar meus irmãos maçons naquilo que puder e for necessário.

As portas da verdadeira amizade estão se abrindo e ao receber os primeiros raios de LUZ, começo a enxergar um novo caminho a percorrer, saindo da escuridão e da ignorância.

Finalmente, sou conduzido ao altar do 1o. Vig.'.  e ajoelhado realizo o meu primeiro trabalho, tendo às mãos um Malho e um Cinzel, onde me ensinam a trabalhar a Pedra Bruta, neste momento sinto estar frente a frente comigo mesmo, imperfeito, áspero, cheio de arestas.

Percebo então o árduo e continuo trabalho de desbastamento, esquadrejamento e polimento em busca do aperfeiçoamento moral e espiritual que jamais poderá ser terminado, pois é sabido que cada um de nós, carrega dentro de si sua própria PEDRA BRUTA, e a cada desbastamento das maiores imperfeições, as menores se destacam e novo polimento se faz necessário.

Ao passar pelas provas e viagens simbólicas, posso concluir que um verdadeiro Maçom não combate tão somente às próprias paixões, mas também combate outros inimigos da humanidade, os hipócritas que enganam, os pérfidos que defraudam, os ambiciosos que usurpam e os corruptos que abusam da confiança dos povos.

Isso demonstra o sentido da pergunta:

– “O que vindes aqui fazer?”.

– Pelo que o verdadeiro Maçom responde:

– “Vencer minhas paixões, submeter minha vontade e fazer novos progressos na Maçonaria”.

Bibliografia:

Editora Maçônica A trolha – Trabalhos publicados

Ritual do Grande Oriente do Brasil – Rito Escocês Antigo e Aceito

Melo e Souza, Valfredo- Construção do Pensamento Maçônico Camino, Rizzardo da
Simbolismo do Primeiro Grau
Castellani, José
– Consultório Maçônico
Assis Pellizzaro, Reinaldo
Decálogos do Grau de Aprendiz e de Companheiro
Apostila 4ª Instrução do Aprendiz – Loja Fênix – DF

Ir.’. Mauricio Massarotto AP.’.M.’.
Loja Fênix de Brasília nº 1959

 

 

A DUALIDADE NA CRIAÇÃO


 

A ciência diz-nos que o universo possui doze bilhões de anos; a terra quatro bilhões de anos. E a vida, habita na terra há quinhentos milhões de anos. Por acaso, no princípio fez-se a luz; o grande “Big Bang”, teoria que propõe explicar a criação do Universo, quando magníficas atividades ligadas a leis físicas, atualmente ignoradas ou pouco conhecidas, determinaram o caos inicial.

Das trevas da inexistência, surgiram as grandes concentrações de regiões nebulosas; massas em condensação, universo em formação; transformações formidáveis que possibilitaram o surgimento de astros de variadas grandezas, agrupando-se em galáxias  placentas cósmicas  que unindo milhares de coincidências, contemplaram a eternidade com o universo conhecido, vindo do nada, do zero absoluto.  A ciência considera tudo obra do acaso.

Dizem os cientistas que da formação do planeta terra até o instante do aparecimento da vida, ou seja, três bilhões e quinhentos milhões de anos, talvez não tenha havido tempo suficiente para o acaso formular reações químicas que disparasse o gatilho da vida, sugerindo, inclusive, a hipótese deste fenômeno de criação ter ocorrido noutro astro e viajado até nós hospedado em material intergaláctico, desprendido de algum planeta mais antigo e de condições gerais idênticas ao nosso. Ou talvez “um irmão gêmeo, perdido em algum lugar fora da nossa galáxia. Entretanto, mesmo que existam milhões de planetas irmãos, os astrônomos não encontraram um só. E a possibilidade de um dia localizá-los ainda é remota.

De acordo com a teoria da evolução da vida, esta surgiu no nosso planeta quando aminoácidos aquecidos e resfriados deram inicio a existência que ao longo destes quinhentos milhões de anos chafurdou na lama, reciclou-se no mar e rastejou em terra.

Na era mesozóica, pequenos, gigantescos e alados dinossauros, dominaram nas planícies, florestas e montanhas durante cento e sessenta milhões de anos, sem adquirir um mínimo de raciocínio que pudesse servir de semente germinadora da inteligência; sucumbiram sob as suas aparentes indestrutíveis carcaças, misteriosamente, por uma causa que até os dias de hoje interroga-nos.

Há alguns séculos atrás ou instantes, considerando a eternidade, os nossos cientistas acreditavam que a terra era o centro do universo e tinha a forma de uma mesa. Dizia-se, também, que aquele que ultrapassasse os seus extremos despencaria para um abismo eterno ou cozinharia num mar fervente. Ora, se a recente passado acreditávamos em coisas absurdas para o nosso conhecimento atual, quem pode garantir-nos que atualmente não estamos crendo em teorias absurdas para o nosso conhecimento futuro.

Se o acaso precisou de mais de onze bilhões de anos para criar a vida orgânica elementar, torna-se paradoxal acreditar que a cerca de apenas 30 mil anos privilegiou e desenvolveu nos homens a inteligência. Como pode a jovem ciência dos homens, neste lapso de existência tão curto, ter adquirido conhecimentos em graus suficientes para engendrar propostas definitivas.

Por outro lado ao analisarmos a história e progressos da sociedade, desde tempos remotos, poderemos constatar erros e acertos que causaram, quando não a desgraça moral, o extermínio de homens úteis à sociedade que se dedicaram totalmente ao estudo e a investigação da verdade. Cientistas e filósofos despertavam a inveja no poder político-religioso e governantes senhores de guerras.

Outrora, a grandeza de uma Nação não se media pela sabedoria do seu povo, mas sim, pelas batalhas vencidas; inimigos passados no fio das espadas, sem perdão. Os costumes mais selvagens serviam de palco para cortes de sedução e volúpia; assassinatos, cantados em prosas e versos, como atos de coragem e desígnios de Deus. E todos, intrépidos cientistas e iluminados filósofos, guerreiros assassinos e religiosos depravados originaram-se casualmente, através do mesmo material e acidental princípio gerador?

A barbárie sempre existiu no nosso planeta, porém, imperou como lei nos primórdios da cultura humana. Não é fácil crer, ou compreensivo aceitar, que a natureza tenha gastado mais de quatro bilhões de anos  talvez dez  para criar seres, inteligentes, que queimam corpos de animais imolados num altar, acreditando que o aroma daquele holocausto seria agradável ao próprio criador do sacrificado.

Agradável é entender e testemunhar o comportamento social, moral e espiritual que alguns homens, sob a luz do Amor coletivo, tiveram para com os povos de diferentes regiões do planeta e em diferentes épocas: Zoroastro, Pitágoras, Buda, Jesus, Maomé, Ghandi e muitos outros.

A teoria darwinista, que propõe a origem comum de todos os seres vivos e a seleção natural do mais apto, através da luta pela existência e sobrevivência, sugere que estes, juntos a aqueles bárbaros, assassinos, ladrões, políticos corruptos e inquisidores tarados, tenham sido paridos (usando uma linguagem figurada mais direta) e conduzidos, lado a lado, através da estrada  evolutiva, pelas mãos do independente e imprevisível acaso  pelo beneplácito do catecismo científico, verdade indiscutível. 

Sendo deste modo, o acaso precisou de quinze bilhões de anos para criar seres, cuja conclusão extrema é o parentesco fisiológico; humanos semelhantes na sua anatomia, porém, enigmaticamente diferentes na conduta; etnias, com antagonismos morais ilógicos para quem compartilha do mesmo meio social; trilhas convergentes à mesma estrada evolutiva.

Mais lógico parece-nos crer numa dualidade na criação: a formação das espécies pelo processo de seleção natural, esta lei desconhecida chamada acaso. E a do comportamento humano, tão diverso e incompreensível, mas, com a força imensurável da liberdade; mosaico da vontade própria; vícios e virtudes, amor e ódio, ignorância e sabedoria. A esta igualmente desconhecida lei, também evolucionista, porém, planejada, chamaremos com muita propriedade de “Força Suprema”.

Porque o comportamento humano, não instintivo  a conduta resulta da aquisição de conhecimentos e conceitos morais, alicerces racionais que desenvolvem e sustentam a inteligência.

A maior liberdade da inteligência é o senso de eternidade, o ato de separar elementos deste universo complexo, os quais só podem subsistir, fora desta totalidade, mentalmente. É a abstração. Tudo que é abstrato não é resultado da natureza orgânica e sim de natureza etérea, de pensamento, de alma, de espírito. É a imaterialidade.

É dom sagrado o homem desfrutar do produto do seu trabalho e da sua inteligência. Por isto, aquele que se esclarece, deve acautelar-se e não se resignar com a providência. Pois, se assim o fizer, estará abrindo mão da razão, da ação, e não agir equivale a não existir. Einstein dizia que “a mais bela emoção é o mistério. Se o homem soubesse de tudo, a sua vida perderia a graça, pois a beleza está na curiosidade, no estudo, na pesquisa, na hipótese, na sensação de que sempre falta alguma coisa, a saber.” Hermes Trismegisto aconselhava:

“Se quiserdes saber o segredo desta força suprema, deveis separar a terra do fogo, o fino e subtil do espesso e grande, suavemente e com todo o cuidado. Sobe da terra ao céu e, dali, volta a terra para receber a força do que está em cima e do que está em baixo”.

A ciência tudo pode porque o homem tudo aprende. E aprenderá que o principio criador é lento e brando, mas Onipotente; incomensurável e infinito, mas Onipresente; misterioso e alegórico, mas Onisciente.

Algum dia, ao olharmos para a abóbada celeste, reconheceremos a assinatura de DEUS, subscrito, o Grande Arquiteto do Universo.

Paulo Roberto Marinho

 

SELECIONAR CANDIDATOS PARA A MAÇONARIA


 

Exposição de Motivos

 “A Ordem – A Maçonaria iniciática e tradicional não têm origem historicamente conhecida. As Obediências, ao contrário, são criações recentes. A Ordem é universal, as obediências, sejam quais forem, mostram-se particularistas, influenciadas por condições sociais, religiosas, econômicas e políticas dos países onde se desenvolvem”.

“A Ordem na sua essência é metafísica; na sua manifestação é tradicional. Por essência é indefinível e absoluta; as Obediências estão sujeitas a todas as variações da fraqueza congênita ao gênero humano. A Ordem tem uma doutrina, muito antiga e pouco compreendida, que as obediências vêm adulterando, embora tenham atribuído a si mesmas, o encargo de estudá-la e transmiti-la FIELMENTE, aos irmãos”.

Como se todos fossem vizinhos, vai-se à loja, não para pensar, mas para se distrair com jogos simbólicos, aliás, sem os compreender, assim como para realizar gestos pomposos e entregar-se a prazeres gastronômicos.

DE QUE SERVIRIA A ORDEM, SE NÃO IMBUÍSSE OS SEUS MEMBROS, ATÉ FAZER DELES HOMENS NOVOS?

Um homem novo que não seja homem de tempos novos, mas devoto da tradição intemporal! A tradição é uma síntese resumida, que contém na sua base, tudo quanto o homem pode ser.

O que faz com que a Ordem não seja meramente, uma sociedade de socorros mútuos, depende da inspiração subjetiva de cada Maçom.

Cada um pode senti-la de um modo diferente do seu irmão, mas os que vivem a vida maçônica interior compreendem muito bem que qualquer um que não seja Maçom, não ache graça a muitas das coisas, que fazem as delícias da Ordem.

Somente o Maçom tem o espírito atingido, com tudo o que diz respeito à Ordem. Portanto, o que é insípido para o profano é profundamente saboroso para o Maçon.

A Ordem possui, então, um segredo, somente desvendado pelos aceitos para dela fazerem parte, sendo-lhes assegurados os meios para uma evolução espiritual, através de um trabalho coletivo.

O desenvolvimento ao máximo das possibilidades individuais propicia o máximo de harmonia na Fraternidade. 

A solução de antagonismos, aparentemente inconciliáveis faz parte dos privilégios concedidos a autênticos iniciados. Tal objetivo, porém, somente será alcançado se os irmãos estiverem ligados entre si e à Ordem, pelos mais estreitos e menos conhecidos laços e se o silêncio e o segredo forem rigorosamente observados.

Os que chegam até a Ordem, devem ser “eleitos”, ou seja, devem aceitar em si mesmos o espírito da Ordem, para senti-lo, até nas coisas aparentemente mais banais. A iniciação maçônica depende do domínio racional, já que se relaciona com a intuição e a superação da razão. Daí a IMPORTÂNCIA que tem para a Ordem e para a Humanidade, o momento em que se resolve indicar um candidato. Se os irmãos compreenderem bem o valor desta argumentação, serão sem dúvida mais cuidadosos, nas suas opções sobre candidatos.

Desenvolvimento

Vários elementos se conjugam para o êxito das nossas atividades maçônicas, tais como: o local de reunião, a legislação, os rituais, os instrumentos, etc.… Contudo, o fundamental é a presença dos irmãos, a atual em harmonia. São os irmãos a componente principal daquilo que constitui a célula, a Loja.

Por ser dotado de qualidades próprias, tais como vontade é livre arbítrio, a influência do homem é ímpar na vida da loja, a qual reunida a outras formam as obediências e a Ordem. Esta tem como incumbência, trabalhar em favor da Humanidade, pela evolução do homem, na medida em que cada um faça por merecer e de acordo com o trabalho realizado.

A Maçonaria, não é, pois, um fim a ser atingido, para se obter benefícios (como ocorre com as profissões na vida profana), mas um meio onde o homem encontra a rara oportunidade de, trabalhando para o bem da Humanidade, evoluir para a felicidade.

Ao atingir o mestrado, TEORICAMENTE, os irmãos adquirem as condições, não só de saber, o QUE deve ser feito, mas principalmente, para conhecer o CAMINHO que leva até a Grande Obra. Contudo, isto nem sempre acontece, porque muitos “RECEBEM” o mestrado, sem trabalho, sem mérito, apenas pela bondade (ou omissão) dos irmãos.

Por isso estes mestres continuam na sombra e nada produzem! Muitos vão mais além, porque prejudicam o trabalho e o esforço de irmãos esforçados e dedicados, prejudicando-se também a si mesmos, já que se anulam ao nada fazer pela Loja, pela Ordem e principalmente por aqueles que tanto necessitam do trabalho maçônico! Por tudo isto é preciso muito cuidado e muita atenção, quando da indicação de candidatos às Lojas.

Qualidade de trabalho e dedicação já devem ser inerentes ao candidato, para que haja cada vez mais qualidade e dedicação à forma como queremos que decorram os nossos trabalhos, sejam internos, nas reuniões regulares, sejam nas atividades profanas onde devemos exercer uma liderança maçônica, exemplar pela capacidade e pela espontaneidade em praticar o bem. Afinal o que importa é o trabalho a ser feito; os benefícios que cada um recebe, são apenas consequências.

Sugestões

Como os candidatos não compreendem o significado da candidatura e alguns mestres não compreendem o significado de apresentar candidatos, torna-se importante ressaltar a RESPONSABILIDADE dos mestres maçons como conhecedores daquilo que é ignorado pelos profanos, NA OBSERVAÇÃO e ORIENTAÇÃO adequada, daqueles que entenderem que tenham condições de serem admitidos numa Loja Maçônica.

Quem aspira a se tornar um irmão Maçom precisa entender (portanto ser informado) que uma vez aceite, deverá trabalhar para glória de DEUS, para o bem da Humanidade e não para alimentar a sua vaidade, egoísmo e outros defeitos, que para os maçons são considerados vícios, permanentemente combatidos.

Um diálogo neste sentido deve ter condições para ocorrer, entre o mestre Maçom e o seu provável afilhado. Além disto, o mestre deve observar em relação ao candidato:

Realiza, com alegria, pequenas e obscuras tarefas?

Faz o que lhe é possível, por pouco que pareça ser para o progresso humano?

Toma a iniciativa para desenvolver novas e/ou difíceis tarefas, espontaneamente, sem esperar solicitação ou indicação?

Se as respostas são positivas, podem indicar humilde sabedoria e condições para evoluir. Isto, porém não é suficiente e outras observações, podem ser também reveladoras, tais como:

O temperamento do indivíduo impede-o de se pôr em sintonia com os outros? Se isto ocorre é motivo para aguardar o tempo necessário para se possa livrar desta imperfeição.

O seu orgulho pode ser atenuado? Se não puder, mesmo na Ordem, o candidato continuará a ser um profano, não sendo recomendável a sua admissão, pois já temos demasiados deste tipo de irmão que busca só a própria glória.

O candidato tem elevado auto-conceito? Ou auto-estima? Julga-se superior? Isto é perigoso, porque dificulta o convívio com os outros, bem como a transmissão de informações e instruções.

Ofende-se com facilidade? Também é perigoso, porque dificulta o convívio pela intolerância. Entretanto, esta falta de condições pode ser momentânea e às vezes o tempo encarrega-se de fazer o candidato melhorar.

Portanto, não há pressa em encher as lojas, com iniciações precipitadas, que, geralmente, se transformam em toda espécie de problemas para as Lojas.

Quanto à orientação, algumas advertências devem ser feitas aos candidatos tais como:

Assiduidade – somente pela assiduidade o irmão (aspiração do candidato), na companhia de outros, adquirirá uma compreensão sobre a Maçonaria e o seu trabalho.

Disponibilidade no dia e hora das reuniões.

Vontade para assegurar uma boa preparação, ou seja, o desenvolvimento adequado das instruções e o estudo sobre a Arte Real.

Sentir-se estimulado pela aprendizagem, a harmonia e o êxito dos trabalhos, visando ser um bom aprendiz, um ótimo companheiro e um excelente mestre.

Conclusões

O segredo da Ordem é que ela atravessa os séculos, entre temporais que fazem efêmeras tantas obras dos homens, inclusive as nossas obediências. Há neste segredo uma virtude misteriosa; o que o poeta chama de “música interior” ou uma disposição de espírito.

Para a Ordem, a TRIAGEM é absolutamente necessária, porque as palavras da Sabedoria, da Força e da Beleza, não podem ser jogadas ao vento (maus candidatos = maus irmãos), mas conservadas na mente e no espírito.

Os trabalhos maçônicos internos e externos devem parecer-se, por exemplo, às cordas de instrumentos musicais, que, embora diferentes, emitem sons em harmonia umas com as outras. Esta harmonia nivela os irmãos e nenhum é mais sábio, mais forte, mais belo ou mais importante. Não há orgulho e a ausência do orgulho conduz ao esquecimento do “eu em primeiro lugar” e desenvolve o ânimo da boa vontade com todos.

Estas regras levam à convivência adequada, não só para aprender, mas também para trabalhar juntos ou “EM UNIÃO”.

Este texto pretende apenas provocar o exame e o estudo da indicação de candidatos; necessita, portanto de ser ampliado, amadurecido e enriquecido, por todos aqueles irmãos que “optam pela qualidade” e que se preocupam realmente com o presente e o futuro da Ordem e da Humanidade.

Adaptado de Vilmar Rodrigues de Miranda

 

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