É nossa sinceridade interior, nossa atitude e nossa pureza de motivo que determinam em que nível funcionamos. É fácil perceber que nosso intelecto não pode tomar essas decisões por si só. Mais exatamente, ele serve meramente para nos auxiliar a nos harmonizarmos com o Deus Interior, nosso Crístico, de onde se origina nosso desabrochar para atingirmos um ponto de verdadeira iniciação de verdadeira escolha.
O Caminho que escolhemos utiliza a técnica esotérica iniciática tradicional que se desenvolveu a partir do sistema arcano que foi compreendido no alvorecer da consciência. O sistema Tradicional flui de uma corrente sem começo ou fim. Essa corrente não foi criada; está sempre presente.
Nosso processo de iniciação retira o iniciado de sua realidade objetiva individual e abre um portal para o estudante através do qual cada iniciado deve voluntariamente passar por seu próprio desejo.
Na verdade, todo o conceito da idéia popular de mestres ou personalidades iluminadas nada mais faz que depreciar o trabalho que eles idealizam. Por quê? Porque tais mestres nada mais são que a criação e personificação da compreensão limitada das pessoas que os criam.
Na assim chamada “Nova Era”, que é referência para nossos tempos da mesma forma que períodos anteriores foram conhecidos como “A Reforma” e a “Era do Iluminismo”, encontramos muitos que alegam ser canais exclusivos das personalidades de mestres que, pela primeira vez na história da humanidade, estão se revelando a nós com o propósito de salvação. Como isso difere das hostes de santos medievais trazidas a nós pela igreja? Ou dos deuses dos gregos e de outros povos? Como pode a humanidade hoje ser tão arrogante a ponto de pensar que, pela primeira vez na história, seremos salvos pela interação pessoal de mestres, deuses ou santos?
Não estamos em uma “Nova Era”, da mesma forma que nunca realmente estivemos em qualquer outra “era”. Estamos simplesmente em uma era que sempre esteve presente. Como em séculos passados, as pessoas estão agora se voltando com interesse renovado para ideais mais elevados, mas a maioria delas está colocando sua fé em uma personificação para guiá-las para a iluminação.
Eis uma cilada que só a iniciação pode ajudar a evitar. É verdade que hoje muitas pessoas estão sinceramente canalizando mestres. Mas esses mestres não são da hierarquia esotérica.
O que está sendo canalizado nada mais é que as crenças criadas personificadas pela consciência coletiva daqueles que acreditam.
Aqueles que são proficientes em viajar nos reinos astral ou psíquico comprovarão o fato de que podem se encontrar face a face com o deus Apolo.
Mas só um iniciado pode verdadeiramente diferenciar entre aquilo que é real e aquilo que é uma manifestação criada. Uma manifestação criada possui vida, possui personalidade, mas não possui nenhuma substância espiritual. E tocar a verdadeira hierarquia esotérica requer o reconhecimento dessa substância e a ascensão àquele nível de manifestação.
Muitas pessoas acreditam que ao terem uma experiência nesse reino conseguiram atingir o que buscavam por encontrarem suas crenças lá personificadas. Mas se essas pessoas tivessem verdadeiramente experimentado uma iniciação, elas primeiramente ficariam muito desapontadas ao descobrir que aquilo que freqüentemente achavam ter atingido nada mais era que uma parte delas mesmas.
A iniciação pode nos levar além das limitações e dos enganos físicos e psíquicos. Ao mesmo tempo, devemos nos conscientizar de que uma iniciação não é física ou psíquica, embora métodos físicos ou psíquicos sejam utilizados.
Uma iniciação verdadeira é puramente espiritual. Ela ocorre a partir do interior de cada indivíduo como resultado de seu próprio preparo e presteza, sendo inspirada e acelerada por um ritual físico que às vezes se associa a uma experiência psíquica.
Nicholas Roerich disse uma vez que era possível que um iniciado evoluísse além da escola de pensamento que pela primeira vez o introduziu aos mistérios. De fato, espera-se que isso venha a acontecer. Mas ele também declarou que o iniciado sempre se lembraria com carinho e reverência daquilo que o guiou no Caminho.
O profano é considerado um prisioneiro cego das trevas que vagueia pelos diversos reinos do engano, ilusão e erro. Se o profano for sincero, por fim encontrará uma iniciação que realmente o coloca em uma nova condição livre das mentiras e preconceitos. Em uma palavra, essa pessoa se torna iluminada e é reconhecida como um iniciado, tornando-se, por meio disso, mais forte e mais poderoso.
A ligação ou a linhagem do iniciador ao iniciado é uma transmissão de poder através de uma cadeia ininterrupta de iniciados que são, essencialmente, veículos humanos da Luz.
No entanto, ainda é possível ao iniciado afastar-se da linhagem e utilizar o poder para fins egoístas. Se isso for feito neste estágio, não estamos lidando com um indivíduo que é simplesmente ignorante acerca da Luz, mas com alguém que conscientemente serve às Forças das Trevas.
O verdadeiro propósito desse tipo de iniciação é servir à humanidade para garantir que a Luz seja irradiada em meio às trevas. Podemos ver, de fato, que as obrigações e responsabilidades do iniciado são grandes e também percebemos que a importância de uma linhagem iniciática continuada e ininterrupta é de suma importância para que o poder da Luz cresça e transcenda as limitações do iniciado individual.
O indivíduo pode dar as costas à Luz, mas a cadeia iniciática e a linhagem centenária de iniciados criam uma condição que supera o indivíduo, pois não pode ser destruída pelos fracassos de uma pessoa, seja ela quem for.
Outro tipo de iniciação que consideraremos é a iniciação prejudicial ou iniciação negativa.
Há dois tipos delas: aquelas criadas pelas influências destrutivas de um ser humano que utiliza a técnica iniciática para atingir fins egoístas e, segundo, aquelas iniciações produzidas pelas ações da ignorância e do engano, às quais comumente nos referimos como Forças das Trevas.
O iniciado das Forças das Trevas é aquele que se harmoniza com as criações astrais da cobiça e do ódio e desse modo nunca adentra os planos espirituais. São, na verdade, ilusões, mas ao mesmo tempo uma força que deve ser levada em consideração em nosso nível de manifestação.
A Luz Espiritual não conhece as trevas, mas para receber a Luz precisamos transcender as trevas e atingir o nível da Luz. Devemos, através da iniciação, deixar as trevas para trás através de nossos próprios esforços. Não podemos levar as trevas conosco ao nos aproximarmos da Luz. A Luz não virá a nós se permitirmos que as trevas estejam presentes. Eis por que os mestres não canalizam através de médiuns em nosso plano de existência.
Gary L. Stewart, Imperator R+C