A “cadeia de união” é uma tradição que se encontra
ao mesmo tempo nas Associações de Operários e na Maçonaria. Ela consiste em
formar uma cadeia, dando-se mutuamente as mãos, depois de cruzados os braços.
O novel iniciado é convidado, desde sua admissão, a
formar um elo dessa cadeia. Na maioria das vezes, forma-se a cadeia de união no
final dos trabalhos.
Dizer que essa cadeia simboliza, escreve
Plantageneta, a universalidade da Ordem e lembra a cada um que “todos os
maçons, seja qual for a sua pátria, formam uma única família de irmãos
espalhados pela superfície da terra” é, imagino, supérfluo.
A cadeia de união também aproxima afetivamente
todos os corações, ao mesmo tempo em que reanima nas consciências o sentimento
de solidariedade que nos une e a interdependência que nos liga.
Podemos fazer essa experiência, e não há dúvida de
que quem participa conscientemente, e sem reticências, da cadeia ritual, sente
- na falta de uma transmissão correta do vizinho – os efeitos sugestivos e
reconfortantes.
Foi, portanto, intencionalmente que essa cerimônia
foi introduzida no ritual. Ela parece preparar de um modo feliz um ambiente
propício para fazer do encerramento dos trabalhos algo mais do que uma simples
formalidade.
Algumas oficinas, desprezando o valor do ritual e
“mágico” da Cadeia de união, só se formam duas vezes por ano, para a
comunicação das palavras semestrais.
Marius Lepage expôs excelentemente os princípios
essências que fazem da cadeia de união algo mais do que um simples gesto sem
importância.
Ele escreve:
“Os ritos entre outras funções essenciais, unem o visível ao invisível. Eles constituem um elo fluídico que une o corpo maçônico, constituído pelo espírito maçônico que se desprende das lojas materiais. Não deve, portanto, constituir causa de admiração ver esse espírito retirar-se pouco a pouco das lojas onde ninguém o possui mais. E a mais surpreendente das descobertas é encontrar ainda, no caos de pretensos rituais de hoje em uso, uma fagulha de fé.
“Os ritos entre outras funções essenciais, unem o visível ao invisível. Eles constituem um elo fluídico que une o corpo maçônico, constituído pelo espírito maçônico que se desprende das lojas materiais. Não deve, portanto, constituir causa de admiração ver esse espírito retirar-se pouco a pouco das lojas onde ninguém o possui mais. E a mais surpreendente das descobertas é encontrar ainda, no caos de pretensos rituais de hoje em uso, uma fagulha de fé.
“As mãos continuam entrelaçadas, mas o espírito não se comove mais com o valor e as repercussões do ato realizado.
No entanto, de todos os ritos, a cadeia de união,
é, talvez, o mais importante do ponto de vista oculto quanto do ponto de vista simbólico.
E todo Venerável que se preocupa com a prosperidade
material e moral de sua Loja não deveria deixar de repetir essa verdadeira
“invocação” a cada assembléia.”
“O princípio da cadeia de união deve ser
provavelmente procurado na teoria do ponto ou sinal de apoio”. Toda vontade que
quer se manifestar, tem necessidade de um intermediário, que seja, ao mesmo
tempo, uma sólida base de partida.”
O segredo da Cadeia Mágica, escreve Stanislas de
Guaita, resume-se num aforismo cujos termos são os seguintes: Criar um ponto
fixo onde se possa tomar apoio; estabelecer aí um cadeia psicodinâmica; e,
desse ponto, escolhido como centro, fazer brilhar através do mundo a luz astral,
fortalecida por uma vontade nitidamente definida e formulada.
Ao mesmo tempo criadora e receptiva, a cadeia de união representa junto ao maçom o duplo papel de escudo protetor e de aparelho receptor de influências benéficas.
Toda coletividade, toda associação tem o seu
correspondente nos mundos invisíveis. O espírito de um grupo é um ser vivo mais
poderoso, salvo raras exceções, que cada uma das pessoas que o compõe.
Além do mais, o Egrégoro (ou Egrégora), para
designá-lo pelo nome que lhe é atribuído comumente, tende a diminuir sua
autoridade e aumentar seu domínio à expensa do Egrégoro vizinho.
Aí o indivíduo isolado, orgulhoso de sua vontade oscilante, quer entrar em luta contra a formidável força do Egrégóro. Ele logo será varrido, submergido... E o menos que lhe poderá acontecer é ver desabar sobre ele os males materiais mais variados, sem que ele consiga se defender.
Quantas cadeias de ódio são assim tramadas no
invisível contra os Maçons por seus adversários ignorantes ou de má fé!
Para resistir a esses ataques, também temos que
formar nossa cadeia, tomando sempre o cuidado de não responder ao ódio com
ódio, porque os dois Egrégoros celebrariam uma forte ameaça para nosso maior
dano.
Algumas questões de ordem ritual podem ser colocadas quanto à formação da cadeia de união.
Por que cruzar os braços sobre o peito, e não
darem-se as mãos, simplesmente, como crianças brincando de roda?
Nosso modo de proceder, aproximando os corpos e
comprimindo o peito, parece facilitar a concentração da vontade necessária à
elaboração de uma cadeia eficaz.
Um irmão partidário das lojas mistas queria que, ao
formar nossa Cadeia, se alternassem as malhas, masculinas e femininas.
Isso é o mesmo que dizer que toda Cadeia formada
por indivíduos do mesmo sexo seria menos eficaz do que as Cadeias eventualmente
bissexuadas.
A prática nos revela que não é nada disso, e a
teoria confirma a prática. Com efeito, trata-se no caso de uma ação de
inteligência e de vontade, e não de sexos.
Para atingir o máximo, escreve ainda Stanislas
Guaïta, é preciso agrupar certo número de elementos negativos – inteligências
mais intuitivas e reflexivas do que expansivas e espontâneas – sob a
predominância de um elemento absolutamente positivo, isto é, sob o influxo de
um homem rico de qualidade de organização, acrescidas de uma vontade enérgica e
dominadora.
É então que, perfeitamente disposta, a bateria
psicofluídica fornece seu máximo de rendimento. Pois os pensamentos, mesmo os
mais rudimentares, as reminiscências, fossem elas as mais vagas, que povoavam
nebulosamente os cérebros negativos, se desenvolvem e se tornam claros – que é
o que se quer – sob a reação do espírito positivo.
É aqui que se manifesta em toda a sua força, diz Marius Lepage, o papel unificador do Venerável, daquele que dirige Oficina, da qual é a emanação e a síntese.
Entre ele e os irmãos, estabelece-se uma dupla
corrente, e suas forças são duplicadas para, depois, serem usadas da melhor
forma, segundo os interesses espirituais da Ordem em geral e dos membros da
Loja em particular.
Contudo, parece possível afirmar que nenhuma Loja,
hoje, pode formar uma cadeia de união eficiente.
Todavia, nunca insistiríamos bastante com os Veneráveis para que restabeleçam, onde puderem, o rito tradicional da Cadeia de União no fim de cada assembleia.
Quando, com as mãos juntas, o Venerável, antes de
encerrar os trabalhos, evoca a união de todos os Maçons, quando ele invoca
sobre todos os irmãos à descida do verdadeiro espírito maçônico, parece que um
sopro mais puro perpassa pela atmosfera da Loja.
Esse é o motivo pelo qual seria de desejar e seria
necessário que cada Oficina terminasse seus trabalhos por uma Cadeia de União,
concentrando-se sobre uma única ideia relacionada com o ideal Maçônico.
Bibliografia: SIMBÓLICA MAÇONICA: OU A ARTE REAL REEDITADA - Por JULES BOUCHER (editora Pensamento) disponível em:
http://books.google.com.br/books?id=su0-
Bibliografia: SIMBÓLICA MAÇONICA: OU A ARTE REAL REEDITADA - Por JULES BOUCHER (editora Pensamento) disponível em:
http://books.google.com.br/books?id=su0-
(*) - Título Original: La Simbolique maçonnique,
Paris 1948/1979;
Um forte e fraternal abraço a todos!
Contribuição do Ir. Ap .’. M .’. Samir Lemos
Contribuição do Ir. Ap .’. M .’. Samir Lemos