Introdução
A Maçonaria Operativa teve vários períodos que
a precederam que se poderia intitulá-los de fase pré-operativa. Esta fase
aconteceu no transcorrer de muitos séculos e talvez milénios. Os primeiros
homens pré-históricos habitavam cavernas, mas com o passar do tempo migraram
para fora delas, tornaram-se nómades, gregários e assim para terem abrigo, para
se protegerem das intempéries, e também para se abrigarem da luz solar e se
protegerem das noites frias, começaram a construir as suas choupanas, casas, surgindo
assim ainda que de maneira ainda rudimentar os primeiros construtores, havendo
entre eles os mais habilitados que se firmaram como os primeiros profissionais
da construção, ainda que a humanidade estivesse engatinhando, e as casas ou
abrigos eram toscos, simples.
Desta forma serão citadas várias etapas das
construções que antecederam a fase da Maçonaria Operativa em si.
Fala-se que no Império Romano o segundo rei de
Roma, Numa Pompílio (714
a 671 a.C.) sempre citado na literatura maçônica por ter mandado construir
templos de deuses pagãos, criou para esta finalidade os collegia fabrorum dos
quais se originaram os collegia construtorum que segundo referem
alguns autores seriam as sementes da futura Maçonaria Operativa, porque ele
teria regulamentado a profissão de construtores e também a organização dos
cultos já que estes coleggias eram dotados de intensa religiosidade,
mesmo naquela época em que se adoravam deuses pagãos. Cita-se também que no seu
reinado ele teria mandado urbanizar Roma e as construções de tiveram um
desenvolvimento.
As legiões romanas nas suas conquistas
destruíam tudo, mas levavam os colegiatti de construtores para
reconstruir o que destruíam dentro dos seus interesses na região conquistada.
Existem autores que contestam esta versão da história por falta de provas
primárias.
Os Mestres Comacinos que apareceram em Como na
Lombardia que eram arquitectos, hábeis escultores, reconhecidos pelos reis
longobardos pelo édito de Rotari em 634 d.C. e Liutprando em 713.d.C. Eles
foram introdutores da arte romântica, que antecipou a arte gótica.
Antes de aparecer a Maçonaria Operativa ou
Maçonaria de Ofício surgiram as Associações Monásticas fundadas por São Bento
529 d.C. e Cisterciense fundada pelos monges de Cister fundada pelo abade De
Molesme em 1098 da nossa era, começaram a aparecer construções em que a arte
gótica foi pouco a pouco predominando. As Associações Monásticas dos
Beneditinos eram constituídas por religiosos, monges católicos, experientes projetistas
e geômetras, verdadeiros artistas na arte de construir.
Todavia guardavam a arte de construir em forma
de segredo dentro dos seus conventos. Varoli considera os beneditinos e os
cistercienses como ancestrais da Maçonaria Operativa. O tratamento entre eles
era de “Venerável Irmão”, e “Venerável Mestre”.
Mas foram obrigados a contratar profissionais
leigos, pois a procura dos seus serviços aumentava cada vez e necessitavam de
homens para o trabalho mais simples e dessa convivência com os mestres,
consequentemente aprenderam a arte de construir, ou lhes foi ensinada pelos
próprios clérigos.
Estas ordens citadas são em linha geral para se
ter uma ideia de como foram surgindo as construções especialmente as que
precederam as corporações de ofício. Estes profissionais foram aprendendo com
os clérigos e em face de da decadência da fase monástica apareceram as
confrarias leigas.
A importância destas ordens de clérigos foi
muito necessária, pois além de espalharem a arte de construir, deixaram os
princípios religiosos nas escolas e oficinas de arquitetura. Toda a agremiação
tinha o seu santo protetor.
Estas fases precursoras da Maçonaria de Ofício
são consideradas por Theobaldo Varoli Filho, como embriões da instituição que
viria a ser Maçonaria Operativa.
Assim no século XII surgiu a franco-maçonaria
ou maçonaria de ofício na qual os pedreiros eram livres ou francos maçons que
deixaram a sua influência muito significativa na Maçonaria atual. O termo
franco ou livre significava que estes profissionais eram livres totalmente de
qualquer servidão ou serem taxados de escravos. O seu único compromisso era
construir.
Remanescentes das fases anteriores já citadas
os operários se constituíram nas chamadas corporações de ofício, organizadas,
prestavam auxílio mutuo, a divisão de trabalho era disciplinada, havia o mestre
de obras, que deveria ser entendido na geometria e na arte de construir, que
não era grau e sim função e os aprendizes (hoje serventes-pedreiros) que
deveriam durante certo número de anos, cerca de sete anos aprender a profissão.
Estas corporações eram apenas de profissionais da construção.
A Igreja dominava totalmente os seus membros.
Toda corporação tinha o seu santo protetor.
Paralelamente surgiram nesta mesma época as
guildas especialmente no Norte da Europa, na Inglaterra, Alemanha e Dinamarca
que eram confrarias no início religiosas, militares, e finalmente investiram na
arte de construir. Havia entre eles assistência mútua e proteção, proteção aos
familiares, ampliaram pouco a pouco a abrangência das suas ações e se tornaram
verdadeiros corpos profissionais de construtores. Assumiram o caráter
corporativo.
Cada associado pagava uma joia. O novo membro
era recebido ritualisticamente. Assim constituíram guildas de comerciantes,
militares, dos marceneiros e carpinteiros de canteiros que construíram muitas
casas de madeira além das construções majestosas de pedras. Foi nas guildas que
surgiram a palavras loja, joia e banquetes termos estes que emprestamos para a
nossa Maçonaria Moderna.
As guildas ainda pretendiam reformas sociais.
A Maçonaria Operativa nasceu destas duas
tendências, corporações de ofício e das guildas. Há quem refere que sejam
sinónimos. Não há como querer afirmar outra origem da Maçonaria Operativa, mas
existem muitas tendências e controvérsias a respeito, quando se fala em origem
da Ordem. A título de esclarecimento em 1909 o escritor maçônico Charles
Bernardim do Grande Oriente da França consultou 206 obras sobre maçonaria e selecionou
39 opiniões diferentes a respeito das suas origens.
Eles, além de castelos, fortificações e outras
construções construíram muitas catedrais que ainda estão firmes, maltratadas
pelo tempo. porém ostentando toda a sua bela arte gótica em vários países da
Europa. Cada catedral tem uma história linda, onde se vislumbra o génio de
muitos construtores arquitetos, homens além do seu tempo.
Catedral de São Petrónio em Bologna Itália –
iniciada em 1132.
Catedral de Chartres – França – iniciada em
1194 – reconstruída em 1214
Catedral de Colónia – Alemanha – iniciada em
1248
Catedral de Córdoba – Espanha – erguida pelos
mouros
Catedral de Santa Maria de Fiore – Itália –
primeira catedral de Florença. A cúpula foi construída em 1418
Catedral de Génova – Itália iniciada em meados
do século XIII
Catedral de Milão – Itália – construção
iniciada em 1288, só teve as suas estruturas erguidas em 1389.
Catedral de Nápoles – Itália – iniciada em 1285
Catedral de Sevilha – Espanha – em 1401 os
cónegos de propuseram a construir a maior catedral da Europa
Catedral de Notre Dame – França – construção
iniciada em 1163
A França em três séculos ergueu 80 majestosas
catedrais, 500 grandes igrejas e milhares de casas paroquiais. A
média da Europa Cristã na época era uma igreja para cada 200 habitantes, tal
era o domínio da Igreja Católica sobre o povo.
Na Alemanha surgiu a corporação dos steinmetzer
onde os profissionais eram conhecidos por serem escultores, entalhadores de
pedras ou canteiros, se dedicavam somente à arte gótica. Teve um grande impulso
dado pelo arquiteto Erwin nascido em Steinbach. Ele, em 1275 convocou uma
convenção em Estrasburgo para terminar uma importante catedral de arenito rosa.
Nesta convenção compareceram os principais arquitetos ingleses, alemães,
italianos e de outros países.
Nesta ocasião teriam sido adoptados, sinais,
toques e palavras para a identificação secreta dos membros da confraria. É
considerada como a primeira vez que adoptaram estes meios de identificação,
porque isto está registrado, mas é bem provável que já usavam sinais há muito
tempo e que outras corporações usassem as suas próprias senhas. É sabido que o
Maçom operativo deixava um símbolo o seu marcado nas pedras das construções
onde trabalhava.
Interessante, citar os avanços da humanidade.
Em 1453 Copérnico publica o seu livro afirmando que a Terra gira em torno do
Sol e em 1454 Johanes Gutenberg cria a impressão de tipos moveis fundidos em
metal. Até então, todos os documentos eram feitos em manuscritos, ou seja, à
mão. Nesta época cerca de 20 copistas produziam 20 livros cada dois anos. A
partir daí passaram a serem publicados 1000 livros / ano. Pode-se considerar
como a Internet da época.
Isto tudo viria modificar a maneira de pensar,
abriria as mentes, pois poderiam ser lidos livros com mais facilidade e assim o
homem buscar conhecimentos até então fora do seu alcance.
A situação da Maçonaria Operativa mudou. Por
cerca vários séculos predominou a arte gótica que nasceu na França. A
Renascença viria, e as suas consequências fizeram-se sentir tanto na arte
gótica como no monopólio das corporações de ofício que dominavam este sector.
Este facto determinou a decadência da Maçonaria Operativa. Já não havia mais
tantas catedrais a serem construídas, e além do mais o povo estava preferindo o
estilo clássico romano que era mais alegre, mais leve que o estilo gótico.
Com esta decadência, o nome da organização
ainda era muito respeitado, mas começaram mudar os comportamentos dentro da
Ordem. Começaram a aceitar como membros na Maçonaria, pessoas que não eram
construtores.
O registro do primeiro Maçom aceito é datado de
08.06.1600 na Loja Saint Mary’s Chapel em Edinburgh do abastado fazendeiro John
Boswell. Este tipo de aceitação foi sendo cada vez maior. Já não era aquela
antiga corporação de construtores. Algo tinha mudado. Era outra organização.
Esta Loja tem registros de atas desde 1599.
Entretanto a Maçonaria Operativa era composta
de Lojas com o lema “Maçom livre em loja livre”. Tinham já constituídos os
graus de aprendiz e companheiro. Mas os aceitos que geralmente eram pessoas de
maior cultura foram mudando as concepções, trazendo novos conceitos dentro da
Maçonaria ainda chamada de Operativa. Estes aceitos eram militares,
comerciantes, pensadores, escritores sábios, filósofos, nobres, além de
esotéricos, ocultistas, alquímicos, cabalistas antiquários, etc.
A Maçonaria Operativa até 1600 era
eminentemente católica. Ela nunca fez alusões ou referência a templos, aos
hermetistas, aos templários, Rosa-Cruzes, alquimistas, magos, cabalistas,
esotéricos ou ocultistas. Não se falava em Landmarks. Não havia a Bíblia
durante sessões. Não havia a lenda de Hiram. Havia a lenda Noaquita focalizando
a morte de Noé, que foi aproveitada e enxertada na lenda de Hiram
posteriormente. Não existia o valor simbólico das ferramentas.
Não existia a antimaçonaria e nem potências maçônicas. Segundo
alguns autores os aceitos Rosa-Cruzes contribuíram muito para filosofia da
Ordem, porque grande parte destes aceitos eram Rosa-Cruzes. Um novo membro era
recebido de uma forma mais simples e não através de uma ritualística
sofisticada como atualmente estamos acostumados a realizar.
E assim desde o primeiro Maçom aceito em 1600
(prova primária) até 1717 passaram 117 anos, mais de um século. O que restou da
Maçonaria Operativa se transformou neste período noutro tipo de maçonaria.
Também o mundo se modificou bastante.
Neste século XVII Descartes publica em 1637 o
discurso sobre o Marco da Filosofia Moderna. Em 1661 Robert Boyle lança as
bases da Química Moderna em 1687 Newton publica o seu livro sobre a Lei da
Gravidade e em 1698 Savery inventa o motor a vapor.
Em 1670 foi criado o grau de Companheiro
(manuscrito Edinburgh Register-1696) já se falava sobre ele desde 1598, mas não
há comprovação.
A partir de 1703 a Maçonaria começou a receber
aceitos indistintamente de todas as classes sociais e de todos os credos. Na
Inglaterra predominava os anglicanos. A Maçonaria Operativa não era mais tão
somente católica.
A Inglaterra foi o berço da Maçonaria chamada
Especulativa, mas é mais racional o nome de Maçonaria Moderna. Especulativa não
espelha realmente o que aconteceu com a Ordem e o conceito de especulativa não
se encaixa muito nos acontecimentos históricos. Ela estava se transformando em
Maçonaria Moderna. Muito embora tenha sido consagrado o nome de Especulativa.
Em 24.06.1717, data esta que espelha o que já
estava ocorrendo há mais de 100 anos, o Maçom aceito o pastor protestante
Desagulliers, Anderson, George Payne com mais outros eruditos maçons conseguem
reunir quatro lojas, sendo que uma delas era só de maçons aceitos e funda a
Grande Loja de Londres. Inicialmente esta Grande Loja não foi bem aceita na
Inglaterra. Os maçons ingleses se dividiram em antigos e modernos. Mas o
sistema obediencial foi sendo aos poucos sendo adoptado em toda a Europa.
Nascia assim o conceito de obediência ou
potência e a figura do Grão-Mestre. Surgiu uma nova era para a Ordem, ou
melhor, a oficialização do que estava sendo realizado na prática. Criaram os
Landmarks por motivos óbvios, pois se agora existia um poder central, não havia
mais loja livre, é claro que seriam necessárias novas regras para manter as
lojas num mesmo plano e sob governo de um Grão-Mestre.
Regras estas que evocaram a pré-maçonaria com o
nome de maçonaria antediluviana, diluviana e pós-diluviana, a e ao mesmo tempo
introduziram conceitos baseados nos Antigos Deveres (Old Charges) que chamaram
de imutáveis, mas de que imutáveis, não tinham nada. Foi uma estratégia para
angariar e segurar nas suas fileiras os adeptos. Anderson escreveu o seu
primeiro livro das Constituições em 1723, eivado de fantasias, inverdades, de
lendas citando fatos muitas vezes confusos, baseado nos Old Charges
especialmente no Poema Régio.
Ambrósio Peters afirma “Os Old Charges são
regulamentos ou Antigos Deveres da Maçonaria Operativa e nada têm a ver com a
Maçonaria Especulativa a não ser que a antecederam historicamente”.
O grau de Mestre foi criado em 1725 e
incorporado no ritual em 1738, ano em que Anderson reescreveu as suas
Constituições, já mencionando o grau de Mestre. A lenda de Hiram levou muito
tempo para ter a redacção que tem hoje.
Já estava o mundo vivendo em pleno século
XVIII, um século maravilhoso, o Século das Luzes. Tudo foi possível e permitido
neste século. Erros e acertos. Experiências preciosas do comportamento humano.
Solidificação da Ordem, ainda que dividida, avanço social e científico da atual
civilização.
Algumas situações importantes aconteceram neste
século não serão citadas as invenções tecnológicas. Serão citados alguns dos
livros que ajudaram a mudar o pensamento humano e porque não dizer, a Maçonaria
que é composta de homens.
1751 Diderot publica o primeiro volume da
Enciclopédia.
1757 A Escola Fisiocrata inicia na França a
Teoria da Economia Moderna
1762 Rousseau lança o – Contrato Social, livro
clássico do Iluminismo
1777 Kant publica o livro Crítica da Razão Pura
1791 Tomas Payne publica o livro Os Direitos do
Homem
A Maçonaria na Inglaterra ficou restrita aos
três graus simbólicos, mas na França a partir de 1740, foram criadas novas
potências e criados inúmeros graus superiores, criados outros ritos além dos
tradicionais, alguns ritos exóticos e mágicos, que ainda têm repercussão no
século 21.
A Alemanha acompanhou inicialmente a França
nesta criação desenfreada de ritos e graus superiores, mas em 16.07.1782 no
Congresso de Wilhelmsbaden expurgaram os abusos do Rito da Estrita Observância
e daí fundaram o Rito Escocês Retificado, mas o efeito deste Congresso rendeu
condições para ser fundado em 1801 um rito simples, enxuto sem conter excessos,
voltado para a humanidade, chamado Rito de Schröder.
Xico Trolha (Assis Carvalho) enumerou 235 ritos
nominados que foram criados no mundo, a maioria fruto da criatividade dos
maçons, mas acredita que seja na casa dos 300 ritos. No século XIX foram
criados mais ritos, porém disseminaram as potências maçônicas, e criou-se mais
um fator complicador: as famosas cisões que normalmente ocorrem até hoje no
seio da Maçonaria mundial, fazendo com que a Maçonaria se fragmentasse desde
então.
O século XIX, rico em invenções tecnológicas a
partir das quais propiciaram a continuação do avanço que temos hoje em dia.
Apenas no pensamento humano, Freud e Carl Jung se destacaram em relação à mente
humana. Freud publica em 1895 o livro Estudo sobre a Histeria, demonstrando que
o homem não domina a mente. Mas houve grandes pensadores noutras áreas, neste
século.
A Maçonaria entrou no Brasil que entrou
oficialmente comprovado, em 1800 através da Loja irregular de nome “União”.
Sendo que no ano seguinte os remanescentes desta loja se filiaram a uma Loja
“Reunião” regular, reconhecida pelo Grande Oriente Isle de France – Rito
Adonhiramita.
Neste século em 14.03.1893 foi iniciada na
Maçonaria numa loja regular de nome “Livre Pensador” pertencente à Grande Loja
Simbólica Escocesa da França, dissidente do GOF a feminista Maria Desraimes por
um Maçom de nome George Martin Venerável Mestre e em 04.04.1893 ela fundou logo
em seguida a Maçonaria Mista na França e que levou o nome Loja Escocesa dos
Direitos Humanos.
A Maçonaria Brasileira, no século XX ao lado de
inúmeras cisões de menor importância, passou por duas grandes cisões que
marcaram o século a de 1927 e a de 1973 resultando desta divisão as Grandes
Lojas Brasileiras e os Grandes Orientes Independentes (COMAB).
A Maçonaria mundial neste século se organizou
melhor em relação ao século anterior, mas seguindo tendências locais nos vários
países. Na Inglaterra é o clube que impera. Os maçons comparecem nas suas
respectivas lojas para se encontrar. Na hora do intervalo (chamada para o
recreio) eles vão tomar uísque ou chá.
A situação do próprio país é muito estável e
não há necessidade de grandes campanhas filantrópicas na educação e na saúde
pública. A Maçonaria lá tem influência na política, notadamente no Parlamento
Inglês. Não admite a admissão de mulheres.
Na França a Maçonaria é patriótica, ela ajuda o
Governo a governar o país. Lá as potências tradicionais, mistas e femininas se
unem para ajudar a França. Há inclusive tratados entres estes tipos de
Maçonaria e a Tradicional.
Nos Estados Unidos, a Maçonaria é eminentemente
filantrópica. Certas Lojas ao acontecer a transmissão de cargo de venerável, a
nova gestão se compromete em conseguir para a gestão que se inicia doações
superiores à anterior. Lá a Maçonaria banca hospitais, fundações, pesquisas
científicas e serviços humanitários.
No Brasil, não se tem um enfoque principal. Não
há uma causa geral que seja de todas as maçonarias do país. Entretanto em
algumas cidades elas realizam alguns empreendimentos filantrópicos notáveis,
mas não fazendo parte de um plano nacional e prestigiado por todos os maçons
brasileiros.
Em relação ao presente, isto é já no século
XXI, no Brasil a Maçonaria continua aumentando os seus quadros em cerca de 10%
ao ano. Talvez em razão dos mais jovens se sentirem desiludidos com as
religiões e estão procurando outras respostas mais condizentes com a sua
realidade espiritual. Mas seriam necessários mecanismos para reter estas novas
aquisições no seio da Ordem, o que parece não existir.
Estima-se que haja cerca de cento e setenta mil
maçons no Brasil. As três principais potências que se dizem regulares são as
Grandes Lojas Brasileiras, Grande Oriente do Brasil e os Grandes Orientes
Independentes. Todavia existem segundo estatística recente cerca quarenta e
quatro potências entre a maçonaria de homens, a mista e a feminina não
alinhadas e paralelas às três citadas.
Vejamos como é o sistema de administração e
comando da Maçonaria brasileira As Grandes Lojas são em número de 27 e os
Grande Orientes Independentes em número de 21. Cada uma destas Grande Loja ou
Grande Oriente Independente é uma potência. As Grandes Lojas têm um órgão
normativo chamado CMSB que se reúne todo o ano e os Grande Orientes
Independentes (COMAB) também realizam reuniões anuais. O sistema é o de
confederação.
Já o Grande Oriente do Brasil é regido pelo
sistema de federação. Existe um Grão-Mestre estadual para cada um dos 27
grandes orientes estaduais e o Grão-Mestre geral.
Portanto são 76 Grão-Mestres ao todo nestas
três potências. E as outras 44? Tem muito Grão-Mestres na Maçonaria brasileira.
Isto mostra quanto está dividida a Ordem no país.
Uma particularidade interessante da Maçonaria é
a forma como as potências se reconhecem ou não.
A GLUI considera-se a Loja-Mãe do Mundo. Ela
reconhece ou não uma potência dentro ou fora da Inglaterra. Questiona-se quem
lhe deu o direito de decidir se uma potência é regular ou não. Existe outra
fonte de referência atualmente para o tal de reconhecimento: As 51 Grandes
Lojas Americanas.
No Brasil o GOB e quatro Grandes Lojas
Brasileiras (SP, MS, ES, RJ) são reconhecidos pela GLUI. Estas quatro Grandes
Lojas são reconhecidas pelas Grandes Lojas Americanas também.
A maioria das Grandes Lojas Brasileiras é
reconhecida pelas 51 Grandes Lojas Americanas.
A COMAB tem quatro dos seus Grandes Orientes
(GOP, GOSC, GORGS e Grande Oriente Paulista) reconhecidos pela CMI
(Confederação Maçônica Interamericana), com sede em Bogotá que congrega 75
potências na América do Sul, inclusive o GOB e as Grandes Lojas assinaram este
tratado.
O Grande Oriente da França não liga para os
tais critérios de reconhecimento e segue a sua caminhada na história da
Maçonaria.
A Maçonaria Tradicional Brasileira não
reconhece a Maçonaria Mista e a Feminina e inclusive as chamadas potências não
alinhadas que completam a lista com 44 potências ao todo. Mas já deve ter sido
acrescentada mais alguma “potência” que não temos conhecimento.
Para termos uma ideia como funcionam estas 44
“potências”. Daremos três exemplos:
Grande Loja Unida Sul-Americana com sede em
Campo Grande – Mato Grosso do Sul. Uma ala dissidente desta Grande Loja está
fundando uma nova potência alegando igualdade de direitos dos cidadãos perante
a Constituição Brasileira e afirmam que admitirão gays, lésbicas e
simpatizantes, padres e evangélicos bissexuais, baseada na fraternidade
francesa Arc em Ciel (Arco Iris) criada em 2003.
Grande Loja Mista do Rito de Memphis e Misraim.
Um rito com 100 graus e o adepto que chega neste grau poderá entrar numa
extensão do grau chamada de Centúria Dourada, que é uma extensão do Rito, onde
se pratica a Alta Magia. (Existe no Brasil em SP, PR, DF, RJ, PA, RS. SC).
Grande Oriente Feminino do Estado Mato Grosso
do Sul, cujo primeiro templo próprio foi inaugurado em 2008 em Campo Grande –
MS, tendo o suporte para funcionar dado por três Lojas: “Divina Luz do Oriente”
n° 01, “Filhas da Luz” n° 02 e “Obreiras da Arte Real” n° 03
Mas dentro destas potências não alinhadas,
acreditamos que exista alguma onde os seus adeptos possam estar bem-intencionados,
onde eles dentro da sua maneira de ser possam estar praticando uma Maçonaria
aceitável, mas muitas delas desenvolvem atividades duvidosas. Uma delas é
extorquir dinheiro de pessoas incautas com propaganda enganosa pela imprensa e
Internet.
A trajetória da Maçonaria no mundo não foi
linear. Ela teve momentos de glória e de situações extremamente difíceis. Foi
muito perseguida. Mas está aí, de pé. A antimaçonaria foi muito severa e cruel
contra a Ordem. Desde as encíclicas papais excomungando-nos, aos déspotas como
Mussolini, Hitler e Franco que mandaram matar centenas de maçons, às religiões
que pululam pelo Brasil dentro taxando-nos de fazermos parte da demonologia,
aos maçons traidores que escreveram contra a Ordem impingindo-nos ritos
macabros, o livro o Protocolos dos Sábios do Sion, que tanto mal nos causou e a
atual posição das igrejas evangélicas americanas que têm feito com que milhares
de maçons americanos deixem a Maçonaria.
Estima-se que atualmente existam cerca de
3.600.000 maçons no mundo, sendo 1.500.000 nos Estados Unidos, 250.000 na
Inglaterra, 170.000 no Brasil e 1.600.000 no restante do mundo (pesquisa do
Irmão João Leça-GOP).
Não se pode avaliar o futuro da Maçonaria no
mundo e no Brasil. Se analisarmos as potências brasileiras ditas regulares que
congregam perto de 7000 lojas, veremos que a maior parte dos maçons quer
assistir às sessões, e no final ingerir os alimentos e beber algum tipo de
bebida nos fundões dos templos perto de onde está a cozinha, geralmente no
salão de festas após ir para casa, feliz porque encontraram muitos Amigos e
Irmãos e estão felizes.
A Maçonaria brasileira vem mantendo uma
tradição a qual é necessária, mas em muitos aspectos está ultrapassada neste
século, pelas invenções, achismos, adendos e enxertos. Para uma grande parte de
Irmãos tudo isso está bem como está. Eles não leem e está tudo bem, e sentem-se
em paz com o GADU.
Mas uma minoria inquieta, ávida de saber,
conhecer, raciocinar e vislumbrar outros destinos mais elevados para Ordem está
aumentando em número dia a dia. Querem respostas. Mas querem respostas
coerentes, transparentes e elucidativas. Querem mais ação. Questionam a vaidade
de muitos pavões da Ordem, questionam a síndrome do poder que contamina muitos
Irmãos, estão reclamando das invencionices, dos famosos achismos e de enxertos
ritualísticos não justificados. Este grupo funciona como guardiões da Ordem e
está realmente preocupado com a sobrevivência dela.
Dentro destas informações e do avanço
tecnológico levando em conta que o mundo está mudando a sua visão mecanicista
para uma visão mais holística, será traçado uma perspectiva deste futuro, mas
sem compromisso com futuras verdades ou inverdades, porque ele ainda não
aconteceu. Serão meras conjecturas. Sonhos, especulações.
Especula-se. Será que daqui a 500 a 1000 anos
existirão templos? Existirão Igrejas? Haverá necessidade de templos? Qual será
a concepção do GADU nesta época? Existirão potências maçônicas? O ser humano
vencerá a luta contra a fera bestial que existe dentro de si e terminarão as
guerras? E as doenças desaparecerão? A comunicação entre os seres será mais
telepática e menos na linguagem? Haverá uma ética, uma moral no uso da
Internet? Como será a Internet? Haverá sessões maçônicas virtuais?
Enfim uma série de perguntas, todas elas
baseadas em fatos que temos a nossa disposição no presente, e em cima dos quais
podemos especular sobre o futuro, mesmo que a nossa imaginação esteja errada.
Mas podemos fazer uma projeção de ideias. Por que não? A nossa imaginação está
além da nossa realidade atual. Mas o que se imagina na mente torna-se
realidade.
Lojas virtuais? Parece um grupo de maçons da
GLUI já tentando antecipar o futuro fundou em 29.01.1998 a “Internet Lodge n°
9659”. Continuam em atividade, mas parece que a Loja é hibrida, pois tem que
ser uma parte dentro do templo, portanto, real. No Brasil fundaram duas Lojas
virtuais uma em Brasília fundada pelo pranteado Irmão Castellani e a outra a
Loja “Futura” fundada no Grande Oriente Independente de Pernambuco. Não deram
certo. A Loja “Futura” existe agora como uma loja normal dentro da sua
potência.
Atualmente estão sendo planeados e construídos
aparelhos capazes de projetar hologramas em qualquer tipo de superfície.
Imaginemos hologramas de Irmãos projetados para um espaço virtual que
chamaremos de loja, onde esta loja funcionaria normalmente como atualmente,
porém de forma virtual. Então o sonho dos irmãos que fundaram lojas virtuais no
momento, sem ainda a necessária tecnologia, poderá um dia ser uma realidade.
O advento da Informática, Internet, Realidade
Virtual, Mecatrônica, Robótica, Nanociência, Neurociências, está mudando
completamente a maneira de pensar de todos, mesmo os que não admitem tal
avanço. Toda a humanidade já sentindo os seus efeitos. Talvez não haja mais
templos no futuro e sim centros cibernéticos de iniciação maçônica.
Imaginemos o candidato introduzido num recinto
cibernético especial e através de um programa de iniciação já pronto, ele
poderá vivenciar uma realidade mais intensa e mais verdadeira daquela que
conhecemos. Este programa terá todas as fases da iniciação, porém contando com
novos valores que por certo aparecerão na sociedade além dos avanços da
tecnologia que ajudará este momento. Possivelmente o homem treinará e saberá
usar as suas faculdades para normais de maneira mais eficiente. A capacidade
mental aumentará de 0,8 a 10% para 20% ou será maior? Como se eliminará o lado
mau do ser humano, já ele é dualista?
Como imaginaríamos uma iniciação no futuro? O
candidato ingeriria uma pílula de um psicofármaco, que não produziria efeito
secundário algum e a duração da sua ação seria tão somente de segundos a
minutos tempo esse em que ele vivenciaria a sua iniciação. Esta psicodroga
causaria a expansão da mente e o candidato entraria em ondas alfa ou teta e
desta forma e através do programa instalado e sentiria a natureza como se fora
ele próprio. Ele se sentiria água, fogo, ar e terra. Ele se sentiria como se
fosse uma parte consciente do GADU. Viajaria por todo o Universo, visitará
galáxias distantes, se sentiria no interior de uma folha aprenderia com os
sábios e encontraria o seu autoconhecimento.
Como será a Moral e a Ética maçônicas no
futuro? A Moral varia na cronicidade das épocas e o que é bom hoje para
Maçonaria poderá não ser bom daqui há mil anos. Simplificando segundo autores,
Moral é estudo e aplicação dos costumes da época e Ética seria a ciência que
estuda as regras pertinentes. Qual será o conceito de fraternidade entre os
maçons no futuro? Qual será a função do Maçom no futuro? Social? Política?
Cidadão do Universo? E o conceito do GADU como será?
Conclusão
Será que a Maçonaria tenderá tão somente ser
uma Escola de Vida e de aperfeiçoamento do “eu” interior como muitos Irmãos no
momento a concebem? Daqui há mil anos, o Estado tomará conta da saúde, da
educação do bem-estar do cidadão, da moradia, da segurança. Pouca coisa restará
às Instituições como a Maçonaria realizarem.
Ou será que o GADU nos reservará um porvir
fantástico, maravilhoso que não podemos conceber neste momento?
Hercule Spoladore – O Autor é escritor maçônico,
membro da Loja de Pesquisas Maçônicas Brasil e da Academia Brasileira Maçônica
de Letras. Ex-Venerável Mestre da Loja Simbólica Regeneração 3ª e da Loja
de Pesquisas Brasil, do Grande Oriente do Paraná. É médico.
Bibliografia
CARVALHO, Assis. Rito & Rituais. Vol. 1.
Editora “A Trolha” Ltda. Londrina. 1993.
CARVALHO, Assis. O Aprendiz Maçom – Grau 1.
Editora “A Trolha” Ltda. Londrina. 1995.
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Europeia do Livro. São 1968.
PALOU, Jean. A Franco Maçonaria Simbólica e
Iniciática. Editora Pensamento. São 1964
PETERS, Ambrósio. Maçonaria – História e
Filosofia. Gráfica e Editora Núcleo Ltda. Curitiba. 1998.
TOURRET, Fernand. As Chaves da Franco
Maçonaria. Zahar Editores. Rio de Janeiro. 1976.
VAROLI, Theobaldo Filho. Curso de
Maçonaria Simbólica. Editora A Gazeta Maçónica S.A. São Paulo. 1970.
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