A beleza de nossa Loja não é dizer que tem um Deus
que zela por ela, é sim dizer que ela tem um grande Deus.
A beleza de nossa Loja não está só em nós, seus
obreiros, trabalharmos para a construção da Sociedade Humana, mas se quisermos
realmente mudar o mundo, comecemos por mudar uma pequena parcela dele: esta
parcela que chamamos de “Eu”, ou seja, começar por nós mesmos. E ainda que a
nossa pretensão não seja essa, mas tão somente a de manter a paz e a serenidade
em nossos corações, o caminho é o mesmo: procurar tais recursos dentro de nós.
Se pensássemos menos em disputas e mais em
compartilhar, viveríamos em um mundo bem melhor, construído por nós mesmos. Nós
não precisamos de muita coisa, só precisamos uns dos outros, pois somos a soma
das nossas decisões. Consideremos o que nos ensinou Charles Chaplin: “cuidado
com as palavras pronunciadas em discussões e brigas, que revelem sentimentos e
pensamentos que na realidade você não sente e não pensa… Pois minutos depois,
quando a raiva passar, você delas não se lembrará mais… Porém, aquele a quem
tais palavras foram dirigidas, jamais as esquecerá”
As palavras nunca ofendem, o que ofende é o tom com
que elas são ditas. As pessoas esquecerão do que foi dito, esquecerão do que
foi feito, mas nunca esquecerão do que sentiram. Sejam quais forem as suas
raivas contra um Irmão, ao invés de esmerar-se em criticá-lo, farejando
defeitos, apedrejando-o, rasgando sua reputação, continue a vê-lo e amá-lo.
Aprendamos com as cordas do violão, que são
independentes, mas cada uma fazendo a sua parte, juntas constroem as mais belas
melodias.
Os Irmãos se completam não por serem metades, mas
por serem pessoas inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e
vida! Por isso nunca nos dispersemos.
A beleza de nossa Loja está na maturidade de cada
Irmão falar “eu errei”. E ter a ousadia para dizer: “perdoe-me”. E ter
sensibilidade para expressar “eu preciso de você”. E ter a capacidade de dizer:
“eu o amo meu Irmão”.
A beleza de nossa Loja não está na fachada de seu
templo, nem no esplendor de seu interior, nem em sua ornamentação, ou na
grandeza de sua Sala dos PP.’.PP.’., nem mesmo em seu espaçoso Átrio.
A beleza de nossa Loja não está no seu quadro de
obreiros cultos, pois nem sempre um homem culto é um homem sábio. Cultura são
conhecimentos adquiridos. Sabedoria são as experiências vividas. Mesmo poucos
ou muitos, ricos, grandes ou sábios, o importante é que sejamos honrados,
estejamos sempre unidos, um ao lado do outro, apesar das diferenças, os
obstáculos sempre foram transpostos, tanto nos momentos de dificuldade como nos
momentos de esforço maior.
A beleza de nossa Loja se realiza quando os Irmãos
mais idosos, mesmo não tendo mais a força da juventude, oferecem sua simpatia à
dor e seus ombros para apoiar a cabeça de um Irmão quando ele chora. Todos
precisam de um ombro para chorar em algum momento da vida.
Com os anos não se fica mais culto ou mais sábio:
fica-se mais simples. E na simplicidade são obtidas sínteses significantes da
visão do mundo. A sabedoria não está no que pensamos saber e sim naquilo que
ainda não sabemos. Existirá sempre algo para aprendermos. Somos Aprendizes,
alunos em formação.
A beleza de nossa Loja não está em não poder
realizar grandes coisas, está apenas em fazer dia a dia, pequenas coisas com um
grande amor, gestos de compreensão, solidariedade, respeito, ternura,
fraternidade, benevolência, indulgência e perdão. Cada Irmão põe quanto é no
mínimo que faz, porque assim a Loja brilha acima de cada um.
O todo é maior que a soma das partes.
A maior beleza do Aprendiz de nossa Loja, não está
só nas Instruções do Ritual que os tornam infinitamente melhores, mas no
caminho que percorre e nos momentos que compartilha com os verdadeiros Irmãos,
nos ingredientes que vão além da amizade, na confiança, na alegria de “estar
junto”, no respeito, na admiração, na tranquilidade.
Para que o desabrochar da dignidade de cada um
possa tornar-se uma realidade viva e completa, “antes de jurar silêncio sobre
tudo quanto se passou”, se houver alguma coisa para enterrar (esquecer) sejam
as palavras ásperas que disse, os gestos solidários que não fez, os
preconceitos que externou, porque, ao julgar os outros, colocamos em nossas
críticas o amargor de nossos próprios fracassos. Em nossas necessidades, sempre
seguimos as três abençoadas regras: “Corrigir em nós o que nos desagrada nos
outros; Amparar-nos mutuamente; Amar-nos uns aos outros.
Agradeço a Deus, ter me concedido a alegria de ao
ter deixado meu veneralato e ter sido promovido a obreiro comum, falar mais uma
vez dos laços que nos unem, porque não é sem razão que nos encontramos, nos
reunimos e irmanados no mesmo trabalho e ideal, fundamos nossa Loja. E como um
círculo, não tem começo e fim.
Reitero, aqui, meu agradecimento comovido e sincero
a todos. Vale a pena trabalhar para um fim, quando não se está só.
E quando lá fora o mundo se prepara para as lutas
mais dolorosas e mais rudes devemos agradecer ao Grande Arquiteto do Universo a
felicidade de nos conservarmos em paz em nossa Oficina, sob a égide do Seu
divino amor.
Permita-nos SENHOR continuarmos por Vós guiados e
abençoados, conservando a tranquilidade sagrada em nossos lares e corações e
que também cubra de bênçãos, de vida abundante, feliz, repleta de Luz, Beleza,
Bondade e Amor, toda a Humanidade.
Assim, esperamos em Sua infinita misericórdia,
criar um mundo sem exploração do homem pelo homem, sem as contundentes
diferenças de classes sociais e de compreensão, bondade, paz, harmonia, belezas
e de amor com que tanto sonhamos.
Glauber Alexandre