Quando faço um retrospecto desde antes da minha
entrada para a Maçonaria, lembro-me muito bem da minha expectativa. Após a
formalização do convite a primeira questão que me veio à mente foi a seguinte:
O que será que a Maçonaria poderá fazer por mim? Em que ela poderá me ajudar?
Hoje, passados alguns poucos anos desde a minha Iniciação, percebi que o maior
ensinamento que ela poderia me dar, ela já deu: o de que, na verdade, quanto
mais nos esforçamos para aprender e crescer, mais consciência adquirimos de que
muito pouco ou quase nada sabemos.
Nossa caminhada pela vida torna-se mais
interessante numa relação diretamente proporcional ao nosso desejo de
conhecimento e autocrescimento. É interessante quando notamos que, na busca da
Grande Verdade, vamos cada vez mais e mais adquirindo novos conhecimentos e, ao
mesmo tempo, também nos apercebemos do quão pouco sabemos e o quanto ainda
temos para trilhar deste caminho de aprendizado.
Na verdade a Maçonaria acabou por me dar a maior lição que talvez eu jamais tenha tido em toda a minha vida: a de que antes de perguntarmos o que ela poderá nos dar, deveríamos perguntar-nos o que é que nós podemos e devemos dar ao Planeta através dela. Digo isto porque hoje não tenho dúvidas de que o fato de ser Maçom é apenas uma graça que me foi concedida, um instrumento e um caminho que me foi aberto graciosamente, através do qual eu possa traduzir em gestos e atitudes concretas a minha contribuição para o engrandecimento do ser humano e da Gloriosa Criação do G A D U.
Muitas vezes incorremos no erro de duvidar da nossa capacidade de transformar o mundo, achando que de nada adiantaria o nosso esforço pessoal para provocar transformações que venham beneficiar a humanidade. A cada passo que damos rumo ao auto-crescimento já estamos colaborando para melhorar a consciência coletiva da humanidade, da qual fazemos parte, quer queiramos ou não. Hoje não tenho dúvidas de que a Maçonaria espera que todos nós possamos contribuir cada vez mais e mais para atingirmos uma consciência universal de civilização planetária iluminada. Esta contribuição só será possível a partir do momento que tomarmos plena consciência de que há muito trabalho a ser feito e não há mais tempo a perder.
No mundo profano, com raras exceções, notamos que
as pessoas que ocupam cargos de destaque, ou até mesmo posições de chefia de
pequena escala, fazem questão de ostentá-la com um orgulho desmedido, até mesmo
próximo da presunção.
O que nós necessitamos, com a maior brevidade possível, é
entender que qualquer posição que venhamos a ocupar em qualquer área,
subentende uma maior responsabilidade e maior capacidade de doação de nossa
energia para bem desempenhar o nosso papel. Quanto mais alto o cargo que se
venha a ocupar, maior será a nossa responsabilidade no que tange ao desempenho
que teremos de ter. Não obstante, por inúmeras vezes, observamos que as pessoas
entendem que um cargo ou uma posição elevada e de destaque é meramente um
prêmio para que possamos lustrar o nosso orgulho.
Dentro da Maçonaria devemos praticar cada vez mais e mais o exercício da Humildade para estarmos sempre atentos e nunca incorrermos na soberba. O verdadeiro Maçom é aquele que tem a noção da responsabilidade dos Graus que possui ou dos Cargos nos quais está investido. Não podemos perder de vista jamais a exata noção de que, quanto mais alta a posição que se possa ter perante os irmãos, imensamente maior se torna a responsabilidade, seriedade, dedicação, amor e humildade que deveremos ter para bem desempenhar nossas tarefas.
Quando tudo isso começa a nos preencher e apontar a direção que devemos seguir, vez por outra somos assaltados por um questionamento interior que tenta nos cobrar o fato de sermos tão imperfeitos. Nesta hora parece que tudo desmorona e a apatia tenta instalar-se furtivamente em nossos corações. Sobretudo porque a nossa meta de desenvolvimento pessoal é a busca da Perfeição. Neste particular devemos estar sempre atentos para não tornarmos a nossa vida num inferno inútil, através de cobranças demasiadas e autoflagelos pessoais. Ao reconhecermos que erramos devemos conceder sem demora o autoperdão, assimilar o fato de que nossa existência é na verdade o nosso laboratório pessoal de autoconhecimento, autoaprimoramento e evolução.
É muito interessante quando resolvemos prestar mais
atenção nos fatos e nas ocorrências de nosso dia-a-dia. Via de regra,
costumamos atribuir muitos acontecimentos ao simples acaso, a meras
coincidências. Porém, em algum momento sempre um pouco mais a frente começamos
a nos aperceber e até mesmo a entender fatos passados, enxergando com muito
mais clareza que a vida não é feita de casualidades, mas sim de causalidades.
Por tudo isso é que acho necessário que pratiquemos muito a humildade durante todos os trabalhos de nossa vida. Se cometermos o equívoco de viver lustrando o nosso Ego com autossuficiência e zelo desmedido é certo que, quando da tomada de consciência da nossa pequenez diante da Gloriosa Criação, o tombo será demasiado grande, aumentando ainda mais as dificuldades que enfrentaremos para reerguermo-nos.
Necessário se faz, portanto, que antes de tudo
assumamos esta nossa condição de imperfeição, não como um castigo ou como uma
condenação eterna, mas antes como um grande, e porque não dizer também,
grandioso caminho a percorrer rumo a esta tão almejada e distante perfeição.
Porém é preciso que não nos deixemos abater por tantos obstáculos que
certamente temos encontrado em nossas vidas e também pelos que ainda virão,
pois o G A D U certamente espera que venhamos a atingir os estados de consciência
que Ele traçou para nós para que possamos integrar cada vez mais e com maior
poder de engajamento esta maravilhosa Criação Abençoada.
Não devemos, contudo assumir uma postura de
conformação com o nosso atual estado de desenvolvimento. Precisamos é aprender
a lidar com nossas limitações de forma tal que possamos expandir cada vez mais
e mais os seus limites.
Para isso se faz necessário que, antes de tudo,
comecemos a amar e respeitar este nosso laboratório pessoal que é a nossa
existência, não deixando que o abatimento, a desesperança e o desalento tenham
espaço em nossas vidas. Imediatamente após a tomada de consciência que um fato,
uma atitude ou uma simples ideia não irá colaborar para o nosso aprimoramento
moral e formação de caráter é preciso que adotemos uma postura de compreensão e
perdão, não só com pessoas ou agentes externos que tenham porventura sido os
protagonistas da situação, mas também e, sobretudo conosco, pois, certamente,
iremos notar que na grande maioria das vezes e porque não dizer sempre, estamos
apenas recebendo de volta as frequências de energia que emitimos para o
Universo.
Só o fato de reconhecermos esta simples verdade já
nos torna mais capazes de trilhar este longo, difícil, intrincado, mas,
sobretudo, maravilhoso caminho rumo à Perfeição.
Ir. José Luiz Crepaldi