Nós, maçons, somos
investigadores da verdade. Assim aprendemos desde o dia que ingressamos na Ordem.
Vamos então definir a
qual verdade nos referimos. Seria Deus? Seria qual o nosso papel neste planeta?
Seria a vida após a morte?
Qualquer que fosse a
nossa definição uma coisa é certa. Todas essas indagações a serem investigadas,
deveriam ser absolutamente desprovidas de quaisquer imposições dogmáticas.
Os dogmas são colocações
imutáveis e não sujeitas a contestações e indagações.
Não creio que seria
possível investigar qualquer dos temas acima mencionados se esbarrarmos em
dogmas que impeçam a nossa investigação.
Sou um agnóstico convicto
e como tal não tenho reservas para qualquer tipo de investigação.
O agnosticismo diz que
não existem provas concretas da existência de Deus da mesma forma que não
existem provas da não existência.
O agnóstico é como os
pratos de uma balança em movimento, oscilando de um lado para o outro.
E o que seria então
realmente, o agnosticismo?
Segundo definição da
Enciclopédia Digital Koogan-Houaiss, “o agnosticismo é a doutrina que declara
inacessível o absoluto ao espírito humano ou que considera vã qualquer
metafísica ontológica.”
Diante disto, já que
estamos em uma sociedade nascida enquanto dos aceitos junto com o iluminismo e
podemos observar que mesmo dentre os racionalistas puros do século XVII há
grande divergências entre seus pensamentos, é de se afirmar que o espírito
humano, com sua mente limitada a uma capacidade mínima de uso, não tem como
explicar ou declarar o que é o supremo. Compete-nos, contudo, estudar e
pesquisar. Ampliar nossos conhecimentos e separar o que é de César e dar a
César.
Eu me posiciono mais pela
existência de um princípio criador que sou impotente para defini-lo e acho
razoável, apesar de não existirem provas, que estamos sujeitos a normas que
regulam a nossa existência.
Às vezes eu me pergunto
se a crença em um princípio criador não seria um dogma que impediria um
aprofundamento maior nesta questão.
Não me tomem como um ateu,
mas creio que devemos ouvir até mesmo os argumentos daqueles que
definitivamente não admitem a existência de Deus.
Somente desta maneira
estaremos realizando uma investigação honesta e imparcial.
É bem difícil ser maçom e
despojar-se muitas vezes de princípios que trazemos arraigados desde a mais
tenra idade. Esta, porém é a única forma de investigarmos temas transcendentais
e desta investigação tirarmos algum proveito.
As duas grandes
sociedades secretas que precederam a Maçonaria atual, e que existiram na
Inglaterra no início de 1700, foram a “Royal Society” e o “Invisible College”
que geraram as Lojas Maçônicas inglesas. Estas sociedades secretas reuniam-se
de forma reservada, pois eram compostas por investigadores da verdade e
abrigavam no seu seio os grandes intelectuais da época. Caso os assuntos
discutidos por eles chegassem ao conhecimento do Clero, corriam o risco de
prisão, excomunhão e outros castigos porque a Igreja tinha em suas mãos o poder
de Estado.
As Lojas Maçônicas que se
originaram destas sociedades, formaram a Maçonaria como a conhecemos hoje em
dia.
Existe uma corrente de
maçons que diz sermos originários dos maçons operativos, que eram os antigos
construtores dos templos. Eu, particularmente discordo desta afirmativa, pois
esses maçons eram homens rudes, de pouca cultura e dificilmente teriam
condições de discutir temas transcendentais. Descendemos sim, daqueles membros
das antigas sociedades secretas, posteriormente transformadas em Lojas.
A Grande Loja da
Inglaterra, originariamente Grande Loja de Londres, nada mais era do que
a reunião dessas Lojas e necessitava de uma Constituição para reger a Potência
que ora se formava.
Naquela época por determinação
superior as autoridades religiosas e os médicos tinham livre ingresso nas Lojas
mesmo não havendo sido iniciados.
Assim foi que o Pastor
Presbiteriano James Anderson sobre quem pairam dúvidas se foi ou não iniciado
na Ordem, recebeu o convite, com mais catorze irmãos para escrever a
Constituição Maçônica.
Tornou–se então a segunda
Constituição Maçônica, mais conhecida como Constituição do Venerável
Pastor Presbiteriano James Anderson, publicada pela primeira vez no ano de
1723, a primeira foi a Constituição francesa de 1523 que traduzia aquilo
que continha a Constituição Gótica, mais simples talvez e sem motivações
religiosas.
A Constituição de
Anderson é impregnada pelo espírito místico-religioso, e mostra a Maçonaria
como um sistema de ordem moral, um culto para conservar e difundir a
fraternidade e união entre os homens e a crença na existência de Deus.·.
Sobre Deus e religião
dizia o Pastor Anderson o seguinte:
“Um Maçom é
obrigado, por dever de ofício, a obedecer a Lei Moral; e se ele compreende
corretamente a Arte, nunca será um estúpido atenuem um libertino
irreligioso.”
Muito embora nos tempos
antigos os Maçons fossem obrigados em cada país a adotar a religião daquele
país ou nação, qualquer que ela fosse hoje se pensa mais acertado, somente
obrigá-los a adotar aquela religião com a qual todos os homens concordam,
guardando suas opiniões particulares para si próprios, isto é, serem homens
bons e leais, ou homens de honra e honestidade, qualquer que seja a denominação
ou convicção que os possam distinguir; por isso a Maçonaria se torna um centro
da união e um meio de conciliar uma verdadeira amizade entre pessoas que de
outra forma permaneceriam em perpétua distância.
Algumas das Lojas
inglesas, revoltadas com a imposição de dogmas, migraram para a França e
insurgiram-se contra essa Constituição Maçônica e também com a interferência de
religiosos da época nos assuntos da Ordem.
Na França, criaram o Rito
Moderno que não questionava a existência de Deus e não obrigava que a
bíblia estivesse presente nas sessões maçônicas. Foram chamados de ateus, mas
justificavam que esta era uma questão de foro íntimo de cada um e que tal
assunto não interessava para a Maçonaria.
Foi dessa Maçonaria
francesa que se originaram as primeiras Lojas brasileiras, como hoje as
conhecemos. Faço todo esse relato para que os irmãos sintam como foi e tem sido
difícil para nós maçons livrarmo-nos de tudo aquilo que impede sermos
verdadeiros investigadores da verdade mesmo que transitória.
Assim, esperamos que as
nossas mentes continuem cada vez mais, sendo abertas, para que possamos cumprir
o nosso papel na sociedade, combatendo os fanatismos e livrando-nos de dogmas
que possam servir como empecilhos para a busca da verdade.
Que o G.˙. A.˙. D.˙. U.˙.
a todos ilumine e guarde.
Autor: Ir.˙. Caio R. Reis