GOTEIRA
é um jargão maçônico utilizado como uma espécie de sinônimo de profano, de um
não iniciado na Maçonaria, que se faz presente entre um grupo de Maçons.
Além
deste termo existe a expressão “CHOVE” ou “ESTÁ CHOVENDO”, que serve como um
alerta para que se evitem, em sua presença, assuntos que só dizem respeito aos
Maçons. Caiu em desuso a expressão “NEVA” ou “ESTÁ NEVANDO”, que se utilizava
quando se tratava de uma mulher. E como essas palavras surgiram na Maçonaria?
Essa tradição vem desde os tempos da Maçonaria Operativa, em que se utilizava a palavra “COWAN” (que segundo alguns autores é um termo escocês arcaico, sem significado na língua inglesa), primitivamente para designar o pedreiro grosseiro, sem habilidades, sem conhecimento dos segredos da arte de construir e dos sinais, toques e palavras, e que por isso trabalhavam a qualquer preço.
Esses
“COWANS” tentavam se infiltrar nas Lojas Operativas para obterem os segredos e,
descobertos, eram surrados e colocados debaixo de uma “GOTEIRA” para serem encharcados
pela “CHUVA” ou então lhes davam um banho com roupa e tudo.
A
surra se justificava em razão da preocupação dos Maçons Operativos de que seus
segredos não fossem revelados a quem não participava da corporação,
garantindo-lhes uma reserva de mercado e a justa paga por seus serviços
profissionais, que proporcionavam o sustento de suas famílias.
Tal tradição permaneceu na Maçonaria Especulativa e o termo ‘COWAN” passou a ser algo como um sinônimo de curioso, bisbilhoteiro, referindo-se aos não iniciados que por todos os meios, tentavam ouvir o que se passava nas sessões maçônicas, havendo os mais ousados que tentavam até introduzir-se nas Lojas.
Esses
curiosos quando descobertos eram colocados debaixo de uma ‘GOTEIRA”, de uma
calha de ‘CHUVA”, para serem inteiramente molhados. As surras foram abolidas,
pois não mais tinham razão de ser.
No século XVIII esses “COWANS”, bisbilhoteiros, curiosos, eram muito comuns e resultaram na criação do Cobridor Externo, exatamente para coibi-los.
Eram
7 os cargos das primeiras Lojas Especulativas: um Mestre, dois Vigilantes, dois
Diáconos, dois Expertos e um Cobridor Externo.
Muito pouca literatura maçônica da época relata essas situações e os livros anti-maçônicos acabaram se tornando de fundamental importância histórica, pois neles tais práticas e muitas outras ao serem expostas, foram preservadas para a posteridade.
Em 1730 foi publicado o livro anti-maçônico “Dissected Masonry” (Maçonaria Dissecada) de Samuel Prichard, onde consta o seguinte diálogo feito em Loja:
“P: Se um ‘COWAN’ ou bisbilhoteiro for apanhado, como deve ser castigado?
“R: Deve ser colocado debaixo do beiral da casa em dias de ‘CHUVA’ até que as ‘GOTEIRAS’ a escorrer pelos seus ombros, saiam pelos seus sapatos”.
Em um outro livro anti-maçônico publicado em 1746, “Les Francs-Maçons Écrasés” (Os Franco-Maçons Esmagados), do Padre Abeé Larudam, é contado como ele e o Padre Perau (também autor de um livro anti-maçônico), conseguiram se introduzir numa Loja Maçônica por conhecerem os sinais, toques e palavras, e seu colega, tendo sido descoberto (mas não ele, Larudam), recebeu a pena reservada aos intrusos: “O castigo consiste em colocá-los por baixo de um cano, de onde, por meio de uma bomba posta em funcionamento, lhes é dado um banho até que estejam molhados da cabeça aos pés.
Tive
a oportunidade de ver alguns exemplos em Berlim, Frankfurt e Paris, no Hotel
Soissons (primitiva sede da Maçonaria francesa). O Padre Perau quis, apesar de
profano, frequentar esta Loja de Maçons, como já tinha feito em vários lugares
em Paris, mas um dos irmãos presentes certificara-se de que ele não passava de
um falso Maçom, descobrindo-o por uma palavra destinada pela Loja em casos
desta natureza; isto foi feito dizendo “CHOVE” e logo que tal palavra foi
pronunciada o Venerável Mestre disse aos Vigilantes para verificarem quem
poderia ser o culpado.
Logo
Perau foi descoberto, porque embora conhecesse os sinais, toques e palavras,
não pôde informar onde tinha sido iniciado; foi, portanto, molhado sob o cano
da bomba e regado completamente.
Todos
que lá estavam divertiram-se e riram muito às suas custas, tendo sido uma das
cenas mais agradáveis para os Maçons...”
Finalizando este post que se propunha unicamente mostra a origem do termo GOTEIRA, acessoriamente demonstra que os meios usuais de reconhecimento podem não funcionar para um COWAN, um curioso, um GOTEIRA, que tenha lido alguma obra maçônica comprada na livraria da esquina ou mesmo feito uma simples consulta pela Internet, onde alguns desses meios de reconhecimento foram mostrados, além da possibilidade de um Maçom, inadvertidamente, tê-los expostos.
Particularmente,
nunca trolhei ninguém pelos meios usuais, pois até mesmo o trolhamento previsto
nos Rituais muitos Maçons esqueceram algumas, se não todas, as respostas.
Prefiro
introduzir na conversa perguntas sobre o nome e nº da Loja, a Potência a que
pertence, onde e em que dias a Loja se reúne, qual a idade maçônica, etc., que
um profano, um COWAN, um GOTEIRA, pode ser facilmente identificado, sem expor
nenhum meio de reconhecimento maçônico.
Já
cansei de desmascarar falsos Maçons assim, inclusive no Facebook. Fica a dica!
Simbologia Maçônica Dos Painéis