NÃO SE OFENDAM,
O presente trabalho será lido por uma minoria de irmãos
que cultivam o hábito pela leitura, mas se essa minoria o divulgar nas Lojas
poderá estar prestando um grande serviço em defesa da nossa Sublime Instituição.
Tenho verificado que a cultura na Maçonaria está muito aquém.
O quadro é simplesmente desolador. O maçom em geral tem, em média poucos anos
de estudo, não lê, não estuda e nada sabe. E o que tem esse fato a ver com a
Maçonaria? Tudo! Não é possível realizar novos progressos sem o auxílio da
cultura e do saber.
O 1º grau, há 40 anos, dava ao cidadão uma base de cultura
geral muito maior do que a de hoje e a culpa de tal retrocesso é,
exclusivamente, do vergonhoso e criminoso sistema educacional que,
paulatinamente, foi implantado no país e, evidentemente, dentro da própria
Maçonaria. No 1º grau de hoje o estudante ainda é um semi-analfabeto que não
sabe sequer cantar o Hino Nacional, que há muito foi expulso das escolas.
O maçom não gosta de ler.
A afirmativa é absolutamente VERDADEIRA. Há uma
mínima parte do povo que ama a leitura, outra, um pouco maior, que a detesta
e a esmagadora maioria nem sabe que ela existe, e a Maçonaria é formada por
homens vindos do povo.
Em todos os rituais maçônicos, fala‑se nas sete ciências que
formavam a sabedoria dos antigos, composta pela Gramática, Retórica, Lógica,
Aritmética, Geometria, Música e Astronomia. Quem só com apenas o 1º grau tem
o mínimo de conhecimento sobre tais ciências? Com exceção de alguns rudimentos
de Gramática e de Matemática, ninguém!
O mundo moderno não é mais composto por sete ciências; as
ciências se multiplicaram infinitamente: Física, Química, Engenharia,
Geografia, Medicina, Sociologia, Filosofia, História, etc., cada uma delas
com infinitas especialidades e ramificações, cada vez mais avançando nos
campos das descobertas, pesquisas e realizações enquanto o maçom ficou
estacionado no atual 3, 1º grau. EIS O GRANDE PROBLEMA.
Hoje, com raríssimas e merecidas exceções, chega‑se a Mestre Maçom
entre seis meses a um ano e meio; ao Grau 33, entre três e quatro anos.
Chega‑se a Mestre e ao Grau 33 sem se sair do 1º grau. O
dicionário de Aurélio Buarque de Holanda define: “MESTRE – homem que
ensina; professor; o que é perito em uma ciência ou arte; homem de muito
saber”.
Será que está acontecendo alguma coisa errada?
Para quem deseja subir nos graus da Maçonaria é exigido um
trabalho escrito (muitas vezes meramente copiado, sem pretensão de aprender)
e as taxas de elevação (que geralmente são caríssimas).
Só isto, nada mais do que isto e... tome‑lhe grau por cima de
grau, sem o mínimo avanço cultural. Mas, em compensação, os aventais, colares
e medalhas na subida dos graus vão ficando mais caros, mais bordados, mais
coloridos e mais vistosos.
E lá vai o nosso maçom falando em “beneficência”,
“filosofismo”, “Pedra Bruta”, “Pedra Polida”, “Espada Flamejante”,
“Câmara de Reflexões”, etc... E para completar o FEBEAMA (Festival
de Besteiras que Assola a Maçonaria) diz, por ter ouvido dizer, que a Maçonaria
é milenar.
Diz um provérbio popular que “NINGUÉM AMA O QUE NÃO
CONHECE”. Como pode esperar a Maçonaria que seus Mestres Maçons, seus
componentes dos Altos Corpos Filosóficos, sejam bons transmissores de suas
doutrinas, histórias e conhecimentos se... nada sabem?
A Maçonaria é antes de tudo um vasto conjunto de ciências
políticas, históricas, geográficas e sócio econômicas adquiridas ao longo dos
séculos. É simbolismo e filosofia pura, é ciência humana no seu mais Alto
Grau. Como pode uma pessoa sem interesse pelo estudo adquirir e transmitir
tantos conhecimentos? Só se for por um milagre!
Como pode, apenas com boas intenções, um leigo ensinar
medicina para médicos, leis para juízes, aviação para um futuro piloto,
engenharia para um futuro engenheiro, Maçonaria para um futuro Maçom?
Tiro por mim que já li quase uma centena de livros e que tenho
mais como prazer do que por obrigação dedicar pelo menos meia hora por dia
aos estudos maçônicos e outras literaturas de interesse para o meu
aperfeiçoamento espiritual, cultural e profissional. E ainda não me considero
um “EXPERT”.
Reconheço, com toda humildade, que ainda tenho muito que
aprender, e tenho o 3º grau completo. Como pode uma pessoa sem cultura
estudar e pesquisar as Lendas do Rei Salomão, Hiran Abiff, Rainha de Sabá,
Cabala, entre tantos, sem conhecer História Antiga?
Como podem entender a gama de conhecimentos contidos na
Constituição de Anderson, Landmarks, Ritos, Painéis, entre outros
assuntos totalmente desconhecidos do nosso Mestre Maçom e de uma grande
parte daqueles que alcançaram o “TOPO DA PIRÂMIDE” e que se
consideram com direito a cadeira cativa no Oriente para que
seu “PROFUNDO SABER E CONHECIMENTO MAÇÔNICO POSSA ILUMINAR” as
colunas.
A verdade costuma ser brutal, mas, infelizmente, esta é a
pura realidade que precisa de muitos com coragem para dizer.
O Maçom que estuda e pesquisa pode ser o “O SOL DA
CULTURA”, talvez nem seja o vaga-lume que só tem sua luz notada nas
trevas, mas com certeza, é o espelho que poderá transmitir a Luz do Sol ou
pelo menos a do vaga-lume.
A Maçonaria, composta de homens livres e de bons costumes e de
boa cultura, obviamente, será muito melhor.
No século XVII ela era composta pelos iluministas, no século
XIX, no Império Brasileiro era composta da nata intelectual da nação e
hoje... sem comentários.
Uma sociedade, um país, são preparados primordialmente pelo
sistema educacional e cultura que consegue adquirir e seria muito bom
começarmos a preparar a Maçonaria, pelo menos em nossas Lojas, para o
Terceiro Milênio, com pessoas um pouco mais cultas.
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TFA
JOÃO CARLOS