Este é um dos símbolos usados pela nossa Ordem que mais me fascina, apesar
de muito pouco discutido em reuniões na maioria de nossas Lojas.
Segundo Harry Carr, o “ponto” é ético e implica o fundamento
especifico sobre o qual o maçom deve basear seu padrão de conduta e, enquanto
aderir a este, ele não pode errar, remetendo-nos imediatamente à First Charge
do dr. Anderson, de 1723: “...serem homens Bons e Fiéis, ou Homens de Honra e
Honestidade”.
Na maçonaria teísta ele simboliza, primordialmente, o campo de ação traçado
para nós pelo compasso do Grande Arquiteto do Universo, lembrando que, aquele
que cumprindo os desígnios do Criador, mantivera-se circunscritos a este círculo,
jamais errará neste plano material.
Colin Dyer em sua obra “O Simbolismo na Maçonaria diz”: A escada de Jacó se apoia
no Volume das Sagradas Escrituras que, por sua vez, estava sobre um dispositivo
muitas vezes sob a forma de um pedestal, dotado de duas linhas paralelas com um
círculo entre elas que as tocavam e tocava o Volume. O centro do círculo era
acentuado.
As duas linhas paralelas representavam as duas Grandes Paralelas da Maçonaria:
São João Batista e São João Evangelista. Estes Santos eram os padroeiros dos
maçons e as festividades semestrais eram realizadas nos seus dias
comemorativos: 24 de junho e 27 de dezembro, convenientemente separados por um
intervalo de seis meses.
Preston aborda este ponto em sua preleção e diz: Em tempos modernos, estas duas
paralelas eram usadas para exemplificar os dois São João – o Batista e o
Evangelista – como patronos da Ordem, cujas festividades são celebradas perto
dos solstícios, que acontecem quando o Sol, em seu trajeto zodiacal, toca estas
duas paralelas.
Antes que os graus se estabelecessem em seu atual simbolismo, este ponto no
interior de um círculo era um símbolo incorporado a todas as representações
pictóricas relacionadas com a maçonaria em geral e foi explicada nas Preleções
do Primeiro Grau juntamente com outros símbolos afins. Ele aparece em nossos
dias em algumas Tábuas de Delinear.
No livro Master Key de John Browne de 1802, são formuladas algumas
perguntas e respostas na Primeira Preleção que abordam a posição do
ponto no interior de um círculo:
A quem dedicamos a nossa Loja, já ornamentada, mobiliada e aparelhada?
- Ao rei Salomão.
Por que ao rei Salomão?
- Por ter sido ele o primeiro Grão Mestre que introduziu a Maçonaria em sua
devida forma e, sob cujo patrocínio real muitos dos nossos mistérios receberam
sua primeira sansão.
Como o rei Salomão era um hebreu muito tempo antes da era cristã, a quem ora
dedicamos nossa Loja?
- A são João Batista
Por que São João Batista?
- Ele foi o precursor ou predecessor de nosso Salvador, que pregava o
arrependimento entre as multidões e traçou a primeira linha do Evangelho por
meio de Cristo.
Tinha ele algum igual?
- Sim, tinha: São João Evangelista.
Em que eram eles iguais?
- Este, tendo chegado após o outro, concluiu com zelo o que o outro iniciara
por meio do seu Aprendizado e traçou uma linha paralela.
Qual o primeiro ponto da Maçonaria?
- O joelho esquerdo nu e dobrado.
No que consiste o primeiro ponto?
- Na posição ajoelhada me foi ensinado adorar meu criador e, sobre o meu joelho
esquerdo nu e dobrado eu fui Iniciado na Maçonaria.
Existe algum ponto principal?
- Sim, o de fazermos um ao outro felizes e transmitir aquela felicidade a
outrem.
Existe algum ponto central?
- Sim, um ponto no interior de um círculo, do qual o Mestre e os Irmãos não
podem materialmente errar.
Explicai este ponto no interior de um círculo.
- Em todas as Lojas regulares de franco maçons existe um ponto no interior de
um círculo, ao redor do qual o Mestre e os Irmãos não podem materialmente
errar. O círculo é limitado ao Norte e ao Sul, por duas linhas perpendiculares
paralelas: a do Norte representa São João Batista, e a do Sul simboliza São
João Evangelista. Nos pontos de cima destas linhas e no perímetro do círculo,
está colocada a Bíblia Sagrada, sobre a qual se apoia a Escada de Jacó, que
alcança as nuvens do Céu. Aí também estão contidos as Ordens e os Preceitos de
um Ser infalível, Onipotente e Onisciente, de forma que enquanto estivermos em
seu interior e obedientes a Ele, como foram São João Batista e São João
Evangelista, seremos levados a Ele e não nos decepcionaremos e nem O
frustraremos.
Portanto, ao nos mantermos assim circunscritos será impossível que
venhamos a errar materialmente.
Temos aqui uma bela declaração de muito daquilo sobre o que a nossa
Maçonaria foi fundada há muitos e muitos anos, embora muitos possam reverter as
qualidades dos dois santos mencionados nesse trecho. É obvio que, tendo surgido
num país cristão, a sua base religiosa, que transparece de maneira tão forte
nesse trecho, esteja sob o enfoque da fé cristã.
Quando por volta de 1816, a Franco-Maçonaria se tornou não- sectária, foi feita
uma tentativa de se alterar todas e quaisquer referências de conotação especificamente
cristã. Essa passagem, em particular, foi consideravelmente modificada. As duas
grandes paralelas se tornaram representativas de Moisés e do rei Salomão, sendo
que toda essa passagem, em resultado, teve de ser bastante abreviada. A Bíblia
se tornou o “Volume das Sagradas Escrituras”, não apenas nesta passagem, mas em
todo o ritual.
Quando as preleções foram ponderadas, o Grão-Mestre então em exercício, o duque
de Sussex, decretou que elas deveriam se basear no antigo sistema de tal como
constam no Master Key de Browne.
Um dos livros de resumos das preleções de William Preston pertence ao Rev. L.
D. H. Cockburne, que era o Grande Capelão entre 1817 e 1826 e membro da Lodge
of Antiquity, a Loja de Preston, entre 1819 e 1822. Neste livro está inscrito
um pequeno ensaio de uma sessão de uma preleção que trata da dedicação do
Templo, no qual lemos:
Como é denominada nas Lojas esta dedicação?
- Por um ponto dentro de um Círculo, com dois pilares paralelos descritos como
tangentes àquele círculo.
Por que?
- Como simbolizamos o Centro do Universo, o Divino Arquiteto, cuja bondade nós
representamos no Sol, e pelos benefícios que desfrutamos de sua grandiosa
luminosidade.
O que representa o círculo?
- O zodíaco está nele representado tal como o movimento descrito pelo sistema
Solar para assinalar a limitada natureza das mais maravilhosas criaturas que
contemplamos.
O que representam as paralelas?
- Os Trópicos, para nos lembrar do Ser Supremo que estabeleceu limites a todas
as criaturas e delimitou o sistema planetário.
Estas são algumas das simbologias das Paralelas e o Ponto no Centro do Círculo:
Ética, Desígnios de Deus, São João Batista e São João Evangelista, Moisés e
Salomão, Os dois Solstícios e o Sol, O zodíaco e os Trópicos de Câncer e
Capricórnio... Porém o assunto está longe de ser esgotado neste simples relato.
É por isso que este símbolo tanto me fascina.
Francisco de ASSIS de GÓIS
Bibliografia:
O Simbolismo na Maçonaria – Colin Dyer
A História da Franco-Maçonaria – Jean Ferré
O Ofício do Maçom – Harry Carr
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