Para reencontrarmos nosso caminho é
necessário o convencimento de que nossa Ordem, a Maçonaria, é forte por si
mesma: livre, independente e autônoma.
Se deixarmos de fazer uso dessas
características é porque outros "valores" se intrometeram em nossa
dinâmica pelas mãos dos eternos caciques que tentam controlar tudo, e daqueles
que, sob o disfarce de servirem a Maçonaria, vão construindo suas
"candidaturas" (a palavra vem de "cândido, isto é, puro) ou
garantindo um lugar ao sol dentro das Potências.
O único lugar ao sol existente na
Maçonaria fica nos assentos entre as colunas, no Oriente ou nos altares, para
aqueles capazes de contemplar a luz maior do Conhecimento simbolizada pelo
Astro Rei, o bom e velho Sol. Os demais pertencem à classe dos satélites
aventureiros.
Fazer Maçonaria não é falar grosso. É
amar a sabedoria e buscar conhece-se a si mesmo. Maçonaria é o caminho e
maneira de vida e ensina melhor quem coloca o exemplo de vida acima do
palavrório.
Pertencer à Maçonaria consiste num
permanente vontade de saber e não na constante vontade de poder. A postura do
maçom é a de respeito intelectual pela verdade e não na reverência cega diante
dos políticos profissionais – as raposas – estejam elas entre nós ou no mundo
profano.
Aprendizes e Companheiros: despertem
para este fato, pois cada um de nós pode contemplar a realidade tal qual ela é,
mesmo dentro das atuais limitações de conhecimento. O subjetivismo dos que
tentam nos enganar acaba por deformar a instituição para atender aos interesses
pessoais. Se não reagirmos, em breve teremos que reformar toda a Ordem para que
o espírito da Maçonaria seja preservado puro e imaculado. É isso que desejamos?
Felizmente essa reação já se esboça
entre as novas gerações de maçons que identificam tais manobras e resistem
contra elas, seja apoiando as direções das Lojas e das Potências quando
alinhadas com os objetivos da verdadeira Maçonaria.
Alguém poderá perguntar: MAS QUAIS SÃO
OS VERDADEIROS OBJETIVOS DA MAÇONARIA? E eu só poderia responder: "Se você
pergunta quais são, é porque ainda não aprendeu o suficiente sobre Maçonaria
(ou talvez nem devesse ter se afiliado...)." – desculpem minha franqueza.
Eu é que não entendo essa necessidade
urgente que alguns apontam para que a Maçonaria se curve diante dos (maus)
representantes do povo ou busque se justificar perante a sociedade bajulando
essa ou aquela religião.
As religiões têm forças em si mesmas e
não precisam do aval da Maçonaria; nem a Maçonaria carece da aprovação delas.
Deve prevalecer o respeito mútuo. Nossa Ordem não é uma religião, e como tal
respeita todas e reconhece o bom trabalho que estão realizando; mas somos
reciprocamente livres, independentes e autônomos.
O mesmo se dá com a política: devemos
votar conscientemente e eleger representantes dignos do mandato popular. Mas a
Maçonaria não deve interferir na administração pública, assim como a política
partidária não pode interferir na vida das Lojas e das Potências. Nossa aliança
preferencial deve ser com o povo, com os cientistas sociais, as universidades e
as instituições que apresentem um projeto ético e válido para "o bem estar
da Pátria e da humanidade". Esta sim é a boa política maçônica e profana
para o século XXI.
Estou falando de uma nação e de uma
instituição milenar, não de uma coisa transitória como um partido político e
suas frágeis alianças. Nesse aspecto, nossa vista tem que se voltar vigilante
para os ambiciosos caçadores de assentos na administração pública e – pior
ainda – na administração da Maçonaria, vestindo a pele de cordeiro com a qual
disfarçam sua fome voraz de lobos de avental. Prefiro os bodes.
O ano de 2016 coloca nossa Ordem à
prova. Não só no país como no âmbito da Maçonaria muitos acontecimentos haverão
de demonstrar de que lado estão os protagonistas que pretendem ser lembrados no
futuro – e o futuro é agora.
O objetivo das democracias é que vivamos
juntos, ajudando-nos mutuamente e sempre dizendo NÃO aos preconceitos e aos
fatores que distanciam o povo maçônico de suas autênticas lideranças.
Não precisamos de cargos nem de posições
elevadas para sermos dignos e respeitados.
Olhemos primeiro, para a vida
profissional, social e familiar dos que pretendem falar "em nome da
Ordem".
Esta é a lição do NÍVEL que devemos
exercitar em 2016, pois a Maçonaria não será mais a mesma após decorrer este
ano.
Quem tem ouvidos ouça; quem tiver olhos,
veja.
José Maurício Guimarães