“Os sábios antigos
criam em que o homem não possuía a Verdade, senão quando esta se tornava parte
do seu íntimo, um ato espontâneo de sua alma.” (Edouard Schuré)
Um dos maiores
postulados da Maçonaria é garantir ao homem o direito de investigação constante
da Verdade. Mas o que é a Verdade, afinal?
Quando nos encontramos
com o dono da verdade, nos vemos numa situação desagradável. Felizmente, nossa
Instituição ensina-nos igualmente o exercício da tolerância.
Ao deparamos com
alguém assim, ao invés de discutir com o homem que tem certeza, que afirma
saber muito mais do que todos; que pensa que os outros não têm inteligência, só
nos resta elevar nossos pensamentos ao GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO,
pedindo-Lhe iluminar a mente de quem procura a Verdade na estrada errada,
viajando em companhia da arrogância e do desrespeito a quem o ouve.
Quem ama realmente a
humanidade não tem outro sentimento com relação a tal pessoa senão o da
compaixão, pois a Verdade é uma realidade multifacial e haverá sempre uma face
dela há ser descoberta por nós.
Por isso, serem os
maçons sempre estimulados à sua investigação constante. Se pudéssemos conversar
com um elefante e lhe pedíssemos que nos descrevesse uma formiga, certamente
que o paquiderme nos diria que a formiga é um inseto bem pequeno.
Mas se nos fosse
permitido inverter a situação e nos dirigíssemos a uma bactéria com o mesmo
pedido, ela nos diria que a formiga tem um corpo imenso. Ambos estão sendo
absolutamente sinceros, pelo que lhes foi possível perceber.
Da mesma forma, haverá
sempre alguém que nos poderá mostrar uma face da Verdade que lhe foi dado
observar ou descobrir. A prudência e a humildade poderão ajudar-nos a reconhecer-nos
outros o direito de interpretação do que experimentaram.
Reunindo-se entre
pessoas de níveis culturais e de experiências de vida diferentes e podendo
expressar livremente seus pensamentos, o maçom tem muito mais oportunidade de
avançar no conhecimento de outras faces da Verdade. Jesus Cristo disse:
“Conhecereis a verdade e ela vos libertará!” O Divino Mestre não se referiu
àquela verdade de conveniência, própria de um político.
O importante não é o
fato. É a sua versão! Jesus quis nos falar da verdade alimentada pela pureza de
intenções; pelo amor verdadeiro; pela sinceridade. No plano da Justiça Divina,
como nos alerta a Maçonaria, nossos esforços vão ser apropriadamente
considerados na confrontação dos débitos e créditos.
Então temos que nos
preocupar com a auto- realização. Daí, ser importante para os maçons procurarem
a Verdade na intenção do nosso aperfeiçoamento, captando bem uma das lições que
Sidharta Gautama, o Buda, nos legou: “O conhecimento da verdade elimina todo o
mal!”
A primeira verdade que
o maçom procura conhecer é sobre si mesmo, examinando cuidadosamente seus
hábitos, sua escala de valores, seus defeitos.
Conhecê-los e
dominá-los dá-nos o direito de prosseguirmos investigando a verdade. De maneira
serena, de modo incansável, consciente de que a escada que nos leva à
verdadeira sabedoria é infindável; pois quando chegarmos onde imaginamos ser
seu fim, descobriremos que há muitos outros lances de degraus mais acima.
Nunca devemos nos
utilizar do conhecimento de uma face da Verdade que possuirmos para afrontar a
quem quer que seja. Nossa tarefa não está terminada com o pouco que aprendemos.
A eternidade
espera-nos para conhecermos muito mais.
A verdade está num estado consciente e
constante de observação e na janela que o tempo nos abre. Carl Gustav Jung
ensinou-nos que há coisas que ainda não são verdadeiras, que ainda não
adquiriram o direito de ser verdadeiras, mas que um dia poderão ser
verdadeiras!
*O autor, devido a sua
relevante importância para a Maçonaria Brasileira, em especial, do estado de
Minas Gerais, dá seu nome à Loja de Estudos e Pesquisas Quartour Coronati
“Pedro Campos de Miranda”, jurisdicionada à Grande Loja Maçônica de Minas
Gerais, na qual, orgulhosamente, pertenço as suas fileiras, na qualidade de
Membro Honorário.
Pedro Campos de
Miranda