Durante o processo iniciático, mantemos sempre a premissa de “levantar
templos à virtude e cavar masmorras ao vício”, preceito que levaremos por toda
a jornada maçônica, pois é a essência da vida do trabalho simbólico de nossa
Ordem. Porém, esta árdua tarefa de encerrar aos vícios parte do princípio
fundamental do compromisso com o trabalho interior, a disciplina no trabalho
filosófico é a ferramenta substancial para poder iniciar a colossal tarefa de
edificar esse templo interior.
Para aprisionar e dominar os vícios é preciso primeiro cavar as masmorras
e essa tarefa tem início quando reconhecemos a necessidade de estudar a nós
mesmos. Desde o momento da Iniciação Maçônica, nessa parte primordial onde nos
fundimos com o elemento Terra, quando começamos a compreender essa poderosa
frase: “Visita o interior da terra, retificando-te, encontrarás a pedra oculta”.
A primeira arma para iniciar o estudo sobre o emblemático
chamado “sete vícios” que derivam em inúmeros elementos prejudiciais atrapalhando
e atrasando o trabalho de todo iniciado, chama-se retificação, que nos dará a
compreensão para aceitar que temos tais vícios, que muitas vezes nos dominam,
mas que tomamos a decisão firme de aprisioná-los para sempre nas masmorras aos
vícios, uma vez que ao enxergarmos a luz da Maçonaria alcançamos o real
entendimento sobre o assunto.
Apesar disso, o compromisso evidente de um trabalho consciente sobre
o desenvolvimento de nosso espírito não podemos alcançar a meta se não
contarmos com a ajuda do Grande Arquiteto do Universo e esforço diário para
alcançarmos aquilo que almejamos.
Ao analisar os sete vícios e pesquisar diferentes autores para confirmar
as ideias que exponho neste trabalho, coincidem com a maioria em colocar:
1. A PREGUIÇA, como primeiro aspecto negativo: Porque a inconstância,
a falta de compromisso que derivam diretamente deste, afetam diretamente a obra
de todo iniciado, mas se sabemos trabalhar este vício a benefício de nós mesmos
transformando-o na virtude da constância, do amor ao trabalho espiritual e
material, os resultados serão evidentes no processo de manipular os outros seis
vícios.
2. A LUXÚRIA, quando dano e desequilíbrio acarreta este elemento
altamente prejudicial para o Iniciado, prejudicando seu ambiente e sua família,
o induzindo a cometer quantas abominações possa imaginar, convertendo-nos em
verdadeiros escravos, desonrando o dom mais sagrado conferido que é o poder
criador através da energia sexual, prostituindo essa chama sagrada do amor no
altar das baixas paixões que queimam a vida, e escurece a alma, levando-nos sem
medida ao abismo da degeneração.
Contudo, o Iniciado medido o seu trabalho, dominado e
aprisionando tal vício encarna a maior das virtudes que é o amor puro, que o
estabelece como homem livre e de bons costumes, entregando a sua família e à formação
desta com a arma mais poderosa que é o exemplo, vivificando o verdadeiro uso da
moral para construir, recordando sempre que sem uma vida ética e sem praticar a
moral, nenhum progresso será possível.
3. A IRA, que tanto nos cega, perturba e nos converte em amargurados,
essa que é a base do egoísmo que nos prende a uma vida cheia de perversidade, é
sem dúvida um dos fatores mais perturbadores no processo do crescimento moral e
espiritual, desvanece o amor e sem amor é impossível criar obras à glória do
Grande Arquiteto do Universo. Ao transformar a ira em harmonia com nós mesmos e
nossos semelhantes, retificando, corrigindo, ajudando e, acima de tudo
perdoando, podemos seguir cultivando a arte de transformar os vícios em
virtudes e neste caso particular a harmonia espiritual necessária para executar
a obra.
4. A GULA é outro fator destrutivo que geralmente vinculamos com
a forma complicada e desregrada de consumir alimentos em geral. Ao trabalhar
com este vício e nos converter em seres comedidos, desfrutaremos de uma vida
mais plena, saudável, sem excessos e sem abusos de nenhuma índole, impedindo
que por nossos próprios atos destruíssemos a matéria que ocupamos e o dano que
muitas vezes sem saber infligimos a nossos semelhantes.
5. A INVEJA, sem dúvida, nos cega e nos converte em prisioneiros
das mais vis situações, afastando-nos do trabalho, pelo que é necessário ter a balança
do equilíbrio ao admirar os progressos do próximo para que por justo sacrifício
e esforço se alcancem as metas planejadas e concluídas, porque “o que nada
sacrifica a nada tem direito”.
6. A AVAREZA é outro dos mais perversos vícios, que nos
acorrenta e nos cega no terrível mundo do materialismo, paralisando por
completo qualquer progresso em nossa obra interior, levando-nos a cometer os
piores crimes pelo amor incontrolável as riquezas materiais. A dominação deste vício
nos leva a um criterioso uso do material, para o desenvolvimento e a melhora da
qualidade de vida para nossas famílias e irmãos, sem descuidar o auxílio, da
beneficência que tem que moldar-se tanto no plano material como no espiritual.
7. O ORGULHO não é mais que a máscara que segue posta em nossos olhos
que nos impede de ver a luz na vida dos nossos irmãos e semelhantes, é muito
perigoso, pois é uma enorme barreira posta à frente de uma retificação
verdadeira.
Para concluir, quis apenas trazer uma breve reflexão sobre o que
fazemos em Loja e que foi com a frase que iniciei este trabalho “...levantar templos
à virtude e cavar masmorras ao vício”, creio que para cumprir com esse sagrado
preceito, temos que nos libertar primeiro de nossos vícios, para construir
templos a virtude através de nossas próprias ações e à glória do Grande
Arquiteto do Universo.
Oriente de Paty do Alferes, 11 de Agosto de 2016.
Irmão Daniel Mauricio de Lima Cavalcanti ∴