Como eu já fiz todos os
erros elencados neste artigo, resolvi partilhar as minhas reflexões com os
irmãos. Antes de pedirmos para usar (ou abusar) da palavra em Loja, que tal
pensarmos melhor e considerarmos algumas pequenas coisas?
Quando falamos em Loja,
os outros irmãos são obrigados a escutar-nos.
A ritualística não
permite que eles nos interpelem, argumentem conosco ou então que se levantem e
saiam. Eles não têm escolha, terão de escutar tudo o que quisermos dizer sem
nos interromper. Portanto, sejamos misericordiosos não os forçando a escutar
tolices.
Grande parte dos
assuntos que são tratados em Loja poderiam, e deveriam ser tratados antes ou
após a reunião, na sala dos passos perdidos ou no salão da Loja.
O Templo, como
o próprio nome diz, é um local sagrado, onde não se deve tratar de assuntos
corriqueiros ou picuinhas administrativas. Agir assim é profanar o
sagrado Templo maçônico.
O Templo não é um
palanque político. De nada adianta queixar-se eternamente da conjuntura
política e econômica. A Maçonaria pode e deve tentar mudar a realidade nacional
e mundial, mas isso só pode ser feito com ação. Palavras e lamúrias
recorrentes só servirão para fazer com que cheguemos mais tarde e casa e não
irão mudar o mundo.
O Templo não é um
púlpito onde se devam fazer pregações ou então ministrar palestras sobre
questões metafísicas e filosóficas.
Especulações esotéricas
servem muito mais para cansar quem as ouve do que para trazer algo de efetivamente
concreto. Lembremo-nos que os pobres Irmãos são obrigados a ouvir-nos quando
resolvemos, num desvario de insana vaidade, exibir o nosso “profundo
conhecimento”.
A nossa vaidade já
deveria ter sido sepultada na câmara das reflexões…
O Templo não é um divã
ou um consultório psicológico onde devemos emitir as nossas indignações ou
fazer histéricos desabafos. Será que as questões mundanas que andam “entaladas
nas nossas gargantas” realmente interessam aos outros irmãos (os quais, repito,
são forçados a ouvir-nos) ou à nossa Ordem?
O Templo não é uma mesa
de bar e nem um clube, onde se contam casos “interessantes” (somente para quem
os conta…) ou se fala de boatos ou questiúnculas. Antes de tudo, estar num
Templo exige postura e respeito pela egrégora. Conversas de bar caem bem num
bar.
Quando formos ministrar
alguma instrução, convém lembrar que, conforme determina o ritual, devemos
fazê-lo utilizando um quarto de hora. Ora, isto equivale há exatos 15
minutos. Nada mais do que isto.
Qualquer mensagem pode
ser passada e absorvida nesse período. Mais do que isto dispersa a atenção do
ouvinte, fazendo com que o mesmo se perca em devaneios, além de minar a sua
santa paciência.
Qualquer outra
comunicação deve ser dada nos 3 minutos que o ritual preconiza. Três minutos
são tempo de sobra para passar a essência de uma mensagem de maneira clara,
concisa e precisa. Mais do que isto é verborréia e só serve para motivar os
irmãos a não voltarem nas próximas sessões.
É sempre bom lembrarmos
que, para nos estarem a ouvir, os Irmãos estão a prescindir de estar no
aconchego dos seus lares e estão a dispensar-nos o seu precioso tempo.
Será que não é um dever
moral e um ato de amor respeitarmos e valorizarmos este tempo que os irmãos nos
dispensam ouvindo-nos?
Será justo fazer com que
esses irmãos voltem para os seus lares com a sensação de tempo perdido?
Será que é sensato
alongar-se na leitura do expediente?
Muita coisa pode ser
afixada no quadro da Loja e os boletins podem ser lidos na internet. Será que é
racional gastar longo tempo a falar sobre os eventos sociais da Loja?
Será que não teríamos
uma reunião mais gratificante se, de fato, somente usássemos da palavra para
falar sobre algo que seja verdadeiramente a bem da Ordem, da Loja ou dos
Irmãos?
Lembremo-nos: se a
palavra é de prata, o silêncio é de ouro.
Meus Irmãos, aí estão
algumas reflexões. Creio que todos nós devemos refletir sobre elas. Talvez
ajudem a responder àquela eterna pergunta que se nunca cala dentro de nós:
porque será que, ano após ano, as Lojas estão cada vez mais vazias?
T∴ A∴ F∴
Carlos Alberto Mourão
Júnior, 33º
Primeiro-vigilante da
ARLS Acácia do Paraibuna, Juiz de Fora, MG