Tenho questionado frequentemente sobre o segredo da Maçonaria e
a vivência social, quais as suas razões e interesses.
Alguns jornais/revistas, não tendo mais sobre que escrever (o
Benfica até anda na mó de baixo!) têm-se entretido a divulgar um conjunto de
informações sobre a vida dos Maçons (algumas verdades/algumas mentiras), seus
rituais e sua vida interna.
Nada que a bisbilhotice boboca, a falta de assunto e a
necessidade do “vil metal” não justifiquem.
No último artigo que li sobre o assunto, há duas semanas,
aparecem fotografias de “maçons” à janela (assim com letra pequenininha, porque
não merecem mais!) supostamente trajando a indumentária ritual.
Esta coisa irrita-me sobremaneira por várias razões.
O único objetivo daquelas fotos é mostrar a indumentária, talvez
os aventais e mais uma ou outra “condecoração”, o que acaba não acontecendo
porque as imagens são de tão longe (a máquina não devia ser grande coisa porque
o zoom não funcionou!) que não dá para perceber nada do que está vestido;
São imagens completamente idiotas. Presumo que quem as obteve
teve de pagar por elas, teve de gastar tempo para consegui-las, teve de ter trabalho!
Ora isto é completamente estúpido… na “net” é só procurar no “youtube” e tem tudo
muito mais perfeito e verdadeiro, de borla, sem trabalho e sem riscos;
Convém esclarecer ainda que os “artistas” que fizeram a
figuração estavam mal “indumentados”, muito mal mesmo de tal forma que, ainda
com a péssima qualidade das imagens se percebe que estão em mangas de camisa, o
que não é ritual, absolutamente;
Os artistas convidados são por demais envergonhados e tiveram
que lhes tapar as caras, e assim lá se vai o objetivo da peça;
Tudo o que é assumidamente estúpido me irrita (pronto…, eu sei
lá se vai a minha tolerância. Paciência estou farto de dizer que tenho mau
feitio!)
Porque que é que não me pediram a fotografia a mim?
Ficava muito mais valorizado o artigo, eu recebia uns trocos e
até tenho esse defeito, não me importo nada de ser reconhecido pela comunicação
social.
Estou-me nas tintas para que me conheçam ou não!
E aqui começa a questão do aparecimento em público.
Sabemos que o “segredo maçônico” nunca teve a intenção de
encobrir “esquemas” ou atividades ilegais e atualmente, limita-se a pouco mais
do que aos rituais internos, à interpretação dos símbolos e, principalmente,
aos sinais de reconhecimento.
E parece-me muito bem que, se por um lado a descrição se deva
manter em relação àqueles pontos, já não fico tão feliz assim com o secretismo
à volta das pessoas, com o medo instalado, uns porque sendo maçons têm medo da
sociedade, a sociedade porque sendo maçons, tem medo deles.
Ora isto é, no mínimo, uma incongruência.
A Maçonaria é uma organização de Bem, os Maçons são obrigados
por juramento a cumprir as Leis da República, o seu lema central e
centralizador è “Fraternidade, Igualdade, Liberdade”, os objetivos definidos
são de apoio a todos os que necessitam de apoio, de ajuda a todos os precisam
de ajuda, sem ligar a crenças, opções políticas, raças, ou o que quer seja que
possa dividir os Homens.
Então… e eu vou-me esconder por quê?
Não gosto, não quero e não aceito! Nada tenho que me envergonhe.
É diferente de nunca ter feito asneira, que fiz muitas e grossas! Mas as que
fiz, assumi e assumo inteiramente, sem hesitação. Corrijo quando e onde posso,
e vou-me esconder por quê? E de quê?
Se há organização de processos transparentes é com certeza
aquela a que pertenço, e ou há várias Maçonarias, com definições, bases e
processos diferentes e mesmo antagônicos, ou eu sou Maçom e orgulho-me disso.
In Blog “A Partir Pedra” –
Texto de José Paiva Setúbal