Alguns elementos
alegóricos e simbólicos apresentados em nossa caminhada maçônica não têm sua
significação explicada nos rituais. Eles se estabelecem como sutis informações,
que podem ou não despertar o irmão à pesquisa sobre suas origens ou, quando da
inclusão em nossos trabalhos. Possivelmente, o ritualista acreditou que, por si
só, a imagem ou a palavra instruiriam o Obreiro.
A figura de um galo com
as palavras Vigilância e Perseverança, faz muitos acreditarem que o animal é o
ícone desses substantivos. Talvez, até seja, se o analisarmos sutilmente. A
vigilância em questão não se trata de monitoramento e observação de como
pessoas se comportam.
Afinal, estávamos
naquele momento sozinhos, ou melhor, apenas com nossa consciência. Vigilância
significa despertar a consciência, a prudência necessária em dar o próximo
passo, principalmente, após sermos alertados pelas frases impactantes escritas
na parede.
Por sua vez, a Perseverança
não é um ato contínuo e obstinado, ligado ao ego, mas, tenacidade e constância
necessárias para se alcançar um objetivo, mantendo-se firme e fiel aos seus
valores. Assim, quando lhe for perguntado se prefere seguir o caminho da
Virtude ou do Vício, compreenderá a necessidade da Vigilância (prudência) e da Perseverança
(constância).
O galo é um símbolo arquetípico que aparece nas tradições
religiosas dos mais diferentes povos da terra. Em todas as culturas antigas ele
surge como uma espécie de criatura celestial e votiva que anuncia a
ressurreição solar. Daí o simbolismo que liga o seu canto com a renovação
espiritual, que as escolas esotéricas desenvolveram em suas doutrinas, e
as religiões oficiais adotaram em seus cultos como elementos rituais.
Em alquimia era utilizado para representar o mercúrio filosófico, ou
seja, o princípio segundo o qual a “alma da obra” despertava, possibilitando a
sua transmutação.
O galo na maçonaria é, pois uma mistura de
muitas tradições, mas, sobretudo de muito significado interno e pessoal;
representa-nos a verdadeira busca do trabalho interno, a luta constante da
parte escura do nosso ser, o buscar no nosso interior e entre as trevas algo de
claridade, o estar alerta e vigilante para uma vez descobertas às trevas poder
dissipá-las com a chama do trabalho dado pela luz externa; mas, às vezes é o
despertar de cada dia daquela ignorância em que poderíamos cair, se nos
deixamos rodear pelos profanos do mundo que nos poderia fechar os olhos ou
deslumbrar com uma falsa luz.
O galo não só deve estar presente na nossa
Iniciação como também estar presente sempre ao longo do nosso despertar diário
tanto físico como espiritual. Na Câmara de Reflexões perto da ampulheta
significa que o tempo não para, não cessa para o maçom. É lógico que todos os
demais símbolos existentes na Câmara de Reflexão fazem parte do processo
iniciático, cada qual complementando e interagindo com os demais.
O cantar do galo é este despertar para a Luz nos dada pelo
Grande Arquiteto do Universo. Para que possamos cumprir nossa missão.
Sandro Pinheiro