A Instituição
Maçônica desde sua fase de nascimento passou a cultivar a Filosofia, pois sem
essa medida não poderia mesmo, com o passar dos tempos, progredir,
especialmente no início do Século XVIII quando se instalou o Departamento
Especulativo, época da Franco-Maçonaria.
Naquela fase todos
os ramos do conhecimento humano tiveram grande expansão e a Filosofia dos
clássicos gregos (Sócrates, Platão e Aristóteles) serviu de modelo principal
para o rumo intelectual não só da Fraternidade, mas consolidar todo acervo
cultural que já vinha se desenvolvendo desde a Antiguidade.
Sócrates marcou sua
doutrina com o “Conhece-te a ti mesmo” para que gere sua felicidade com
correção de suas falhas e harmonia na comunidade. Com esse autoconhecimento o
Ser Humano irá refletir e será capaz de chegar ao ideal divino. Platão com o
estudo das Ideias servindo para construção de uma sociedade justa e pacífica e
Aristóteles com a criação da Lógica, cujos fundamentos ainda hoje são
incontroversos.
Mas outros Sistemas
Filosóficos também foram recepcionados pela Fraternidade Maçônica.
O ceticismo que
elege a dúvida como resultado na investigação da verdade; o cinismo, criado por
Antístenes, apregoando que os valores da vida deveriam amoldar-se à natureza e
não somente as regras da sociedade; o estoicismo, proclamava uma blindagem no
homem para torná-lo forte a suportar e revolver as dificuldades vividas com
firmeza e pureza de caráter; o epicurismo, buscando o prazer pelo exercício da
virtude e a escolástica, pensamento cristão medieval que enaltecia a Razão em
consonância com a Fé.
Na Era Moderna
adotou-se também o racionalismo que realça o pensamento na razão e a lógica
aristotélica como instrumentos para cognição e descoberta da verdade.
Só com estes
elementos a inteligência humana é capaz de produzir um resultado correto da
realidade.
O empirismo
doutrinando que todo conhecimento emana da experiência que se adquire com a
vivência ao longo do tempo, surgindo daí o subjetivismo; o iluminismo do Século
XVIII caracterizado pela concentração científica e da racionalidade com
rejeição dos modelos políticos e religiosos daquela época; o liberalismo,
preconizando a defesa da liberdade individual sobre questões econômicas,
políticas, religiosas e intelectuais da intromissão indevida do poder público;
o positivismo de Augusto Comte (Século XIX) que entende a predominância das
ciências experimentais na investigação da verdade, como modelo, afastados
conceitos ou versões metafísicas e teológicas dos temas estudados; Bentham e
Stuart Mill (Século XIX) desenvolveram a teoria do utilitarismo, segunda a
qual, as boas ações e regras de conduta conduziam a um prazer de utilidade para
o seu próprio autor e, por via de regra, para toda comunidade e o pragmatismo,
doutrinado por Charles Sanders Peirce (1839-1914), que somente a aplicação de
conceitos e princípios na vida real levaria ao êxito do empreendimento, pois
seria a prova concreta dessas ideias de conceitos e princípios postas em
prática.
Outros ramos da
filosofia são também aceitos, em maior ou menor extensão, dependendo da matéria
em debate e a preferência do obreiro.
Entretanto, o maior
destaque estudado na Ordem é a Filosofia Hermética (O Caibalion) atribuída a
Hermes Trismegisto, o “Três Vezes Grande”.
Segundo essa
teoria, “o Hermetismo acabou derivando da alquimia, que buscava transmutar
chumbo em ouro. No entanto, o sentido do hermetismo é mais profundo. Trata-se
de transformar tudo o que é grosseiro em algo sutil. Assim, seu significado
maior é transformar não os metais, mas os homens…
O primeiro
princípio hermético descrito no “O Cabalion” é o do mentalismo: “tudo é mente”.
De acordo com esse princípio, todo o mundo fenomenal é simplesmente uma criação
mental do Todo “- (por Cláudio Blanc – Revista “Vida & Religião” – Ano 1 –
Número 1 – Ed.On Line – págs. 29/31).
Ainda seguindo a
explanação desse especialista Cláudio Blanc, a Filosofia Hermética reuniu sete
fundamentos ou princípios sendo o primeiro o já enunciado “Mentalismo” e o
segundo o da Correspondência, consistente na linguagem de alquimia – “o que
está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que
está em cima.”, significando que tudo se origina da mesma fonte que em última
análise, no meu entender, é a própria Natureza, podendo ser interpretado como o
G∴A∴D∴U∴
O terceiro
fundamento da Filosofia Hermética é o da Movimentação exprimindo a ideia que
tudo está em movimento ou vibração; nada se encontra inerte ou parado. Tudo que
imaginamos abrangendo o corpo físico e o espírito é o resultado de vibrações ou
movimentos diferenciados; o quarto princípio refere-se à duplicidade das coisas
com polos distintos e opostos.
Os opostos se
diferenciam apenas em escalas ou graus e os extremos se tocam. Este quarto
princípio tomou o nome de Polaridade. O quinto fundamento é o do Ritmo: tudo o
que sobe, desce; tudo o que entra sai; o ritmo é o elemento de compensação para
justificar essas movimentações.
A Causa e Efeito
marcam o sexto princípio hermético. Nada acontece por acaso e no mundo
espiritual existe a máxima de que “colhe-se o que se planta”. Se a plantação é
de Bondade, a colheita é, obviamente, de Bondade. Se o plantio é de Maldade,
colher-se-á Maldade.
Finalmente, o
sétimo fundamento refere-se ao Gênero.
“Ele atesta que o gênero
não é característica apenas do plano físico, mas se manifesta também nos planos
mental e espiritual. “Todas as coisas "machos" têm também o elemento feminino;
todas as coisas fêmeas têm o elemento masculino”, afirma O CABALION. “Somados
aprofundados os princípios herméticos permitiram ao estudante de ocultismo
transmutar a mente: a razão da nossa evolução”. (autor e obra já citados).
Este modesto
trabalho é o terceiro de uma pretendida série sobre o primeiro artigo da
Constituição do Grande Oriente do Brasil de 17 de março de 2007, E∴V∴, mas com vigência
a partir de 25 de junho de 2007, E∴V.’., conforme
Decreto número 0879 de 25 de junho de 2007, E∴V∴ emitido pelo
Grão-Mestrado Geral do Brasil – Brasília – DF.
Ir∴ José Geraldo de Lucena Soares
Fonte:
http://redecolmeia.com.br