No Brasil, contamos com cerca de
300.000 maçons presentes em 26 Estados e no Distrito Federal.
A Maçonaria é definida como “um
sistema de moralidade e ética social, que tem, entre outros, a felicidade dos
seus membros e o auxílio ao próximo como objetivo institucional”.
O trabalho que o Maçom desempenha
nas Lojas é voluntário, espontâneo e não remunerado.
Na verdade, na totalidade das
vezes, os seus membros são responsáveis pela manutenção da estrutura da Maçonaria,
com pagamento de mensalidades, taxas ou doações.
Tendo a Maçonaria estas
características, é de se esperar que as razões que impulsionam as pessoas a
entrarem na instituição sejam similares às de outras organizações do terceiro
sector (Lions e Rotary).
Esta suposição foi confirmada por
uma pesquisa realizada com 1.571 maçons brasileiros, das 27 unidades da
federação.
Os motivos que levam os
indivíduos a entrarem na Maçonaria, são definidas as seguintes categorias e
subcategorias:
Categoria 1. Vontade de ajudar
o próximo: esta categoria refere-se à entrada na Maçonaria com
intenção de participar de projetos e trabalhos sociais, de cunho filantrópico e
caritativo.
Categoria 2. Busca por
conhecimento: está relacionada ao acesso a conhecimento sobre história,
filosofia, simbologia e afins.
Categoria 3. Valores
morais: remete a questão relacionadas a valores morais. Emergiram
cinco categorias distintas:
– Aperfeiçoamento moral e
espiritual;
– Admiração pela instituição ou
membros;
– Identificação com os valores
morais;
– Questões familiares;
– Convite de amigos.
Categoria 4. Outros
motivos: referem-se à entrada com interesses diversos, divididos em duas
subcategorias:
Curiosidade;
Socialização.
Se a evasão é uma questão crucial
para as organizações que utilizam o trabalho voluntário (Lions e Rotary),
também o é para a Maçonaria.
Os maiores centros mundiais da
Maçonaria são os Estados Unidos e a Inglaterra.
São de longe os países com o
maior número de Lojas e consequentemente de maçons. Mas, ao avaliarmos os números
oficiais destes dois países, podemos facilmente notar os efeitos da evasão
demonstrados no acentuado declínio numérico.
Consequências
A Maçonaria cresce e fortalece-se
à medida que novos membros são iniciados ou regularizados.
E, de forma contrária, reduz o
seu tamanho enquanto instituição quando os seus integrantes morrem, são
expulsos, suspensos ou abandonam as suas Lojas. Estas entradas e saídas
produzem um saldo.
Neste sentido, a evasão tem
importância destacada, por normalmente ser o maior motivo de saída, bem como
por ser uma causa evitável. As mortes e expulsões ocorrem em número menor e são
mais difíceis de evitar.
Fazendo uma analogia com a área
médica, podemos considerar a evasão maçônica como algo que prejudica a saúde da
instituição, algo indesejável, patológico: uma doença.
No curso de uma patologia podemos ter três desfechos distintos: cura, cronificação ou morte.
Na melhor das hipóteses, a
Maçonaria seria curada da evasão maçônica. Hipoteticamente, isto tanto poderia
ocorrer espontaneamente (o que não parece ser a tendência), quanto através de
um “tratamento”, da descoberta e implementação de um “remédio” ou “antídoto”
para o problema.
Outra possibilidade é a evasão se
tornar algo crônico.
Neste contexto, a doença causaria
muitos danos, prejuízos e até sofrimento; entretanto, não seria capaz de
aniquilar a Ordem Maçônica.
Considerando um cenário sombrio,
mas extremamente real e plausível, a evasão maçônica teria a capacidade de se
alastrar, crescer e abater uma a uma as obediências maçônicas espalhadas pelo
mundo. Seria a morte da Maçonaria.
Quantitativo X Qualitativo
O dilema da quantidade versus
qualidade existe em vários contextos e em muitas instituições. Isto não é
diferente na Maçonaria.
É bastante comum escutarmos de algumas
lideranças maçônicas que o importante é a qualidade dos membros da
instituição; que Lojas com muitos irmãos ou grande e numerosas iniciações
são prejudiciais e comprometem essas qualidades.
Embora comum, este argumento não
se sustenta em nenhum dado ou estudo, minimamente racional e objetivo. Ao
contrário, tudo indica que que há uma relação inversamente proporcional entre
quantidade e qualidade.
Saindo dos exemplos pontuais e
analisando num âmbito mais geral, percebe-se que os maçons, na sua maioria,
desejam que a Maçonaria permaneça existindo, que seja forte, que tenha
influência, que esteja presente no maior número possível de cidades, que possua
membros das mais variadas formações, para que possam aprender uns com os
outros.
Estes mesmos maçons, certamente,
preferem pagar taxas mais baratas para permanecer na instituição, não querem
sentir-se sobrecarregados na distribuição dos trabalhos maçônicos, além de
desejarem que as suas sessões estejam repletas de irmãos, tanto do quadro da
Loja, quanto visitantes.
Podemos perceber facilmente que o
ambiente favorável que desejamos é aquele que a nossa Ordem disponha de muitos
irmãos. Se continuarmos com muita evasão e poucos membros, consequentemente
existirão menos Lojas, teremos de gastar mais dinheiro e esforços para manter a
instituição, seremos mais fracos e teremos menos influência na sociedade.
Neste sentido, reparem que a
existência de uma Maçonaria de melhor qualidade,
necessariamente, passa pela existência de maçons em boa e suficiente quantidade.
Evasão Maçônica:
Na atualidade as evasões
acontecem nas nossas Lojas simbólicas, com frequentes ocorrências de vários
tipos; vejamos:
Evasão em que o filiado
simplesmente abandona a Loja e a Potência;
A que o filiado solicita a sua
saída, recebe o seu Atestado de Quite e durante seis meses visita outras Lojas,
e não achando o que procura afasta-se da Ordem;
A que o filiado solicita o seu
Atestado de Quite e se filia numa Loja de outra Potência;
Evasão interna, que se dá entre
Lojas da mesma Potência, onde o obreiro se transfere para uma outra Loja;
Evasão onde um certo número de
obreiros sai da sua Loja e fundam uma nova Loja;
Evasão por morte do obreiro;
Insegurança pública, sentida
pelos irmãos idosos;
Decepção;
Compromissos particulares;
Problemas financeiros;
Preguiça – um dos sete pecados
capitais.
Não é possível avaliar quais
modalidades de evasão é a que mais incomoda, que mais causa prejuízos a uma
Loja, ao constatar a redução do seu quadro social.
Durante esta pesquisa foram
levantadas ainda como causas de evasão:
O abandono pelo padrinho;
Grupinhos ou isolamento de novos
membros;
Fofocas, vaidades, “panelinhas”;
O uso do “EU”.
Em síntese, a existência da
evasão é notória, bem como as suas causas e as suas consequências. Ora se este
fato é uma realidade, o que devemos fazer para reter por mais tempo os nossos
obreiros em plena atividade maçônica.
A nosso ver, para combater de frente
este fenômeno associativo, devemos primeiro estudar o que oferecemos ou podemos
oferecer de estímulo para as Lojas e os seus membros.
Por outro lado, é do conhecimento
de todos que há irmãos que ferem as normas, as doutrinas e juramentos maçônicos
agindo como verdadeiros inimigos dos seus irmãos e da própria Maçonaria.
São aqueles que aproveitam o
tríplice abraço para, covardemente, apunhalarem os irmãos que, por
fraternidade, confiança e por crédito aos juramentos maçônicos, entendem que
aqueles “cains” não vão intentar nada contra eles e as suas proles.
Muitos desencantam-se e fogem
para nunca mais voltarem. Vão engrossar as fileiras daqueles ex maçons que têm
uma história a contar para justificar a sua saída da Ordem.
Outros enveredam pelos caminhos
da corrupção, das negociatas e das falcatruas, desmoralizando a Sublime Ordem.
Ainda existem aqueles que entram
na Maçonaria à procura de vantagens econômicas, sociais e políticas, para logo em
seguida se decepcionarem com a pureza da Maçonaria e baterem em retirada.
Há algum tempo, li uma parábola
em Loja sobre “As Egrégoras e o Carvão”, na verdade é que o “carvão” há de ser
especial, o homem há de ser “livre e de bons costumes”, caso contrário, vai-se
malhar em ferro frio.
Neste redemoinho de verdades e de
triste realidade fica a indagação do que vem acontecendo.
Por saber que o padrinho que
indica o candidato e os sindicantes que investigam são mestres maçons é que se
questiona se a qualidade da iniciação à Ordem Maçônica e a concretização da
sindicância sobre o “modus vivendi” efetuada influenciem significativamente
para posterior evasão.
Uma reflexão metodológica:
Os métodos e as normas para a
admissão maçônica são obsoletos ou talvez inadequados?
Em resposta a esta indagação
destaca os integrantes e os temperos que compõem o cardápio que vai sendo
confeccionado e servido no banquete todo dia a dia maçônico, sem que os seus
comensais percebam o fel nele adicionado.
O relacionamento e a convivência
com os irmãos facultam conhecer vários problemas originados de política de
grupos demandando supremacia doutrinárias, traições de irmãos contra irmãos,
quebra de juramento maçônico.
Outros casos são aqueles em que
os irmãos, com toda a razão do mundo, saem da sua Oficina, inconformado pelos
maus exemplos que vão surgindo.
Existem outras deficiências como,
por exemplo, a má administração de uma Loja e formação de grupos com atitudes
mais materialistas e reprováveis possíveis contra aqueles que almejam praticar
a verdadeira Maçonaria, sem mácula e sem sentimentos subalternos.
A ambição desmedida do poder faz
que surjam dentro das Lojas grupos inconfidentes liderados por péssimos irmãos
que se julgam “donos” das Lojas e de todas as verdades. E a partir daí destilam
toda a sua mágoa contra quem quer os contrarie e não se coadune com os seus
desmandos, hipocrisias, indignidades, corrupções e imoralidades!
Eis aí o que pode acontecer nos
nossos orientes espalhados por esses cantos fora!
Há irmãos que não suportam tanta
hipocrisia, maldade e tirania, preferindo assim sair das suas Lojas, pedir o
seu Atestado de Quite e muitas das vezes nem pedem nada! Saem correndo para
nunca mais voltarem, enojados de “profanos de avental”!
Surgem aí os dissidentes!
A Maçonaria, desta forma, tende a
enfraquecer, mediante tantos e constante reveses.
A doutrina da Maçonaria é manter
os irmãos unidos de modo que seja um só corpo, uma só alma, voltados para o
eterno trabalho maçônico, qual seja, o bem-estar da humanidade.
Caso não existissem tantas
rivalidades entre irmãos, as brigas e as querelas inexistiam e a Maçonaria
seria beneficiada.
Diante de tudo que foi exposto,
sugere-se, para que os trabalhos na nossa Ordem melhorem muito, e que
se eternizam para sempre justos e perfeitos.
É importante mudar tudo aquilo
que for detectado como procedimento errôneo.
É hora de sacudir e espanar as
nossas colunas!
É hora de prever e prover!
É hora de fiscalizar para
moralizar! Exigir responsabilidade para com a Maçonaria daqueles que prestaram
o juramento de zelar por ela e protegê-la custe o que custar.
portanto,
É sabido que temos problemas no
relacionamento interpessoal e Inter autoridades, que muito nos preocupam.
E é por isto que urge sejam
adotadas providências e decisões para que possamos melhor arrumar a nossa casa;
por outras palavras, precisamos de concluir o dever de casa.
Mesmo porque, enquanto perdurar
as evasões dos nossos quadros, não teremos como pensar num retorno a elite do
nosso país, como bem o fizemos no passado, liderado por meio dos nossos
obreiros os grandes acontecimentos para a construção da nossa identidade
nacional.
Finalizamos com o seguinte
pensamento:
“É duro para um
agricultor após arar a terra, adubá-la, prepará-la e semeá-la e,
com toda a esperança do mundo e defrontar-se, meses depois, com um arbusto
mal crescido e um fruto minguado, não chegando perto do que se espera
obter em tal empreitada!”
Referência Bibliográfica:
Evasão Maçônica – Causas &
Consequências – Morais, Cassiano Teixeira de – Brasília/DF: DMC
(Difusora Maçônica de Conhecimento), 2017