Por que os ensaios e papéis são tão importantes?…
Por que as alegorias maçónicas são tão importantes? Por que os seus
ensaios também o são? O que são as alegorias maçônicas para a vida do homem e
as suas virtudes na grande arte da vida?
Em verdade, a vida é uma grande e metafórica alegoria repleta de símbolos
e códigos e homens, e nós, sujeitos desta vida, somos os atores nesta magistral
peça, neste complexo e maravilhoso teatro, neste grande espetáculo da vida!
Assim…, também como na vida, a Maçonaria apresentasse-nos como um sistema
peculiar de moralidade, velado por alegorias, ilustrado por símbolos, em que
nós, os maçons, somos os grandes atores desta magnífica peça, neste grandioso
teatro, nestes grandes espetáculos graduais de iniciação, de passagem, de
elevação moral nas nossas vidas.
Como disse o filósofo Matias Aires Ramos da Silva de Eça (Capitania de São
Paulo, 27 de março de 1705 – Lisboa, 10 de dezembro de 1763, autor de Reflexões
sobre a Vaidade dos Homens, de 1752), “A devoção não está no joelho que se
dobra, mas no coração, que não se vê dobrar.”. E deste modo, a grande lição não
está na mera liturgia que passa submissamente despercebida e desapercebida, mas
nas inúmeras extensões e lições magnas de moralismo depreendidas dos seus atos,
momentos, ensaios, cenas, personagens, mensagens… residentes nos Rituais, que
se revivificam, iluminam-nos, ensina-nos, ressuscita-nos e exalta-nos…
Segundo Ariano Suassuna (João Pessoa, 16 de Junho de 1927 – Recife, 23 de
Julho de 2014) que foi um intelectual, escritor, teórico da arte, dramaturgo,
romancista, ensaísta, poeta, artista plástico, professor, advogado e
palestrante brasileiro, idealizador do Movimento Armorial e autor de obras como
Auto da Compadecida (1955) e Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue
do Vai-e-Volta (1971)), em várias das suas entrevistas e depoimentos sobre a
arte, o teatro e a filosofia, ensina-nos que “o maior filósofo brasileiro de
Língua Portuguesa do século XVIII foi Matias Aires”, e diz sobre a concepção de
alegoria do “mundo como palco e a vida como representação”.
“Quem são os homens mais do que a aparência de teatro? A vaidade e a
fortuna governam a farsa desta vida. Ninguém escolhe o seu papel, cada um
recebe o que lhe dão. Aquele que sai sem fausto nem cortejo e que logo no rosto
indica que é sujeito à dor, à aflição, à miséria, esse é o que representa o
papel de homem. A morte, que está de sentinela, numa das mãos segura o relógio
do tempo. Na outra, a foice fatal. E com esta, num só golpe, certeiro e
inevitável, dá fim à tragédia, fecha a cortina e desaparece.” [1]
Matias Aires
Para Epiteto (Hierápolis, 50 d.C. – Nicópolis, 138, filósofo grego
estóico), o mundo é necessariamente considerado como uma unidade orgânica em
que cada ser tem o seu lugar e o seu papel e contribui harmoniosamente com a
ordem do mundo. Entretanto, a fundamental diferença está em Quem escolhe e
distribui divinamente os papeis:
“Lembra que és um ator de uma peça teatral, tal como o quer o autor <da
peça>. Se ele a quiser breve, breve será. Se ele a quiser longa, longa será.
Se ele quiser que intérpretes o papel de mendigo, é para que intérpretes esse
papel com talento. <E, da mesma forma,> se <ele quiser que intérpretes
o papel> de coxo, de magistrado, de homem comum. Pois, isto é, teu:
interpretar belamente o papel que te é dado – mas escolhê-lo, cabe a
outro.” [2]
Epiteto
Assim, destarte, como a arte imita a vida e a vida imita a arte…, a
Sublime Arte, – a Maçonaria, também o faz… como um todo orgânico, em que os
papeis são dados pelo Grande Arquiteto do Universo a todos, a fim de que
atinjam as suas aprendizagens na vida, e, os Rituais Maçônicos, por sua vez,
através das suas magistrais lições, num sistema peculiar de moralidade, velado
em alegorias e ilustrado por símbolos, em que instrui filosófica, litúrgica e
moralmente o homem, convidam-nos a desempenhar os nossos papeis litúrgico simbólicos, da melhor forma possível, da forma mais perfectível
possível.
Assim como na Arte da Vida… também na Sublime Arte da Maçonaria…
Alexandre Fortes, 33º – CIM 285969 – ARLS
Cícero Veloso n° 4543 – GOB-PI
Notas
[1] Fonte: “Reflexões sobre a vaidade dos homens, ou discursos morais
sobre os efeitos da vaidade e Carta sobre a Fortuna”, 3ª Edição” – Matias Aires
– Imprensa Nacional. 1761.
[2] Fonte: Encheirídion, XVII. O Manual de Epiteto. Tradução do texto
grego: Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Introdução e notas: Aldo Dinucci. São
Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2012.
Fontes
Moisés, Massaud. A Língua Portuguesa através dos textos, São Paulo,
Editora Cultrix, 1ª Edição- 1968, pág.157.
AIRES, Matias. Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens. Introdução de Alceu
Amoroso Lima. Ilustrações de Santa Rosa. São Paulo: Livraria Martins Editora S.
A., 1955.
Oriques, Nildo. Entrevista a Ariano Suassuna. In https://youtu.be/ikFyr2-Qi4Q.
O Manual de Epiteto. Tradução do texto grego: Aldo Dinucci; Alfredo
Julien. Introdução e notas: Aldo Dinucci. São Cristóvão. Universidade Federal
de Sergipe, 2012.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reflex%C3%B5 sobre a Vaidade
dos Homens
https://pt.wikipedia.org/wiki/Matias Aires
https://pt.wikipedia.org/wiki/Epiteto