Um irmão escreveu a Pedro Juk a seguinte questão:
Estimado Pedro Juk, surgiu-me uma dúvida quando estava
lendo o Informativo JB News de número 1359, onde outro irmão pergunta
sobre o uso do incenso em Loja.
O Irmão respondeu que não está previsto o uso do incenso no
REAA, sendo, portanto proibido. Foi ai que surgiu a minha dúvida. Para que
serviria o Altar dos Perfumes que fica no Oriente? Ao meu entender seria para
colocar uns incensos, umas essências para perfumar a Loja. Não fazer uma
cerimônia de incensação, mas apenas deixar um incenso perfumando a Loja. Pode
por gentileza sanar essa minha dúvida.
Considerações:
Pois é meu Irmão, esse Altar no simbolismo do Rito não serve
realmente para nada.
Existem três possibilidades de o mesmo ter permanecido no
Oriente da Loja sem qualquer utilidade.
A primeira possibilidade talvez tenha sido quando das já
extintas Lojas Capitulares, cujas particularidades do mobiliário e decoração se
distinguiam do simbolismo.
Houve tempo, já no século XIX, que essas Lojas Capitulares
englobavam no Grande Oriente da França e os seus seguidores também o
simbolismo, isto é: do primeiro Grau até o décimo oitavo Grau. Quando esse
sistema foi extinto, ficando apenas o simbolismo com o Grande Oriente e os
demais com o Supremo Conselho, algumas particularidades capitulares acabariam
por permanecer no básico maçônico (três primeiros graus), como é o caso do
Oriente elevado e da balaustrada.
Assim existe a possibilidade de que o Altar dos Perfumes tenha
sido também um elemento do outro sistema (o capitular) que acabara permanecendo
onde não deveria ter sido conservada.
Já a segunda possibilidade está na cerimônia de Sagração do
Templo, cujo costume acabou se generalizando no Brasil com uma mesma
ritualística através de um mesmo ritual especial e específico por Obediência
para todos os ritos nela praticados, inclusive inserindo caracteres
desconhecidos para alguns sistemas ritualísticos.
Daí talvez dessa cerimônia de Sagração, onde é pertinente o uso
desse Altar apenas na oportunidade em que o Templo é consagrado já que a
Sagração de um Templo se faz tão-somente uma só vez, acabaria permanecendo esse
móvel no Oriente da Loja simbólica escocesa, porém sem apresentar qualquer
significado, já que os seus rituais simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre)
não preveem com ele qualquer prática ritualística.
Quanto à última possibilidade, que eu particularmente entendo
como bastante provável, é a do simples “enxerto” no escocesismo simbólico de
uma cerimônia de incensação, cuja característica e tradição pertencem a outro
rito.
Como o Rito Escocês tem sido tratado como uma verdadeira “colcha
de retalhos”, nada mais comum que certos rituais equivocados e ultrapassados
tenham por seus autores associado uma cerimônia de incensação com seus
turíbulos e incensos e, obviamente não podendo faltar o Altar dos Perfumes.
Deste modo, em se tratando do simbolismo escocês, como esse
Altar só é usado na consagração do espaço, não demoraria muito a aparecer à invenção
do tal acendimento de incenso na Loja. Destarte, unindo o útil ao agradável,
apareceria o elemento fumígeno com o seu respectivo suporte de apoio – o Altar.
Daí também inventar-se-ia até a tal “chama votiva” que deveria
ficar acesa sobre o dito altar em alusão à presença do “Criador”, como se já
não existisse o Delta que é um dos mais importantes símbolos que relembra a
presença da “Divindade”, seja ela de concepção teísta, ou deísta.
Como pelo exposto no Rito Escocês tradicionalmente não existem
esses procedimentos, os atuais rituais simbólicos do GOB não mencionam qualquer
prática litúrgica que envolva o Altar dos Perfumes e outras ações dele
derivadas, contudo o dito ainda equivocadamente permanece identificado como
mobiliário na planta do Templo.
O ideal seria mesmo suprimi-lo no rito em questão, senão a sua
presença acabaria dando margem, por exemplo, ao juízo como aquele emanado pela
vossa respeitável pessoa: “Ao meu entender seria para colocar uns incensos,
umas essências para perfumar a Loja. Não fazer uma cerimônia de incensação,
mais apenas deixar um incenso perfumando a Loja”.
O ideal seria mesmo suprimi-lo no rito em questão, senão a sua
presença acabaria dando margem, por exemplo, ao juízo como aquele emanado pela
vossa respeitável pessoa: “Ao meu entender seria para colocar uns incensos,
umas essências para perfumar a Loja. Não fazer uma cerimônia de incensação, mais
apenas deixar um incenso perfumando a Loja”.
Autor: Pedro Juk
Fonte: JB News, nº 1463