Um dos pontos básicos da Maçonaria é a lealdade entre os Irmãos.
A lealdade abre caminhos para muitas outras virtudes. Através dela, podemos
despertar e fortalecer a sinceridade, a fidelidade, a piedade, o amor fraternal,
ou seja, encher o universo de bons propósitos que possam tornar o ser humano
mais feliz e útil à família, à sociedade e à humanidade.
Neste sentido, vale lembrar que, os juramentos ou compromissos
maçônicos são, verdadeiramente, o despertar e o incentivo à lealdade, tanto
para os coirmãos e consigo mesmo, quanto para o nosso GADU, o Olho onividente
que tudo vê.
A palavra LEALDADE é de valor incomensurável, dada a sua extrema
importância, tanto para o nosso espírito quanto para a nossa Ordem. E isto
podemos constatar através do grande número de Lojas que adoptam o termo
“LEALDADE”, composto ou não, para sua denominação, o que ressalta a sua tamanha
representatividade ou simbolismo na Maçonaria.
Um outro predicado que está inserido no âmago das virtudes
maçónicas é a Ética. Em sentido lato, podemos dizer que a ética é a parte da
filosofia que tem por objetivo elaborar uma reflexão sobre os problemas
fundamentais da moral. Podemos dizer que, tanto a ética quanto a moral são
partes intrínsecas da lealdade. Acreditamos não poder existir lealdade sem
ética, verdade e justiça.
Desta forma, a ética na Maçonaria tem como um dos objetivos
refletir quanto aos fundamentos dos princípios maçónicos, bem como sobre as
obrigações e os deveres do Maçom.
Nesta linha, podemos afirmar que, tanto a ética quanto a moral
são requisitos indispensáveis a nós, Maçons. Pois, somente agregando a ética e
a moral, além de outros predicados, ao nosso quotidiano, é que poderemos ser
considerados, verdadeiramente, “livres e de bons costumes”. Ou seja, o Maçom
deve ter sempre uma atitude ética, moral e leal compatíveis com os princípios
que regem a Maçonaria.
Neste sentido, pode-se dizer que, a ética maçônica está mais
preocupada em detectar a importância dos princípios da Maçonaria, alinhados à
sabedoria filosófica, bem como em elaborar uma reflexão sobre as razões de se
desejar a justiça e a harmonia entre os Irmãos, além de refletir quanto aos
meios de os alcançarmos.
Em contrapartida, a moral está mais preocupada na construção de
um conjunto de prescrições destinadas a assegurar um bom convívio social entre
todos nós.
Lembramos que, para os gregos, a ética era um conjunto de
princípios imutáveis. Nesta perspectiva, podemos concluir que, a ética está na
essência da alma humana e isto significa a possibilidade de se praticar o bem.
Todavia, na tradição romana, a ética seria o mesmo que moral ou
costumes. O problema é que, a moral ou os costumes são mutáveis, diferentemente
do conjunto de princípios que definem a ética, segundo a óptica dos gregos.
Entendemos que, na Maçonaria devemos levar em conta estas duas
vertentes. Isto significa dizer que, se para os gregos a ética está na essência
do homem, para o maçom ela vai além, ou seja, tem que se concretizar na
prática, seja através dos costumes ou da moral, como pregavam os romanos.
Todavia, ao pensarmos em Maçonaria, o que vem a nossa mente,
quase de imediato, é a figura do maçom. Esta imagem é projetada na nossa
sociedade atual, pela postura irrepreensível junto as mais diversas questões
políticas e sociais das quais fizeram parte.
Neste sentido, o nosso objetivo é o de reforçar o quanto os bons
costumes são indissociáveis da Maçonaria, pois, através deles, o maçom
consolida-se como paradigma da sociedade a que pertence.
Assim, é importante destacar que entendemos costume como o
hábito ou a prática reiterada associada à moralidade, geralmente observada pela
sociedade, ou seja, procedimentos ou comportamentos que são prescritos do ponto
de vista moral. São atitudes ou valores sociais consagrados pela tradição:
“costume é a regra aceita como obrigatória pela tradição ou consequência do
povo, sem que o poder público a tenha estabelecido”.
Vale a pena lembrar que, a urbanidade, a retidão, a honestidade,
a lealdade, o respeito, a tolerância e a justiça são também imprescindíveis ao
Maçom, uma vez que este é visto como paradigma da sociedade, significando que
ele é possuidor de bons costumes e reputação ilibada. A falta de um destes
predicados ou requisitos, não o qualificam como um bom maçom e, nesse caso, ele
não será reconhecido como tal.
Na Maçonaria, os bons costumes são entendidos como valores
morais indispensáveis ao maçom, os quais representam o somatório das suas ações
e comportamentos tanto do passado como do presente.
Nesta esteira, a Maçonaria pode ser entendida como um centro de
união fraternal, onde, dentre outros, a lealdade, a retidão, a
responsabilidade, a honestidade, a bondade, a tolerância, a justiça, a busca
pela verdade e pelo aperfeiçoamento devem ser permanentes. Além disto, através
dos maçons, a nossa Ordem deve sempre defender e propagar o respeito e a
prática da ética e da moral.
Os bons costumes referem-se, portanto, como foi dito acima,
tanto ao passado quanto ao presente, isto é, correspondem ao somatório dos dois.
Quando a conduta, o comportamento, a postura e as atitudes positivas são
reconhecidas pelos que estão mais próximos ou pela sociedade em geral, podemos
dizer que se trata de alguém de bons costumes e, consequentemente, de reputação
ilibada.
Desta forma, podemos dizer que, o objeto principal deste
trabalho é despertar no Maçom o interesse pelo verdadeiro significado daquilo
que nós chamamos de “Bons Costumes”.
Entretanto, há aqueles que acreditam que “os bons costumes” se
referem tão somente ao estado atual de uma pessoa, o que não corresponde à
verdade, sendo um entendimento equivocado, uma vez que, os “bons costumes”
devem ser compreendidos como a prática reiterada de boas ações, abrangendo
passado e presente.
Como sabemos, a Maçonaria é uma sociedade que, acertadamente, só
admite no seu quadro, homens retos, de bons costumes e possuidores de
comportamento ético, moral e humanístico compatíveis com a sua finalidade, isto
é, que vise alcançar o ápice do aperfeiçoamento humano, razão pela qual, para ingressar
nos seus quadros exige-se o preenchimento de requisitos que contemplem a retidão
do seu pretendente.
Há que ser ressaltado que, a Constituição do Grande Oriente do
Brasil, logo no seu artigo 1º corrobora o objetivo deste trabalho, balizando
várias situações. Diz o dispositivo legal que, a Maçonaria é uma instituição
essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e
evolucionista, proclamando a prevalência do espírito sobre a matéria. Além
disso, estabelece que os seus fins supremos são a Liberdade, a Igualdade e a
Fraternidade, pugnando pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da
humanidade. Assim, acreditamos que, a possibilidade de alcançarmos o
aperfeiçoamento humano deve ser precedido pelos bons costumes.
Assim, o Maçom através da observância dos princípios e valores
da Ordem, aliados à prática da beneficência e do cumprimento inflexível dos
deveres e responsabilidades, deve sempre primar, dentre outros pela retidão,
pela moralidade, pela ética, pela lealdade e pelos bons costumes.
A valorização e disseminação desta prática, por si só, poderia
justificar a repulsa que os maçons devem sentir em face da corrupção ou desvio
de conduta, ao mesmo tempo em que ele defende e propaga os princípios e valores
da Maçonaria.
Por outro lado, quer parecer-nos ainda que, a Maçonaria deseja,
em primeiro lugar, proporcionar o encontro do Homem Maçom consigo mesmo,
transformando-o no seu próprio paradigma. Assim sendo, faz-se necessário que o
Maçom esteja sempre atento à aprendizagem e à prática correta dos princípios
maçónicos, ao mesmo tempo em que procura evitar que um Irmão desavisado seja
levado a praticar o que chamamos de “Heresia Maçônica”, desviando-se do
verdadeiro objetivo da Ordem, que é a busca pela evolução maçónica.
O Maçom ao ser iniciado, ingressa num “sistema”, o qual exige
que os seus membros devem, necessariamente, percorrer o que podemos chamar de
“Via Mística”, com vista a conduzi-los a um determinado lugar, geralmente,
oculto para os não iniciados, mas podendo ser visível ao verdadeiro Maçom.
Este entendimento, leva-nos a acreditar que a Maçonaria é um
sistema de conhecimento extremamente importante e eficiente, uma vez que tem
como meta principal o aperfeiçoamento do homem no Mundo Espiritual, mas ao
mesmo tempo não abandona e nem ignora o Mundo Material. A justificativa talvez
seja que a saúde material se faz necessária, sobretudo quando da prática da
filantropia ou beneficência, uma das ações básicas da Ordem.
Como já foi dito anteriormente, a filantropia é, também, dentre
tantas, uma das finalidades da Maçonaria. A sua terminologia pode ser traduzida
como a “Mão da Maçonaria” estendida aos necessitados, Irmãos ou não, mas “dando
com a mão direita sem que a esquerda saiba”. Todavia, modernamente, a
solidariedade deve, ao nosso ver e com razão, sobrepor-se à filantropia, uma
vez que esta, simplesmente, “dá o peixe”, ao passo que aquela, “ensina a
pescá-lo”, ou seja, numa delas a fome é saciada por um dia, já na outra, a fome
pode ser afastada não por um dia apenas, mas para sempre.
Vale a pena lembrar que, o progresso que a Maçonaria admite como
essencial, pode ser definido como melhoramento da humanidade, calcado no
aperfeiçoamento ético, moral, intelectual e social dos seus membros. Além do
mais, ela tem como alguns dos seus símbolos o Cinzel e o Malho que, juntos,
servem de instrumentos para desbastar a Pedra Bruta que somos e, ao mesmo
tempo, construir o nosso Edifício Moral ou Espiritual.
Ressaltamos que, esta é a verdadeira evolução humana, mesmo
porque o Maçom deve, necessariamente, buscar a perfeição humana, até tornar-se
um Mestre de facto, não se deixando confundir com um profano de avental.
É bem possível que, para muitas pessoas, ser livre significa não
ter limites. Contudo, para o Maçom, a liberdade deve consistir numa via de mão
dupla, ou seja, a liberdade exigirá sempre uma correlata responsabilidade. Isto
porque a liberdade não exclui a disciplina, nem pode sobrepor-se à liberdade de
outrem.
Assim sendo, “ser livre e de bons costumes”, tem um significado
extremamente importante para a Maçonaria, pois, presume-se que todo homem que
preencha tais requisitos estaria, a princípio, em condições de ser iniciado na
Arte Real e poderia, até mesmo, transformar-se num bom Maçom, observador atento
das tradições da Ordem. Entretanto, para melhor compreender a frase acima,
faz-se necessário entender que ela seja interpretada à luz da ética e da moral.
A terminologia “Livre” expressa o momento presente e diz
respeito ao cidadão em pleno gozo dos seus direitos civis, os quais guarda
limites quanto ao direito alheio. Já a expressão “Bons Costumes”, refere-se não
só ao presente, mas também ao passado, por tratar-se de um somatório de
condutas, alcançando até os dias de hoje, ou seja, comportamentos e atitudes
positivas reconhecidas pelos que estão próximos e pela sociedade em geral.
Neste sentido, anda bem a nossa Ordem ao exigir que, para se
iniciar nos seus mistérios, há que ser levado em conta o presente e o passado
do candidato, de tal maneira que, seja visto e analisado como um todo
indivisível. Só assim, será ele considerado apto ou não, isto é, livre e de
bons costumes para receber a permissão de ingresso na Maçonaria.
Na verdade, homens de bons costumes são aqueles que têm valor
social reconhecido ou consagrado, que se orientam pelas coisas justas, pela
ética, pela moral, pela honestidade, pelas ideias mais elevadas, pela
disciplina e pelo respeito. Eles não participam de grupos que sejam desprovidos
de moral ou honestidade, além do mais, devem desfrutar de boa reputação e ter
conduta irrepreensível em todos os seus aspectos.
Portanto, podemos dizer que, o homem livre é aquele isento de
preconceitos, de maledicências, ou seja, deve, necessariamente, ter a
consciência livre e que não tome o mal pelo bem. Além disto, deve ser
desprovido de quaisquer vícios. Isto permite-nos inferir que, a corrupção e a
ausência de bons costumes afastam toda e qualquer evolução ou progresso moral
do Maçom, enquanto a observância à ética, à moral e aos bons costumes o aproxima
da sua evolução e progresso, especialmente, no campo espiritual.
Concluímos que, a ética maçónica, salvo melhor juízo, deve ter
como fundamento tanto o pensamento grego quanto o romano, a fim de que possamos
evoluir na nossa trajetória maçônica e, de facto nos tornarmos paradigma para
os nossos irmãos, família e para a sociedade em que vivemos.
Além disto, devemos lembrar-nos de que a lealdade também é
indissociável do Maçom, pois, ela tem componentes bastantes emblemáticos para a
Maçonaria. Fazem parte dela a fidelidade, a verdade, a honestidade, a justiça
etc. Unimo-nos à lealdade através de um compromisso de honra, o qual jamais
deve ser rompido, sobretudo por nós Maçons.
Assim sendo, convidamos a todos os maçons, principalmente os do
Grande Oriente do Brasil no Estado do Rio de Janeiro, a buscarem atitudes
compatíveis com os bons costumes, sobretudo, que sejam leais e comprometidos
com a verdade, a justiça, a moral, a ética e a evolução maçônica, pois, só
assim conseguiremos ascender ao patamar de Maçom de direito e de facto e,
finalmente, poderemos ser reconhecidos como verdadeiros maçons.
Aildo Carolino