“Vencer minhas paixões levantando
Templos à Virtude e cavando masmorras ao vício, eis o que viemos aqui fazer”.
Quando da nossa iniciação nesta
Loja, nos foi perguntado pelo V∴M∴ - Sr Fulano de Tal, que entendeis por virtude? Prontamente
respondemos com nossas respostas até então profanas.
Então o 2º Vig∴ complementou: É a disposição da alma que nos induz a praticar o
bem. Isto posto, V∴M∴ também nos questionou sobre o que pensávamos ser o vício; e após
nossas respostas ele completara: É o oposto da virtude. É o hábito desgraçado
que nos arrasta para o mal. É para nos elevarmos acima dos vis interesses que
atormentam o vulgo profano e “acalmarmos o ardor das paixões” que nos reunimos
neste Templo.
Templo este que possui quatro
cantos e lembram as quatro virtudes cardeais: a Prudência a Coragem, a
Temperança e a Justiça.
Estas virtudes foram inicialmente
derivadas do modelo de Platão (que inclui a piedade) e adaptadas por São
Ambrósio, Agostinho de Hippo e Tomás de Aquino. O termo “cardeal” vem do latim
cardo ou suportes pivotados, sendo assim chamadas por serem as dobradiças sobre
as quais a porta da moral se apoia e se movimenta.
Estas virtudes podem também ter
sido adquiridas da cultura judaica. No Livro da Sabedoria de Salomão, ou Livro
da Sabedoria ou simplesmente Sabedoria (que é um dos livros que compõem os
livros sete Livros deteurocanônicos da Bíblia, juntamente com os Livros de Jó,
Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares de Salomão e Eclesiástico) no
Capítulo 8, verso 7, se lê: “Ela (sabedoria) ensina temperança, e prudência, e
justiça e perseverança que são as coisas que os homens podem ter como as mais
valiosas em suas vidas.”
SABEDORIA OU PRUDÊNCIA (1ª
VIRTUDE CARDEAL)
A Sabedoria ou Prudência é a
virtude que dispõe a razão prática para discernir – em todas as circunstâncias
– nosso verdadeiro bem, escolhendo os meios justos para realizá-lo.
Prudência é a virtude que nos
ajuda a escolher. Não se trata de escolher coisas fúteis e bobas. A Prudência
nos ajuda a escolher os meios adequados para realizar o bem e vencer o mal.
Mas, como o contrário da virtude é o vício, podemos pecar contra a Prudência de
dois modos: Por falta de prudência - é o
vício da imprudência, que pode ser por: precipitação -· agimos sem refletir ou descuido - refletimos no que vamos fazer,
mas fazemos malfeito. Por excesso de
Prudência – astúcia: ser prudente no mal, nas coisas erradas, – cuidados· excessivos com a vida material: dinheiro, vaidade, comprar
muitas coisas, etc.
FORTALEZA OU CORAGEM (2ª VIRTUDE
CARDEAL)
A Fortaleza ou Coragem é a
virtude que no meio das dificuldades assegura a firmeza e a constância para
praticar o bem. Trata-se de uma habilidade ímpar para enfrentar, com serenidade
e domínio do medo, os perigos que se apresentam do decurso da vida.
Ela proporciona ao indivíduo a
aptidão de avaliar uma gama de possibilidades para vencer as adversidades. A
coragem inspira o indivíduo a agir com perseverança e determinação em face de
todas as situações e circunstâncias. A coragem é a virtude que dá à nossa
vontade a energia necessária para vencer os obstáculos que nos atrapalham na
prática do bem.
Devemos agir; ter coragem é
manifestar espírito de iniciativa, alegria na realização do dever de estado,
perseverança no combate contra nossas paixões: o orgulho, o egoísmo, a raiva, a
sensualidade, etc. Praticando os atos da virtude da coragem, conseguiremos
vencer as paixões, fugir dos vícios e das ocasiões de vício que nos chamam com
tanta força para o mal.
TEMPERANÇA (3ª VIRTUDE CARDEAL)
A Temperança significa
equilibrar, colocar sob limites, moderar a atração dos prazeres, assegura o
domínio da vontade sobre os instintos e proporcionar no uso de bens criados. A
virtude da Temperança vem completar o quadro das quatro virtudes cardeais. Ela
é o freio da nossa alma.
A temperança é a virtude pela
qual usamos com moderação dos bens temporais, quer eles sejam: comida, bebida,
sono, diversão, conforto, etc. Ela nos ensina a usar essas coisas na hora
certa, no tempo certo, na quantidade adequada. Ela nos ensina que certos atos
são reservados a certas situações.
Também o conforto da vida moderna
pode nos levar a pecar contra a Temperança. Reclamamos do calor, reclamamos do
frio, não queremos nos levantar da cadeira nem para pegar um copo d'água,
sempre achamos algo que nos desagrada nas coisas e nas pessoas.
A virtude da Temperança nos ajuda
a esquecer um pouco tudo isso e pensar mais em ajudar, em trabalhar, em vencer
seus próprios defeitos.
JUSTIÇA (4ª VIRTUDE CARDEAL)
A Justiça é a virtude que nos
inclina a dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido, tanto individual como
socialmente. Porém, não basta que os homens tenham entre si um relacionamento
de justiça.
A vida na sociedade é muito
complicada e foi preciso se organizar um governo que ajudasse os homens a
viverem juntos numa mesma cidade, num mesmo país. Por isso, a virtude da
justiça vai também atuar no relacionamento dos homens com o governo, quer ele
seja um prefeito, um guarda de trânsito, o presidente ou um rei.
Os homens devem obedecer às leis
estabelecidas pelas autoridades, enquanto a autoridade deve atuar de forma
igual para com todos, ajudando os bons e castigando os maus.
Devemos também considerar que
quando cometemos um pecado contra a virtude da justiça, em certos casos, não
basta o arrependimento e a confissão. Nós lesamos o próximo tirando dele um bem
material que lhe pertence.
Devemos, então, fazer o possível
para devolver aquele bem, de modo a restabelecer a justiça ferida pelo nosso
ato. É o que se chama de restituição.
Hoje, as virtudes cardeais estão
esquecidas e têm apenas um valor fiduciário. Este esquecimento é a origem de
muitas desordens, tanto na vida pública como na vida privada. Reflitamos sobre
elas e solidifiquemos o seu sentido original, que era o da reta razão e o do
crescimento espiritual do ser humano.
Por último, mas não menos
importante, tenho a certeza de que a próxima batalha mundial a ser travada nas
próximas décadas será a Revolução Virtuosa, o resgate das virtudes, da ética,
da moral. E a cada batida do malho que desferramos nas nossas pedras tenho a
sensação de que nem tudo está perdido.
Ir∴ ANTONIO JORGE DOS SANTOS RAMOS, M∴M∴
A∴ R∴ L∴ S∴FRATERNIDADE SERGIPENSE N°11
Referencias Ritual de Aprendiz –
Rito Escocês Antigo e Aceito – GLMSE - Fev-2018. Santos, Sebastião Dodel –
Dicionário Ilustrado de Maçonaria – Ed. Essinger. Sponville, André C. (1999) -
Pequeno Tratado das Grandes Virtudes - Ed. Martins Fontes.
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