quinta-feira, 29 de maio de 2025

A EXALTAÇÃO DO COMPANHEIRO AO GRAU DE MESTRE MAÇOM E A INFLUÊNCIA DA CABALA NA MAÇONARIA


 

Na Maçonaria, o rito de passagem do grau de Companheiro ao de Mestre representa um dos momentos mais significativos na trajetória do iniciado. Este avanço não é apenas uma elevação simbólica, mas uma verdadeira transformação espiritual e intelectual, marcada por ritos e ensinamentos que remontam a tradições ancestrais.

O Companheiro, ao ser exalçado a Mestre Maçom, é convidado a meditar sobre o mistério da vida, da morte e da imortalidade. O ritual da exaltação destaca-se pelo simbolismo do desaparecimento do Mestre Hiram Abiff, um arquétipo do sacrifício, da virtude e da transmissão do saber.

O neófito, ao vivenciar esta cerimônia, compreende que a verdadeira mestria está na contínua busca pelo aperfeiçoamento interior, na superação das paixões e na dedicação ao serviço da humanidade.

No grau de Mestre, os símbolos e alegorias tornam-se mais complexos, exigindo do iniciado maior capacidade de interpretação e introspecção. Este grau é considerado um ponto de maturidade espiritual, onde se inicia o entendimento mais profundo dos Mistérios Maiores da Maçonaria.

A Cabala e a Maçonaria

Dentro deste percurso iniciático, a Cabala — tradição mística judaica — exerce uma influência relevante. A Maçonaria, especialmente nos seus graus filosóficos e esotéricos, adotou diversos elementos da Cabala como instrumentos de reflexão e interpretação simbólica.

A Árvore da Vida, com suas dez sefirot (esferas), é um dos principais símbolos cabalísticos incorporados à Maçonaria. Ela representa a estrutura do universo, o caminho da criação e, também, o percurso espiritual que cada maçom deve trilhar para alcançar a iluminação.

Assim como na Cabala, na Maçonaria há uma progressão gradual de graus e conhecimentos, que correspondem a etapas do desenvolvimento espiritual do ser humano.

Outro elemento cabalístico presente na Maçonaria é o uso das letras hebraicas, dos números e da geometria sagrada. A tradição cabalística ensina que cada letra possui um valor místico e um significado oculto, que, quando bem compreendido, revela verdades profundas sobre a criação e o destino humano. Na Maçonaria, estas chaves interpretativas são aplicadas aos símbolos e rituais, enriquecendo ainda mais a experiência iniciática.

Por fim, a Cabala oferece à Maçonaria uma visão do cosmos como uma unidade ordenada, onde o homem é convidado a colaborar com a obra do Grande Arquiteto do Universo, aperfeiçoando-se moral e espiritualmente para contribuir com a harmonia universal.

Autor Ir. Verdiomar

 

 

quarta-feira, 21 de maio de 2025

A PALAVRA NA MAÇONARIA


 

“A palavra é de prata e o silêncio é de ouro” (Provérbio chinês)

Muito se tem questionado sobre o uso da palavra na Maçonaria, principalmente em relação aos Aprendizes. Algumas Lojas têm por norma não conceder a palavra ao Aprendiz, por constar nas nossas lições que “simbolicamente” ele deve permanecer em absoluto silêncio, cabendo-lhe somente ouvir e observar.

Recorrendo ao ilustre Irmão José Castellani, em seu livro “Consultório Maçônico” – Volume VIII – Editora A Trolha, ele afirma textualmente, que:

“…essa proibição não é constitucional nem regimental. Tradicionalmente, sabe-se que as sociedades iniciáticas, geralmente de cunho religioso, os Neófitos limitavam-se durante certo tempo, a ouvir e aprender.” 

“Era o caso do Mitraísmo persa – culto do deus Mitra, o Sol – que era composto de sete etapas; na primeira o neófito era o Corvo, porque o corvo, no Mitraísmo, era o servo do Sol e porque ele pode imitar a fala, mas não criar ideias próprias, sendo assim, mais um ouvinte, do que um participante ativo. Idem para as Escolas Pitagóricas, onde existiam três etapas: Ouvintes, Matemáticos e Físicos.”

“…em Maçonaria, todavia, não existe essa tradição, mas, sim, o Simbolismo. Ou seja, simbolicamente, o Aprendiz é uma criança, que não sabe falar, mas só soletrar. Isto é simbólico e não pode ser levado ao pé da letra. O Aprendiz pode e deve falar em assuntos inerentes ao seu Grau, ou nos que interessem a comunidade, de maneira geral.”

Entendamos, de uma vez, que o Aprendiz Maçom não usa da palavra em Loja, por lhe faltar capacidade da oratória, mas, sim para observar o cumprimento de um período de silêncio, que é de fundamental importância para o seu aperfeiçoamento. É no silêncio que o Aprendiz vai se livrando das asperezas da Pedra Bruta que é ele próprio. O silêncio é o primeiro salário que a Loja lhe concede, é uma ferramenta que, sabendo utilizá-la, muito contribuirá para o seu aprimoramento.

Para os que já estão na senda, desde longas datas, recomenda a razão que o Maçom, seja qual for o grau que ostente, deve refletir e ouvir a voz da consciência, antes de fazer um pronunciamento.

Em todos os momentos moldamos nosso destino de conformidade com a nossa consciência, sendo o pensamento o principal alicerce de toda a criação.

Quando externamos o pensamento através da palavra, automaticamente lançamos uma centelha energética que viabilizará o processo criativo. Através da fala criamos uma vibração que faculta uma melhor aceitação daquilo que estamos pensando. Precisamos, pois, ter ciência da importância da palavra proferida. Se assim não procedermos, poderemos estar criando situações embaraçosas e alimentando acontecimentos indesejados.

Sejamos mais objetivos em nossos pronunciamentos; que nossas palavras sejam alentadoras, que expressem o nosso zelo e amor, ao contrário dos que, infelizmente, carregam acirradas críticas, inconformismo, insatisfação, sem contribuir para o crescimento da Loja e da nossa Ordem.

Mudemos nossa postura como tribuno. Falemos de coisas boas, mesmo que sejam apenas perspectivas, ou então voltemos à condição de Aprendiz, permanecendo em silêncio, demonstrando sabedoria.

Autor: José Airton de Carvalho

Zé Airton é Mestre Instalado da ARLS Águia das Alterosas Nº 197 (GLMMG) – Belo Horizonte/MG; Membro da Academia Mineira Maçônica de Letras (Belo Horizonte/MG), Membro Fundador e Ex-Venerável da Loja Maçônica de Pesquisas “Quatuor Coronati” Pedro Campos de Miranda (GLMMG); Fundador e Ex-Presidente da Escola Maçônica “Mestre Antônio Augusto Alves D’Almeida” (GLMMG); Membro Correspondente Fundador da ARLS Virtual Luz e Conhecimento Nº 103 (GLEPA); Membro Correspondente da ARLS Virtual Lux in Tenebris Nº 47 (GLOMARON); Membro Correspondente da Academia Maçônica Fluminense de Letras (RJ); Membro Correspondente da Academia Maçônica de Letras de Piracicaba (SP); Membro Correspondente da Loja de Estudos e Pesquisas Luz e Saber Nº 187 (GLMERJ). e um grande incentivador do blog.

 

quarta-feira, 7 de maio de 2025

A SALA DOS PASSOS PERDIDOS


 

Nas nossas deliberações, especificamente nas instruções que são ministradas no Grau de Aprendiz Maçom, vemos toda a simbologia e significado do nosso Templo. Porém existe muito mais. É por isto que é preciso pesquisar para interpretarmos a simbólica da Maçonaria. É nisto que reina o Espírito investigativo que o Maçom deve ter.

Neste caminho chegaremos ao Esoterismo Maçônico, que muitas das vezes é tão ausente nos nossos dias, nas nossas interpretações.

Comecemos pela Sala dos Passos Perdidos, a antessala onde os Irmãos são recepcionados, se cumprimentam, confraternizam e aguardam o momento de entrarem no Templo. Esta Sala também possui um significado simbólico, pois é em essência a nossa presença fora do Templo, preparando-nos junto ao Átrio – onde fica o assento do Irmão Cobridor – para iniciarmos os nossos trabalhos maçônicos.

Como bem sabemos, a Maçonaria é universal e o universo é uma imensa oficina, logo o nosso Templo Maçônico é a representação do universo, do cosmos. Neste sentido, quando estamos trabalhando maçônicamente falando, estamos reunidos num ideal Justo e Perfeito. Estamos por assim dizer dentro de um espaço sagrado, numa Oficina de Aperfeiçoamento Iniciático.

Quando estamos fora do Templo, na nossa vida quotidiana, ou seja, na nossa vida “extrassensorial”, estamos vagando pelo cosmos de forma ampla, onde o Maçom pode encontrar da boa ou da má sorte, onde pode experimentar da taça doce ou da taça amarga. Neste obstante, a Sala dos Passos Perdidos simboliza que o Maçom fora do Templo, pode se perder…

Ao analisarmos a expressão: “Sala dos Passos Perdidos”, logo se percebe em primeira vista a estranheza da expressão – que parece ser um local onde se caminha sem chegar a lugar algum. Contudo, esta expressão, em maior aprofundamento simbólico, significa o espaço perdido do cosmos, a que comumente chamamos de mundo profano.

Além disto, devemos estar cada vez mais conscientes de que A Sala dos Passos Perdidos é um recinto também de reflexão, onde devemos – no mínimo – pensar sobre o seu Real Objetivo: o de representar o mundo lá fora, com os seus eventuais perigos e infortúnios. Para combater estes perigos e mazelas, o Maçom deve sempre armar-se de espada, e estar pronto para guerra: para lutar contra a ignorância, os preconceitos e erros! lutar em prol do Direito, da Justiça e da Verdade, a bem da Pátria e da Humanidade!

Este comum objetivo da Arte Maçônica pode parecer coisa utópica para muitos, mas nunca será para o Maçom verdadeiramente iniciado, pois neste reinará à chama da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade; neste viverá a vontade e a motivação de se tornar um homem melhor, de se aperfeiçoar sempre e de ser um bom exemplo de valores tão nobres e ao mesmo tempo tão ausentes mundo afora.

Ademais, a Sala dos Passos Perdidos é essencialmente a concentração de um exército marchando para o treino – pois como sabemos, a nossa ritualística e doutrina treina-nos, mas é lá fora – no mundo dos passos perdidos – é que realmente “testaremos” a nossa capacidade de colocarmos em prática tudo quanto aprendemos enquanto maçons.

Esta Sala simbólica é, portanto, um ambiente altamente maçônico, digna de ser estudada e mais bem compreendida, pois o seu significado pode encontrar raízes esotéricas profundas, alimentando assim o nosso espírito com grandes conhecimentos.

Não é por acaso que nenhum Templo Maçônico pode ser consagrado sem que esteja presente a antessala simbólica, ou seja, a sala dos passos perdidos! Se esta sala existe é porque tem razão se ser, e o seu significado não pode ficar a esmo.

Entretanto, ao transpormos o Portal do Templo, aí sim, não se têm mais passos perdidos; daí aparecem os verdadeiros objetivos da Arte Real Maçônica os quais conhecemos entre colunas. No Templo a atmosfera deve ser de Amor, de União, da Verdade e da Justiça formada por corações ávidos das mesmas esperanças, sequiosos de idênticas aspirações, porque sem esse raciocínio de ação, sem essa elevação, sem essa energia, poderá existir quando muito em “grupos de homens” e nunca, porém, na Maçonaria.

Meditemos sobre isso, meus Irmãos!

Por Danilo da Silva Gomes, M M

 

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