VENERÁVEL RUIM, LOJA RUIM E IRMÃOS INSATISFEITOS


Antes de mais, importa esclarecer que o cargo de V:. M:. não deve ser encarado como um passo inevitável no percurso de um maçom.

Pretendo com isto dizer que, eventualmente, nem todos os maçons chegarão a ser VV:. MM:., já que o critério de escolha deve ser o da capacidade e competência e nunca o da antiguidade ou outros critérios usados em muitas Lojas por ai.

Anualmente ou bi anualmente é eleito pelos de seus pares um novo Venerável Mestre que, entusiasmado pelo cargo, cheio de enorme boa vontade e responsabilidade, prepara o seu programa de atividades, nem sempre o conseguindo cumprir com o êxito desejado.

Mas Lojas comentem erros, como a minha cometeu um dia, em atender ao pedido do irmão e quase levou a loja à banca rota.

Tornou-se um Venerável imprestável, sem comunicação, Maçom de 2 horas por semana, chegava 1 h antes dos trabalhos e passava tudo a limpo, como se fosse um feitor de obra. Não atendia e nem entendia os irmãos. Foram meses de uma lástima.

Isso pode ser visto através da forma como a Loja evolui ao longo do Veneralato:
• Pelo nível de envolvimento e adesão dos IIr:. às atividades da Loja,
• Pelo nível de indiferença ou ausências às Sessões;
• Pelo nível de não cumprimento de compromissos junto do Tes:.,
• Pela falta de apoio, comprometimento, incompreensão e afastamento de alguns Irmãos.
• Pelo descaso do próprio V:.M:. em suas atribuições,
• Desarmonias, falta de comunicação e outros problemas.

Formalmente falando, o V:. M:. deve ser um homem sensato, de conduta irrepreensível,  sem envolvimento com nada de errado, conduta ilibada, postura exemplar, honesto e exemplo de homem dentro e fora da Maçonaria , com as qualificações para ensinar e para aprender a desempenhar muito bem a sua função.

É preciso iniciar a jornada pela base, pelo estudo, de modo a não nos faltar à paz, o equilíbrio e a tolerância para discernir quem será o melhor candidato.

Um brilhante orador, professor, empresário, médico, juiz ou advogado, nem sempre pode ser qualificado para “guia dos Irmãos” de uma Loja Maçônica.

Ter um nome famoso, riqueza e posição social, dispor de força ou de autoridade, não são qualificações para este fim.

Devemos ter a certeza de que ele possui conhecimentos maçônicos, compreensão e prática da fé raciocinada que deverá utilizar para facilitar a jornada evolutiva de todo o quadro de obreiros da Loja.

Devemos também assegurar-nos de que tem a vontade “correta” para desempenhar este cargo.

A vaidade pode conduzir um homem a considerar-se poderoso e infalível; porém, os mais avisados sabem que na Maçonaria não existem “poderosos e infalíveis” e, sendo uma fraternidade, não há outra Instituição onde melhor se aplique o lema: “liberdade, igualdade, fraternidade”.

Um dos problemas internos das Lojas é que muitos Irmãos mais presunçosos e despreparados, depois de serem exaltados, deixam de estudar, achando que atingiram a “Plenitude Maçônica”.

Estes são os primeiros a tentar encontrar vias rápidas e alternativas para serem candidatos ao cargo de V:.M:., tendo sucesso em Lojas que, sem critérios ou cuidados, promovem a sua eleição, propiciando o desrespeito pelas tradições da Ordem por pura omissão, conivência ou até covardia.

Outras vezes Irmãos, por melindres, intrigas, ou apenas pela satisfação de vaidades pessoais ou birra, indicam candidatos para o “trono de Salomão”, somente em função dos seus relacionamentos.

Estes candidatos, uma vez eleitos e empossados, pouco contribuem para a Ordem Maçônica e/ou para a Loja, tendem a banalizar a ritualística, ou a achar que mudar e inventar futilidades é sinônimo de modernização e inovação.

É necessário que meditem sobre a disciplina que envolve o estudo, a reflexão em torno dos princípios maçônicos, e o empenho responsável de renovação do verdadeiro maçom.

O que devemos fazer para ajudar a impedir o sucesso desses insensatos que faltam à fé jurada?
• Percebendo qual será o seu “programa administrativo ou de trabalho”;
• Vendo o modo como se comportaram nos cargos exercidos nos últimos anos;
• Avaliando se aprenderam a lidar com o diferente;
• Percebendo que grau e que tipo de envolvimento têm com a Loja e com os IIr:..
• Considerando o seu carisma, ou seja, as suas qualidades de liderança.

É imprescindível ter também em consideração aspectos como, o conhecimento doutrinário; se chefia a sua família de forma ajustada; se dispõe de tempo disponível que possa dedicar à Loja e à Ordem, sem com isso prejudicar a sua atividade profissional e familiar, etc.

Quanto mais claramente conseguirmos ver as qualidades do candidato, mais valioso ele se torna para nós.

Somando o conjunto destas e de outras qualidades, podemos avaliar, se no seu conjunto, o candidato reúne o necessário para assumir este desafio.

Uma escolha apressada de alguém desqualificado poderá trazer resultados muitas vezes desastrosos.

Não bastam anos de frequência às reuniões ou a leitura de alguns livros maçônicos, para se dominar o conhecimento exigido.

Para desempenhar este cargo, é preciso estudar.

Única forma de alcançar o conhecimento necessário – porque aprender é, evidentemente, um ato de humildade.

Mas para adquirir sabedoria, é preciso observar.

Só assim conseguiremos, ao invés de colocar o homem no centro de tudo, descobrir o tudo que está no centro do homem.

Para desempenhar este cargo, é preciso também “estarmos envolvidos”; é preciso preocuparmo-nos com os nossos IIr:., com a Loja em si mesma, com a Ordem, etc.

Em resumo, é preciso sentirmos que o nosso percurso está intimamente ligado a todos os que de alguma forma se relacionam, direta ou indiretamente, com a Loja.

Desempenhar as funções de V:. M:. implica  em investir no reforço das suas ligações à Loja e entre eles próprios.

O candidato, quando preparado e com o perfil adequado, pode desempenhar esta missão, conduzindo-a com mãos suficientemente fortes para afagar e aplaudir; sabedoria para ensinar e modéstia para aprender, e por este conhecimento, fazer-se paciente, puro, pacífico e justo; adquirindo a aptidão para reconhecer o seu limitado poder e abundantes erros; a sua capacidade e suas falhas; os seus direitos e deveres; dispor de força para, ciente de tudo isso, libertar-se das paixões humanas e assim adquirir a antevisão e o equilíbrio necessários para se livrar dos obstáculos no seu Veneralato, levando Paz, Amor Fraternal e Progresso à sua Loja.

O V:. M:., escolhido tem que ser um líder agregador que entusiasme os seus Irmãos pela sua dedicação e abnegação à Maçonaria.

Os grandes Mestres sabem ser severos e rigorosos sem renegarem a mais perfeita benevolência.

Tratam os Ilr:. da forma como desejam ser tratados e ajudam-nos a serem o que são capazes de ser: Filhos amados do Grande Arquiteto do Universo, portanto IRMÃOS.

O V:. M:. precisa compreender que assiste ao outro o direito de ter uma opinião divergente da sua.

Deve procurar criar uma empatia com o crítico, ver o assunto do ponto de vista dele, manifestando entender o seu sentimento.

Sendo todos iguais, ninguém é mais forte ou mais fraco e deixa que perceba isso.

Só assim ele compreenderá que o seu direito de opinar (participar) está a ser respeitado.

Quando um Irmão necessita falar ouve-o; quando acha que vai cair, ampara-o; quando pensa em desistir, estimula-o.

A bondade e a confiança dos seus pares que o elevaram a essa posição de destaque, exige ser usada com sabedoria, aplicando-a no comprometimento da justiça, nunca na causa da opressão.

No desempenho de sua função terá sempre em consideração que ninguém vence sozinho, mas jamais permanecerá ofuscado pelas influências dos que o apoiaram ou se deixará dominar por qualquer tentativa de predominância.

Ele, como V:. M:., é responsável por tudo o que acontecer de certo ou de errado em sua Loja.

Por mais que se queixe da “herança perversa recebida” do seu antecessor; de Iniciações de candidatos mal selecionados, fardos que agora estão a seu cargo; de Irmãos que faltam ao sigilo, à disciplina; da desorganização da Secretaria e da Tesouraria da Loja, que motivam contrariedades, causam prejuízos de ordem moral e monetária de difícil reajustamento.

Perante um cenário destes, deve concentrar-se antes no que tem feito para modificar, agilizar e melhorar este quadro.

A condução de uma Loja dá trabalho, requer paciência, é como se fossemos tecer uma colcha de retalhos, tratar de um jardim, cuidar de uma criança.

Deve ser feita com destreza, dedicação, vontade e habilidade.

Importa também perceber que temos nos nossos Irmãos os reflexos de nós mesmos.

Cabe-nos, por isso mesmo tentar compreendê-los, pela própria consciência, para poder extirpar espinhos, separar as coisas daninhas, ruins, que surgem entre as boas que semeamos no solo bendito do tempo e da vida, já que se não forem bem cuidadas serão corrompidas.

A atitude do V:. M:. pode ser descrita como um conjunto de diversos aspectos complementares:

• Fraternidade – quando o V:. M:. lança a semente da união.
• Consciência – quando nos convida a analisar os nossos feitos para reconhecer erros cometidos.
• Indulgência – quando aos defeitos alheios pede paciência.
• Amor – quando floresce um sentimento puro de amizade aos olhos de todos.
• Bondade – quando convive com os nossos erros, incompreensões, medos, desânimos, perdoando de boa vontade.
• Justiça – quando deixa que cada um receba segundo os seus atos.
. Felicidade – quando nos lábios de um Irmão aparecer um sorriso, e outro sorri também, mesmo de coisas pequenas para provar ao mundo que quer oferecer o melhor.
•  Instrutor – quando valoriza a ritualística, o simbolismo, utilizando as Sessões Ordinárias como uma forma objetiva de instruir o Irmão, incentivando o estudo e a discussão de tudo que seja relevante para a Ordem em particular e para a sociedade em geral.
• Maestria – quando estimula os II:. a apresentarem trabalhos de conteúdo, elaborados por eles, e recusa simplesmente cópias retiradas de livros, revistas ou Internet.

Enfim, escolham bem seu próximo Venerável Mestre,ou as vitimas podem ser vocês!

 Ir.Denilson Forato M.I.



Postagem em destaque

SIGNIFICADO DA MAÇONARIA PARA O MUNDO E A HUMANIDADE: UMA REFLEXÃO

  Gostaria de começar este artigo com a pergunta: Qual é o significado mais profundo da franco-maçonaria no desenvolvimento do mundo e da hu...