Introdução
Como sabemos a Maçonaria é uma
instituição iniciática por excelência, onde todo candidato para pertencer à
Ordem precisa passar por uma cerimónia muito especial no seu procedimento,
conteúdo e objetivo. Cerimónia que, simbolicamente evidencia a necessidade do
candidato “morrer para a vida profana” e “renascer para a vida maçónica”
tornando-se um Maçom Aprendiz, ou seja, o início de uma nova vida, uma nova
etapa na sua caminhada terrena que se efetiva com a tão necessária “Arte de
Construir” o Templo ideal, o principal objetivo proposto pela Maçonaria,
comprometida dessa forma com o projeto do CRIADOR : O HOMEM, para que , o
mesmo, assim preparado consiga ser um construtor social e um preservador do
equilíbrio do imprescindível e maravilhoso ecossistema.
INICIAÇÃO – Derivado da
mesma raiz latina initia, na acepção de adquirir os primeiros rudimentos
de uma ciência; maçônicamente, admissão ritualística aos mistérios da
Franco-maçonaria ou de um grau maçônico; p. Ext., início de uma nova vida
religiosa, filosófica, social ou ética [1].
A autêntica iniciação ou a
iniciação real.
A INICIAÇÃO REAL é uma ciência,
mas que, através de uma metodização, um programa de ensino e formação, exige um
trabalho muito mais aprofundado, que se relaciona com a Fisiologia e a
Evolução. Não pode ser atingida unicamente através de uma representação
simbólica, conduzida inadequadamente através de um processo ritualístico e
litúrgico, de forma aleatória, sem o rigor e o conhecimento que o ato exige.
Uma autêntica iniciação é aquela
que acontece através de um processo contínuo de evolução, levando o iniciado há
nele mesmo realizar essa ascensão, sondando com calma e muita atenção as
profundezas do seu íntimo e a partir desse aperfeiçoamento construir o seu
próprio caminho.
É, portanto, um progresso
alcançado num sentido moral, que REQUER um processo de iniciação, eficaz, firme
e com um propósito claro, o de restaurar a obra-prima da espécie humana.
A leitura, única, do Ritual de
Iniciação nunca poderá substituir a experiência de participar neste verdadeiro
EVENTO PSICO-DRAMÁTICO que é a Cerimónia de Iniciação Maçônica.
ISTO É FÁCIL? COM ABSOLUTA
CERTEZA NÃO! POIS, as transgressões, os vícios, as iniquidades, as paixões, a
rebeldia, o fanatismo e uma série de outras fraquezas e mundanidades carnais
encontram-se firmemente estabelecidas em nós e nos dificultam, romper esse véu
mental necessário para podermos reconstruir o nosso templo interior e nos
aproximar do G∴ A∴ D∴ U∴.
A iniciação Maçónica só poderá
tornar-se completa em si mesma, quando o Maçom, depois de ter galgado
sucessivamente os degraus do Aprendiz, do Companheiro e do Mestre, e ao chegar
neste último grau simbólico ter assimilado, durante esse tempo, a habilidade de
saber conduzir com força, beleza e sabedoria os instrumentos e os
conhecimentos necessários para romper o denso véu mental, constituído
pelo racionalismo esterilizante e pelas imperfeições da razão e do
coração que se formou no decorrer da sua vida profana, orgulhando-se das
suas conquistas esquecendo que tudo vem daquele que é “o Alfa e o Ómega, o
Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim”. Somente assim terá a felicidade de
alcançar a transcendência.
Considerações finais
A Maçonaria é uma verdadeira escola
de iniciação, mas ninguém conseguirá a autêntica iniciação a não ser pelos
seus próprios meios, PROLONGADOS ESFORÇOS e intensos estudos, sem outro
qualquer auxílio, a não ser as orientações contidas nos rituais, livros e
através das instruções, de significativo conteúdo, recebidas pelos seus
Mestres.
Como dizia René Guénon,
“a ensinança iniciática
exterior e transmissível nas formas não é, na realidade, senão uma preparação
do indivíduo para adquirir o verdadeiro conhecimento iniciático em consequência
do seu trabalho pessoal”.
O verdadeiro caminho iniciático é
a busca de si mesmo, além de estudar como o universo se estrutura com as suas
leis e, como o homem como arquiteto pode ajudar positivamente nele e em outras
criaturas vivas e demais componentes dessa maravilhosa construção universal.
Assim, o iniciado não deverá limitar-se
apenas às definições morais nem a decorar os rituais ou orientar-se em
instruções apresentadas através do superado jogral, mas sim, através de
consistentes e atualizados métodos e metodologias, aqui não podemos deixar de
fazer bom uso da andragogia e da tecnologia.
O uso da ciência também é importantíssimo
e cada vez mais necessário, assim como o da filosofia. Precisamos aliar-nos à
ciência, pois em muito irá nos ajudar a ampliar os horizontes do nosso
conhecimento como um todo, em especial o iniciático. Entretanto precisamos ter
o mais absoluto cuidado para não nos tornarmos um racionalista
fanático que nos afasta do conhecimento, da ascensão espiritual e daquele
que é o Arquiteto Universal.
O maior desafio da Maçonaria Moderna,
é o de preservar-se, mantendo-se fiel ao seu espírito iniciático; A Maçonaria,
como instituição, não é a agente atuante, a nós maçons, cabe a responsabilidade
de preservá-la, mas, para isso precisamos diariamente mergulhar na nossa câmara
de reflexão para distinguir permanentemente o profano do verdadeiramente
transcendente, no propósito iniciático de: encontrar em nós mesmos o nosso
princípio criativo.
Portanto, a cerimónia de
iniciação, para os recém iniciados, é de enorme importância, em função do
significado emocional por todo o simbolismo que nela se expressa e que deixa
gravado na mente e no coração de cada Irmão Maçom, um profundo traço de sentimento,
positivismo e delineamento dos objetivos da Maçonaria aos quais deve, aos
poucos, atingir, polindo a sua Pedra Bruta, das arestas da fraqueza humana, com
muito estudo e com a prática de ações de bem, tolerância, fraternidade, amor ao
próximo, beneficência, luta contra o fanatismo e dogmatismo, tudo pelo bem de
si mesmo e da sociedade como um todo.
Não nos podemos esquecer que nesse
processo, em busca da INICIAÇÃO REAL requer um exercício fundamental nas nossas
ações, ou seja PRECISAMOS APRENDER A EDUCAR O NOSSO comportamento de forma que
todas as ações não sejam tomadas por IMPULSO e sim por INSPIRAÇÃO.
Reações sem pensar provocam consequências muito complicadas.
Também ao Aprendiz, cabe observar
o melhor caminho e o tempo necessário para a sua evolução, nessa tarefa, o
próprio iniciado deverá construir o seu caminho, através das instruções e
ensinamentos transmitidos através dos símbolos, alegorias, ritualística,
filosofia, espiritualidade, história, ética e moral e estudos contemporâneos.
Para isso já deve receber e aos poucos se ir familiarizando com um Programa de
Ensino e Formação Maçónica, construído para o Rito que está praticando.
Nesse processo, é importante salientar,
que não cabe ao Mestre querer mostrar o caminho e sim ESTIMULAR, INCENTIVAR, O
INICIADO A CONSTRUIR O SEU PRÓPRIO CAMINHO, dentro desse espectro de instruções
e orientações que a Maçonaria coloca a disposição dos seus filiados. JAMAIS OU
DE MODO ALGUM, TEMOS O DIREITO DE DIRECCIONAR, APONTAR, NORTEAR OU INFLUENCIAR
O INICIADO.
Todo iniciado para atingir a AUTÊNTICA
INICIAÇÃO precisa ser um AUTODIDATA – ESTUDIOSO E INTERESSADO, para ser capaz
de aprimorar as três QUALIDADES INDISPENSÁVEIS AOS MAÇONS – VONTADE,
INTELIGÊNCIA, SABEDORIA E OU AMOR. Elas devem existir, em cada um de nós, em
equilíbrio perfeito, para que possamos viver uma vida plena, baseada no amor
ao próximo, ser útil a humanidade, bem como preservar o equilíbrio do meio
ambiente em que vivemos.
Todos nós temos diferentes níveis
de cada uma destas características e o importante é procurar equilibrá-las o
máximo possível, pois tudo na vida é EQUILÍBRIO.
Para alcançar esse EQUILÍBRIO é
necessário ESTUDAR e FILOSOFAR, isto é, refletir sobre questões fundamentais
da vida humana porque quem o faz sente que precisa de uma resposta a essas
questões para viver melhor.
Assim, quando o iniciado alcançar
a AUTÊNTICA INICIAÇÃO, irá efetivamente entender o significado do propósito
para o qual foi escolhido e assim andar no verdadeiro caminho da Luz,
equilibrado, íntegro, pacífico e de vida transparente.
A Gilberto Raul – ARBLS Ordem
e Trabalho n° 25 – REAA – Or. de Brusque – GOSC – COMAB – CMI
Notas
[1] Joaquim Gervásio de
Figueiredo 33O, Dicionário de Maçonaria, Seus Mistérios, Ritos, Filosofia,
História Editora Pensamento São Paulo SP.
Bibliografia
FIGUEIREDO 33°, Joaquim
Gervásio, Dicionário de Maçonaria, Seus Mistérios, Ritos, Filosofia, História.
Editora Pensamento. São Paulo – SP.
BOUCHER, A Simbólica Maçônica.
Tradução de BARROS, Frederico Ozanam Pessoa de. Editora Pensamento. São Paulo
– SP.
ADOUM, Do Aprendiz e Seus
Mistérios 1° Grau Esta é a Maçonaria. Editora Pensamento. São Paulo – SP.
BAPTISTA, Antônio Augusto
Queiroz. O desbastar da pedra bruta. Londrina: Ed. Maçônica “A Trolha”. 2004.
NALLY, Luis Javier Miranda MC.
Iniciação. Editora Maçónica “A
TROLHA” Ltda. Londrina – PR.
Arquivo: CMI Artigo A Autêntica
Iniciação dez. 2021.
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