Enquanto
AP.’. M.’., e, principalmente nos seis primeiros meses, vivi a angústia pela
ansiedade de conhecimento da vida maçônica, o meu maior tormento, era estar
impossibilitado de falar em loja, pois que, na minha condição o uso da palavra
só me seria dado, após a minha elevação ao G.’. de C..’. M..’.
Discordando
dessa norma, por várias ocasiões, me vi em conflito por querer de alguma forma
me expressar, contestando e argumentando em cima dos temas colocados e
debatidos em loja. Porém com o passar do tempo, cheguei à conclusão de que se
naqueles momentos relatados, eu houvesse me manifestado, provavelmente o faria
de forma desastrosa, incoerente, ou sem nenhum fundamento dos ensinamentos
maçônicos, visto que, não tinha conhecimento suficiente para argumentar sobre
qualquer assunto maçônico que ali fosse colocado.
A partir daí pude começar a compreender e
aceitar o fato do silêncio imposto ao AP.’. pois que seu primeiro aprendizado
vem do aprender a ouvir.
Tão importante quanto saber falar, é
saber ouvir. Muitas vezes somos traídos pela tendência de falar sem pensar.
Podemos dizer que saber ouvir caminha ao lado de saber falar; sugiro agora uma
pequena reflexão: quantas vezes respondemos antes que nosso interlocutor tenha
concluído seu pensamento?
Quantas vezes começamos a ficar
impacientes enquanto o outro procura fazer-se entender?
Quantas vezes apressamos, monopolizamos
paralisamos os que tentam exprimir seus pensamentos, com a nossa expressão
facial de desaprovação, invalidação, menosprezo e desqualificação?
Quantas vezes já fizemos com que o outro
parasse de falar, por sentir que não adianta tentar completar seu pensamento?
Saber ouvir exige que façamos opção
consciente em apreender o que se passa com o outro, de forma solidária e sem
preconceitos, com o objetivo de buscarmos o entendimento.
O diálogo nem sempre é uma tarefa fácil,
pois envolve a disponibilidade para aprender novas ideias, quando antes
gostaríamos de ensinar; humildade para reconhecer que não somos perfeitos e que
não sabemos tudo a respeito de todos os assuntos e admitir a coerência de
fundamentos e ideias que não são nossos.
Ouvir é muito diferente do ato de
escutar. Escutar é o uso puro e simples do sentido da audição e só não escuta
quem é surdo. Ouvir vai além do simples ato de escutar, é uma ação mais
profunda pois nos envolve por inteiro e é um processo ativo, ao contrário do
que muita gente imagina.
É também, a mais extraordinária das artes
a ser dominada pelo homem. ouvir é renunciar! Vivemos imersos em cogitações
pessoais e é raro conseguirmos passar algum tempo sem pensar em nós mesmos.
Talvez por essa razão a maioria das pessoas ouça tão mal, ou simplesmente não
ouça.
Sugiro alguns pontos que podem lhe ajudar
a ser um melhor ouvinte: -Fale menos, pois você não pode ouvir enquanto estiver
falando.
-Deixe o outro terminar suas frases sem
interrompê-lo.
-Ouça sem ficar contra-argumentando internamente,
isto dificulta a sua compreensão.
-Acalme a sua mente! Não discuta
mentalmente enquanto ouve!
-Controle suas emoções, pois elas podem
constituir sérias barreiras à comunicação eficaz.
-Coloque-se no lugar do outro para poder
compreender o que ele está dizendo.
-Pergunte quando não entender, quando
sentir que precisa de mais esclarecimentos; e também quando desejar mostrar que
está escutando.
-Reaja às ideias e não à pessoa.
-Discordância não é sinônimo de rejeição.
-Evite julgamentos precipitados, espere
até que todos os fatos sejam colocados antes de fazer qualquer julgamento.
Quando os fatos colocados o abalarem emocionalmente, diga que vai esperar algum
tempo antes de responder, aproveite esse tempo para refletir e só depois
responder. Quando compreendemos o outro, muitas vezes passamos a nos
compreender melhor.
-Olhe nos olhos enquanto conversa e
encoraje o outro a continuar falando. -Não converse assistindo à televisão ou
lendo um jornal, alem de falta de respeito e de educação, desestimula o diálogo
e impele o outro a buscar outras pessoas para falar (até mesmo sobre você).
Saber ouvir leva tempo, prática e
paciência. É uma arte que mantêm vivos o respeito, a afeição, a amizade, o
sentimento de confiança que o outro deposita em nós. Faz com que nossos
clientes, colegas de trabalho, filhos, cônjuges e namorados, sintam-se como
pessoas importantes e amigos privilegiados.
Assuma, hoje mesmo, um compromisso de
falar menos e ouvir melhor.
E agora me dirigindo principalmente aos
meus IIR.’. AP.’., a lição mais importante que se pode ter em loja para um
pleno aprendizado desta fantástica escola de vida reta que é a Maçonaria, é
APRENDER A OUVIR, porque o G A D U nos dotou de um par de orelhas, e uma boca,
e aplicando tais ensinamentos à nossa vida profana, estaremos permitindo que a
maçonaria entre em nós, pois que para ela, nós já entramos.
RIO DE JANEIRO, 20 DE MARÇO DE 2010.
CLAUDIO GONÇALVES BARROS DE ABREU CM.’.