Os outros (liberais)
partem do postulado da liberdade de crença ou não no Criador, uns e
outros, sem se remeterem a uma posição contemplativa, buscam o seu próprio
aperfeiçoamento, "não faças aos outros aquilo que não gostavas que te
fizessem", mas com efeitos diversos ao nível de intervenção na
sociedade.
De fato, enquanto os
regulares situam-se no plano do sagrado, os outros se colocam no campo do
laicismo, e consequentemente envolvem-se mais diretamente na vida profana
que procuram aperfeiçoar, senão mesmo transformar.
Para um maçom
"regular" a sociedade só será mais perfeita se isso decorrer
do processo de aperfeiçoamento individual, de cada um, enquanto para um maçom "irregular",
o essencial é ser ele o agente da transformação da sociedade. Isto é, passa
o maçom em vez de ser o destinatário das suas reflexões e
consciência, para procurar o auto- aperfeiçoamento, a considerar-se o
agente de transformação e da perfeição da sociedade.
Bem se compreende que
esta atitude possa gerar desde logo, a quebra de harmonia entre os maçons.
Ultrapassada a intimidade de cada um, em que só cada qual é juiz de si
próprio, e de acordo com os parâmetros da sua autodefinição, sendo,
portanto responsável pela sua própria consciência, os maçons irregulares
confrontam-se exteriormente sobre as varias atividades que poderão
contribuir para transformação e aperfeiçoamento da sociedade... e
estas serão tantas quantas as percepções do que é a perfeição da
sociedade. (...)
Aos que se
consideram maçons regulares, para que efetivamente o
sejam, é necessário serem reconhecidos como tal, é indispensável que
tal estatuto lhes seja reconhecido.
De fato o
reconhecimento é essencial para atestar um dos requisitos fundamentais e
integradores da regularidade, que é o da legitimidade da transmissão da
própria regularidade. Só assim se constitui legitimamente a regularidade.
Um pouco à semelhança
do próprio processo de reconhecimento da independência dos Estados, em que
não basta a proclamação unilateral de independência, é crucial que a
comunidade internacional a reconheça, e depois, para ser verdadeiramente
membro de pleno direito da comunidade internacional, ou de comunidades
regionais (como os Estados membros da União Europeia), é ainda necessário
o respeito da legalidade universal, que tem como referência a declaração
universal dos direitos do homem.
Um maçom que respeite
as regras da regularidade tem, pois de respeitar as suas regras
essenciais: Os landmarks, as constituições, os regulamentos,
a regularidade da transmissão maçônica, enfim o próprio cumprimenta das
leis civis.
Um maçom que, portanto
seja irregular quanto à sua filiação numa Grande Loja ou Grande Oriente
irregular, não pode ser considerado regular pela comunidade maçônica
regular... não pode pois aceder a sessões rituais regulares. Só o poderá
fazer se, e quando por um processo dito de regularização, deixar
a sua obediência irregular e for recebido como regular por uma
obediência maçônica com estas características.
M.E. -L.N.C.