O cuidado com a preservação
de valores, usos, costumes e tradições instituídos pela maçonaria deve ser
encarado com seriedade, sob pena de execração pública da instituição.
A quantidade de Lojas
espalhadas pelo Brasil está demonstrando que nem sempre quantidade denota
qualidade. No que tange à escolha do cidadão que vem a integrar o quadro de
obreiro de lojas, muitas falhas estão ocorrendo por culpa única dos próprios
maçons que têm o arbítrio de escolher seus pares.
A estrutura de certas
oficinas, criadas de afogadilho, deixa muito a desejar quanto à administração,
faltando-lhes instruções adequadas para o cumprimento das leis regula do da
Instituição. Com obreiros sem condições de assimilar regulamentos e leis, estas
lojas nem sempre buscam informações adequadas sobre aqueles a quem acabam iniciando.
Muitos absurdos são
cometidos até mesmo pela cúpula das chamadas Potências Maçônicas.
Preliminarmente coloquemos
em foco o velho problema da escolha do candidato a se tornar maçom centrado na
SIN-DICÂNCIA que a Loja deve fazer a respeito da personalidade do cidadão. A
recepção do neófito e o preparo do aprendiz só se efetivarão a contento, se a
Loja tiver em seu quadro instrutores capazes, ou seja, maçons capacitados em
todos os níveis e graus.
Em foco, examinemos o caso
de respeitável Potência Maçônica que instituiu para as Lojas a ela
jurisdicionada um questionário a ser preenchido pelo Sindicante. Neste questionário
estão inseridas verdadeiras aberrações.
È sabido que nosso Código
Civil atual e em vigor aboliu o instituto da chamada “outorga uxória” e, mesmo
assim, sindicantes maçônicos, seguindo requisitos de tal questionário a eles
apresentado, atrevem-se a inquirir a esposa do candidato sobre a concordância
dela quanto ao marido ser iniciado na maçonaria.
Entendemos que, ao preencher
uma proposta, ou mesmo requerer ingresso na maçonaria, o candidato informou-se
ou foi informado sobre a Instituição e, se casado, obviamente, deu conhecimento
desta pretensão a sua consorte.
Sabe-se que, no Brasil de
hoje, a instituição casamento, em grande parte, cedeu lugar à União estável
entre um homem e uma mulher cada vez mais emancipada. O casal subsiste sem que
a mulher ou o homem tenha que dar satisfações sobre suas peculiaridades
econômicas individuais. A separação judicial e o divórcio não são mais
empecilhos para que o cidadão venha a ser iniciado maçom.
No entanto, muitos sindicantes
puritanos e conservadores, seguindo questionários ultrapassados, chegam ao
cúmulo de comparecer na casa ou no trabalho do candidato à cata de indagações
sobre a conduta dele. Imaginemos uma Juíza de Direito, uma executiva, empresaria
professora universitária ou qualquer profissional mulher ocupadíssimas,
perdendo tempo informando sobre o comportamento do marido em casa e na
sociedade.
Um maçom recentemente
iniciado deu conhecimento a seu Venerável que esposa dele foi procurada em casa
por determinado indivíduo que se identificou como maçom e fez a ela inumeráveis
perguntas sobre a vida do casal. Verdadeiro absurdo foi esse dito mestre maçom
pedir que referida senhora nada contasse ao marido sobre a visita.
Pessoa esclarecida, nossa
hoje cunhada, tão logo chegou o marido em casa, desabafou: “Pelas perguntas
indiscretas feitas a mim por um cara que se apresentou no meu trabalho como
maçom, fico muito preocupado com sua entrada nessa maçonaria. Perdi um tem-pão
fora do serviço e tive que justificar com o chefe. Será que vale a pena você
entrar nessa instituição?” - Ele entrou e é excelente irmão.
Pior, ainda, o fato de outro
maçom sindicante ter comparecido na residência do sindicado, levando consigo a
esposa para fazer verdadeira devassa na vida do candidato, inclusive colocando
toda a loja contra ele face às respostas inseridas no famoso questionário.
Sem polemizar, condenamos veementemente
uma pergunta inserida em polêmico questionário assim redigida: Quanto ganha
mensalmente o candidato? E vem a segunda bomba: Pode o sindicante informar se o
candidato tem outros rendimentos?
Esqueceu esse inquisidor
incompetente que hoje em dia, pelos termos da Constituição federal em vigor,
todo cidadão é honesto até prova em contrário e só se obriga a informar seus
ganhos à Receita Federal.
Sob nosso entendimento só
pode o sindicante informar se o sindicado tem emprego fixo ou meios de se
manter, juntamente com a família.
Apurar isto é obrigação
dele. Mister que ele informe também se o cidadão possui condições de arcar com
ônus aos cofres da Loja maçônica sem sacrifício próprio ou da família. É de se
repetir que, ao preencher um formulário proposta, visando à possível admissão
numa Loja Maçônica, o candidato ou re-querente é informado sobre os gastos que
deverá ter se for aceito maçom.
Situações ridículas,
equivocadas, conflitantes e ilegais estão fazendo com que os maçons mal
iniciados e carentes de cultura em todos os níveis denigrem a instituição.
Passemos à senda da
interpretação gramatical de dois vocábulos, ambos os verbos da primeira conjugação,
cujo sentido denotativo o maçom não pode ignorar:
O verbo sindicar, empregado
nos regulamentos maçônicos de todas as potências, difere do verbo entrevistar
e, mesmo assim, questionários maçônicos anacrônicos e sem nexo inserem
perguntas diretas ao candidato que só podem ser respondidas por ele mesmo.
Sindicantes mal instruídos e sem cultura têm entendido e insistido que sindicar
é entrevistar o candidato, chegando mesmo a fazer tais entrevistas acompanhadas
da esposa.
Em Loja, normalmente, três
irmãos são escalados para sindicar o candidato. Entendemos que esses irmãos devem
ser escolhidos sem saber quem é quem para colher informações sob ângulos
diferentes. Pode o Venerável, inclusive, substituí-los a qualquer tempo, ou
mesmo ignorar as informações por eles trazidas se assim lhe convier.
È condenável, sob todos os
aspectos, o contato direto do sindicante com o candidato em verdadeiras
entrevistas. Qualquer contato com o candidato implica que o maçom se faça dele
conhecido, tornando-se, em caso de recusa, alvo direto de questionamentos e
situações embaraçosas para a Loja e obreiros Face ao preenchimento de uma proposta
de admissão ou mesmo requerimento de iniciação, loja nenhuma assume obrigações
para candidato(s).
Ao cidadão que quer ser
maçom deve ser dado conhecimento de que informações serão colhidas sobre sua
vida Ideal e correto e legal é que ele declare aceitar que a Loja promova
levantamento(s) sobre seu caráter não assumindo para com ele nenhuma obrigação
de informá-lo sobre quaisquer obstáculos a sua aceitação na maçonaria.
O desvario imposto pelo
desconhecimento de Leis, Normas, Rituais, Regulamentos Maçônicos e
Constituições de potências está sendo consumado. Certas lojas estão
introduzindo em seus templos, durante as chamadas sessões econômicas, cidadãos
vendados para sondar-lhes o espírito.
Depois de responderem a uma
série de perguntas são eles retirados do templo para que os irmãos decidam se
podem ou não ser iniciados.
Onde vamos parar com
absurdos dessa natureza? Quem é vendado é o neófito, jamais o candidato! O
cidadão só pode passar por provas de qualquer natureza e adentrar no templo
depois de sua aprovação por escrutínio secreto.
Já existem lojas com essa
absurda ilegalidade e eu assisti pasmado, a esta prática defendida pelo
Venerável mestre como inovação da sua
Loja.
Na condição de visitante
protestei, mostrei o erro e, por espírito de tolerância, aguardei o momento
próprio para denunciar tal fato, tornando-me, a par disso, discípulo do
“Palavras loucas, ouvidos moucos”.
Só para apimentar a questão
imaginem se um desses homens vendados morre dentro de um templo maçônico sem
ser maçom e a família promove ação judicial contra a Loja. Seria uma ação
judicial contra a Loja tal, da potência tal, ou uma Ação Judicial contra a MAÇONARIA?
- Penses-mos, oremos, meditemos...
Cumprindo a ritualística
Iniciática, revestida de símbolos invulgar, na recepção do avental, o venerável
informa ao novo irmão que ele tem deveres e obrigações para com a maçonaria e o
maior deles é o compromisso do Silêncio.
Esse compromisso está sendo
relegado a terceiro plano por desleixo e comodismo, pois sequer está sendo
informado ao iniciando que rituais, aventais, livros e documentos maçônicos
devem ser preservados do conhecimento de terceiros.
O que se constata é que
mesmo mestres maçons deixam documentos velados sobre maçonaria jogados em suas
mesas de trabalho ao alcance de qualquer um ou mesmo entregues à guarda da
esposa e filhos. Em face dessa atitude incorreta e condenável é que editoras
estão faturando alto, tornando público assuntos maçônicos.
Não adianta reclamar nem condenar,
pois muitas dessas publicações, com reportagens bem escritas, e demonstrando
maior conhecimento que muitos maçons são trabalhos de competentes e jovens
mulheres jornalistas.
Desleixos de toda natureza
são cada vez mais observados, contando com a anuência daqueles que, em nome do
comodismo, das medalhas e dos galardões se calam ou omitem. Quando se trata de
preservar valores, importa ao maçom o dever de cumprir com os compromissos
assumidos na iniciação e o maior deles é o completo silencio sobre o que lhe é
ensinado e deve ser praticado.
Resolver a questão do
aprimoramento do quadro de obreiros das Lojas com escolhas certas de homens
certos e comprometidos com a justeza e perfeição dos atos é o que importa hoje
e sempre. Do maçom exige-se instrução constante, leitura e motivação.
A modernidade impõe ação e a
tecnologia conhecimento. A ação maçônica mal ordenada perde importância à
medida que deixa de lado a capacidade crítica e desloca o filósofo especulador,
transformando-o em mero repetidor de rituais como um tambor que soa, mas é oco.
As sociedades humanas se urbanizaram e o mundo se globalizou com as informações
circulando a velocidades incríveis. Atividades humanas corretas são hoje
imprescindíveis com aplicação estratégica, visando à sustentabilidade de
qualquer projeto ou instituição. Embora muitos condenem e vejam como verdadeiro
tabu a questão religiosa e política associados com maçonaria, verdade é que a
atividade maçônica tem muito de natureza política, pontificando a religião.
Nosso doutrinamento, se bem
assimilado, é harmonicamente coerente com a ação política, logo as Lojas
Maçônicas devem ser focos irradiadores da participação de seus membros na
política nacional. Eleger para os diversos cargos públicos homens sérios, com
firmeza de caráter e moldados para a arte de servir, é disseminar maçonaria.
A democracia está a exigir
que a ética se imponha como sustentáculo num país atolado na corrupção. De
todos os cantos da nação surgem manifestos, exigindo presença maçônica
participativa, evocando ecos e brados cívicos de nossos ancestrais homens de
avental. Omitir é acovardar-se, a isto os maçons jamais se quedarão.
Escolher bem quem deve ser iniciado,
capacitando o aprendiz, companheiro e mestre deve ser prioridade das Lojas e
não espelho retrovisor de altos cargos, medalhas e títulos, meros sustentáculos
de vaidades. A esteira do progresso de nossa Instituição impõe missão de
conhecimento e sabedoria, repetindo o salmo bíblico salomônico:
“Com a sabedoria edifica-se
a casa; com a inteligência ela se firma”.
O conhecimento dos fatos, a
justeza dos atos e submissão à ética evidenciam o maçom como homem de bem
revestido de Sabedoria, Força e Beleza. Verdadeiramente iniciado o maçom SABE,
ENSINA E PROGRIDE, sem se envolver com corrupção e honrarias de graus e altos
cargos. A participação dos maçons nos destinos da sociedade sempre representou
para a consciência brasileira uma referência valiosa em vista do seu papel de
formadores e opinião e de nacionalidade.
A Pátria ordena que a
maçonaria seja cada vez mais participativa.
MAÇONS ALERTA!
SUSTENTEMO-NOS... OU PARTICIPAMOS OU
SUCUMBIMOS...
* Irmão GERALDO RIBEIRO DA
FONSECA M.I. Oriente de Barbacena -
Minas Gerais.
Artigo elaborado para a XVI encontro de Membros Correspondentes
– Loja Fraternidade Brazileira de Pesquisas Maçônicas de Juiz de Fora Minas
Gerais e Jornada Maçônica de São Paulo. Encontro em São José do Rio Preto- São
Paulo e Jornada Maçônica de São Paulo-2011