O “Tronco da
Viúva” é também designado por “Tronco da Beneficência” ou “Tronco da
Solidariedade”.
Ao Tronco da
Viúva são lhe atribuídas várias origens, pelo que uma das mais assumidas pela
Maçonaria tem origem bíblica.
Hiram Abif,
mestre construtor do Templo de Salomão era filho de uma viúva. Mestre esse, que
foi assassinado por três companheiros seus, por não querer divulgar os segredos
de construção a que estava sujeito como mestre-de-obras.
Esse
assassinato veio mais tarde a originar uma das mais importantes lendas da
Maçonaria; a qual está na base da maioria dos ritos maçônicos atuais. Advindo
dessa lenda, o epíteto de “Filhos da Viúva”, com que se costumam designar os
Maçons.
O fato de se
designar por “tronco”, deve-se ao fato dos trabalhadores afetos à construção do
Templo de Salomão, os Aprendizes e Companheiros, receberem os seus salários ao
final do dia, junto às colunas do Templo. Para além de que etimologicamente,
“caixa de esmolas” na língua francesa também se designar por “tronc”.
Sendo que o
termo “Tronco da Viúva” simboliza também uma (caixa de) esmola para socorro e
auxílio das esposas (e filhos menores) de Irmãos falecidos.
Em Loja é o
Mestre Hospitaleiro que está encarregado de fazer circular o Tronco da Viúva. Tronco
esse, que em dado momento litúrgico de uma sessão maçônica, circula pelos
Irmãos para que possam efetuar o seu óbolo na medida em que tal lhes seja
possível.
Cabe
ao Mestre Hospitaleiro e ao Mestre Tesoureiro, cuidarem para que
ele se encontre numa situação-equilíbrio para que se possa prestar o auxílio
necessário a quem dele reclamar. E como tal, o Tronco da Viúva não se quer nem
muito cheio nem muito vazio.
Se o mesmo se
encontrar vazio, é porque as doações não serão significativas, correndo-se o risco,
de se não se auxiliar quem dele necessitar numa situação imediata. Mas se ele
se encontrar cheio, é porque quem necessitar de auxílio, não o estará a receber
na devida forma.
Sendo que um
dos deveres do Mestre Hospitaleiro é o de bem aconselhar o Venerável Mestre
sobre os fins a darem às importâncias obtidas na circulação do Tronco da
Viúva em Loja. A quem ou as quais sejam Irmãos ou Instituições
Sociais de que os necessitem.
Essa também é
uma das funções sociais da Maçonaria. Ajudar outras instituições carenciadas
que necessitem de auxílio; não procurando o Maçom o reconhecimento de tais
atos, pois a soberba não deve existir nas suas ações. O Maçom assim faz, porque
simplesmente acha de que o deve fazer, não porque procura méritos ou benefícios
com isso. Sendo que, por não se procurar reconhecimentos ou assumir falsos
méritos, é que a caridade maçônica sob a forma de tronco é feita de forma
reservada, nunca devendo um Maçom mostrar o que deposita no Tronco da Viúva.
Quem procurar
reconhecimento deve procurar outro sítio para fazer a sua solidariedade, a sua
caridade.
O Tronco em si
mesmo, é uma forma de Solidariedade, ele lembra ao Maçom, que a beneficência e
a solidariedade devem estar presentes ao longo da sua vida, fazendo ambas as
parte dos deveres do Maçon. Além de que, na circulação do Tronco da Viúva
em Loja se relembrar ao Maçon. que ele deve ser generoso e caritativo.
Por isso,
quando um Maçom faz o seu óbolo, ele deve dar um pouco de si também. Mas
nunca com o pensamento de que um dia se necessitar, terá algo a que se
“agarrar”. O Tronco da Viúva não serve de ”almofada” para os Maçons.
Não devendo
eles se aproveitar da sua existência, para mais tarde o utilizarem sem razão
aparente.
Quando um Maçom
faz a sua entrega, a sua dádiva para o Tronco da Viúva, a única coisa que deve
ter em mente, é o de partilhar um pouco de si mesmo e do que tem com os demais
Irmãos.
Mas apesar de
não ser uma obrigação principal da Maçonaria, pois a mesma não é uma IPSS, cabe
ao Maçom ter um espírito solidário com quem dele necessite. Por isso mesmo, a
missão do Tronco da Viúva, é a de ajudar um Irmão que necessite de auxílio.
Mas para
alguém puder ser ajudado, é também necessário que o Irmão em causa reconheça a
sua necessidade de auxílio. Mas, nem sempre quem precisa de ajuda, o solicita.
A vergonha ou inclusive o orgulho, são em grande parte dos casos, o “travão”
pessoal à procura de auxílio.
Quem precisa
de ajuda, deve por para “trás das costas” tais sentimentos, pois agindo assim,
corre o sério risco de perder toda a ajuda que necessitar. E hoje em dia,
devido à forma acelerada de como vivemos as nossas vidas, nem sempre nos é
possível perceber quem necessita da nossa ajuda.
Todos nós em
certas alturas da Vida passamos por momentos em que fraquejamos ou que a nossa
força mental não nos consegue ajudar a suportar o dia-a-dia.
É
principalmente nesses casos que o Maçom deve ajudar os seus Irmãos. Tentando se
aperceber com a sua iluminação, quem necessita mais dele. Mas essa ajuda nem
sempre deve ser (ou pode ser…) financeira, mas antes moral ou espiritual, pois
nem todas as carências de um Irmão são pecuniárias ou materiais.
Muitas vezes
apenas alguém necessita de uma palavra de inspiração, uma “palmada nas costas”
ou um simples gesto de afeto e carinho. Tais gestos com certeza não podem ser
depositados num saco, devem-no antes ser entregues (pessoalmente) ao Irmão
necessitado. É amparando o seu irmão, que o Maçom lhe demonstra a sua
solidariedade e vive o espírito de fraternidade que a Maçonaria lhe oferece.
Tal como afirmei
anteriormente, a Maçonaria não é um INSS.
Antes é uma
Instituição que promove a Solidariedade, a Beneficência, a Fraternidade. E como
tal, a sua principal missão é ser solidária com os seus membros/Irmãos. Sendo
assim, não deve uma Loja virar as costas a um Irmão que esteja em apuros,
devendo antes, correr em seu auxílio e o amparar na resolução dos seus
problemas. E é para isso que fundamentalmente existe o Tronco da Viúva.
A única
obrigação que ele tem, é a de ser bem utilizado!
Gabriel Campos de Oliveira