AS COLUNAS E PILARES DA MAÇONARIA


AS COLUNAS E PILARES DA MAÇONARIA


Este trabalho tem por objetivo trazer mais esclarecimentos, sobretudo históricos, acerca das Colunas e Pilares da Maçonaria, tema palpitante e controvertido.

Temas ainda controversos em nossa Ordem, Pilares e Colunas suscitam debates acalorados acerca de sua posição no Templo, seus ornamentos e o significado deles. Muito embora existam aqueles que não diferenciem Pilar de Coluna, é prudente fazer essa distinção, sobretudo quando aspectos históricos da concepção e construção do Templo de Salomão são considerados.

Pilar, etimologicamente, significa apoiar, segurar com força. Sua definição é coluna simples, sem ornamentos, constituindo elemento vertical da estrutura da construção (Dicionário Houaiss – Internet);

Pilar - Simples coluna que sustenta uma construção. 2 Arrimo, segurança, apoio.

 Ponto. de reforço: o que sustenta uma abóbada (Dicionário Michaelis – Internet).

A Coluna – palavra originária do latim columna, refere-se a suporte vertical, cilíndrico ou quase cilíndrico, usado como ornato em edificações e monumentos ou como elemento de sustentação para partes elevadas de um edifício, abóbadas, arcos etc., e consta geralmente de base ou pedestal, fuste e capitel; sua forma e proporções específicas distinguem-se do pilar(Dicionário Houaiss – internet);

Coluna - sf (lat columna) 1 Pilar cilíndrico, que sustenta abóbada, estátua etc., constante, em geral, de base, fuste e capitel (Dicionário Michaelis - Internet).

Pelas definições apresentadas, já se verifica que Pilar e Coluna são similares, mas não iguais, diferenciados apenas pela existência ou não de ornamentação, e do seu emprego ou não na estrutura da construção, fato que apenas enfatiza a controvérsia que cerca o assunto.

Partindo-se da premissa de que o Pilar “sustenta” e a Coluna “embeleza”, tomando esta última o aspecto maior de símbolo, é correto afirmar que os principais Pilares existentes no Templo – Jônico, Dórico e Corintio - guardam estreita ligação com as figuras do Venerável Mestre, 1º e 2º Vigilantes, respectivamente, motivo pelo qual faz-se mister comentar a seu respeito.

O Pilar Jônico tem origem na Jônica, uma faixa continental litorânea da Grécia, situada numa área banhada pelo mar Jônico. Entre os habitantes dessa região surgiram os primeiros pensadores classificados didaticamente na história da antiga filosofia grega como Jônicos Anteriores. Foi um deles que influiu que o corpo vivo seria a junção de quatro matérias primas(posteriormente lementos) que seriam o fogo, a água, a terra e o ar.

Tamanha foi a relevância desses pensadores nas elaborações filosóficas, que a expressão “jônico”, “jônios” ou tudo a eles relacionados sempre era ligado à própria Sabedoria. Daí, dizer-se que o pilar Jônico significa Sabedoria, que em nosso caso é a inteligência que concebe o projeto do edifício, e indica com clareza a obra e como ela deve ser realizada, sendo, por esta razão, a representação do Venerável Mestre em Loja, tal como representara o próprio Salomão em sua sabedoria de construir e dedicar o templo de Jerusalém à glória e ao serviço de Deus. Não é demais lembrar que a Sabedoria, ou Sapientia, é representada também pela estátua de Minerva, simbolizando a procura da Verdade.

O Pilar Dórico leva o nome da região na qual se originaram os espartanos, povo forte e guerreiro, representando, em razão disso, a Força, Salus. Em loja é representada pela estátua de Hércules, simboliza a Ação no serviço da humanidade, espelhando, ainda, o Irmão 1º Vigilante porque, historicamente, ocupa a mesma posição de Hirã, rei de Tiro, a quem incumbia o fornecimento de homens e materiais para a edificação do templo, assim como o pagamento de seus salários.

O último, e não por isso menos expressivo Pilar, é o Corintio, que lembra a cidade que origina seu nome. Destacado pela suavidade de suas formas, evoca a beleza e possui uma esguia e juvenil donzela nua(Vênus), destacada na parte superior do seu capitel, que contém um lindo arranjo em folhas de acato. Este pilar simboliza a Beleza ou Stabilitas, sendo representado, em Loja, pelo Irmão 2º Vigilante, ao sul, porque faz repousar os obreiros, fiscalizando-os no trabalho. Espelha Hirã Abif, arquiteto, como homenagem pelo primoroso trabalho em adornar o Templo de Salomão, conferindo-lhe beleza ímpar.

Além da visão exposta, existe o entendimento de que os três pilares representariam as três esposas de Júpiter: Metis, a mais sábia, Themis a mais justa e Eurinome, a mais bela. Note-se que cada pilar guarda a memória de um importante agente da construção do Templo de Salomão, inclusive dele próprio, situação que se mantém quando analisada a importância e o significado das Colunas do Templo.

Historicamente, era comum que colunas e obeliscos fossem erguidos para se louvar os “deuses” e a ele pedir favores ou, ainda, que governantes marcassem suas realizações pessoais com obeliscos, como aparenta ter sido o caso do Templo de Salomão. Embora apreciadas por vários povos, dentre os quais os Egípcios, Sírios e Fenícios, as colunas não eram uma tradição dos Hebreus, tendo sido resultado direto da assimilação cultural de um povo que viveu sob o jugo Egípcio por mais de cinco séculos. O próprio Hirã Abif, arquiteto do Templo e responsável pela construção das colunas de bronze, era natural de Tiro, uma cidade Fenícia familiarizada com as construções feitas em pedra talhada e a arquitetura dos antigos.

Dessa visão cultural, aliás, provém a idéia de que as Colunas J e B jamais teriam a finalidade de adoração, ato totalmente vedado pelo Talmude e o Torá, motivo pelo qual crê-se que não sejam sagradas e que não fariam parte do Templo, desde a sua concepção. Ressalte-se que é extremamente palpitante a discussão que cerca o posicionamento das Colunas J e B, instituídas em homenagem a Jakin e Booz, homens justos, honrados e de comportamento fraterno, sobretudo quanto aos mais necessitados, cujas vidas foram motivo de admiração e serviram de exemplo ao seu mais ilustre descendente, o Rei Salomão, de quem eram avô e trisavô, respectivamente.

É interessante e necessário dizer que não apenas o exemplo de conduta fez com que Salomão lhes prestasse essa homenagem. Também haveria outra questão, de cunho altamente simbólico, que definiria a escolha de ambos, ligada ao significado dos nomes em hebraico. O nome Jakin ou Jaquim (? ? ? ?)significa “Ele firmará. 

Ele estabelecerá”. Boaz ou Booz ( ? ? ), por sua vez,quer dizer “Em Força, Na Força”. Não é preciso destacar o impacto psicológico que um Templo que tenha duas colunas com esses nomes possa causar naqueles que o frequentem ou simplesmente o vislumbrem, principalmente se algumas composições simples forem realizadas usando o significado dos nomes, como, por exemplo, “Ele firmará na Força”.

A título de curiosidade, principalmente acerca da importância e beleza das colunas, é válido observar trecho de um trabalho do Irmão Ir.'. Marcelo da Silva Carmo - Loja Missionários de Hiran nº 262 Grande Loja de Minas Gerais, publicado no site “www.comunidademaconica.com.br”, que assim diz:

“Salomão mandou chamar Hiram, de Tiro, filho de uma viúva, cujo pai era natural de Tiro”. Hiram trabalhava em bronze, e era dotado de grande habilidade, talento e inteligência para fazer qualquer trabalho em bronze. Ele apresentou-se ao rei Salomão e executou toda a obra.

Fundiu duas colunas de bronze, cada uma com nove metros de altura e seis de circunferência. Fez dois capitéis de bronze fundido, cada um de dois metros e meio de altura, e colocou-os no alto das colunas.

Para enfeitar os capitéis, fez dois entrançados em forma de corrente, um em cada capitel. Depois fez as romãs. Havia duas fileiras de romãs em torno de cada entrelaçado, para cobrir os entrelaçados que ficavam no alto das colunas.

Os capitéis, no alto das colunas que estavam no vestíbulo, tinham a forma da flor-de-lis, medindo dois metros. Além disso, esses capitéis, no alto das duas colunas, no centro que ficava por detrás dos entrelaçados, estavam enfeitados de romãs, colocadas em filas de duzentos ao redor do capitel. Em seguida, Hiram ergueu as colunas diante do santuário.”

Mas, inobstante essa forte simbologia, resta, ainda, dúvida para alguns no que se refere ao posicionamento dessas colunas. Estariam elas dentro do Templo ou fora dele, como, aliás, sugere ao final o fragmento de texto acima?

Como dito anteriormente, essas colunas não são sagradas, primeiro indicativo de que não poderiam estar no interior do Templo. Mas recorrendo novamente à história, e nesse particular àquela registrada na Bíblia, é possível adotar uma postura razoavelmente segura quanto à posição das colunas fora do Templo, como se pode observar em trecho do trabalho do Irmão Fernando Guilherme Neves Gueiros M.'.M.'., ex-Sphinx Paulistana 248, GLESP - SP / Brasil, publicado em site maçônico, o qual merece ser reproduzido:

"Em diversos autores e livros muito se tem especulado sobre a posição destas colunas; à direita ou esquerda estaria Jaquim; à direita ou esquerda estaria Booz. 

Uns dizem, sendo o Templo construído no sentido de sua porta de entrada estar para Leste (o sol), Jaquim estaria à esquerda, isto por óbvio, de quem estiver dentro do Templo olhando para fora. Estando fora do Templo estaria à direita e há assertivas de ser esta sua verdadeira posição o que se demonstra a seguir. 

De antemão, não há quaisquer duvidas de que elas foram postas à frente do Templo.

Para determinar estas colocações tomaremos por base duas dissertações que nos parecem por demais definitivas, ou sejam, em Crônicas e REIS. II Crônicas, cap. 4, versículo: 17- "E pôs estas colunas no vestíbulo do Templo, uma à direita e outra à esquerda: a que estaria à direita, chamou-a Jaquim e a que estava à esquerda, chamou-a Booz". (Grifo meus). I REIS, cap. 7, versículo: 21- "E pôs estas duas colunas no pórtico do Templo, e tendo levantado a coluna direita, chamou-a por nome Jaquim. Levantou do mesmo modo a segunda coluna, e chamou-a por nome Booz". (Grifo meus).

Este último relato, ipsis litteris, põe quaisquer discussões de se estar dentro ou fora para se determinar às posições das colunas fora de contexto. Pode alguém duvidar agora de que este "ato de levantar" que se fez diante de um Templo terminado (e seu pórtico externo - vestíbulo), de que os termos "direita" e "esquerda" só podem ser considerados desse ponto de vista? De quem olha este levantamento.

Aclara e corrobora em Antiguidades Judaicas, de Flavius Josepho, nascido em Jerusalém em 37 d.C. e falecido em Roma 100 d.C., a seguinte discrição: "Ele colocou (Hiram-abif) uma dessas colunas junto à ala direita do vestíbulo, e chamou-a de Yachïn, e a outra à esquerda, sob o nome de Baïz". (Grifo meus). O termo vestíbulo em qualquer idioma é entendido, comumente, como espaço entre a rua e a entrada dum edifício.

Quando se quer determinar uma área ou um espaço que seja interno é usual determiná-lo como "vestíbulo interno". Por outro lado, por excelência, e confirmada em diversas narrações na Bíblia, é que os Povos na antiguidade determinavam os pontos cardeais dos nossos dias olhando para o SOL, seu ponto de referencia primordial. Para se determinar o ponto Leste do Templo teria que se estar à frente do Templo olhando para o Sol. O Sol pelo seu simbolismo ou analogias físicas representava o nascer, o clarear do dia, da jornada.

Diversos foram os Povos em que suas seitas tomaram o Sol como sua principal divindade. O ocidental, e acentuadamente após a criação da bússola magnética, passou a se orientar pondo o Norte à sua frente, por uma questão lógica e física, para determinar a orientação pelo pólo magnético Norte daquela (à bússola). 

“Estas digressões são para afirmar o quanto se dava de valor aos astros para suas orientações e divindades.”

Como se verifica da leitura do texto, fortes evidências históricas indicam que as Colunas Jakin e Booz situam-se originariamente fora do Templo, e não dentro como hoje ocorre, provavelmente por força de adaptações da Maçonaria Simbólica e Especulativa atualmente reinante.

Existem, ainda, outros aspectos não menos empolgantes na análise dos Pilares e Colunas na Maçonaria como, por exemplo, o significado dos símbolos aparentemente zodiacais existentes nos pilares do Templo, mas sua complexidade, s.m.j., clama por um trabalho exclusivo a respeito.

Autor do Trabalho:
Ir.'. José Vieira da Silva Junior - A.'.M.'. - CIM 253515
ARLS Fraternidade Acadêmica Inconfidência 3º Milênio – 3363
Rito Brasileiro - Or.'. Campinas/SP
Federada ao GRANDE ORIENTE DO BRASIL
Jurisdicionada ao GRANDE ORIENTE DE SÃO PAULO


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