Quando eu ainda era
jovem, estudei em um colégio religioso; e por sinal um excelente educandário.
Lá, dentre as muitas orientações que repassavam para os alunos, uma delas era
que o evangélico (protestante) não pertencia a Deus, e sim, ao Diabo.
Passados alguns anos,
conhecendo melhor o evangelismo, conclui que o evangélico fiel e obediente
também pertence a Deus tanto quanto aqueles religiosos. Haja vista, que tive o
privilégio de me tornar um evangélico.
Hoje, ouve-se dizer que
certas religiões não aprovam os princípios maçônicos e alegam, inclusive, que a
Maçonaria é de origem satânica, e que os maçons pertencem ao Demônio.
Infelizmente muitos
evangélicos fazem coro com aquelas outras religiões, pregando a mesma coisa,
isto é, que a maçonaria é diabólica e que os maçons são de Satã. Certo escritor
protestante até já chegou a dizer que o evangélico maçom é um falso crente.
Outros evangélicos vão
mais longe. Dizem eles que a Maçonaria promove a idolatria, afirmando que “ela
admite um tal de ”São João da Escócia” ou “São João de Jerusalém” como
padroeiro, e abre os seus trabalhos em seu nome.”
Realmente a Maçonaria
abre seus trabalhos em nome de São João, como padroeiro. Mas os críticos se
esquecem de que padroeiro, segundo Aurélio, é o mesmo que patrono.
E patrono é aquele que
serve de exemplo, que é espelho, modelo ou paradigma. O Exército Brasileiro tem
o seu patrono, o Duque de Caxias, e nunca se viu nenhum evangélico deixar de
seguir a carreira militar por ter o Caxias como patrono.
Tem mais, em toda
solenidade de formatura, sobretudo, de curso superior, existe alguém como
patrono; e jamais se soube que um evangélico se omitisse em participar daquele
ato porque lá estivesse a figura de patrono.
Há evangélico anunciando
por aí que a Maçonaria é religiosamente sincretista. Não é verdade. Para se
ingressar na Maçonaria o candidato necessita, sim, professar uma religião. Com
isso o maçom pode e dever pertencer a um segmento religioso.
E isso não demonstra
sincretismo religioso. Pelo contrário, vem provar que a Maçonaria não é
religião, mas, aceita nos seus quadros a convivência de todos os credos
religiosos.
Porém não é somente na
Maçonaria que os integrantes de vários credos religiosos se inter-relacionam.
Não. Nas repartições públicas ou privadas, nos bancos ou em quaisquer outros
órgãos, vamos encontrar funcionários dessas instituições professando as mais
diversas crenças.
E no entanto, ninguém é
discriminado ou escandalizado pelo seu princípio de fé ou crença. Geralmente
todos trabalham na mais perfeita harmonia e ordem, relacionando-se muito bem
entre si.
A Maçonaria é também
censurada por determinados evangélicos quanto aos segredos maçônicos. “Esses
crentes dizem que na Igreja Evangélica nada há em oculto, tudo é feito à vista
de todos, e as suas reuniões privativas nada têm de secretismo.”
Todavia a Bíblia não diz
assim e a prática não confirma tal afirmação. As Sagradas Escrituras, em Mateus
– 8:4, registram: “Disse então Jesus ao leproso que havia curado: Olha, não
digas a ninguém, mas vai e mostra-te ao sacerdote …”.
Ainda em Apocalipse
-10:4 está escrito.. “Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram,
e não as escreve”. Há também assuntos tratados no seio das igrejas que não são
levados ao conhecimento público da congregação; sobretudo nas chamadas reuniões
privativas, as quais se entendem, é a mesma coisa que secretas.
Portanto as referências
ora mencionadas são exemplos de segredo ou sigilo. As primeiras os evangélicos
devem conhecer, pois são bíblicas. E as outras, especialmente os líderes, com
certeza as praticam em suas reuniões administrativas particulares e privativas.
A maçonaria também é
criticada por alguns protestantes pela adoção dos símbolos.
Na realidade existem
muitos símbolos maçônicos. Todavia, todos eles têm os seus significados
específicos, como a Estrela Radiante, que é o emblema da Divindade; e tantos
outros, os quais vão sendo conhecidos de acordo com os graus atingidos pelo
maçom.
Por outro lado, no mundo
profano também se encontram vários símbolos, dentre eles, a Bandeira Nacional
que é o símbolo da Pátria; a balança no direito, simbolizando a Justiça; e
muitos outros.
A Bíblia, por sua vez,
mostra também, muitos e muitos símbolos, tais como o arco-íris, símbolo que
representa uma aliança entre Deus e os homens, e ainda a beleza,
respectivamente (Gênesis – 9:13 e Apocalipse – 4:3), o cavalo, símbolo da força
(Apocalipse – 6); o dragão, simbolizando Satanás (Apocalipse – 13). Há inúmeros
outros símbolos contidos no Livro Sagrado.
Existem evangélicos
afirmando que a Maçonaria é uma Instituição Pagã. Aí há mais um erro por eles
cometido. Pois os trabalhos em uma loja maçônica são abertos invocando o
auxílio do Supremo Arquiteto do Universo, que é o próprio Deus. E esse Supremo
Arquiteto é relatado em Hebreus – 11:3 e 10, e Jeremias – 10:12. Pois em toda
abertura dos trabalhos lê-se um texto no Livro da Lei (Bíblia), de conformidade
com o grau em que estão sendo realizados os trabalhos.
E tem mais, pode-se
afirmar que existe dentro da Maçonaria um respeito muito grande entre os irmãos
quanto aos seus princípios ideológicos, culturais e acima de tudo religiosos.
Finalizando, quero
testemunhar que há mais de quarenta anos sou evangélico, e tenho plena
convicção que, graças a Deus, não sou do Diabo, como antes ouvia afirmar.
Outrossim, há aproximadamente quinze anos sou maçom, e me sinto também
confiante de que não pertenço a Satanás como muitos afirmam por aí, mas a Deus,
o Supremo Arquiteto do Universo.
Portanto, irmãos, o
evangélico pode e deve ser um maçom, acima de tudo justo, verdadeiro e
eficiente.
Nilson Ribeiro Leite •
Loja Maçônica Luz no Horizonte