Ágape é uma palavra de origem grega que transliterada para o
latim ganha esta pronuncia, e é uma das várias palavras gregas para nomear o
amor. Antigos escritores e filósofos como Platão e outros, usavam este termo
para referir-se ao amor divino, ao amor sentido por membros da família, por um
grupo de pessoas com afinidades, ou uma afeição para uma atividade particular
em grupo.
As escrituras sagradas são referência no uso dessa palavra para
exprimir o amor divino, o maior exemplo dele é a passagem no livro de Mateus,
capítulo 22 e versículos 37 a 41, onde Jesus Cristo foi perguntado qual era o
maior mandamento, e disse ele: “Amai (ágape em grego) ao senhor vosso Deus com
todo vosso coração e com toda vossa alma e com toda vossa mente. Este é o
primeiro e maior de todos os mandamentos. E o segundo é: Amai (ágape) vosso
próximo como a vós mesmos.”
Segundo o dicionário Priberam, ágape significa: Refeição que durante os primeiros séculos do Cristianismo os
fiéis tomavam diariamente em comum.
[Figurado] Banquete amistoso. Vínculo que liga duas almas que se compreendem.
Na Maçonaria, relatos apontam que as primeiras refeições
coletivas foram feitas por maçons operativos no século XIV. Essas refeições
coletivas serviam para celebrar festas religiosas e como repasto fraternal nos
encontros de maçons. Eventualmente os maçons operativos se reuniam em edifícios
em construção, em oficinas, ou em abrigos temporários chamados lojas e festejavam
com carne assada, regada com cervejas e vinhos.
A partir do século XVII, nos primórdios da maçonaria
especulativa, se tornou um costume as seções maçônicas serem regadas a tragos e
petiscos. Isso porque os maçons faziam suas reuniões em tabernas, estalagens e
cafés. Vale a pena lembrar aqui que, a primeira Grande Loja se reunia em uma
taberna chamada “O Ganso e Grelha”, perto da Catedral de São Paulo.
O Ágape para nós Maçons é uma palavra, um nome que nos transmite
variadas boas sensações: de alegria, de euforia, de festejo, de saciedade.
Difícil é alguém não gostar de momentos como este, ainda mais estando ao meio
dos seus, se sentindo em casa. Muitas das vezes por se sentir em casa de mais,
por estar em um momento despojado de seus afazeres cotidianos, muitos esquecem
a verdadeira virtude da simbologia do Ágape. Outros por um motivo ou outro
abrem mão de participar desta parte ritualística de nossas reuniões.
É um momento sublime onde com temperança devemos dividir um com
os outros nossas refeições, nossas bebidas, nosso tempo e doarmos um pouco de
nós. Só em um momento intimo como este, de congraçamento entre irmãos é que nos
permitimos ser conhecido e conhecer verdadeiramente nossos irmãos.
Em essência e por tradição, o Ágape é um símbolo ritualístico e
como tal devemos o tratar. E desta forma nunca nos esquecer que além desse pano
de fundo descontraído, o Ágape serve para unir os irmãos e estreitar os laços
de fraternidade.
Esse repasto fraternal não é um privilégio exclusivo dos maçons,
ao longo da história da humanidade refeições coletivas marcaram importantes
momentos políticos, econômicos e sociais. Pesquisas arqueológicas apontam que
por mais antigo que seja o período pesquisado sempre encontram vestígios
desse costume.
Como principal exemplo, podemos citar Jesus Cristo. Seu primeiro
milagre foi em um Ágape, nas bodas de Canaã, onde ele transformou água em
vinho. Logo em seguida em uma refeição coletiva ele faz a multiplicação dos
peixes e dos pães.
Após o Sermão da Montanha houve também uma refeição coletiva. E
por fim em suas ultimas instruções aos apóstolos ele repartiu o pão e o vinho
em um ágape e o chamou de “Santa Ceia”.
Na Maçonaria podemos classificar duas refeições coletivas, o
Ágape Fraternal e o Banquete Ritualístico. Apesar de terem como essência a
coletividade da refeição se diferem muito no propósito final. O Banquete
Ritualístico é feito em loja de mesa, e, é realizado duas vezes por ano com a
finalidade de comemorar os solstícios de inverno (em 21 de junho) e solstício
de verão (21 de dezembro).
Já o ágape é mais simples e talvez por isso mais importante, tem
a finalidade de unir os irmãos em família, e celebrar o amor divino, o amor ao
próximo.
Autor: João Domingos Moreira
ARLS Pioneiros de Ibirité, 273, oriente de Ibirité/MG – GLMMG
ARLS Pioneiros de Ibirité, 273, oriente de Ibirité/MG – GLMMG