O segredo da sabedoria, do poder e do conhecimento é a
humildade.
Ernest Hemingway (1899-1961)
A falsa modéstia é o último requinte da vaidade.
Jean de La Bruyère (1645-1696
“SIC TRANSIT GLORIA MUNDI!” (Como são passageiras as
glórias do mundo!). Esta frase dita pelo Venerável Mestre é o ponto alto
de uma Iniciação Maçônica. Ela encerra uma das maiores verdades e que
quase sempre é ignorada por todos nós. Julgamo-nos eternos e pouco
fazemos para vencer as nossas paixões. Os cargos, o poder e a vaidade nos
impedem muitas vezes de aparar a pedra bruta que somos, e, esquecemos então um dos
princípios mais importantes da Maçonaria que é a humildade.
Já, como neófito, lhe é dito que ele acabou de morrer para a
vida profana (Era Vulgar) e renasceu para a Verdadeira Luz. Isso
quer dizer que tudo que o aviltava, quando profano, deverá ser desvestido,
inclusive a VAIDADE. E, tudo que lhe faltava como virtudes, deverá
ser incorporado, inclusive a HUMILDADE. Uma vez Iniciado, o postulante
torna-se Maçom, e, como tal, estará sob vigilância de sua própria consciência e
dos demais Maçons.
Comandado pelo Venerável Mestre a Loja dará guarida ao novo
Irmão orientando e ensinando o caminho a ser trilhado, agora como Maçom,
imbuído de humildade e destituído de ostentação.
A figura do Venerável Mestre, das Luzes ou de qualquer outra
autoridade, em uma Loja Maçônica, reflete sempre a bondade e as suas ações que
são comparadas as de um pai que aconselha o filho ou do irmão mais velho que o
protege. É por essa razão que a joia do Venerável Mestre (o esquadro) tem
um significado tão profundo para todos nós, pois ela representa a retidão das
suas atitudes além da confiança que todos os irmãos nele depositam.
Em
nosso meio não há lugar para jactância do mundo profano. Aquele Maçom que por
ventura não se enquadre dentro dessas normas irá se sentir deslocado e, mais
cedo ou mais tarde, perceberá que está no lugar errado.
Ser humilde significa seguir essa postura e quando
perguntado: “Que vindes fazer aqui?” responder com convicção e com
orgulho: “Vencer minhas paixões, submeter minha vontade e fazer novos progressos
na Maçonaria!”
Aquele Maçom que se deixa contaminar pelo sonho passageiro de
poder, seja na vida profana ou até mesmo dentro da Ordem infelizmente não
entendeu a beleza e a profundidade dos nossos ensinamentos.
Conta-se o caso que no México, há muitos anos, um Maçom foi
condenado injustamente à morte. O caso teve grande repercussão dentro e fora da
Maçonaria. O Presidente do México era Maçom e um dia estando em Loja, ocupando
o humilde cargo de Guarda do Templo ouviu quando os Maçons indignados discutiam
a condenação do Irmão. Foi então que um dos presentes sugeriu que o Presidente
do México poderia comutar a pena do referido Irmão.
Arguido pelo Venerável Mestre a resposta foi a seguinte:
“Venerável Mestre este guarda do Templo que vos fala nada pode
fazer, mas se o Venerável permitir a minha saída, quem sabe o Presidente do
México possa fazê-lo!”
O Irmão condenado foi salvo. Esta pequena narrativa mostra
primeiro, aquilo que dizíamos anteriormente que a Maçonaria nivela a todos sem
distinções de cargos e de títulos; e, em segundo lugar, a humildade do
Presidente do México que sem dúvida entendeu muito bem a frase “sic transit
gloria mundi”.
Ser humilde é desbastar esta pedra bruta que somos e com
tolerância, bondade e amor tratar não só os seus irmãos, mas também aqueles com
os quais convive na vida profana.
Não somos perfeitos e assim sendo, dentro da
Maçonaria, encontraremos exemplos de irmãos que por sua postura e pelas suas
atitudes são exemplos a serem seguidos, todavia outros existirão que mesmo
tendo chegado aos graus mais elevados da Ordem parece que nada entenderam e
continuam pedras brutas a serem lapidadas.
Devemos ter sempre em mente que a Maçonaria é perfeita nos seus
ensinamentos e naquilo que tenta modificar dentro de cada um de nós, porém nem
todos os Maçons entendem desta forma e alguns permitem que o falso brilho das
coisas possa ofuscar estas verdades.
Pior que a falta de humildade é a vaidade.
O Maçom tem o dever de constantemente policiar os seus
procedimentos para evitar que a vaidade possa fazê-lo esquecer dos ensinamentos
recebidos, que somos todos iguais e que na Maçonaria não existem distinções de
títulos e de cargos.
A vaidade, literalmente falando, é a qualidade do que é vão,
vanglória, ostentação, presunção malformada de si. Nos dicionários,
soberba, orgulho, arrogância são palavras muito próximas de vaidade.
Homens tomados por esses sentimentos são os que olham para si como dignos de
admiração pelos outros. Imaginam que estão acima das demais pessoas.
Infelizmente, muitos Maçons não conseguem se desvencilhar desse
vício, pavoneando sua condição de algum cargo recebido, por menor que seja
exigindo tapete vermelho e deixando ao largo a modéstia.
Ainda bem que esses tipos são poucos...
E. Figueiredo & Caio R. Reis são Maçons Eméritos e obreiros
da ARLS Verdadeiros Irmãos, 669.