Decifrar a existência humana é uma tarefa que beira o
impossível.
Dentro da nossa complexidade, enquanto ser racional e ao mesmo
tempo animal somos seres capazes de tudo, que percorrem constantemente o limiar
dos extremos, quer dizer, somos seres capazes de vivenciar todas as
ambiguidades, todos os paradoxos, de quebrar e criar paradigmas.
Nesse texto vou tentar fazer uma analogia entre a existência humana
e a pedra, e tentar propor uma reflexão, que leve cada um dos leitores a
responder ao seguinte questionamento: que pedra sou eu? Uma brita: são pedras
comuns encontradas aos montes, servem para dar suporte, mas estão, sempre,
envoltas por outras camadas, por isso dificilmente são percebidas. Mas mesmo
não sendo vistas, todos sabem que elas estão lá desempenhando o seu papel.
Uma pedra grande: por ser pesada, nem sempre é carregada,
consequentemente, costuma ficar, sempre, no mesmo lugar servindo como enfeite
ou até mesmo um lugar para sentar.
Algumas pessoas, também, são assim, um peso na vida das outras,
dificilmente são bem-vindas e quando estão presentes não passam de um enfeite.
Um diamante: são pedras raras formadas no meio de tantas outras
pedras brutas, nem sempre são percebidas ou encontradas, mas estão lá.
Quando achadas, são valiosas e quem as tem possui um tesouro.
Uma pedra no rio: praticamente, em todos os rios encontramos no fundo do seu
leito uma quantidade considerável de pedras, que em tempos de fortes chuvas são
levadas pela correnteza.
Na turbulência das águas, nas quedas e batidas entre si, aos
poucos ela vai ganhando polidez, ganhando forma, perdendo as arestas, deixando
de ser pontiagudas. Assim somos nós, para quem quer aprender a vida é capaz de
ensinar muitas coisas.
Uma pedra na vidraça: existem pedras que só parecem servir para
quebrar a fragilidade do outro, são como aquelas jogadas nas vidraças.
Na maioria das vezes não contribuem com nada, mas causam
estrago.
Um granito: para dar o toque de beleza de uma construção são
fundamentais. Sempre à vista, são belos, resistentes e duradouros. Estão
presentes nos lugares certos e bem usados dão harmonia ao ambiente.
Muitas pessoas, também, são assim, sabem o seu papel,
desempenham sua função de eficiência dentro de suas características,
possibilidades e potencialidades.
Mas não podemos esquecer que há, também, pessoas granito
ocupando o lugar errado, tornando-se quando molhadas escorregadias, portanto,
sempre, torcendo pela queda de alguém.
Pedra angular: a primeira pedra de todas, é a partir dela que
tudo vai ser feito. Uma pedra líder guia disposta a direcionar os rumos da
construção.
Encontramos, também, pessoas assim. Pedra sabão: considerada uma
rocha macia e frágil, por isso, usada pelos escultores como matéria prima para
suas obras de arte.
Fácil de ser esculpida, aceita os desbastes, os contornos e
formas. Entretanto, é frágil às intempéries causadas pelos ventos, chuvas.
Existem pessoas assim também, aceitam serem “moldadas”, mas
mudam suas formas devido à ação do meio, geralmente, não têm personalidade ou
vivem das conveniências.
Agora imaginemos que todos nós iremos fazer parte de uma grande
construção. Uma obra que será chamada vida. O Grande Arquiteto do Universo
responsável pela obra precisará de pedras e lhe perguntará: posso contar com
você?
Que tipo de pedra você é?
Walber Gonçalves