PAINEL DO APRENDIZ - DUAS COLUNAS



Neste trabalho sobre o Painel de Aprendiz, apresentaremos inicialmente o seu conceito simbólico e relacionaremos todos os elementos que nele estão desenhados.

Então iremos comparar o desenho do Templo e as suas 2 Colunas, acrescidas das Romãs, Lírios, e Correntes, ao Templo Maçônico e ao Templo de Salomão. Por fim, apresentaremos breves informações sobre cada um dos símbolos ali representados.

Por Painel entendemos o Quadro que a Loja apresenta por ocasião da abertura dos trabalhos, existindo um por cada grau da denominada Maçonaria Azul: o da Loja de Aprendiz, da Loja de Companheiro, e da Loja Mestre. Nos graus filosóficos normalmente não se usa a denominação Painel, mas sim, Emblema ou Escudo.

No Painel estão desenhados todos os símbolos maçônicos, necessários ao desenvolvimento dos trabalhos do respectivo grau.

A sua colocação na Loja indica que continua viva toda a simbologia que orienta os trabalhos; indica também que nenhum trabalho seja iniciado sem que antes tenha havido um planejamento das atividades.

Por outro lado, todos os participantes, ao entrarem no Templo e ao olharem para o Painel, estarão cientes do grau em que os trabalhos estão a ser realizados.

No inicio, os símbolos hoje representados no Painel eram desenhados com giz, no chão, de tal forma que pudessem ser apagados no final dos trabalhos. 

Posteriormente passaram a ser pintados ou bordados sobre panos ou tapetes. Foi o maçom John Harris, quem desenhou os Painéis em 1820 e que, salvo pequenas modificações, se encontram em uso até hoje.

Todo o templo, incluindo o soalho, as paredes e o teto, é contemplado no Painel, sendo composto por:
  • Duas Colunas sobre as quais estão plantadas Romãs;
  • A Porta do Templo, antecedida por três degraus;
  • O Delta Luminoso, em cima da porta;
  • O Pavimento Mosaico, representado pela Orla Dentada que circunda o quadro; os Painéis antigos apresentavam, entre a porta e os degraus, um quadro mosaico em perspectiva representando o Pavimento Mosaico.
  • 3 Janelas fechadas com malha de arame;
  • Uma Pedra Bruta e uma Pedra Cúbica;
  • Uma corda que emoldura o quadro, representando a corda de 81 nós;
  • O Sol e a Lua.
Os instrumentos de trabalho dos pedreiros também estão representados:
  • O Esquadro e o Compasso;
  • O Prumo e o Nível;
  • O Malho e o Cinzel;
  • A Prancha de Traçar.
O TEMPLO DE SALOMÃO
O Templo de Salomão foi construído com pedra, madeira de cedro e ouro.

A pedra representando a estabilidade; a madeira a vitalidade, e o ouro a espiritualidade. Na Maçonaria, a Loja surge no Templo.

O vocábulo sugere local de habitação e seria onde os operários da construção descansavam e debatiam seus problemas sociais e espirituais. Na busca de uma definição simbólica e perfeita para o Templo que cada um de nós tem em si próprio, a Bíblia fornece aos Maçons.

O Templo de Salomão, símbolo de alcance magnífico. Como simples confirmação disto, sabemos que o Templo foi edificado com pedras lapidadas na pedreira, pois assim, durante a construção da Casa de Deus, não seriam ouvidos nem o som do martelo nem de qualquer outro instrumento de ferro.

Ora, assim é o Templo do Aprendiz, onde a pedra bruta será lapidada sem o barulho do martelo, somente no silêncio dos estudos e das meditações.
AS DUAS COLUNAS (1º LIVRO DOS REIS, CAP.VII - BÍBLIA)
Para a construção do Templo, o Rei Salomão trouxe de Tiro, um artesão de nome Hiran Abiff, israelita por parte de pai e nephtali, por parte de mãe. Foi esse homem quem executou todos os ornamentos do Templo de Salomão, incluindo as 2 colunas construídas em bronze, que simbolicamente representavam as 2 colunas de homens que Moisés dirigiu quando da fuga dos Hebreus do Egito.

No alto das duas colunas, Hiram colocou um capitel fundido em forma de lírio. Ao redor deste, uma rede trançada de palmas em bronze, que envolviam os lírios. Desta rede, pendiam em 2 fileiras, 200 romãs. À coluna da direita foi dado o nome de Jachin (Yakin) e à da esquerda, Booz.

Atribui-se à coluna Jachin a cor vermelha - ativo, Sol ; e à coluna Booz a cor branca ou preta - passivo, Lua. O Vermelho simboliza a inteligência, a força e a glória; o Branco simboliza a beleza, a sabedoria e a vitória.

Há quem suponha que as colunas se destinariam à guarda dos instrumentos e ferramentas dos operários, e que junto a elas estaria o local onde os operários recebiam os seus salários.

Nestas colunas, estariam guardadas ainda as espécies e o ouro com que os operários seriam pagos. No entanto, pelo tamanho das colunas fornecido pela Bíblia, seria impossível, em tão pequeno espaço, caber todas as ferramentas e instrumentos, além do ouro e espécies.

Essa suposição não é sequer suportada pela Bíblia, que em nenhum momento cita as colunas como local possuidor de portas ou armários.

Na tradução latina dos nomes, Yakin significa "Ele firmará" e Booz, "nele está à força”, ou seja, "Ele firmará a força"; ou ainda, "nele está à força que firmará", como quem quer dizer que Nele, em Deus, está a força necessária à estabilidade, ao sucesso.

Assim sendo, as 2 colunas simbolizam a presença do Senhor no Templo.

Escrito por A Jorge

Fonte: Loja Maçônica Mestre Afonso Domingues


SOMOS MAÇONS?


A indagação que faço está intimamente ligada à atual condição e situação da Maçonaria como um todo, pois, se temos uma entidade que se intitula de Sublime Instituição, como sermos maçons e, não apenas, estarmos maçons?

A pergunta tem fundamento na crise que, atualmente, impera no mundo em geral, no Brasil com ênfase e na Maçonaria, como consequência dessa disparidade de comportamentos que existe.
A crise no mundo contemporâneo abrange a ética, a economia, o direito das pessoas, dentre outras, pois, não se conhece ausência de corrupção em nenhum lugar no mundo; na economia vemos a concentração de renda e capital cada vez mais nas mãos de poucos, em detrimento do todo e da Paz; e o direito das pessoas ao bem estar, à saúde, à liberdade, quer de pensamento, quer de ações, tudo se encaminhando para um confronto mundial de forças, com resultados os mais escabrosos e desastrosos possíveis.
No Brasil, não há nem o que se comentar, pois, qualquer tema que se busque, temos o negar de todas as boas qualidades do ser humano, atualmente, desvirtuadas em razão do TER em lugar do SER, como é sabido e como a grande mídia nos passa, em total negação da boa convivência.
Será que a humanidade precisa disso?
Será que isso não é a negação de tudo o que os grandes filósofos pregaram no que foram acompanhados por todos os líderes religiosos do passado, que sempre nos deram muitos exemplos de amor e fraternidade?
E na Maçonaria, o que ocorre nos dias atuais?
Nossa instituição atravessa, atualmente, uma fase extremamente difícil e, até mesmo, perigosa, pois, a persistir os sintomas de sua deterioração, irá se extinguir e, em futuro não muito distante, será apenas um verbete de dicionário, cuja significação será, aproximadamente, a seguinte: “Antiga instituição que abrigava cidadãos proeminentes da sociedade, que visava instaurar, no mundo, a trilogia Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que desapareceu por completo, por incúria de seus adeptos”.
O que se assiste neste momento, em especial aqui no Brasil, é que nossos irmãos convidam os homens com os quais têm interesses econômicos ou políticos, em geral, não levando em consideração tudo aquilo que consta como condição para o ingresso daquela pessoa, como, por exemplo, ser livre e de bons costumes, ou seja, livre de quaisquer amarras a vícios e extremismos, para que possa se modificar, construindo seu templo interior, a fim de servir de bom exemplo no mundo profano; homem dotado de boa convivência social, com impoluta conduta no seio do grupo social onde exerce seu mister e convive, pois, se tiver qualquer falha de conduta, não irá buscar uma nova forma de vida, objeto maior de nossa Maçonaria.
Por falar em objetivo maior de nossa Sublime Instituição, gosto de lembrar a lição deixada pelo Octacilio Schüller Sobrinho, no seu Desafio das Mudanças, de que “Maçonaria é uma ESCOLA DO CONHECIMENTO e nada mais. Não é nunca foi e nunca será um partido político. Não é, nunca foi e nunca será uma instituição econômico financeira.” (P. 17), ou seja, que nós devemos estar cientes e conscientes, ao ingressarmos nas fileiras maçônicas, de que nossa meta maior é o estudo, a reflexão e a conscientização, que leva ao Conhecimento e este, à Sabedoria que, no meu entender pessoal, é a aplicação do Conhecimento em prol de todos, não visando receber nada em troca, a não ser a discussão dos temas para a síntese, tão necessária.
Outro escritor maçom, Ubyrajara de Souza Filho, em recente obra: Ensinamentos Maçônicos (Mitologia, Filsofia e Gnose Aplicada à Maçonaria), nos traz lições que traduzem, com maestria, minha opinião a respeito de sermos ou não maçons.
Diz ele, referindo-se à Cultura Maçônica:
“Na verdade o conceito de Cultura Maçônica deve congregar a interpretação de seus Símbolos, a prática de tradições maçônicas e suas lendas míticas; não somente aquelas que foram incorporadas dentro dos Rituais e são exemplificadas em suas Cerimônias, mas também aquelas que, embora não figurem nas Instruções das Lojas, foram transmitidas oralmente como partes de sua história e enunciam em seu cânone de Instrução verdades fundamentais e pensamentos sobre a natureza humana, através do frequente uso de arquétipos, sem se referir à veracidade dos relatos.

Assim sendo, o futuro da maçonaria está diretamente ligado ao desenvolvimento cultural do Maçom. … o Maçom deve estar consciente de que se cultura é informação, isto é, um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos que se aprende e transmite aos contemporâneos e aos vindouros, a Cultura Maçônica deverá ser o resultado da forma como os Maçons receberam e transmitem seus ensinamentos; se cultura é criação, é importante estar atento que ele não só receber a cultura dos seus antepassados como também cria elementos que a renovam; e se cultura é um fator de humanização, deve compreender que esta transformação só ocorrerá porque ele é parte de um grupo em constante aperfeiçoamento cultural. (P. 20/21).
Mais adiante, o mesmo autor afirma que “O desafio maior do Maçom deve ser trabalhar incessante e incansavelmente no difícil ofício de ser Maçom em tempo integral, não somente dentro da Maçonaria.” (P. 23).
Na página 25 faz algumas afirmações, a meu ver, imprescindíveis para nos conscientizarmos do que é ser maçom:
“ Ser Maçom é fazer prevalecer a igualdade entre os Irmãos, para que as Lojas possam se tornar um catalisador de união e harmonia e promover a prática de um legítimo sentimento de Fraternidade entre os Irmãos para que, aprendendo a respeitar o que é específico de cada um e entendendo essa diferença como uma riqueza matizada que confere sentido à vida, consiga criar e difundir profundos e sólidos laços de amizade.
Por fim, Ser Maçom é questionar o mundo que o rodeia. …”
Finaliza:
“Para que aconteça “Maçonaria” é indispensável que sejamos Maçons o tempo inteiro, não somente dentro das Lojas ou em ambientes maçônicos. É necessária a conscientização de que devemos estar sempre comprometidos com os valores maçônicos nesse grande desafio de sermos reconhecidos como Homens Livres e de Bons Costumes. 
Como se pode perceber, ser Maçom não é, apenas, passar pela cerimônia da Iniciação, galgando, posteriormente, os outros graus, muitas vezes, até o ápice dos graus filosóficos, se não permitirmos que a Maçonaria faça, de nós, homens diferentes dos demais, para que nos destaquemos na sociedade, servindo, com nosso exemplo, aos princípios maiores da Moral e da Ética – a boa ética, pois, assim agindo, estaremos cumprindo nosso papel de construtores de uma nova sociedade.
O que devemos praticar, em Loja, é discutirmos os temas que envolvem a Maçonaria, a fim de conhecer sua história, suas realizações e, principalmente, o que ela ainda pode fazer pela humanidade; discutir, ainda, temas candentes da sociedade, como o que ocorre na política deste país ou nos conflitos do oriente médio, buscando saber o que pode ocorrer e quais as consequências advindas da violência que por lá graça e atinge as populações locais, onde há um enorme desprezo pela vida e integridade humanas, dentre outros assuntos.
E qual a finalidade dessas discussões?
Buscar orientar nossos filhos e netos para que eles aprendam o verdadeiro sentido da vida, nosso papel no mundo que nos cerca, a fim de que possamos deixá-lo mais seguro e habitável para as gerações futuras.
Fazer, da nossa Loja um centro de estudos e difusão do conhecimento, a fim de nos prepararmos na luta pela vida profana, atendendo aos princípios de Maçonaria, deixando de lado nossas aspirações e sonhos pessoais, a fim de, efetiva e realmente, contribuirmos, decisivamente, para um mundo melhor, mais bonito e mais pacífico para a sobrevivência do ser humano sobre o orbe em que vive a raça humana.
Bibliografia:
Schüler Sobrinho, Octacílio, O Desafio das Mudanças, Ed. Maçônica “A Trolha”, julho de 2004.
Souza Fº., Ubyrajara, Ensinamentos Maçônicos (Mitologia, Filosofia e Gnose Aplicada à Maçonaria), Ed. Maçônica “A Trolha”, setembro de 2014.
Fonte: JB News


O ESTUDO DA ORDEM E DOUTRINA MAÇÔNICA


Qualquer que tenha sido o vosso propósito e o anseio de vosso coração ao ingressar na Augusta Instituição que fraternalmente vos acolheu como um de seus membros é certo que não tereis entendido, a princípio, toda a importância espiritual deste passo e as possibilidades de progresso que com ele vos foram abertas.

A Maçonaria é instituição hermética no tríplice e profundo sentido da palavra. O segredo maçônico é de tal natureza, que não pode nunca ser violado ou traído, por ser mística e individualmente realizado por aquele maçom que o busca para usá-­lo construtivamente, com sinceridade e fervor, absoluta lealdade, firmeza e perseverança no estudo e na prática da arte. 

A Maçonaria não se revela efetivamente senão a seus adeptos, aqueles que a ela se doam por inteiro, sem reservas mentais, para tornarem-­se verdadeiros maçons, isto é, obreiros iluminados da inteligência construtora do universo, que deve manifestar-­se em sua mente como verdadeira luz que ilumina, desde um ponto de vista superior, todos os seus pensamentos, palavras e obras. 

Isto é conseguido por intermédio das provas que constituem os meios pelos quais se torna manifesto o potencial espiritual que dorme em estado latente na vida rotineira, as provas simbólicas iniciais e as provas posteriores do desânimo e da decepção.

Quem se deixar vencer por elas, assim como aquele que ingressar na associação com um espírito superficial, deixará de conhecer aquilo que a ordem encerra em sua forma e seu ministério exterior: deixará de conhecer seu propósito real e a força espiritual oculta que interiormente anima a ordem.

O tesouro acha-­se escondido profundamente na terra. Só escavando, buscando-­o por debaixo das aparências, pode-se encontrá-lo. Quem passa pela instituição como se fosse uma sociedade qualquer ou um clube de serviço, não pode conhecê-­la: somente permanecendo nela longamente, com fé, esforçando-se e tornando-se maçom, reconhecendo o privilégio inerente a esta qualidade, ela revelará o tesouro oculto. 

Deste ponto de vista, e qualquer que seja o grau exterior que se possa conseguir, ou que já tenham sido conferidos para compensar de alguma forma os anseios e desejos de progresso, dificilmente pode-­se realmente superar o grau de aprendiz.

Na finalidade iniciática da ordem, somos e continuaremos sendo aprendizes por um tempo muito maior que os simbólicos três anos de idade. Oxalá fossemos todos bons aprendizes e continuássemos sendo-o por toda nossa existência!

Se todos os maçons se esforçassem primeiro em aprender, quantos males têm sido lamentados e que ainda serão lamentados, não mais teriam razão de existir.

Ser um aprendiz, um aprendiz ativo e inteligente que envida todos os esforços para progredir se iluminando no caminho da verdade e da virtude, realizando e colocando em prática, fazendo-­a carne de sua carne, sangue de seu sangue e vida de sua vida, a doutrina iniciática que se encontra escondida e é revelada no simbolismo do grau, é, sem dúvida, muito melhor que ostentar o mais elevado grau maçônico. Permanecendo na mais odiosa e destruidora das ignorâncias dos princípios e fins sublimes de nossa ordem não levam à evolução. 

Não devemos ter pressa na ascensão a graus superiores. O grau que nos foi outorgado, e pelo qual exteriormente somos reconhecidos, é sempre superior ao grau real que alcançamos e realizamos interiormente, e a permanência neste primeiro grau dificilmente poderá ser taxada de excessiva, por maiores que sejam nossos desejos de progresso e os esforços que façamos nesse sentido.

Compreender efetivamente o significado dos símbolos e cerimônias que constituem a fórmula iniciática deste grau, procurando a sua prática todos os dias da vida é melhor que sair prematuramente dele, ou desprezá-­lo sem tê-­lo compreendido. 

A condição e o estado de aprendiz referem-­se, de forma precisa, à nossa capacidade de apreender; somos aprendizes enquanto nos tornamos receptivos, abrindo-­nos interiormente e colocando todo o esforço necessário para aproveitarmos construtivamente todas as experiências da vida e os ensinamentos que de algum modo recebemos. Nossa mente aberta e a intensidade do desejo de progredir determinam esta capacidade. 

Estas qualidades caracterizam o aprendiz e o distinguem do homem comum dentro ou fora da ordem. No profano, segundo se entende maçonicamente esta palavra, prevalecem a inércia e a passividade, e, se existe desejo de progresso, aspiração superior, encontram-se como que sepultados ou sufocados pela materialidade da vida, que converte os homens em escravos completos de seus vícios, de suas necessidades e paixões.

O que torna patente o estado de aprendiz é exatamente o despertar do potencial latente que se encontra em cada ser e nele produz um veemente desejo de progredir, caminhar para frente. Leva a superar todos os obstáculos e limitações, tira proveito de todas as experiências e ensinamentos que encontra em seus passos. Este estado de consciência é a primeira condição para que seja possível tornar-­se maçom em sentido lato. 

Toda a vida é para o ser ativo, inteligente e zeloso, uma aprendizagem incessante. Tudo o que encontramos em nosso caminho pode e deve ser um proveitoso material de construção para o edifício simbólico de nosso progresso. O templo que assim erigimos a cada hora, cada dia e cada instante à glória do Grande Arquiteto do Universo: é o princípio construtivo e evolutivo em nós mesmos.

No fundo tudo é bom, pode e deve ser utilizado construtivamente para o bem: apesar de que possa ter-­se apresentado sob a forma de experiência desagradável, contrariedade imprevista, dificuldade, obstáculo, desgraça ou inimizade. 

Eis o programa que o aprendiz deve esforçar-se em realizar na vida diária. Somente mediante este trabalho: inteligente, zeloso e perseverante, ele tem a possibilidade de converter-se em obreiro da inteligência construtora, e companheiro de todos os que estão animados pelo mesmo programa e finalidade interior. 

O esforço individual é condição necessária para o progresso. O aprendiz não deve contentar-se em receber passivamente as ideias, conceitos e teorias vindas do exterior, e simplesmente assimilá-­las, mas trabalhar com estes materiais, e assim aprender a pensar por si mesmo, pois o que caracteriza a instituição maçônica são a mais perfeita compreensão e realização harmônica de dois princípios: liberdade e autoridade.

Estes se encontram amiúde em franca oposição ao mundo profano. Cada um deve aprender a progredir por meio de sua própria experiência e por seus próprios esforços, ainda que aproveitando segundo seu discernimento e experiência daqueles que procederam nesse caminho. 

A autoridade dos mestres é simplesmente guia, luz e apoio para o aprendiz, enquanto não aprender a caminhar por si mesmo. Seu progresso será sempre proporcional aos seus próprios esforços. Assim é que esta autoridade, a única reconhecida pela Maçonaria, nunca será resultado de imposição ou coação, mas o implícito reconhecimento interior de superioridade espiritual, de um maior avanço na mesma senda que todos indistintamente percorrem. Aquela autoridade natural que somente conseguimos reconhecendo a verdade e praticando a virtude.

O aprendiz que realizar esta sublime finalidade da ordem reconhecerá que em suas possibilidades há muito mais do que fora previsto quando, inicialmente, pediu sua filiação e foi recebido como irmão.

O impulso que o moveu desde então foi radicalmente mais profundo que as razões conscientes determinantes. Naquele momento atuava nele uma vontade mais elevada que a da sua personalidade comum, sua própria vontade individual, a vontade do divino em nós. Seja ele consciente desta razão oculta e profunda que motivou sua filiação à augusta e sagrada ordem por suas origens, natureza e finalidades. 

A todos é dado o privilégio e a oportunidade de cooperar para o renascimento iniciático na Maçonaria, para o qual estão maduros os tempos e os homens. Façamo­-lo com aquele entusiasmo e fervor que, tendo superado as três provas simbólicas, não se deixa vencer pelas correntes contrárias do mundo nem arrastar pelo ímpeto das paixões nem desanimar pela frieza exterior, e que, chegando a tal estado de firmeza, amadurecerá e dará ótimos frutos.  

Mas antes aprendamos o que é a ordem em sua essência: origem, significado da iniciação simbólica pela qual fomos recebidos.

A filosofia iniciática da qual provêm os elementos.

O estudo dos primeiros princípios e dos símbolos que os representam.

A tríplice natureza e valor do templo alegórico de nossos trabalhos e a sua qualidade.

A palavra dada para uso e que constitui o ministério supremo e central. Receberemos assim o salário merecido como resultado de nossos esforços e nos tornaremos obreiros aptos e perfeitamente capacitados para o trabalho que de nós é exigido. 

 Texto extraído do livro Manual do Aprendiz Franco-Maçom
Sociedade de Ciências Antigas



FAÇA-SE A LUZ! ... E A LUZ FOI FEITA, MAS... A CUSTA DE VELAS!


Um fato interessante teria se passado, lá pelos idos do ano de 1946, num vilarejo de pouco mais de dez mil habitantes, localizado em uma região interiorana do Brasil.

Segundo afirmam testemunhas ainda vivas, o que vem sendo passado de ano para ano até os dias de hoje, não se trata de ficção, mas sim, de uma história que, verdadeiramente, aconteceu.

Na cidade havia uma pequena usina hidrelétrica cuja capacidade operacional limitava-se ao volume de águas que recebia do também pequeno riacho conhecido por “Ponte Funda”.

Devido a isso, seu funcionamento ficava restrito a apenas uma parte do dia, sempre das dezoito às vinte e quatro horas. Além do mais, as quedas de energia eram frequentes e muitas vezes prolongavam-se, sem solução imediata, deixando a cidade às escuras por vários dias.

Na localidade não havia assistência técnica e quando esta se fazia necessária a única solução era sair em busca dos demorados recursos de outras regiões mais desenvolvidas.

Certo dia aconteceu que, segundo consta no livro de atas da Loja Maçônica do lugar, um clima festivo muito bom se formava entre os maçons porque eles estavam se preparando para a realização de mais uma sessão magna de iniciação.

Eram apenas dois candidatos, mas, ambos, considerados de peso para a maçonaria local. Um era o Prefeito, o outro, o Secretário da pasta de Energia. Tudo estaria convergindo conforme o planejado. Pretendia-se fechar com brilhantismo aquela que seria, sem dúvida, uma das mais importantes sessões já realizadas pelos Obreiros locais.

Enfim, o momento tão esperado chegou.

Em loja, as colunas e o oriente repletos, os irmãos ocupantes de cargos já em seus respectivos postos, todos aguardavam apenas que os trabalhos fossem iniciados e isto aconteceu na hora estabelecida sem nenhum contratempo.

Mas eis que, quando os trabalhos já caminhavam para o seu encerramento, em meio à escuridão e batidas de malhetes, uma voz ressoou: ...

A LUZ SEJA DADA AOS NEÓFITOS!

Passaram-se alguns segundos e... cadê a luz?

Ela não vinha! Uma grande apreensão tomou conta do recinto.

O Cobridor Interno, a quem fora incumbida a tarefa de controlar a iluminação do Templo, dirigiu-se rapidamente ao Mestre de Cerimônias para informar-lhe de que a energia tinha ido embora.

Acionei o interruptor, mas as luzes não se acenderam. Acho que a energia foi embora, disse ele.

No mesmo instante, o Irmão Mestre de Cerimônias foi até ao ouvido do Venerável e lhe passou a informação recebida do Irmão Cobridor.

Sem muito tempo para pensar e encontrar uma rápida saída para solução do impasse, o Venerável anunciou aos presentes que dado a um pequeno imprevisto os trabalhos seriam interrompidos por alguns instantes até que o mesmo pudesse ser superado.

À medida que o tempo passava o Venerável foi ficando cada vez mais inquieto.
Consultava os irmãos dos à sua direita, e os da sua esquerda também.

Do lado direito do seu altar permanecia o irmão Mestre de Cerimônias, que não podia ser visto por causa da escuridão. Enfim, o Venerável tomou uma decisão.

Chamou o irmão Mestre de Cerimônias e disse-lhe em voz baixa: “A luz será dada aos neófitos por meio de velas. Uma para cada irmão e o imprevisto estará superado,  mas tem que ser rápido.”

Procurando agir tal como o Venerável pedira, o irmão Mestre de Cerimônias foi até ao local onde se guardavam as velas, mas nada encontrou.

Lembrou-se, então, do Cobridor Externo. Deslocou-se, rapidamente para fora do Templo e, ao passar pelo átrio, deu de frente com o citado irmão. Enfiou a mão no bolso, tirou alguns trocados e solicitou-lhe que, obsequiosamente, se dirigisse sem demora ao pequeno empório da esquina à procura de velas. Tem que ser rápido vá correndo, pois o Templo está às escuras, disse o irmão Mestre de Cerimônias.

Enquanto isso, os neófitos permaneciam inertes, sem poder ver nada e sem entender o porquê do incessante burburinho que se ouvia naquele instante.

Todos se perguntavam buscando saber o que teria impedido as luzes de serem acesas no momento apropriado.

No empório, o Irmão Cobridor chegou apressado e encontrou somente velas artesanais feitas de cera de abelhas. Sem opção, fez a compra de 32 peças – todo o estoque – e voltou correndo para o Templo.

Assim, à luz de velas, os trabalhos foram concluídos, mas algo continuou instigando inquietação entre os que haviam presenciado o fato.

Eles queriam saber qual teria sido o motivo causador da falta de energia elétrica no exato momento em que ela não poderia ter faltado.

O prefeito e o seu secretário, poucos minutos após o término da sessão, também se sentiam surpresos e até desapontados. Pensou-se primeiramente em sabotagem, em ação de pessoas não simpatizantes do prefeito etc..

Depois, em outras várias hipóteses. Por fim, resolveram fazer uma investigação. No dia seguinte foram até a usina hidrelétrica buscar esclarecimentos junto ao operador responsável.

Lá, durante a inspeção que realizavam, constataram uma coisa simplesmente curiosa. O sistema de geração de energia havia sido interrompido por um problema na turbina do gerador, a qual se encontrava instalada no fundo do reservatório de água, a oito metros de profundidade.

 Era preciso esvaziar aquele reservatório para então se descobrir o que teria sido sugado pela turbina, fazendo-a parar. Quando o grande tanque de concreto armado se esvaziou a causa de todo o problema foi logo esclarecida.

Lá estava uma sucuri, de uns quatro metros de comprimento, morta, enroscada na ponta do eixo da turbina.

Ao tentarem remover a cobra, foram novamente surpreendidos. Ela estava prenhe e no “puxa-puxa” para desentranhar o animal do lugar onde se encontrava preso, oito cobrinhas, também já sem vida, foram expelidas de seu ventre.

A notícia se espalhou rapidamente e em pouco tempo centenas de pessoas estavam lá para ver o bicho e seus filhotes.

 A cena despertou curiosidade, apreensão e medo em muita gente. Curiosidade por duplo aspecto. Primeiro, porque atraiu muita gente para ver o acontecido. Segundo, porque naquele lugar nunca se tinha visto, nem mesmo ouvido falar de uma cobra tão grande como aquela. 

Apreensão e medo, porque a impressão que se tinha de que o “Ponte Funda”, sempre aceito como um regato muito calmo e sereno, não passava de um engano visto que, ante a constatação do fato que paralisou o funcionamento da pequena usina, outros répteis da mesma espécie poderiam estar vivendo nas imediações, inclusive crias já adultas da enorme serpente encontrada morta.

Por longo tempo as margens daquele riacho ficaram desertas em razão da síndrome do medo que tomou conta dos moradores do lugar.

E desde então, não se ouviu mais falar do riacho “Ponte Funda”, e sim, do ribeirão da “Sucuri” como ficou conhecido.


Ir.'. Anestor Porfírio da Silva MI e Membro da ARLS Adelino Ferreira Machado Or.'. de Hidrolândia – Goiás - Conselheiro do Grande Oriente do Estado de Goiás 

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