O MESTRE E A LUTA CONTRA A VAIDADE



“O segredo da sabedoria, do poder e do conhecimento é a humildade” Ernest Hemingway

Tomo a liberdade de partir do pensamento do Grande Ernest Hemingway para suscitar as reflexões que se seguem:

Muitas vezes esquecemo-nos que as nossas diferenças de graus são “simbólicas” e cometemos o grave equívoco de não discernirmos o que se trata de simbologia do grau com outros conhecimentos e temas que deveriam ser fraternalmente debatidos entre quaisquer Maçons, independente do seu grau simbólico ou filosófico.

Certamente que a nossa Ordem é uma Escola para a Vida e, numa instituição voltada para o aperfeiçoamento moral do homem (e, consequentemente, da humanidade) faz-se necessária uma estrutura onde o mais experiente orienta o caminho do mais novo na Ordem. Isto é ponto pacífico.

Sem dúvida alguma a estrutura hierárquica de cargos e graus “simbólicos” merecem o nosso mais profundo respeito e reverência, pois, em tese, trazem consigo a vivência e, em muitos casos, um vasto conhecimento desenvolvido com a prática na Arte Real e, aos amantes da leitura, com muito estudo e pesquisa.

Mas, meus queridos Irmãos, volume de conhecimento está longe de se traduzir automaticamente em sabedoria, verdadeira “Pedra Filosofal” que torna o caminho humano mais suave. Insira milhões de dados num supercomputador e depois coloque-o frente a situações que exijam compaixão, resiliência, intuição, tolerância ou interpretações das nossas normas que exijam algo diverso da meramente literal (sem entrar no mérito das imperfeições existentes na nossa legislação). Certamente que nos decepcionaríamos com o resultado.

Alguns vão contra-argumentar acenando com a Inteligência Artificial e a Aprendizagem da Máquina, e tantas outras áreas correlatas do conhecimento que emergem com força colossal nos nossos dias. Não duvidamos que este dia possa chegar. Mas penso não ter tempo de vida suficiente para ver a ciência substituindo a sensibilidade humana por algoritmos inteligentes.

Estamos falando de seres humanos, da relação entre um Mestre Experiente e um Aprendiz, via de regra, atordoado com o oceano de informações disponíveis à sua frente.

A nossa Ordem é muito sabia ao testar a nossa vaidade com títulos, cargos, jóias, paramentos e graus. Sábio também é aquele Irmão que resiste a estas tentações e se vigia para nunca se esquecer da imaculada brancura e  beleza do nosso primeiro avental.

Na formação do Aprendiz, futuro Companheiro, futuro Mestre, futuro Venerável e assim por diante, precisamos ter a humildade de compreendermos que a edificação do conhecimento se faz de forma horizontal, lado a lado, olho no olho e não com o olhar superior de quem se dirige a um Irmão de grau “simbolicamente” inferior como se olhasse um súbdito ou um subalterno dentro de um quartel.

Infelizmente Irmãos falam de hierarquia (fator extremamente necessário na nossa ordem), mas sem compreenderem o momento correto em que ela se faz necessária. São nestes momentos onde a sabedoria verdadeira se faz presente e mostra os seus doces frutos.

O Modelo vertical e unidirecional de “transmissão” Professor-Aluno já deu provas da sua obsolescência. O verdadeiro educador cresce junto com o seu educando, pois o processo de qualquer aprendizagem é uma troca de saberes. Uma verdadeira “construção” onde o Mestre cerra fileiras com o seu Aprendiz, demonstrando a humildade necessária aos grandes homens.

Excetuando, obviamente, os temas resguardados pelo sigilo dos graus simbólicos, a generosidade no compartilhar das informações deve ser uma constante. Como Mestre sinto a necessidade gritante de compartilhar o pouco conhecimento que julgar útil ao meu Irmão.

Não importa se este conhecimento foi obtido à custa de muitas e muitas horas de pesquisa, estudo, leituras e buscas. Se não pudermos compartilhar conhecimento útil com os nossos Irmãos, se não pudermos tornar a vida deles um pouco melhor, de que terão me servido tantas leituras?

Os nossos neófitos, meus Irmãos, felizmente, tem sido recebidos nas nossas fileiras cada vez mais preparados. Iniciados com vivência e formação profana muitas vezes superior às do seu Iniciador! Mentes que não se conformam mais com respostas dogmáticas ou do tipo “Você vai saber quando chegar à hora!”, muitas vezes usadas como subterfúgio para a ignorância de quem é questionado.

É muito melhor e mais digno dizer: “Meu Irmão, eu não sei, mas vou pesquisar e esforçar-me para encontrar a resposta”.

Sejamos mais humildes de verdade, meus Irmãos! Aprendamos a usar o Nível sobre as nossas cabeças! Lembremo-nos do que somos feitos! Ossos! Quebradiços e destinados ao pó da igualdade!

Assim contribuiremos verdadeiramente para que os nossos Aprendizes tenham exemplos de virtudes calcadas na maior delas: a Humildade Verdadeira! Alicerce sólido para se erigir a Grande Obra.

Finalizando e agradecendo a fraternal atenção dos Irmãos, deixo uma frase atribuída ao Mestre Nazareno, que, com o devido respeito e deferência a todas as orientações religiosas, traz, para os nossos corações e mentes, o calor de uma serena reflexão.

“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus”
(Jesus, o Cristo)

Mario Vasconcelos
A
R L de Pesquisa Maçônica Quatuor Coronati São Paulo – nº 333


LIVRE ARBÍTRIO NA MAÇONARIA



O ser humano é livre para agir e o faz aplicando o livre-arbítrio, o que implica dirigir seu comportamento de um extremo a outro ou de bem a mal, de acordo com as informações armazenadas a priori em nosso subconsciente.

Maçonicamente falando, nosso comportamento deve buscar o equilíbrio entre esses dois extremos, para manter um equilíbrio mental.

O livre arbítrio seria definido como o poder de qualquer ser humano de tomar qualquer decisão, sem qualquer impedimento. Em outras palavras, o ser humano não tem um destino específico, indeterminado ou livre arbítrio, há um problema entre o determinismo e o livre arbítrio.

O futuro pode ser moldado pelo comportamento de hoje, se não, não faria sentido, manter nosso comportamento dentro dos parâmetros ético-morais e buscar o auto-aperfeiçoamento, enquanto nós deixaríamos a vida passar diante de nós como animais, sem ser capaz de prever o futuro.

Este tema está no campo da responsabilidade do homem e da utilidade do esforço diário.

É dever de o maçom superar o homem comum que encontramos em todos nós, renascer e buscar em nós mesmos aquele Ser Humano que é a sua própria superação, sendo esse caminho totalmente pessoal e marcado por influências externas, mas levando aqueles que servem, descartando aqueles que não servem no caminho traçado na viagem que empreendemos. (Sarmiento. 2005: 01).

Aldo Lavagnini, com base no livre arbítrio, argumenta que, como consequência, o livre-arbítrio e a liberdade individual existem para o homem em proporção ao desenvolvimento de sua Inteligência e seu julgamento.

Para o homem inteiramente dominado por suas paixões, instintos, vícios e erros, não há livre-arbítrio, como existe para o homem iluminado e virtuoso.

Os instintos e as paixões determinam constantemente suas ações, bem como as do animal, e o ligam ao jugo de uma fatalidade que é a consequência lógica ou a concatenação de causas e efeitos, isto é, a reação dupla interna e externa de toda ação.

Mas para aqueles que constantemente se esforçam para dominar suas paixões, constantemente escolhendo o mais justo, justo e elevado, o livre arbítrio, no sentido mais amplo da palavra, é uma realidade, porque através desse esforço ele se liberta dos elos que ligam o homem instintivo aos seus erros e paixões: ele sabe que a verdade e a verdade o libertam. (Lavagnini. P: 42)

É um mito falar de livre-arbítrio no mundo de hoje, porque nossos comportamentos estão condicionados a controles sociais, exercidos pelo Estado, religião, mídia, propaganda, etc.

Esses controles sociais sugerem indivíduos e a massa, afetando nosso livre-arbítrio, porque afetaram nossa capacidade livre de escolha. O pesquisador Mark Hallett diz que “o livre-arbítrio não existe, mas é uma percepção, e não um poder ou uma força motriz”.

As pessoas experimentam o livre arbítrio. Tem a sensação de estar livre. Quanto mais você examina, mais você percebe que não tem, ”ele disse. Essa ideia já havia sido levantada desde que o filósofo alemão Arthur Schopenhauer disse como Einstein, que “um ser humano pode fazer o que quer, mas não quer o que quer.

A Maçonaria nos ensina a sermos nós mesmos e não somos perfeitos, para sermos nosso próprio templo interior.

Temos o potencial de criar seres humanos livres ou oprimidos, tendo que nos alimentar de pensamentos que nos ajudam a fortalecer nosso templo interior, descartando o negativo, em busca da verdade.

Temos livre arbítrio para escolher entre virtudes e vícios, entre o bem e o mal. O estudo da simbologia maçônica transmite sabedoria e segurança em nosso comportamento e ajuda a agredir as bordas negativas de nossa pedra bruta, facilitando a prática das virtudes, em nossa vida cotidiana.

A Maçonaria exige dos seus membros evolução, ética, moralidade e colocá-la em prática, para andar em linha reta. Finalmente, o livre-arbítrio deve ser usado sem afetar outro ser humano, que também tem a mesma liberdade de tomar decisões, porque, do contrário, estaríamos colocando nossa sobrevivência em risco, devido ao fato de que a parte lesada poderia tomar decisões prejudiciais algum de nós.

Por Roberto Macedo Mayo
BIBLIOGRAFIA Sarmiento Carlos. Verdade e Livre Arbítrio na busca por Maçom. Lavagnini Aldo. Maçonaria aliviada. Manual complementar. Terceira edição Fonte: Diário Maçônico

COMO VENCER NA MAÇONARIA… SEM FAZER FORÇA




Depois de muitos anos na Maçonaria, vendo carreiras meteóricas e ascensões fulminantes de homens medíocres, sem cultura geral e maçônica, sem vivência dentro da Instituição e sem trabalhos de vulto, em benefício dela, creio que posso dar, aos novos maçons, que queiram enquadrar-se nessa situação, a receita de como possuir altos graus e cargos elevados, sem o tempo necessário e legal e sem fazer força.

É claro que esta receita é apenas para as mediocridades, que não possuem capacidade suficiente para subir pelos seus próprios méritos. Eis as regras, bem simples:

Faça muitos exercícios de contorcionismo, para que a sua coluna vertebral se torne bastante flexível, permitindo desta maneira, grandes curvaturas aos que lhe são hierarquicamente superiores dentro da Ordem.

Exercite também os seus joelhos, para que eles aguentem as genuflexões aos detentores do poder.

Acostume a sua cabeça a balançar, apenas no sentido vertical e nunca no horizontal, para que possa concordar com tudo o que os seus superiores hierárquicos, na Loja, ou na Obediência, desejarem.

Bater palmas aos que estão acima, ajuda sempre: exercite as mãos.

Seja sempre o primeiro no cortejo da bajulação, no cordão dos “engraxadores” dos detentores dos poderes simbólicos e dos altos graus, desde que, é óbvio, eles gostem de bajulações.

Nunca diga “não”. Seja como a boa prostituta e concorde com tudo, pois negócio é negócio.

Seja sempre bonzinho com todos, fale mansa e suavemente, sem nunca alterar a voz: não dê palpites, não emita opiniões, não queira dar demonstrações de cultura e todos acharão que você é o máximo.

Procure conseguir alguns titulozinhos “profanos”; mesmo sabendo que a mediocridade não merece títulos, rastejando e implorando é possível consegui-los. O trabalho compensa, pois os títulos, mesmo imerecidos, impressionam os basbaques.

Acima de tudo, e esta é a regra principal, esteja sempre com quem está por cima. Se, todavia, aquele que estiver por cima vier a cair, não hesite em ser volúvel; mude de amo, pois a sua vaidade terá que ser maior que a sua dignidade.

Não seja independente, pois Maçom independente só sobe pelos seus próprios méritos e com esforço; além de tudo, independência é apanágio de quem tem dignidade, brio e não é medíocre, não precisando, portanto, de todas estas regras.

Seguindo estas dez simples regras, é possível, em pouco tempo, chegar aos mais altos graus (neste caso, uma boa conta bancária também ajuda), em detrimento de Irmãos mais antigos e mais capazes, e subir aos altos cargos simbólicos, com exceção do Grão-Mestrado, pois os títeres só servem para sustentar os Grão-Mestres e nunca para lhes tomar o lugar.

Quem fizer tudo isto, será logo um figurão dentro da Instituição e mesmo que não possua suficiente cultura, será um bom enganador, pois todos acharão que a possui.

A existência destes figurões fabricados é, todavia, motivo de grande desgaste, para a Maçonaria, pois ela repete, no caso, um dos grandes erros da sociedade “profana”, que  é a inversão de valores; além disso, ocupando altos cargos na Ordem e sendo reconhecidos como medíocres lá fora, eles depõem contra a própria Instituição.

Há alguns anos, um amigo e Irmão “adormecido”, portador de vasta cultura e reconhecidamente capaz, perguntou-me, a respeito de um conhecido comum nosso: – “Qual é o cargo que Fulano ocupa no Grande Oriente?” Quando eu lhe respondi, ele, atônito, exclamou: – “Puxa! Esse indivíduo, multiplicado por dois, não forma meio burro! Como vai mal a nossa Maçonaria!” – Era tolice eu tentar explicar como o “indivíduo” conquistou o cargo. Ficaram apenas a vergonha e o desencanto, próprios de quem é Maçom de brio e não gosta de ver deturpada a imagem da Maçonaria Nacional.

Em 1974, como responsável pelo Boletim da Loja “Lealdade à Ordem”, da qual fui idealizador e fundador, fiz uma crítica, abordando a mediocridade da assessoria do Grande Oriente de São Paulo ligado ao GOB, já que é notório que os cargos de confiança nem sempre levam em conta a capacidade, mas servem, mais, para premiar “os amigos do rei”.

A crítica tinha destinatário certo: era dirigida a dois “Grandes” Secretários; todavia, todos enterraram a carapuça até os joelhos. O Grão-Mestre estadual da época disse-me, então, que eu tinha ofendido a toda a cúpula. Ora, se toda a tal cúpula se sentiu “ofendida” é porque eu, realmente, me enganara: a mediocridade era total e não de apenas dois Secretários, pois quem não era realmente medíocre, não poderia se sentir atingido. Certamente todos seguiam o conselho da sabedoria antiga “Nosce te ipsum” (tradução latina da inscrição grega encontrada no frontispício do templo de Apolo, em Delfos), que significa: “Conhece-te a ti mesmo”.

Com o conhecimento deste fato, muitos poderão perguntar-me se a atual crítica também tem endereço certo. E eu responderei, imitando um antigo político brasileiro: “Nem sim, nem não, muito pelo contrário; deixemos aos pavões o benefício da dúvida”. Os homens brilhantes, que estão nos altos escalões da Maçonaria Nacional e que representam a maioria, não se sentirão atingidos. O resto? Bem, o resto… é o “resto”!

Cabe, aqui, entretanto, uma advertência final: não confundir subserviência com fidelidade, pois qualquer Maçom pode ser fiel a um dirigente maçônico,  sem ser servil, sem se desfazer da vontade própria, sem prostituir a sua consciência e sem ter a docilidade de um fantoche.

A fidelidade consiste em dar apoio, mas não aplaudir e avalizar os erros, pois o verdadeiro amigo, o amigo fiel, chama a atenção para os erros e suas consequências, impedindo que eles sejam cometidos.

Um Grão-Mestre democrático ouve os que o cercam e toma as suas resoluções de acordo com a maioria, formando uma liderança coletiva, base e sustentação da moderna democracia.

Uma assessoria que, por mera adulação, se comporta como um rebanho de carneiros, é altamente perniciosa, é a negação da liberdade de consciência, é o primeiro passo para uma nefasta ditadura, incompatível com o espírito maçônico de LIBERDADE.

José Castellani


CAPTAÇÃO MAÇÔNICA


Além de questões da ritualística e até mesmo questionamentos menores sobre normas e procedimentos, um tema, em especial, vem provocando a atenção, estudos e debates institucionais dentro da Maçonaria.

Há, na maioria dos países, um visível decréscimo do número de Maçons.

Esta é uma realidade incontestável. Alguns indicadores causam preocupação. Na década de 1960, por exemplo, estima-se que a Maçonaria nos Estados Unidos contava com cerca de quatro milhões de obreiros. Hoje, as estatísticas nos informam que são apenas um milhão e meio.

Mas, esse “apenas” significa que são 1.500.000 homens Justos e de Bons Costumes. A diminuição do número de membros não é exclusividade da Maçonaria.

Passadas seis décadas, muitas organizações mundiais também sofreram processo de evasão, como instituições religiosas, clubes de serviço e entidades filantrópicas.

Algumas, quase extinguiram. Diante desta realidade, não nos cabe, como OBREIROS, a simples e passiva observação da situação. Lembremos que ela não ocorre nas Potências ou Obediência.

A evasão se concentra nas Lojas vinculadas a estas formas administrativas e representativas.

Se há culpados por esta realidade, somos nós mesmos, os Mestres Maçons!

Quantos de nós MESTRES apresentamos trabalhos?

Quantos de nós MESTRES ensinamos os Aprendizes e Companheiros pelo exemplo da presença constante e devidamente trajado?

Quantos de nós MESTRES submetemos nossa vontade e paixão, não fazendo das reuniões campos de batalha ou auditórios para intermináveis discursos de ego?

Enfim, somos, realmente, a Pedra Bruta que faz trincar a obra. E o fazemos em duas situações: Primeiro não sabendo conservar os elementos que temos e, segundo, errando na captação de novos elementos.

A principio, os Irmãos devem compreender a captação maçônica como obtenção e conquista de novos membros, mas não é só isto. Na ação de ampliar o número de membros das Oficinas, cometemos alguns equívocos: De inicio, convidamos o profano para ser iniciado em “nossa Loja”. Mas, as ARLS apenas promovem o cerimonial.

O candidato deve ser iniciado é na Maçonaria. Adotamos uma abordagem equivocada junto ao profano.

Ele adentra ao Templo não só inteiramente ignorante quanto à ritualística, como também, ele desconhece completamente o que seja a Maçonaria como um todo.

Passamos a ele a ideia de que somos um grupo de leais amigos. Será?

Que nos reunimos apenas uma vez por semana. Será? Que nosso conhecimento é supremo e único no mundo. Será?

E até mesmo, que as despesas financeiras não são apenas as taxas e per captas. Com tanta propaganda equivocada, para não dizer enganosa, o novo membro não se torna um Irmão, não participa e acaba saindo por desilusão.

Para fazer frente à evasão maçônica no presente, a solução correta é melhorar a qualidade das sessões maçônicas, uma obrigação dos Aprendizes, Companheiros e Mestres, indiferente de graus e cargos.

Maior dedicação durante a captação maçônica é a ação preventiva mais eficaz contra a evasão no futuro. O roteiro básico passa pela instrução do Padrinho.

 Antes de fazer o convite ao candidato, ele deve, primeiramente, contar a ele a história da Maçonaria, os valores que nos são preciosos, nossas grandes obrigações morais e éticas e, principalmente, informá-lo que a Irmandade na Maçonaria não é dada, é conquistada.

Ele deverá ter consciência de que estará vinculado a uma Loja, mas, será membro de uma grande Instituição, que tem outras organizações em seu entorno, chamadas Paramaçônicas e que ele precisará conhecer.

A convivência semanal apenas com os mesmos Irmãos não é salutar. O neófito deve ser conscientizado de que, frequentemente, deverá comparecer a outras Oficinas para aprender e ensinar.

A mãozinha esquerda no Tronco de Solidariedade é mais um ato ritualístico do que o cumprimento real do dever de socorrer os menos afortunados, seja por metais, seja pelo afeto demonstrado nas ações filantrópicas da Loja.

Esta abordagem é essencial para o Candidato ter acesso ao entendimento e à compreensão do que seja nele assumir um compromisso com a Maçonaria.

Ao mesmo tempo, o Mestre Maçom proponente, pela observação atenta, deverá ter a oportunidade de captar se este candidato terá, realmente, algo a agregar a nossa Sublime Ordem e, principalmente, se há sintonia entre o que o profano aspira e o que a Loja pode lhe oferecer.

O FUTURO É UMA CONSTRUÇÃO DIÁRIA. É PRECISO SABER QUEM CAPTAR!

DEDICO este artigo aos Irmãos da ARLS Obreiros da Serra 238 do oriente de Nova Serrana onde estivemos participando de Sessão Magna de Iniciação e aos Irmãos da ARLS Antigo Ofício 323 do oriente de Belo Horizonte, onde estivemos presidindo a Sessão Magna de Exaltação. Sinto muito.

Perdoe-me. Sou grato. Amo-te. Vamos em Frente! Neste décimo terceiro ano de compartilhamento de instruções maçônicas, continuaremos incentivando os Irmãos a enriquecerem o Quarto de Hora de Estudo. Indiferente de graus ou cargos somos todos responsáveis pela qualidade dos trabalhos em nossa Oficina.

Imprima este trabalho e deixe entre seus materiais maçônicos, havendo oportunidade solicite ao Venerável Mestre sua leitura e promova o intercambio de ideias. Fraternalmente,

Ir.’. Sérgio Quirino
GLMMG – Belo Horizonte-MG

HUMILDADE: HONRAR A VERDADE




A Ordem Maçônica carrega em seus princípios verdadeiros tesouros de valores imensuráveis, na verdade, lenitivos suficientes para promover a luta contra as imperfeições da pedra bruta, e, alçar vôos para o trabalho da pedra polida em direção às perfeições da alma. Essas orientações sublimes são mostradas aos Maçons, que com seu livre arbítrio, sua determinação promova a sua caminhada ao mais alto degrau de evolução.

Confunde-se grau e/ou cargo adquiridos ou impostos, acrescidos de vaidade, orgulho e ambição, que devem alimentar o egocentrismo e sentir-se superior aos seus pares, como a condecoração material mais perfeita que um materialista pode almejar.

Ledo engano! O mais alto pedestal que pode almejar um maçom é: humildade.

A poetisa Maria Dolores em um de seus poemas elucida:

“O progresso exalta o mundo...
E no porão da grandeza,
Há pranto, angústia, tristeza,
Embates de chaga e dor!...
Só Jesus, vencendo as sombras,
Ergue a luz da Caridade,
Conduzindo a Humanidade
Para a vitória do Amor.”

O Divino Mestre quando há mais de 2.000 anos passou pela Terra, foi claro de que a vaidade e outras qualificações são apanágios dos tolos, dos incautos e dos perjúrios, onde se comprazem na pusilanimidade do materialismo que os distanciam do bom, do belo e do justo.

O tempo urge, o GADU clama a todos, pedindo nossa transformação pelo Amor, pela Caridade e pelo bem feito desinteressadamente. Chegamos muitas vezes a pensar que a nossa consciência está obnubilada, momentaneamente, pela ilusão do materialismo.

Somos Maçons, nós temos responsabilidades pelos que sofrem, pelos injustiçados, pelos órfãos, pelas viúvas, enfim, onde a dor fizer morada, devemos nos aproximar, encontrar solução para afastar o infortúnio. O sofrimento de qualquer ser humano é nosso sofrimento, caso contrário, seremos esquizofrênicos, pois, não nos sensibilizamos com o sofrimento alheio.

Aparência não é sinônimo de Maçom, aparentar ser bom, ser cargo, contudo, no dia a dia, seus atos denotam a pobreza espiritual: aprendemos a acreditar não naquilo que um irmão fala, mas, naquilo que o irmão faz, nos seus atos, na maneira como trata sua família, seus subordinados, seus amigos, seus desafetos, pois, atitudes sensatas e equilibradas representam mais do que palavras soltas de conhecimentos, mas sem amor.

Certa feita recebemos em nossa Instituição filantrópica um Pastor Evangélico a ministrar uma aula prática aos novos Pastores que iriam concluir o curso, quando em sua fala, assim disse: “Atender bem a um superior seu, representa um ato de obediência; atender bem a alguém no mesmo nível de hierarquia representa um ato de respeito; contudo, atender bem a alguém mais fragilizado e/ou empobrecido, que nada pode me oferecer em troca, isso representa um ato de humildade.” 

A Ordem Maçônica nos adverte, diuturnamente - existe uma Lei Divina chamando-nos a prestar contas de nossas atitudes, nossos pensamentos, qual caminho estamos percorrendo. Todos os instantes somos chamados à responsabilidade, tenho condições de permanecer a fugir os desmandos que cometo? Até quando continuarei enganando a mim mesmo. Da Lei do GADU, ninguém foge como dizem: “O corcunda para onde vai, leva à corcunda.”

Estamos matriculados numa sublime Escola, chamada Maçonaria, sejamos dignos dos seus ensinamentos. A estrada da vida é reta, não permite atalhos, conchavos e hipocrisia. O verdadeiro Maçom é fácil de identificar: é simples, humilde e serve a todos sem pensar em recompensa. Quando questionamos a um maçom o que se faz em sua Loja Maçônica? Ele prontamente responde: - Levantam-se templos à virtude e cavam-se masmorras aos vícios.  Esse, sim, o verdadeiro legado ou código do maçom, contudo, não devemos amaldiçoar e/ou maldizer o maçom equivocado, pois, não somos juízes. Da Lei Divina, ninguém foge.

A mão do GADU alcança a todos, e, em todas as épocas. Tivemos equívocos, é só examinar a História, desde a Ordem dos Templários (1118-1312), com Inácio de Loyola, passando pelos Maçons na Queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789, com Joseph Fouché, embora esse maçom fosse sinônimo de abrir mão de qualquer caráter, ou convicção a pretexto de ser leal ao mais forte, mais poderoso e mais rico em bens materiais e poder. Nos dias atuais, temos essas perigosas semelhanças de desvios de conduta, em pouquíssimos maçons, mesmo tento visto a Luz, preferem as trevas da ignorância, para permanecerem equivocados em alimentar o egoísmo, o orgulho e a vaidade.

A alma do verdadeiro Maçom não se compra com metais, nem com cargos, pois a honra não é moeda de comércio. O Maçom se curva às virtudes e bondade.

O momento é de Amar e servir, como verdadeiros filhos da Luz.

Saúde e paz sempre!

Wssf
Loja Maçônica Calixto Nóbrega nº 15
14.10.2019 - Oriente de Sousa – Paraíba.

BOOZ OU BOAZ? A RESPOSTA DEFINITIVA



INTRODUÇÃO
Boaz ou Booz: Qual o verdadeiro nome da coluna do Templo de Salomão, que é objeto também de boa parte das tradições maçônicas?
Este estudo tem por objetivo dar uma resposta definitiva à questão, analisando a palavra nas formas hebraica e grega.
A ORIGEM DO NOME
O nome Boaz deriva da seguinte passagem bíblica, que foi originalmente escrita no hebraico:
“Depois levantou as colunas no pórtico do templo; e levantando a coluna direita, pôs-lhe o nome de Jaquim; e levantando a coluna esquerda, pôs-lhe o nome de Boaz.” (1 Reis 7:21)

Há ainda uma passagem muito semelhante em 2 Crônicas 3:17. O termo também aparece, associado ao nome próprio de pessoas, nos livros de 1 Crônicas e Ruth.
ANÁLISE DO HEBRAICO
No total, Boaz, na forma original hebraica, aparece no texto bíblico 24 vezes. Elas se subdividem em duas grafias básicas:
Bho`az (בֹעַז) – aparece 8 vezes
Bo`az (בֹּעַז) – aparece 16 vezes
(Essa pequena variação na letra inicial, que pode ser lida de forma aspirada ou não, é comum no hebraico e não será objeto deste estudo, pois em nada impacta a questão da vogal.)
Em ambos os casos, a vogal que aparece é chamada Pata’h (também grafada Patach), que é representada por um traço horizontal ( – ) abaixo da consoante.
Entre dialetos e sistemas escritos, o hebraico tem hoje treze dialetos. A saber: Ashkenazi, Babilônio, Bíblico (Massorético), Medieval, Mishnaico, Moderno, Palestino, Samaritano e Sefaradita.
Entre eles, existem muitas diferenças fonéticas. Porém, naquilo que diz respeito ao Pata’h, acontece algo curioso: TODOS os sistemas que usam sinais massoréticos pronunciam-no da mesma maneira: /a/
O único sistema que não utiliza os sinais massoréticos e derivativos, o samaritano, também costuma pronunciar /a/ para palavras sílabas onde o pata’h é utilizado!
Ou seja, não se conhece no hebraico nenhuma outra tradição fonética que não seja pronunciar a segunda vogal do nome Boaz como /a/, isto é, de forma semelhante à letra A com acento agudo no português.

A VERSÃO GREGA
Existem essencialmente duas fontes para o texto que os cristãos conhecem como Antigo Testamento: O Texto Massorético, dos judeus, e a Septuaginta, da Igreja Católica, que deriva de outra família, hoje perdida, de manuscritos hebraicos.
Olhando para o grego, da Septuaginta, que poderia ser outra fonte fonética a considerar, mesmo que com ressalvas, encontramos no texto de 1 Reis 7:21 a grafia Βόαζ, que também seria pronunciada Boaz!

É na narrativa do livro de Ruth, encontramos finalmente a grafia Βοόζ, Boóz, que predomina na Septuaginta em todo o livro. Todavia, a conexão para com a Maçonaria se estabelece a partir de 1 Rs. 7:21 e não diretamente com o personagem do livro de Ruth!
Além disso, essas duas não são as únicas grafias existentes no grego. Nos manuscritos da Bíblia cristã, no Novo Testamento, aparece ainda, por duas vezes, a grafia Βοὲς, que seria pronunciada Boéz, em Mateus 1:5.
Grafias de outros nomes também mostram fenômenos semelhantes, indicando que o grego não é muito confiável para descobrir a pronúncia original das palavras hebraicas. E, ainda assim, no grego, o nome da coluna do Templo é Boaz e não Boóz!
A FONTE DO PROBLEMA
O problema ocorre porque a versão da Vulgata Latina, influenciada provavelmente pela grafia predominante Boóz na Septuaginta do livro de Ruth, utilizou Boóz para 1 Reis 7:21. O que é um erro, por dois motivos: Primeiro, porque não reflete a pronúncia correta do hebraico. E segundo, porque o mesmo a Septuaginta traz Boaz ao se referir à coluna do Templo!
Como durante muito tempo as traduções católicas tiveram por base Vulgata Latina, a forma Boóz, equivocada, se popularizou. Isso é compreensível, dado que as gerações anteriores à Era da Informação nem sempre tinham como verificar determinadas informações.
Todavia, considerando que atualmente temos acesso aos manuscritos mais antigos e a toda essa gama de informações, é injustificável persistir no erro simplesmente por apego ao mesmo.
CONCLUSÃO
Resumindo, temos o seguinte:

O nome Boaz aparece 24 vezes no hebraico, sempre com a mesma vogal (pata’h).


A vogal pata’h tem pronúncia /a/ em todos os dialetos conhecidos do hebraico.

Não há outra tradição fonética para o nome Boaz no hebraico.

O grego da Septuaginta também traz Boaz como nome para a coluna do Templo.

Existem ainda, no grego, as pronúncias Boóz e Boéz, para o mesmo nome, noutros trechos da Bíblia, mostrando que o grego não é muito confiável como fonte de pronúncia.

A Vulgata Latina optou por padronizar o nome como Booz. A partir daí, muitas bíblias ocidentais passaram a adotar essa grafia/pronúncia equivocada.

É compreensível que, no passado, não se tivesse acesso a tais informações. No presente, contudo, isso seria injustificável. 


BIBLIOGRAFIA
BROWN, Francis; DRIVER, S. R.; BRIGGS, Charles A.; A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament. Oxford: Clarendon Press, 1906.
KHAN, Geoffrey. Encyclopedia of the Hebrew Language and Linguistics – Volume 1. Boston: Leiden, 2013.
THAYER, Joseph H. Thayer’s Greek Lexicon. Biblesoft: 2011.
STRONG, James. Strong’s Exhaustive Concordance of the Bible.  Peabody: Hendrickson Publishers, 2007.
Interlinear Greek English Septuagint Old Testament (LXX). Disponível em: <https://archive.org/details/InterlinearGreekEnglishSeptuagintOldTestamentPrint/page/n5>. Acesso em: <19/08/2019>
The Clementine Vulgata. Disponível em: <http://www.catholicbible.online>. Acesso em: <19/08/2019>
Sobre o Autor
Luis Felipe Moura é M M, em processo de filiação na ARLS Conde de Grasse-Tilly 301 (GOP/COMAB). É bacharel em Letras (inglês), mestre em Teologia e em Psicanálise, atualmente trabalha como psicanalista e professor de Bíblia Hebraica.


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