Veneráveis irmãos,
primeiramente, preciso vos esclarecer o seguinte: aqui só tivemos o cuidado de
por em seqüência os diversos conceitos a respeito do processo iniciatório.
Portanto, neste trabalho não existe nada de novo, apenas juntei o que estava disperso e merecedor da nossa reflexão.
O objetivo, primordial, desta peça é contribuir para os nossos estudos, trazendo aos irmãos de forma sintética, como se fossem a expressão de uma só pessoa, a fiel transcrição de importantes conceitos sobre a iniciação.
Assim, revelaremos alguns dos principais ensinamentos dos místicos e iniciados das mais importantes Escolas que conhecemos, isto é, a sublime Maçonaria, O Circulo da Comunhão do Pensamento e a Ordem Rosa-Cruz.
A palavra iniciação está relacionada à palavra latina initium que significa “entra em” ou “começo”. Etimologicamente, portanto, iniciação quer dizer um começo ou a entrada em um novo curso de ação, o início de um novo ciclo de crescimento.
Por outro lado, de
acordo com o Manual Rosa-Cruz, edição de janeiro de l988, iniciação é “um
ritual, cerimônia ou método pelo qual nos é apresentado um raro e novo
conhecimento. As iniciações aos antigos mistérios tinham por objetivo revelar
dramaticamente uma gnose ou sabedoria abstrusa ao candidato”. Assim, do ponto
de vista esotérico, a iniciação é um ritual preparado para auxiliar o estudante
a entrar em um novo ciclo de crescimento.
Tradicionalmente, o candidato à iniciação deve se submeter a certos testes. Nas antigas Escolas de Mistérios eram preparados testes para determinar a preparação do candidato à iniciação. Se fosse considerado digno, o candidato era sujeito ao processo iniciático que consistia de quatro partes, cada uma com a finalidade de impressionar sua consciência.
A primeira dessas partes
é a separação - que simboliza a separação da antiga maneira de viver. Nessa
fase do ritual, o candidato tinha os olhos vendados ou ele era colocado numa
câmara pouco iluminada, representando a relativa ausência de luz. Enquanto vivenciava
a escuridão da ignorância, vários ruídos eram às vezes intencionalmente
produzidos na câmara, para representar o caos da mudança de um estado de vida
para outro.
A segunda parte do
processo é a admissão, - simbolizando o renascimento. Durante essa fase o
candidato deveria aprender que renasce em consciência; que deixa para trás
conceitos e costumes errôneos, de modo a se elevar a uma percepção mais
refinada da existência.
O terceiro aspecto da
iniciação é a exposição, - simbolizando a revelação. Nessa fase do processo
serão revelados ao candidato, em sua consciência, certos sinais, símbolos,
percepções, e verdades sagradas. Em outras palavras, a consciência do candidato
se torna iluminada, aumentando a sua capacidade de compreensão.
O quarto e último
aspecto do processo de iniciação é o retorno - simbolizando a volta ao mundo
exterior para servir a humanidade, pois assim como recebemos devemos dar.
O candidato, entretanto,
jura manter secreta a experiência, embora os resultados dessa experiência devam
ser aplicados à vida no mundo exterior. Esses quatro aspectos da iniciação
estão incorporados a todos os rituais de iniciações das mais antigas ordens Iniciáticas.
Na maçonaria simbólica e principalmente na filosófica ou nos chamados altos graus, também se encontram esses elementos incorporados ao processo iniciático, apresentando uma grande semelhança ao que foi descrito.
Um dos objetivos da iniciação é o despertar da nossa intuição, o Eu Interior, o Cristo Cósmico, o Mestre Secreto, permitindo ao iniciado um diálogo com a voz interior.
Para melhor harmonizar os desejos objetivos com as necessidades
subjetivas da personalidade-alma.
Estabelecendo-se, assim,
a comunicação entre a inteligência superior do Eu Interior e a inteligência
finita do cérebro. O processo de iniciação tem por finalidade nos livrar de
restrições e temores autos- impostos.
Outro aspecto importante
da iniciação é a satisfação das necessidades emocionais do Eu Psíquico.
Desta’arte, a iniciação tem mais a ver com as emoções do que com o intelecto.
Durante a iniciação, quando o nosso nível de consciência é elevado a novas
alturas, literalmente cruzamos o Umbral que leva das trevas à luz. Cada vez que
fazemos isso, enfrentamos o que os antigos chamaramt “Terror do Umbral”.
A consciência nos fala e
continuamos a travessia do umbral de acordo com os ditames de nossa
consciência. No umbral, somos guardados por nossa consciência e atentamos para
isso ou não, dependemos tão somente do nosso grau de percepção. Pois, como
místicos e iniciados, sabemos que a consciência é Luz, Vida e Amor.
Quando somos tentados pelas trevas, a consciência sempre nos adverte. O grau de resistência que vivenciamos está na proporção direta de nosso nível de percepção quanto ao que está sendo ditado por nossa consciência.
Desta forma, durante a
travessia do umbral, quando o candidato está ouvido a sua consciência e
prestando atenção a ela, pode ocorrer um momento de hesitação enquanto ele
analisa o seu interior, decidindo se vai ou não prosseguir.
O tentador fala a cada um
de nós quando estamos passando pelo umbral. No entanto, a pequena voz silente
do Eu Cósmico em nosso interior nos compele a prosseguir.
Existe uma parte do nosso ser que sabe que encontraremos a paz no outro lado do umbral. Segundo os antigos ensinamentos esotéricos o Eu Interior esteve inativo desde a nossa infância, mantido numa espécie de sono, podendo ser despertado na iniciação.
O propósito da iniciação
é permitir que o Eu Interior se manifestasse através de nossos pensamentos,
sentimentos e visão, em todos os nossos assuntos.
Antes precisamos
compreender, mais com o coração do que com a mente, que qualquer discussão
sobre iniciação deve necessariamente ser circular. Isto é, estamos considerando
uma corrente que chamamos de senda, que não tem começo e nem fim.
A iniciação comum, tal
como já foi considerada, leva basicamente a duas coisas. Primeiro, ela é uma
senda ou corrente completa e consolidada num método. Nessa forma de iniciação,
a tradição ou linhagem do sistema é transmitida de um iniciado para outro.
E deve-se entender que a
percepção de consciência expandida, ou iluminação mística, que a iniciação
comum representa e serve, não é necessariamente compreendida conscientemente
pelo iniciado que recebe a iniciação. Nem é ela necessariamente compreendida de
modo consciente pelo iniciador.
É importante entender
que uma substância intangível é transmitida de uma pessoa para outra pelo
processo da iniciação comum, visto que cada iniciado, a despeito da
compreensão, fez o voto de tornar-se um veículo da luz e verdadeiramente servir
à senda.
Em segundo lugar, a
iniciação comum inspira e desperta a iniciação rara adormecida no âmago de cada
individuo. É importante a observação, neste ponto, de que a iniciação rara não
é inferior, superior, ou melhor, do que a iniciação comum, e vice-versa.
A iniciação rara pode
ser também chamada de iniciação verdadeira, embora este último termo possa ser
enganoso. Numa definição simples, a iniciação rara ocorre quando um iniciado
recebe iniciação diretamente por meio de uma osmose espiritual e não de um
iniciador humano.
Em outras palavras,
dá-se uma fusão total da natureza do iniciado com a corrente espiritual. O
iniciado toma consciência de que ele não apenas entra numa corrente e viaja de
um ponto para outro. Mas, sua natureza deve tornar-se idêntica ao fluxo ou à
corrente.
A iniciação rara implica em que o iniciado
recebeu uma apreensão da iluminação mística. Todavia, há muito mais nisso do
que parece. Em suma, a iniciação é sempre evidente na busca mística e
espiritual.
Obrigado pelo primeiro
passo na senda é o resultado de uma iniciação que nos ensina a necessidade de
conhecer e fazer mais.
Posteriormente, o
iniciado passa por uma iniciação comum ou uma iniciação rara. Se a iniciação
rara acontece em primeiro, o envolvimento com a iniciação comum torna-se uma
necessidade.
Se a pessoa começa com a
iniciação comum, a consecução de uma iniciação rara torna-se uma meta, e a
apreciação da iniciação comum, subsequentemente, torna-se mais evoluída,
formando assim um círculo, dado que todas as iniciações se fundem em uma só, no
mistério da Vida Eterna.
TFA
Gilson Azevedo
Lins
Trabalho apresentado na
Loja do Amor - REAA
No oriente de Goiana-PE, em 04 de março de 2001 da E:.V:.
No oriente de Goiana-PE, em 04 de março de 2001 da E:.V:.