LIVRE E DE BONS COSTUMES



A partir do momento que alguém se torna Maçom, há de se conscientizar que haverá um caminho longo a percorrer. 

Pode-se dizer que é um caminho sem fim.  Ao longo dessa caminhada há bons e maus momentos.  Os bons deverão ser aproveitados como incentivo, e os maus não poderão ser motivo de esmorecimento e desistência da viagem iniciada. 

A linguagem, sempre empregada nas Lojas Maçônicas, diz que o Aprendiz Maçom é uma pedra bruta que deve talhar-se a si mesmo para se tornar uma pedra cúbica. 

É o início da sua jornada Maçônica.  O nutrimento elementar para a viagem é conhecido do Maçom desde  nossa primeira instrução recebida:   A régua de 24 polegadas, o maço e o cinzel. 

Com o progresso, o Maçom vai recebendo outros objetos, tais como o nível, o prumo, o esquadro, o compasso, a corda, o malhete e outros.  Os utensílios de trabalho, obviamente, são simbólicos. 

Todos os símbolos nos abrem as portas sob condição de não nos atermos apenas às definições morais.  E é com o manuseio dessas ferramentas que se começa a tomar consciência do valor iniciático da Maçonaria em nossa 3ª instrução. 

O espírito Maçônico ensina, aos seus adeptos, um comportamento original que não se encontra em nenhum outro grupo de homens.  Se isso não for absorvido, não será um bom Maçom, livre e de Bons costumes.

Livre e de Bons Costumes implica que, apesar de todo homem ser livre na real acepção da palavra, pode estar preso a entraves sociais que o privem de parte de sua liberdade e o tornem escravo de suas próprias paixões e preconceitos. Assim é desse jugo que se deve libertar, mas, só o fará se for de Bons Costumes, ou seja, se já possuir preceitos éticos (virtudes) bem fundamentados em sua personalidade.

O ideal dos homens livres e de bons costumes, que nossa sublime Ordem nos ensina, mostra que a finalidade da Maçonaria é, desde épocas mais remotas, dedicar-se ao aprimoramento espiritual e moral da Humanidade, pugnando pelos direitos dos homens e, pela Justiça, pregando o amor fraterno, procurando congregar esforços para uma maior e mais perfeita compreensão entre os homens, a fim de que se estabeleçam os laços indissolúveis de uma verdadeira fraternidade, sem distinção de raças nem de crenças, condição indispensável para que haja realmente paz e compreensão entre os povos.

Livre, palavra derivada do latim, em sentido amplo quer significar tudo o que se mostra isento de qualquer condição, constrangimento, subordinação, dependência, encargo ou restrição.

A qualidade ou condição de livre, assim atribuído a qualquer coisa, importa na liberdade de ação a respeito da mesma, sem qualquer oposição, que não se funde em restrição de ordem legal e, principalmente moral.

Em decorrência de ser livre, vem a liberdade, que é faculdade de se fazer ou não fazer o que se quer, de pensar como se entende, de ir e vir a qualquer parte, quando e como se queira, exercer qualquer atividade, tudo conforme a livre determinação da pessoa, quando não haja regra proibitiva para a prática do ato ou não se institua princípio restritivo ao exercício da atividade.

Bem verdade é que a maçonaria é uma escola de aperfeiçoamento moral, onde nós homens nos aprimoramos em benefício de nossos semelhantes, desenvolvendo qualidades que os possibilitam ser, cada vez mais, úteis à coletividade. Não nos esqueçamos, porém, que, de uma pedra impura jamais conseguiremos fazer um brilhante, por maior que sejam nossos esforços.   

O conceito maçônico de homem livre é diferente, é bem mais elevado do que o conceito jurídico. Para ser homem livre, não basta ter liberdade de locomoção, para ir aqui ou ali. Tem liberdade o homem que não é escravo de suas paixões, que não se deixa dominar pela torpeza dos seus instintos de fera humana.

Não é homem livre, não desfruta da verdadeira liberdade, quem está escravizado à vícios. Não é homem livre aquele que é dominado pelo jogo, que não consegue libertar-se de suas tentações. Não é homem livre, quem se enchafurda no vício, degrada-se, condena-se por si mesmo, sacrifica voluntariamente a sua liberdade, porque os seus baixos instintos se sobrepuseram às suas qualidades, anulando-as.

Maçom livre, é o que dispõe da necessária força moral para evitar todos os vícios que infamam, que desonram, que degradam. O supremo ideal de liberdade é livrar-se de todas as propensões para o mal, despojar-se de todas as tendências condenáveis, sair do caminho das sombras e seguir pela estrada que conduz à prática do bem, que aproxima o homem da perfeição intangível.

Sendo livre e por conseqüência, desfrutando de liberdade, o homem deve sempre pautar sua vida pelos preceitos dos bons costumes, que é expressão, também derivada do latim e usada para designar o complexo de regras e princípios impostos pela moral, os quais traçam a norma de conduta dos indivíduos em suas relações domésticas e sociais, para que estas se articulem seguindo as elevadas finalidades da própria vida humana.

A ideia e  o sentido dos bons costumes não se afasta da ideia ou sentido de moral, pois, os princípios que os regulam são, inequivocamente, fundados nela.

O bom maçom, livre e de bons costumes, não confunde liberdade, que é direito sagrado, com abuso que é defeito, crê em Deus, ser supremo que nos orienta para o bem e nos desvia do mal.

O bom maçom, livre e de bons costumes, é leal. Quem não é leal com os demais, é desleal consigo mesmo e trai os seus mais sagrados compromissos, cultiva a fraternidade, porque ela é a base fundamental da maçonaria, porque só pelo culto da fraternidade poderemos conseguir uma humanidade menos sofredora, recusa agradecimentos porque se satisfaz com o prazer de haver contribuído para amparar um semelhante.                                                                                  

O bom maçom, livre e de bons costumes, não se abate, jamais se desmanda, não se revolta com as derrotas, porque vencer ou perder são contingências da vida do homem, é nobre na vitória e sereno se vencido, porque sabe triunfar sobre os seus impulsos, dominando-os, pratica o bem porque sabe que é amparando o próximo, sentindo suas dores, que nos aperfeiçoamos.

O bom maçom, livre e de bons costumes, abomina o vício, porque este é o contrário da virtude, que ele deve cultivar, é amigo da família, porque ela é a base fundamental da humanidade.

O mau chefe de família não tem qualidades morais para ser maçom, não humilha os fracos, os inferiores, porque é covardia, e a maçonaria não é abrigo de covardes, trata fraternalmente os demais para não trair os seus juramentos de fraternidade, não se desvia do caminho da moral, quem dele se afasta, incompatibiliza-se com os objetivos da maçonaria.

O bom maçom, o verdadeiro maçom, não se envaidece, não alardeia suas qualidades, não vê no auxílio ao semelhante um gesto excepcional, porque este é um dever de solidariedade humana, cuja prática constitui um prazer.

Não promete senão o que pode cumprir. Uma promessa não cumprida pode provocar inimizade. Não odeia, o ódio destrói só a amizade constrói.

Finalmente, o verdadeiro maçom, não investe contra a reputação de outro, porque tal fazer é trair os sentimentos de fraternidade. O maçom, o verdadeiro maçom, não tem apego aos cargos, porque isto é cultivar a vaidade, sentimento mesquinho, incompatível com a elevação dos sentimentos que o bom maçom deve cultivar.

Os vaidosos buscam posições em que se destaquem; os verdadeiros maçons buscam o trabalho em que façam destacar a maçonaria. O valor da existência de um maçom é julgado pelos seus atos, pelo exercício do bem.

BIBLIOGRAFIA
Marcos Antonio Cardoso de Moraes
A.’.M.’.
Dicionário Aurélio – 1999
Ritual de Ap.·.M.·. do REAA
Adaptação do Texto Original do Ir.·. Nery Saturnino - A.·.R.·.L.·.S.·. Amor e Fraternidade.


LUZES


"Sapiencia est sanitas animi!" **
** "A sabedoria é a saúde do espírito !"
Cícero (106 a.C-43 a.C)

Ptolomeu Soter, o Ptolomeu I (323-285 a.C), primeiro dos lágidas no Egito, há mais de 22 séculos, sabia, com certeza, que era um projeto ambicioso a construção de uma biblioteca “com todos os livros do mundo e com documentos de todos os povos”.  Entretanto, como naquele tempo (295 a.C) os decretos reais existiam para ser cumpridos, a dinastia dos Ptolomeu (Cleópatra foi a última linhagem) conseguiu o que queria.  Por vários séculos a Biblioteca de Alexandria foi o quartel-general do florescimento cultural e científico da Antiguidade que se seguiu à fundação da cidade por Alexandre, o Grande, e às suas grandes conquistas.

A Biblioteca de Alexandria não foi só depósito de papiros e pergaminhos.  Em sua essência, era centro do saber como instrumento da vida, que chegou a ter mais de setecentos mil volumes, em rolos de papiros, distribuídos em duas seções:  uma no bairro de Bruchion e outra no Serapeion, inutilizados pelas tropas de Júlio César, restaurados por Marco Antônio, e, os últimos restos foram incendiados em 640 d.C por Omar I, o Califa, que é lembrado por essa triste recordação e que morreu assassinado por um árabe fanático.

Fundada pelos sucessores de Alexandre, que havia erigido a cidade no auge do seu orgulho de conquistador adolescente, a Biblioteca já nasceu grandiosa, e durante sete séculos nenhum outro edifício do mundo reuniu tanta inteligência como o Mouseion de Alexandria, consagrado às musas protetoras das artes, das ciências e das letras.  O Mouseion compreendia jardim botânico e zoológico, uma escola de medicina, um observatório astronômico, diferentes locais para trabalho e pesquisa e uma biblioteca com centenas de milhares de papiros e pergaminhos. 

Os manuscritos da “biblioteca absoluta”, ou “biblioteca de Babel”, e do prestigiado centro de pesquisas, continham Euclides, (Sec. III a.C), o prodígio da Geometria, o astrônomo Cláudio Ptolomeu, o maior dos filósofos da Escola de Alexandria, Plotino (250-270 d.C), bem como a primeira tradução grega do Velho Testamento, a Septuaginta, feita por judeus conquistados por Alexandre.

A Biblioteca de Alexandria foi criada no século de Aristóteles e entre o filósofo e a instituição houve o próprio Alexandre, seu aluno.  As sangrentas expedições do jovem general, com todo o seu saldo terrível, serviram para expandir o pensamento que geraria o que hoje chamamos de Ocidente.  A sua inigualável arrogância deixou este resultado histórico no primeiro florescimento do Mediterrâneo.  E a maior das cidades que recebeu o seu nome pôde guardar todo o saber antigo e o transferir para o milênio seguinte.

Entre os estudiosos se perguntam se as guerras civis do Século III não houvessem destruído o conjunto arquitetônico da Biblioteca, e se os cristãos não tivessem queimado o que dela restava, teria havido a Idade Média?  Dizem, alguns, que é possível que sim: A Igreja, provavelmente, assumiria o acervo e o manteria fechado.  Afinal, ali se encontrava o sólido e lógico sistema de pensamento do mundo pagão que, entre outras coisas, colocava a verdade e a busca da verdade como centro da razão.  É imensurável o atraso no desenvolvimento da nossa civilização provocado pelo desaparecimento da Biblioteca de Alexandria.

As luzes do conhecimento estavam, todavia, com uma instituição, que embora tenha como data de fundação o ano de 1717, mergulha suas raízes na remota Antiguidade euro-asiática.  Essa Instituição é a Maçonaria.  Aos Maçons tal assertiva não causa estranheza, pois têm consciência de que a Maçonaria é estudo, um contínuo aperfeiçoamento do homem para atingir a verdadeira sabedoria, pelos degraus da tolerância, do amor fraternal, do espírito de pesquisa e perseverança, tendo a mente livre de quaisquer preconceitos.  Ela é repositária de conhecimentos acumulados na longa marcha da civilização e tem dado a sua contribuição à ciência, à política e à sociedade como um todo.  A Maçonaria é o luzeiro da Humanidade!

A Ordem Maçônica abre a porta para a iniciação, para o conhecimento e graças aos seus símbolos o Maçom pode adquiri-lo, tornar-se uma das luzes e servir a Humanidade através dos seus tradicionais objetivos: Praticar a mais desinteressada filantropia; combater a ignorância, a mentira, o fanatismo e a hipocrisia;  professar para com todos a maior benevolência;  desenvolver entre os seus membros os nobres sentimentos de amizade e tolerância;  procurar fazer voltar ao bom caminho aqueles que, por infelicidade, dele se vierem afastar;  promover a paz entre todos os homens e entre todas as nações;  fazer reinar o direito e a justiça;  defender os fracos contra os poderosos; lutar, lutar sempre para que a Liberdade, Equidade e Amizade reinem por toda a parte;  e, enfim, exaltar o culto mais profundo à Família e a Pátria. 

Os traços fundamentais do universo humano em que vivemos, as formas de atividade que julgamos peculiares à nossa civilização uma concepção clara e racional da Filosofia, da Ciência, da Política e do Direito têm, indubitavelmente, a marca da Maçonaria, que acumula conhecimentos legados desde os primórdios da Antiguidade e, através dos seus membros os difunde, porque ela é Universal e suas Oficinas se espalham por todos os recantos da Terra, sem preocupação de fronteiras e de raças.


Obras consultadas:

Charlier, René Joseph  -  Pequeno Ensaio de Simbólica Maçônica  Vida, Valmiro Rodrigues  -  Curiosidades - Volume I
Enciclopédia Barsa  -  Edição de 1967
O Estado de São Paulo  -  Jornal de 18.02.90
Jornal da Tarde  -  Jornal de 16.01.90
 Ritual de Aprendiz - GLESP - NI.IN.TI




 E. Figueiredo – é jornalista – Mtb 34 947 e pertence ao CERAT – Clube Epistolar Real Arco do Templo/Integra o GEIA – Grupo de Estudos Iniciáticos Athenas/Membro do GEMVI – Grupo de Estudos Maçônicos Verdadeiros Irmãos/Obreiro da ARLS Verdadeiros Irmãos – 669 – (GLESP)




O PAVIMENTO DE MOSAICO



A perfeição que buscamos, que aprendemos e que queremos semear, só será alcançada quando cada um de nós parar de frente ao PAV.'. MOSAICO e conseguirmos meditar e compreender toda sua profundidade, toda lição que nos transmite, toda força que traz em si, apesar de toda singeleza e pureza, que na maior parte das vezes nos faz olhá-lo, como se fossem meros ladrilhos pintados de branco e preto. Ledo engano daqueles que assim agem e assim pensam.

O pesquisador Maçom Joaquim Gervásio de Figueiredo em seu “Dicionário de Maçonaria”, define PAV.'. MOSAICO como sendo “um dos ornamentos da Loj.'., composto por ladrilhos ou quadriculados alternadamente brancos e pretos. Simbolizam seres animados que decoram e ornamentam a criação, bem como o enlace, de espírito e matéria em vida”.

Apesar de no antigo Egito o PAV.'. MOSAICO ser um lugar sagrado, proibido de ser pisado e com forte apelo religioso, na Maçonaria é o lugar por onde caminham todos os IIr.'., independente de Grau, sem ter ligação com qualquer religião, pois ele não é o tapete sagrado ou o “santus santorum”, do Templo de Jerusalém.  

Ele está em Loj.'. para ser pisado com respeito e seus quadrículos brancos e negros estão – ao serem pisados – para lembrar que todos somos iguais, independentemente de credo, raça e cor, e que deve haver simetria, perfeita harmonia entre os homens.

Harmonia, eis algo difícil de ser alcançado. No mundo profano, a harmonia parece cada vez mais distante. Porém, após ter sido gerado na Câmara de Reflexões, o novo homem deve buscar essa harmonia com maior afinco e com certeza, no mundo maçônico, ela tende a se tornar mais acessível a cada dia e a cada vinda à Loja.

A Loj.'. é um emblema da natureza, uma representação do universo.
No Or.'., sob o Dossel que cobre o assento do V.'. M.'., no centro do triângulo luminoso que tudo ilumina com a sua luz resplandecente, brilha o misterioso G:., cujo verdadeiro significado só é conhecido pelos Iniciados.

O G.'.A.'.D.'.U.'. em sua fantástica criação do mundo, espalhou por toda sua obra contrastes e opostos, que dão o perfeito equilíbrio da natureza. O dia e a noite, os mares e os continentes, o frio e o calor, o sol e a chuva, as presas e os predadores, a matéria e o espírito, enfim, a divina criação é justa e perfeita com seus opostos, perfeitamente distribuídos e cada qual com seus limites, como o PAV.'. MOSAICO, o chão da Loj.'., que representa o Universo onde nós vivemos e pisamos, com esses contrastes que se harmonizam. 
 
E nossa luta pela harmonia se torna pior quando é travada dentro de nós, seres humanos. O comportamento da humanidade está repleto de opostos. O homem muda parcialmente do branco para o preto e vice-versa.

A nossa luta constante em sermos o mais perfeito possível, após sairmos da Cam.'. de RRef.'., a cada vez que nos deparamos frente ao PAV.'. MOSAICO, nos lembramos do pior dos nossos defeitos: a Ambição. A ambição de querermos alcançar todos os Graus, a ambição de nos tornarmos VV.'.MM.'., a ambição de termos e sermos ou nos considerarmos melhor que o próximo, mais próximo o nosso Ir.'., a ambição de nos aproveitarmos de um de nossos IIr.

Nesse sentido, coloco a todos a importância do PAV.'. MOSAICO, que a mim constantemente tiro lições, aprendo e a ele me rendo, face a sua harmonia, me ensina que a ambição dos homens por uma parte, e pela outra, a vaidade, tem feito da terra um espetáculo de sangue: a mesma terra, que foi feita para todos, quiseram alguns fazê-la unicamente sua: digam os Alexandres, os Césares, os Hitlers, outros conquistadores; heróis não por princípio de Virtude, ou de Justiça, mas por um excesso de fortuna, de ambição e de vaidade.

 Esses mesmos, que tomados por si sós cabiam em um breve espaço, medidos pelas suas vaidades, apenas cabiam em todo o mundo: uma conquista injusta sempre começa pela opressão dos homens conquistados e pelo destroço de uma terra alheia. 

O PAV.'. MOSAICO nos ensina exatamente o contrário, sermos o que somos, mas, sem ambição, sem vaidade.

Caso o Ir.'. não tenha percebido, olhe atentamente para o PAV.'. MOSAICO e deixe-o entrar dentro de si, sinta a sua força, o seu poder, solte-se, não tenha medo, ele muito nos ensinará, pois sua força e ensinamentos são infinitos.

O PAV.'. MOSAICO nos ensina que nascem os homens iguais, um mesmo e igual princípio os anima, os conserva, e também os debilita e acaba.

Somos organizados pela mesma forma e por isso estamos sujeitos às mesmas paixões, e às mesmas vaidades.

Para todos nasce o Sol; a aurora a todos desperta para o trabalho; o silêncio da noite anuncia a todos o descanso. O tempo que insensivelmente corre e se distribui em anos, meses e horas, para todos se compõe do mesmo número de instantes.

Essa transparente região a todos abraça; todos acham nos elementos um patrimônio comum, livre e indefectível; todos respiram o ar; a todos sustenta a terra; as qualidades da água e do fogo a todos se comunicam. O mundo não foi feito mais em benefício de uns, que de outros; para todos é o mesmo; e para o uso dele todos têm igual direito; ou seja, pela ordem da natureza, ou seja, pela ordem da sua mesma Instituição.

Todos achamos no mundo as mesmas partes essenciais. Que coisa é a vida, para todos mais do que um enleio de vaidades e um giro sucessivo entre o gosto, a dor, a alegria, a tristeza, a aversão e o amor? Tudo isso o PAV.'. MOSAICO nos mostra claramente e nos ensina. Nós, é que não prestamos atenção ao mesmo.

Quem imagina o que deseja, tudo pinta com cores lisonjeiras e mais vivas; por isso a verdade é grosseira e mal polida; tudo que descobre é sem adorno; antes faz desvanecer aquela aparência feliz, com que os objetos, primeiro se deixam ver na ideia, do que se mostrem na realidade.

Todas essas propensões e inclinações se encontram em cada um de nós e assim devia ser, porque as variações do tempo, da idade, da fortuna e dos sucessos a todos compreende, e a todos iguala; só a vaidade a todos distingue, e em todos põe um sinal de diferença e um caráter de desigualdade e por mais que a terra fosse feita para todos, nem por isso a vaidade crê que um homem seja o mesmo que outro homem.

O PAV.'. MOSAICO, em sua retidão, separa tudo isso, respeita, não agride, é fundamental para a Maç.'., pois mostra claramente que somos todos iguais e assim devemos nos manter por mais que a tentação da ambição ou da vaidade nos ataque. 

Jamais seremos verdadeiros Maçons se dentro de nós houver a vaidade, a ambição, a inveja, o interesse ou qualquer forma de aproveitarmos da situação do próximo em nosso benefício.

Tirada a insígnia, o que fica é um homem simples; despida a toga consular também fica o mesmo. Se tirarmos do capitão a lança, o casco de ferro e o peito de aço, não havemos de achar mais que um homem inútil e sem defesa, e por isso tímido e covarde.

Os homens mudam todas as vezes que se vestem; como se o hábito infundisse uma nova natureza: verdadeiramente não é o homem o que muda, muda-se o efeito que faz em nós a indicação do hábito. 

Debaixo de um apresto militar, concebemos um guerreiro valoroso; debaixo de uma vestidura negra e talar, o que nos figura é um jurisconsulto rígido e inflexível; debaixo de um semblante descarnado e macilento, o que descobrimos é um austero anacoreta.

O homem não vem ao mundo mostrar o que é, mas o que parece; não vem feito, vem fazer-se; finalmente não vem ser homem, vem ser um homem graduado, ilustrado, inspirado, de sorte que os atributos, sons que a vaidade veste o homem, são substituídos no lugar do mesmo homem; e este fica sendo como um acidente superficial e estranho: a máscara, que encobre, fica identificada e consubstancial à coisa encoberta; o véu que esconde fica unido intimamente à coisa escondida; e assim não olhamos para o homem; olhamos para aquilo que o cobre e que o cinge; a guarnição é a que faz o homem, e a este homem de fora é a quem dirigem os respeitos e atenções; ao de dentro não. 

Este despreza-se como uma coisa comum, vulgar e uniforme em todos.

A vaidade e a fortuna são as que governam a farsa desta vida; cada um se põe no teatro com a pompa, com que a fortuna e vaidade o põem; ninguém escolhe o papel; cada um recebe o que lhe dão. 

Aquele que sai sem fausto nem cortejo, e que logo no rosto indica que é sujeito à dor, à aflição e à miséria, esse é o que representa o papel de homem. Este compreendeu o sentido do PAV.'. MOSAICO, este é o verdadeiro Maçom.

O Balandrau que usamos, tira de nós a aparência de riqueza, do saber, da ambição, da vaidade, ao contrário de outras vestes talares, nos iguala e nos mostra que somos todos iguais, todos IIr.'., que independentemente de qualquer posição profana, somos IIr.'. em todos os momentos, ligados por uma união inquebrantável, como é inquebrantável o poder e os ensinamentos do PAV.'. MOSAICO, que nos faz simples e livres da vaidade, do poder, da arrogância, do elitismo, da ambição, da inveja.

Nos une e nos mostra o caminho correto para trilharmos juntos o bem, a caridade, a Igualdade, a Fraternidade e principalmente a Liberdade, nos mostra com clareza ímpar que a morte está de sentinela, em uma mão tem o relógio do tempo, na outra a foice fatal e com esta, de um golpe certo e inevitável, dá fim à tragédia, corre a cortina e desaparece.

Para nós, Maçons, a morte não assusta quanto mais nos aprofundamos em nossos Graus, mais os despojamos das coisas profanas e no momento final estaremos prontos e despojados de todas as vaidades e luxúrias.

Sem o PAV.'. MOSAICO nada seríamos, nada aprenderíamos, pois cada um de nós, ao sermos contemplados como verdadeiros Maçons, saberemos, dia a dia, encontrar um alento para nossas vicissitudes.

"Quando virdes um desvio num de nossos IIr.'., um erro que significar um perigo para a sua vida ou um lastro para a sua eficácia, falai-lhe com clareza, com a clareza do PAVIMENTO MOSAICO.  E vos agradecerá.
   
G.W.T. M.


TEXTO: Ir.'. George Washington T. Marcelino
Or:. de São Paulo – SP

A “ETERNA” CONDIÇÃO HUMANA DE APRENDIZ



O homem é uma ponte entre o menos-que-o-homem e o mais-que-o-homem.”
F. Nietzsche

O poeta do Super-Homem, acima citado, deixou muitas grandes verdades para a nossa reflexão.

O homem não é o ápice da Criação, ao menos não como ser humano mortal e falível. Revestido de luz, compaixão, perfeição e discernimento, ele se torna já quase outra criatura.

Ora, na classificação dos Sete Reinos da Criação, a Humanidade representa o Quarto Reino, ou seja, ela intermedia os Reinos inferiores e os Reinos superiores. Apenas isto já lhe confere um expresso aspecto de transição e de instabilidade.

Uma das coisas que o homem mais exercita nesta condição, é o seu próprio livre-arbítrio. Então, os esforços dos Mentores espirituais, é tratar de orientar a humanidade a empregar a sua liberdade de uma forma sábia e equilibrada, visando a própria evolução. Porém, existem também as forças das Trevas, que se esforçam na direção contrária.

A existência humana se dá entre estas potências espirituais, que disputam este território relativamente neutral, embora os esforços da luz sejam pela evolução humana e o respeito à sua natureza.

De todo modo, todo o ser humano cônscio de quem é, dos seus limites e potencialidades, fará um esforço próprio para estar próximo das forças da Luz, sabendo que a escuridão se lhe penetra facilmente. Para isto ele deve se valer de todos os recursos disponíveis, a começar pela criação de um meio-ambiente são que favoreça a expansão da alma, de associados de boa índole e de um lugar próprio de culto ou de meditação.

Uma coisa que ele deveria tratar de ter sempre em mente, é a importância de salvar a sua própria alma, para além de atitudes simbólicas (batismo, etc.) e crenças improváveis (reencarnação, etc.).

Ele deveria se esforçar para entrar na Senda, e assim começar a garantir a sua própria liberação, inicialmente pela intermediação dos grandes Seres, depois pelos esforços próprios, e finalmente se capacitando a auxiliar ativamente os mais necessitados.
Nas Ciências da Iniciação, dentro das verdadeiras Escolas de Sabedoria, o iniciado apenas deixa realmente de ser um aprendiz, quando alcança a Quinta Iniciação, tornando-se um Adepto, um alquimista consumado, portanto. O nome dado a este grau da Índia é Asekha, ou “não-discípulo”, isto é, um Mestre. Cabe não confundir este título com o seu uso profano, e nem com a função dos instrutores menores em qualquer esfera.  
As quatro iniciações anteriores, ditas “elementais”, configuram o plano humano de evolução, cobrindo os planos Físico, Emocional, Mental e Intuitivo. Na realidade, este quadro não tem estado sempre disponível à todos, dependendo da evolução humana e suas raças. No entanto, hoje já se pode ter acesso a todos os planos humanos de evolução, porque a humanidade está começando a viver a sua última raça-raiz.
De todo modo, é importante a todo o ser humano saber que, até o final da sua jornada, ele será sempre um aprendiz. Todas as conquistas humanas são importantes, mas nada disto faz dele um ser liberado. De certo modo, podemos conceder ao Arhat, ou ao iniciado de quarto grau, uma muito nobre condição, porque este ser tem alcançado a primeira iluminação e, com isto, obtido a imortalidade da sua alma ou consciência.

Eis que ele até poderá se julgar um mestre, como muita gente que chega a bem menos também gosta de pensar sobre si mesmo. Um imortal poderá pensar ele, é alguém que pode desafiar a tudo e a todos, sem temor de morrer de todo (já a morte física é inevitável e universal). Na prática, alguém que chega a isto, já terá se refinado muito.

Mas esta condição ainda não faz dele um Mestre, pois os Adeptos são muito raros, mesmo que eles também sejam em maior número na nova raça. Como dissemos, a evolução humana é dos Quatro Elementos, sujeitos por si sós a certa volatibilidade e volubilidade. É preciso manter a conexão com as Fontes, feita de forma direta e através da Hierarquia. Os dois pólos são necessários: consciência e disciplina, de modo que relaxar pode comprometer até o fluxo da energia que parece tão poderosa no iluminado.

Mesmo sendo um iluminado primário, o Arhat ainda é um ser humano porque pertence a este reino, estando daí sujeito a oscilações de consciência. Verdade que ele já faz parte da glória de Deus, porém ainda não é detentor de uma visão maior, sendo isto sim uma pessoa que pensa mais como indivíduo.

Ora, o verdadeiro Mestre, é um ser que adquiriu uma dimensão coletiva, e que flui nele uma energia de síntese. Quando certas pessoas-de-imaginação professam o “avatar coletivo” (o que quer que isto signifique), elas não alcançam conceber que os mestres são todos eles seres coletivos, no sentido de existirem apenas para vibrar uma nota grupal de união e da grandeza própria deste tipo de concerto social, demonstrando que estes leis trazem sempre novas possibilidades para o ser humano.

Assim, o mais provável é que, no dia em que for possível a “difusão” da avatarização, ela já não será mais necessária neste mundo.

Uma coisa, a saber, é que ser humano é estar sujeito ao conflito. Jamais se resolverá de todo a sua situação, porque ele tem a semente de Deus no seu coração, solidamente plantada, e a não ser que ele se aliene de um modo ou de outro, não pode aceitar os limites que a Natureza lhe impõe, almejando, todavia, avançar até a suprema perfeição, seja o que for que isto signifique. Ou seja, ele deve almejar cada vez mais se aproximar de Deus e da verdade, e isto o levará à auto-superação, a vencer limites, a desafiar as fronteiras estabelecidas.

A condição do “eterno aprendiz” apenas é confortável quando nos ajustamos à condição humana de uma forma pacífica, assimilando os próprios limites com humildade e sem abastardar as leis do céu e da terra, ou quando estamos buscando evoluir de uma forma contínua e conseqüente, com o apoio ativo das forças superiores internas e manifestadas. De outra forma, ela se torna uma ilusão.

Cair também faz parte de todo o aprendizado, porém cabe saber se levantar sempre, e buscar cada vez cair menos para que a nossa jornada leve aonde ela deve levar.


Da obra “Vivendo o Tempo das Profecias”

O AVENTAL DE UM MAÇOM

Avental é a vestimenta do maçom e obrigatório é seu uso em Loja, é símbolo de trabalho na construção do templo interior e nas tarefas do aperfeiçoamento evolutivo.

Feito da pele de cordeiro, símbolo de humildade e devoção, o do aprendiz tem cinco ângulos, correlaciona-se ao pentagrama = homem; o triângulo sobreposto ao quadrado é interpretado por alguns como a alma planando sobre o corpo físico, formando o número sete, que é o numero perfeito, pois Deus abençoou e amou o número sete mais do que todas as coisas sob o Seu Trono, pelo que se deduz ser o homem o sétuplo ser, a mais dileta das obras do Criador.

O avental constitui a super proteção aos chakras fundamental, esplênico e umbilical, para diminuir as influências decorrentes dos sentidos em relação ao sexo e às paixões emocionais, expondo e ativando os chakras: cardíaco, no aprimoramento dos sentimentos, laríngeo, impulsionando a criatividade, e frontal, estimulando o raciocínio.

Nos antigos Mistérios o avental branco de pele de cordeiro ou linho simbolizavam a pureza de propósitos nos procedimentos em busca da realização dos ideais, sempre acompanhado por um cinto, corda ou cordão = elo de ligação, para cingi-lo ao corpo na altura dos rins.

Os Essênios entendiam que a pureza interior e a retidão no agir eram notavelmente expressas pela aparência externa da pessoa, talvez baseado nesse conceito Salomão sentenciava: “Que o teu vestuário seja sempre branco”.

Afirma Pierson, em “Tradições da Franco Maçonaria”: “Todas as estátuas antigas dos deuses dos Gentios, que foram descobertas no Egito, Grécia, Pérsia, Hindustão ou América, são uniformemente ornadas com o avental.

Daí podemos deduzir a antiguidade desse artigo da indumentária.” Gn.3.= número indicativo da unidade = corpo, espírito e Deus, e 7 = indica a perfeição evolutiva com a plenitude dos chakras ativados, ou seja, todos os trabalhos executados com justiça e perfeição, ativa a espiral evolutiva pelo kundalini: “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais”; assim, 3+7=10 número da totalidade e plenitude, ou seja, o conhecimento = árvore da ciência do bem e do mal.

Entendemos que cada ser humano possui o corpo = vestimenta = avental, bem como as ferramentas necessárias = talentos para a execução dos trabalhos em cada etapa das tarefas evolutivas, nos diferentes campos de densidade e planos de vibração.

Para os antigos, a parte mais importante era o cinto ou cordão com o qual cingia-se o avental, pois que ele é símbolo dos cordões: umbilical, que liga o homem à terra, o de prata, que liga o homem ao espírito, e o de ouro, que liga o espírito ao Eu Superior; ou seja, do Manto de Glória = personalidade à vestimenta de Glória e Poder = EU SOU = Luz Divina.

Gn. 3:21 “O Deus eterno fez para Adão e sua mulher túnica de pele, com as quais os vestiu”; pele, em hebraico, é “ainda não luz”, ela é a experiência das trevas que prepara e precede a luz = veste nupcial = tosão de ouro (cordeiro, símbolo da inocência, e o ouro, o da máxima espiritualidade e glorificação) = força suprema do espírito quanto à pureza da alma = o Tesouro mais precioso.

Jó, 38:3 “Cinge os teus rins, como um homem valente, eu te interrogarei e tu me instruirás”. Os Rins presidem a passagem da água para o sangue, transmutando-se para o Espírito, e a passagem do sal para o fogo, transmutando-se para a luz (“Vós sois o sal da terra” “Vós sois a luz do mundo”); têm forma de germe como os pés e as orelhas, são símbolo de força e de fragilidade, desempenham papel importante no desenvolvimento da paranormalidade, tanto no caminhar evolutivo (pés) como no escutar (orelhas) a voz do coração = intuição, eles participam da vida genital e estão na base da realização do homem no seu processo de geração de si mesmo, até o tornar-se Verbo.

Noé, ao entrar na Arca, deixa o mundo da água = dilúvio, para penetrar o do sangue; determinado por Deus ele reuniu, “em torno dos rins”, pode-se assim dizer, os animais = energias do seu ser criado para desposá-los, tornar-se ele mesmo; ele torna-se rico de seu sangue.

 O Verbo se faz carne, Adão é Elohim no sangue; o homem é soprado no seu NOME desde a origem, a fim de que se torne Homem e volte a Elohim, o esposo. Em Qanah = adquirir, cidade da Galileia onde houve o milagre ou mistério da transformação da água em vinho = sangue, durante uma cerimônia de casamento = aquisição de energias = unir-se consigo mesmo = Divinas Núpcias, para depois unir-se ao universo, Cristo num primeiro momento, o da união, transforma a água em vinho, e na véspera de sua morte, na última refeição, transforma o vinho em seu sangue, o qual derramará sobre a Terra, recolocando assim em circulação no corpo do homem o sangue de Abel.

Ez.I:26-27 “Havia, semelhante a uma pedra de safira, uma espécie de trono e, bem no alto dessa espécie de trono, uma aparência de homem. Vi que ela possuía o brilho da prata dourada como se estivesse mergulhada no fogo, desde o que parecia serem os seus rins e daí para cima, ao passo que embaixo vi como que um fogo que espalhava o seu brilho em todos os sentidos...

Era a imagem da Glória de Deus”; eis a descrição do Filho do Homem que Ezequiel visualiza centrada nos rins. Wilmshurst, em sua obra The Meaning of Masonry, diz: “A Maçonaria é um sistema sacramental que, como todo sacramento, tem um aspecto externo e visível, consistente de seu cerimonial, de suas doutrinas e símbolos, que se podem ver e ouvir, e um aspecto interno, mental e espiritual, oculto sob as cerimônias, doutrinas e símbolos, que só aproveita ao maçom capaz de se valer da imaginação espiritual e de descobrir a realidade existente atrás do véu do símbolo externo”.

O avental é, sobretudo, símbolo de trabalho e dedicação, para transformarmo-nos de filhos de mulheres em Filhos do Homem, auxiliados pelas instruções que são ministradas a todos os Filhos da Viúva.


Antonio Luiz Morais, M.'. M.'.
ARLS Theobaldo Varoli Filho, n° 2699, G.'.O.'.S.'.P.'. - Brasil.

O NÍVEL E O PRUMO-SÍMBOLOS MAÇÔNICOS.



Na Maçonaria Simbólica, o nível e o prumo são símbolos que representam o trabalho do maçom, como construtor do universo moral e material.

Ambos estão relacionados com questões esotéricas e filosóficas, trabalhadas pela Maçonaria.

O Nível é a ferramenta com a qual o profissional de construção verifica se uma superfície está livre de arestas, já que para a edificação de um alicerce seguro é fundamental para que uma superfície esteja devidamente preparada.

O Prumo é o instrumento que permite aferir a inclinação da parede que está sendo erigida, já que essa é uma condição fundamental para assegurar a sua estabilidade.

Na simbologia maçônica, níveis e prumos são ferramentas que simbolizam a igualdade que deve existir entre os Irmãos e a retidão de caráter que deve ser a marca registrada do maçom.

Na tradição maçônica, a escolha do prumo para simbolizar a retidão do caráter do Irmão tem a sua justificativa na visão do profeta Amós, 7: 7,8, que diz: “ Mostrou-me também isto: Eis que o Senhor estava sobre um muro levantado a prumo; e tinha um prumo na mão. O Senhor me disse: Que vês tu, Amós? Um prumo, eu disse. Então respondeu o Senhor. Eis que porei um prumo no meio do meu povo de Israel; e jamais passarei por ele.”

Essa visão significa que Deus colocou uma regra de conduta para o povo de Israel, a qual deveria ser seguida estritamente para que o povo escolhido se desenvolvesse reto como um muro feito a prumo. E que jamais Ele (o Senhor) deveria ser questionado quanto à retidão de seus preceitos.

Essa é a mesma regra colocada ao maçom. Seu caráter dever ser reto como um muro erguido a prumo e sua fidelidade ao Grande Arquiteto do Universo jamais pode ser contestada. Essa é, inclusive, a oração de abertura da Loja de Companheiro.

Há outra analogia que se pode fazer com a simbologia do nível e do prumo. Na tradição maçônica é comum comparar-se o universo material com a construção de um edifício, e este, simbolizado pelo Templo maçônico (uma réplica do Templo de Jerusalém), é, por isso mesmo um simulacro do cosmo. Por isso, o mapa celeste, conforme visto pelos antigos hierofantes caldeus e persas, geralmente são reproduzidos no teto dos templos maçônicos.

Tudo isso significa que a prática maçônica no templo é um exercício de construção cósmica, imitando nesse mister o trabalho dos “Mestres do Universo”, que a Grande Tradição da Cabala chama de Anjos Construtores.Enquanto esses “Mestres” trabalham para construir o universo de cima (as realidades celestes), seus Aprendizes, os homens, constroem o universo de baixo (as realidades terrestres).

Em meio a esse processo existem os “companheiros”, que representam uma etapa intermediária entre o Mestre e o Aprendiz, que na Cabala são os anjos caídos, ou seja, aqueles que traem o seu Mestre e procuram perverter os Aprendizes. Essa alegoria cabalística tem a sua mais exata configuração no ritual de passagem do Grau de Companheiro para o Grau de Mestre, quando o os “traidores” são castigados e o Companheiro é devidamente “resgatado” para a Obra maçônica. (¹)

Nesse sentido, o nível e o prumo aparecem como importantes ferramentas do labor construtivo que o maçom coloca em sua obra. Com o nível se comprova a horizontalidade que ele adquiriu em seu trabalho de construção do seu edifício interno, ou seja, o seu caráter.

Da mesma forma, o prumo mostra que o edifício está perfeito em sua verticalidade. Destarte, podemos relacionar nível e prumo com os dois sentidos que a Maçonaria quer dar ao edifício do caráter humano, ou seja, horizontal (energia Yin) vertical (energia Yang).

Significa que o maçom deve crescer no sentido dos dois raios que formatam o universo em sua expansão: extensão e profundidade, que também lembra latitude e longitude, simplicidade e complexidade, tempo e espaço etc., sendo o prumo o eixo vertical que indica o sentido da ascensão ( em direção ao espírito, o céu) e o nível o eixo horizontal, que indica o sentido da extensão em direção aos quadrantes da terra).

Diz a tradição que o Templo maçônico, que reflete o Cosmo, é construído a prumo com o eixo do mundo, cujo centro é a Estrela Polar. Dela desce um eixo imaginário, em torno qual o universo todo gira.

No templo maçônico esse prumo estaria no centro da abóbada e cairia perpendicularmente até o centro do retângulo da nave onde se situa o Oriente, ou mais propriamente, no centro do Altar do Venerável. 

Assim sendo, o prumo poderia simbolizar o “Eixo do Mundo”, ou seja, o instrumento pelo qual o Grande Arquiteto do Universo esquadreja e erige o universo, de horizonte a horizonte e de cima até em baixo.

Também na estrutura fisiológica do ser humano podemos utilizar a simbologia do nível e do prumo para figurar o homem em sua posição horizontal, que denota o equilíbrio, e o homem na sua posição vertical, que significa a sua postura perante todas as demais espécies, ou seja, a postura ereta.
  
(¹) Cf. Robert. A Franco Maçonaria. São Paulo, Ed. Ibrasa, 1999. Veja-se também a nossa Obra “Mestres do Universo”, Ed. Biblioteca 24x7-S.Paulo


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