Uma análise crítica sobre a origem, os desvirtuamentos e a
necessidade de ressignificação da Maçonaria contemporânea.
Este artigo é um alerta. Uma
análise crítica e sem concessões sobre como a Maçonaria, sob o pretexto de
preservar a tradição, tem permitido que a noção de regularidade seja distorcida
em instrumento de exclusão e domínio institucional. Ao invés de servir à Luz,
muitos usam a regularidade para destruir Templos e dividir Irmãos.
É tempo de ressignificar a Ordem
e devolver à regularidade seu verdadeiro sentido: ser ponte iniciática, e não
muro de poder.
RESUMO
Este artigo propõe uma reflexão
crítica sobre o conceito de regularidade maçônica, analisando sua origem
histórica, sua evolução ao longo do tempo e sua aplicação no contexto atual.
Argumenta-se que, embora a regularidade tenha emergido como um mecanismo de
preservação de princípios fundacionais da Maçonaria, seu uso contemporâneo, por
determinadas potências configura, muitas vezes, uma forma de dominação
simbólica, política e territorial.
O texto defende a necessidade de
se revisitar criticamente esse conceito, resgatando seu
verdadeiro significado à luz da
Tradição Iniciática e dos princípios universais da Ordem. Falamos de uma
ressignificação da maçonaria.
1. INTRODUÇÃO
Na condição de ex-Grão-Mestre,
apesar de minhas limitações próprias do ser humano, mas firme em minha vivência
na administração e no estudo constante dos valores e da história da Ordem,
sinto-me no dever de refletir publicamente sobre um dos conceitos mais
deturpados e, infelizmente, instrumentalizados do universo maçônico moderno: a
chamada regularidade.
Muitos a associam essa tão falada
“regularidade” apenas a reconhecimento político entre potências, mas a verdade
é que regularidade é muito mais profunda: ela traduz a fidelidade da
instituição à essência iniciática e aos princípios universais da Maçonaria
Tradicional.
O termo, que deveria remeter à
fidelidade a princípios históricos e morais universais da Maçonaria, vem sendo,
há décadas, convertido em ferramenta de controle, exclusão e, em muitos casos,
de dominação institucional.
Trata-se de um conceito moderno,
artificialmente erigido por determinadas potências com o objetivo de
estabelecer hegemonias regionais e internacionais sob o manto da "tradição".
A regularidade, hoje, tem sido
usada como cabresto, como instrumento de imposição pelo medo. O medo de não ser
reconhecido. O medo de não poder circular. O medo de ser considerado
"irregular" por aqueles que se arrogaram o poder de definir, de forma
unilateral, o que é ou não regular. Isso é sintoma de uma profunda inversão de
valores.
Não se trata mais de preservar
Landmarks, princípios ou ritos. Trata-se, muitas vezes, de evitar o crescimento
de outras potências ou mesmo trabalhar para aniquilar outras; de manter uma
reserva de mercado institucional; de assegurar territórios sob o argumento de
uma suposta "legitimidade" conferida por acordos entre poucos. O
conceito de territorialidade, tão combatido quando serve aos interesses de uns,
é rigidamente defendido quando favorece outros.
A regularidade, como tem sido
imposta por algumas potências, perdeu o caráter filosófico e se tornou um
mecanismo político-administrativo. Isso não apenas empobrece a Maçonaria
enquanto instituição iniciática universal, mas também desvirtua seus princípios
mais caros: liberdade, igualdade e fraternidade.
É preciso, portanto, uma
reinterpretação desse conceito à luz da verdadeira Tradição, que não se mede
por diplomas, chancela de reconhecimento ou fronteiras geográficas, mas pela
fidelidade aos princípios iniciáticos, pela prática da virtude e pela busca
sincera da Luz.
A Maçonaria não pode e não deve
ser refém de estruturas de poder que se escondem por trás da palavra
“regularidade”. Essa é uma discussão que precisa ser enfrentada com coragem,
lucidez e compromisso com o futuro da Ordem.
Estamos falando de uma
ressignificação do entendimento de gestão afetos as potências maçônicas.
2. A ORIGEM HISTÓRICA DA
REGULARIDADE MAÇÔNICA
Importante registrar que antes
não existia e não se falava em “potência maçônica”, havendo simplesmente o
labutar constante sob os princípios e valores da Sublime Ordem,
operacionalizada e mascarada nas guildas e
corporações de ofício. O
conhecimento era passado de geração a geração única e exclusivamente pela
comunicação verbal. O reconhecimento exigido era da condição de Obreiro, e se
pautava única e exclusivamente na FRATERNIDADE e se dava por toques, sinais e
palavras. Nenhuma importância se dava para a qual agremiação o Obreiro
pertencia, pois ele era reconhecido como Maçom onde quer que estivesse – era o
tempo da maçonaria operativa.
Com o advento da criação da
Grande Loja Premier em 24/06/1717, que deu origem a Grande Loja Unida da
Inglaterra, esta foi a primeira Grande Loja do mundo. Daí a maçonaria
consagrou-se como “especulativa”, passando a admitir não só pedreiros e
construtores, mas também membros de diferentes profissões, abandonando a
comunicação verbal de seus princípios e valores de forma falada e velada, que a
acompanhou desde o seu princípio milenar, passando a adotar o modelo da
comunicação escrita.
Desta feita, temos que o conceito
de regularidade, tal como compreendido hoje, não é originário da Maçonaria
Operativa ou mesmo dos primórdios da Maçonaria Especulativa. No ano de 1723,
com a publicação das Constituições de Anderson, dá-se o primeiro esforço
codificado de uniformização de princípios e práticas.
No entanto, é importante notar
que, à época, não havia ainda um conceito rígido ou hegemônico de regularidade.
A pluralidade de práticas rituais, interpretações simbólicas e organizações
locais coexistia em relativa harmonia.
O conflito entre a chamada Grande
Loja dos Modernos e a Grande Loja dos Antigos (formada em 1751), revela como,
desde seus primórdios, a ideia de “regularidade” esteve vinculada mais à
disputa por autoridade e legitimidade do que a um consenso sobre valores
imutáveis. Ambas alegavam serem as legítimas guardiãs da Tradição Maçônica,
culminando na unificação em 1813 com a criação da Grande Loja Unida da
Inglaterra (GLUI), que assumiria, nos séculos seguintes, o papel de definidora
global da regularidade.
3. A REGULARIDADE COMO
INSTRUMENTO DE CONTROLE
A partir do século XIX, com a
expansão colonial britânica, a GLUI passou a exercer não apenas uma liderança
simbólica, mas também um controle efetivo sobre o reconhecimento de potências
maçônicas ao redor do mundo. A regularidade passou, então, a ser um instrumento
geopolítico, utilizado para validar ou invalidar juridicamente a existência de
outras potências maçônicas.
Essa concepção conduziu a
Maçonaria a uma espécie de “Estado internacional”, onde apenas algumas
instituições detinham o poder de reconhecer outras como válidas. Surge, assim,
um sistema de dependência institucional, em que potências maçônicas locais, em
vez de se organizarem de forma autônoma e soberana, tornavam-se reféns do
reconhecimento estrangeiro.
No século XX, com o
fortalecimento da Maçonaria nos países latino-americanos, africanos e
asiáticos, o conceito de regularidade foi instrumentalizado por algumas
potências como forma de preservar zonas de influência e conter o crescimento de
novas obediências independentes.
Em diversos casos, essa prática
foi amparada por acordos de territorialidade não escritos, mas tácitos, que
funcionam como verdadeiras cláusulas de reserva de mercado institucional.
4. A REGULARIDADE COMO CABRESTO
Na prática atual, a regularidade
tem sido utilizada por determinadas potências como instrumento de imposição
pelo medo. O medo de ser considerado irregular, de não poder visitar outras
Lojas, de perder vínculos internacionais ou até mesmo de ser socialmente
marginalizado dentro do universo maçônico.
Essa lógica, profundamente
contraditória com os ideais universais da Ordem, distante do princípio basilar
da fraternidade, transforma a regularidade em um mecanismo de controle
simbólico e administrativo, afastando-se de seu eventual propósito originário
de preservação de princípios.
Em vez de promover a união entre
os homens livres e de bons costumes, a regularidade tem servido, não raras
vezes, como barreira artificial à fraternidade maçônica, especialmente quando
aplicada com critérios políticos, territoriais ou personalistas.
5. A REGULARIDADE NÃO SE COMPRA
NEM SE NEGOCIA
A regularidade não é um bem
transmissível, tampouco um diploma que possa ser concedido por conveniência
política ou por alianças circunstanciais entre dirigentes de potências.
Trata-se de um estado legítimo de conformidade de uma Obediência com a Tradição
Maçônica, cuja legitimidade não decorre de reconhecimentos formais, mas sim da
adesão autêntica e contínua aos princípios universais da Ordem.
É equivocado pressupor que a
regularidade possa ser conferida como um favor ou retirada como forma de
retaliação. A regularidade não se vende, não se compra e não se negocia — ela
se demonstra na prática ritual, na fidelidade à essência iniciática e na
manutenção dos Landmarks, quando estes são adotados como referencial
doutrinário.
Perde-se a regularidade não por
decisões administrativas ou por divergências de ordem política, mas quando se
corrompem os princípios fundamentais da Maçonaria, quando se desvirtua o
espírito iniciático, quando se abdica do simbolismo como linguagem de
transformação interior ou quando se afronta a ética moral que sustenta a
vocação universal da Ordem.
Assim compreendida, a
regularidade deixa de ser um instrumento de controle externo e se reafirma como
um critério interno de autenticidade iniciática, cabendo a cada Potência, de
forma soberana e responsável, preservar sua integridade doutrinária e
ritualística, sem submeter-se a pressões hegemônicas que comprometem a sua
liberdade.
6. OS OITO POSTULADOS UNIVERSAIS
DA REGULARIDADE
No contexto da Maçonaria
universal, regularidade refere-se à conformidade de uma Potência ou Loja com os
princípios fundacionais, rituais tradicionais e normas universalmente aceitas
pela comunidade maçônica regular.
Este alinhamento é fundamental
não apenas para a legitimidade interna das instituições, mas também para sua
inserção no sistema de reconhecimento mútuo entre Potências regulares e para o
estabelecimento de relações Inter obedienciais harmônicas e duradouras.
Tradicionalmente, uma Potência é
considerada regular quando observa, entre outros, os oito postulados
universais, amplamente aceitos ao redor do mundo maçônico regular como
critérios essenciais de legitimidade:
I - Crença em um Ser Supremo – A
aceitação da existência do Grande Arquiteto do Universo como centro moral,
espiritual e transcendental da Ordem é elemento indispensável à iniciação e ao
trabalho maçônico regular.
II - Juramento sobre o Livro da
Lei Sagrada – Um volume da Lei Sagrada, símbolo da Verdade revelada, deve estar
aberto sobre o altar em todos os trabalhos rituais, sendo o fundamento moral e
espiritual de todo juramento.
III - Proibição de discussões
político-partidárias e religiosas – A Maçonaria regular mantém-se como escola
filosófica e moral, evitando o sectarismo, a ideologização e a divisão,
promovendo a fraternidade acima das diferenças profanas.
IV - Preservação da Tradição
Iniciática Masculina nas Lojas Simbólicas – Em conformidade com a herança
histórica da Maçonaria especulativa, o ingresso nas Lojas simbólicas regulares
permanece restrito ao gênero masculino.
V - Fidelidade aos Landmarks e
aos rituais tradicionais – São preservadas as práticas rituais estabelecidas e
os princípios consagrados, evitando inovações arbitrárias que descaracterizem o
conteúdo simbólico da Iniciação.
VI - Subordinação das Lojas a uma
Potência legítima – As Lojas devem estar subordinadas a uma autoridade central,
soberana e regular, com governo estável, estrutura institucional definida e
continuidade histórica reconhecida.
VII - Respeito ao princípio da
territorialidade – Dentro de território simbólico, cada Potência regular exerce
sua soberania, em face das Lojas a ela subordinadas, respeitando o princípio da
jurisdição e evitando a multiplicidade conflitante de obediências.
VIII - Reconhecimento mútuo e
possibilidade de Inter visitação – A regularidade também se expressa por meio
do reconhecimento recíproco entre Potências que comunguem dos mesmos princípios
e mantenham relações fraternas, permitindo a Inter visitação entre seus
membros.
Esses postulados não são meros
critérios administrativos, mas representam a régua moral, doutrinária e
ritualística pela qual se pode aferir, com clareza, a legitimidade iniciática
de uma Potência Maçônica. Eles garantem a preservação da Tradição, a coesão da
cadeia universal e a fidelidade ao verdadeiro espírito da Ordem.
7. COMO SE AFERIR A REGULARIDADE
DE UMA POTÊNCIA MAÇÔNICA?
A regularidade de uma Potência
Maçônica não se presume; ela se comprova com base em critérios objetivos que
refletem a legitimidade histórica, jurisdicional, doutrinária e documental da
instituição. Tais critérios são tradicionalmente reconhecidos no âmbito da
Maçonaria universal e servem como parâmetros de avaliação por outras Potências
regulares.
São quatro os principais
elementos que, de forma complementar e interdependente, atestam a regularidade
de uma Obediência:
I - Critério Histórico: Diz
respeito à origem legítima da Potência, estabelecida por meio de uma
consagração ou constituição regular, proveniente de uma Potência já
reconhecidamente regular. A cadeia ininterrupta de transmissão da autoridade
iniciática constitui um dos pilares fundamentais da regularidade.
II - Critério Jurisdicional:
Relaciona-se à soberania efetiva exercida pela Potência sobre Lojas simbólicas
dentro de um território específico, em conformidade com os princípios da
territorialidade maçônica. A ausência de sobreposição irregular de jurisdição e
o respeito mútuo entre Potências são aspectos essenciais desse critério.
III - Critério Doutrinário e
Ritualístico: Refere-se à observância rigorosa dos Landmarks, das normas
iniciáticas tradicionais e dos rituais consagrados pela Tradição Maçônica. A
fidelidade aos princípios filosóficos, morais e simbólicos da Ordem é condição
sine qua non para o reconhecimento da regularidade.
IV - Critério Documental e
Testemunhal: A regularidade também se comprova mediante a apresentação de
documentos oficiais, tais como cartas constitutivas, patentes de fundação, atas
de instalação e, eventualmente, por tratados de reconhecimento mútuo firmados
com outras Potências regulares.
Tais documentos constituem o
respaldo formal e jurídico da legitimidade da Potência perante a comunidade
maçônica.
Quando esses quatro critérios
estão presentes de forma clara, coesa e comprovada, estabelece-se a prova
inequívoca da regularidade maçônica de uma Potência. Trata-se, portanto, de um
estado de legitimidade que se constrói com base em tradição, legalidade,
conduta e reconhecimento, e não por simples autodeclaração ou conveniência
circunstancial.
8. AUTORIDADES COMPETENTES PARA
ATESTAR A REGULARIDADE MAÇÔNICA
A verificação da regularidade de
uma Potência Maçônica não se limita à sua autodeclaração, mas depende da
validação por instâncias legitimadas no contexto da Maçonaria regular. Essa
aferição se dá por meio de diferentes autoridades, cada qual com competências
específicas dentro da estrutura maçônica internacional.
Três grupos de agentes são
tradicionalmente reconhecidos como autoridades legítimas na atuação direta ou
indireta na aferição da regularidade:
A - Potências Maçônicas Regulares
em Atividade: As Potências Maçônicas reconhecidas e em plena atividade regular
exercem um papel central no sistema internacional de validação da regularidade.
São elas as responsáveis por emitir cartas constitutivas, patentes de fundação
e autorizações para funcionamento das Lojas, bem como por celebrar tratados de
reconhecimento mútuo com outras Potências.
Além disso, muitas dessas
Potências mantêm procedimentos internos de supervisão e auditoria, realizando
inspeções, visitas oficiais e avaliações administrativas e ritualísticas para
assegurar que suas Lojas estejam operando conforme os padrões estabelecidos
pela Tradição e pelos postulados universais da Maçonaria regular.
A credibilidade dessas Potências
decorre de sua legitimidade histórica, estabilidade institucional e adesão
ininterrupta aos princípios universais da Ordem.
B - Organizações Inter maçônicas
Internacionais: Diversas entidades de congregação Inter maçônica, como
confederações, alianças ou associações internacionais, também atuam como
espaços de reconhecimento e validação da regularidade. Tais organizações não
detêm soberania sobre as Potências que congregam, mas estabelecem critérios
objetivos para filiação e permanência, exigindo a conformidade com os
princípios tradicionais da regularidade.
Exemplos comuns incluem
conferências de Grandes Lojas, confederações continentais, federações regionais
e organismos de cooperação internacional, que funcionam como fóruns de
validação recíproca, promovendo a Inter visitação, o diálogo institucional e a
coesão entre Potências regulares.
C - Historiadores e Especialistas
em Maçonaria: Embora não detenham autoridade administrativa, pesquisadores,
historiadores e estudiosos especializados em Maçonaria desempenham um papel
relevante na análise crítica e histórica da regularidade. Suas investigações
podem revelar aspectos importantes da origem, evolução, linhagem e
inter-relações institucionais de uma Potência.
Através do estudo de documentos
históricos, registros de fundação, tratados de reconhecimento e práticas
rituais, esses especialistas são capazes de fornecer pareceres técnicos e
fundamentados, que frequentemente subsidiam decisões de reconhecimento por
parte de outras Potências.
Sua atuação, embora externa ao
campo de decisão institucional, confere transparência e rigor acadêmico às
discussões sobre legitimidade maçônica, contribuindo para o esclarecimento de
controvérsias e para a preservação da memória e da coerência histórica da
Ordem.
9. CONCLUSÃO
O conceito de regularidade
maçônica precisa ser urgentemente resgatado em sua essência e despolitizado em
sua aplicação. O uso abusivo e instrumentalizado desse termo por determinadas
Potências tem servido, não raramente, a interesses de controle institucional e
hegemonia territorial, muitas vezes disfarçados sob o véu de uma suposta
preservação da Tradição.
Enquanto a regularidade for
empregada como instrumento de exclusão, segmentação e reserva de mercado
institucional, estará gravemente distorcida em relação ao verdadeiro espírito
da Maçonaria — uma escola filosófica que preza pela universalidade, pela
fraternidade e pela liberdade de consciência.
Cabe, portanto, às lideranças
responsáveis — Grão-Mestres, Veneráveis Mestres, estudiosos e iniciados
comprometidos com a causa maçônica — promover um debate sério, profundo e
desapaixonado sobre o verdadeiro significado da regularidade, devolvendo-lhe
seu caráter iniciático, ético e simbólico.
A regularidade maçônica, quando
bem compreendida, é um elemento essencial para a legitimidade, estabilidade e
funcionamento das Potências e Lojas. A sua identificação exige análise
criteriosa e multidimensional, que envolva a observância de critérios
históricos, jurisdicionais, doutrinários e documentais, com o respaldo de
autoridades competentes como Potências reconhecidas, organizações Inter
maçônicas e especialistas historiadores.
Somente essa abordagem crítica e
fundamentada pode assegurar que a Maçonaria continue a operar em conformidade
com seus princípios fundacionais, promovendo um ambiente de fraternidade, ética
e respeito mútuo entre seus membros e instituições.
Em tempos de disputas
administrativas, confusão doutrinária e pressões por reconhecimento externo, é
fundamental que cada Irmão compreenda que a regularidade maçônica é, antes de
tudo, uma questão de essência — não de poder. Ela reside na pureza do
propósito, na legitimidade da origem e na integridade moral das Lojas e de seus
dirigentes.
Uma Potência que permanece fiel à
sua origem, mesmo sob pressões externas ou campanhas de deslegitimação, não se
torna irregular. Ao contrário, reafirma sua soberania e seu compromisso com a
Tradição.
Nesse sentido, torna-se cada vez
mais necessária a ressignificação da Maçonaria, não como ruptura com sua
história, mas como ato consciente de reencontro com sua missão original.
Ressignificar é compreender que os mecanismos de poder, quando se sobrepõem aos
princípios iniciáticos, corroem a base moral da Instituição. É também atualizar
o papel da Ordem diante das transformações sociais, preservando sua relevância,
seu prestígio e sua capacidade de formar homens livres, éticos e comprometidos
com o bem comum.
“A Maçonaria não se mede pela quantidade de tratados que possui,
mas pela Luz que mantém acesa em seus Templos.”
Cléscio Galvão – Past Grão Mestre
do GOB-MG
Novembro/2025
Referências Históricas e
Bibliográficas
1. Anderson, James. The
Constitutions of the Free-Masons, 1723.
2. Knoop, Douglas; Jones, G.P.
The Genesis of Freemasonry. Manchester
University Press, 1949.
3. Coil, Henry Wilson. Coil’s
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4. Berman, Ric. The Foundations
of Modern Freemasonry: The Grand Architects.
Sussex Academic Press, 2007.
5. Ligou, Daniel. Dicionário da
Maçonaria. Lisboa: Publicações
