Em todas as casas periodicamente há necessidade de
se fazer uma grande limpeza.
É certo que no dia a dia se procura manter a casa
apresentável, que a rotina semanal nos habitua há dedicar algum tempo a limpeza
mais metódica.
Mas, em regra anualmente ou bi anualmente, há
necessidade de se fazer uma limpeza geral e completa, tudo arejar, verificar o
estado das coisas, limpar os cantos mais escondidos e inacessíveis, enfim fazer
uma limpeza a fundo que reponha o espaço nas melhores condições de higiene e de
condições de nele se viver.
Similarmente, também numa Loja maçônica existe a
necessidade de periodicamente se fazer uma limpeza no respectivo quadro de
obreiros.
Quem entra para a Maçonaria faz normalmente com a
melhor das intenções e com o propósito de participar.
Mas, seja porque se esperava algo diverso, porque
se não logrou a desejável integração ou porque as condições de vida são o que
são em cada momento e, por vezes, impossibilitam à execução das melhores das
intenções, alguns acabam por se desinteressar, por não comparecer, por se
afastar.
Tal como, mesmo não sendo a mais agradável das
tarefas, não podemos deixar de, em nossas casas, efetuar periódicas limpezas,
também na Loja maçônica, mesmo sem termos qualquer gosto nisso, não se pode
prescindir da tarefa de verificar o que se passa com os obreiros do Quadro e
fazer as mudanças que se mostrem pertinentes, efetuar os arranjos necessários,
providenciar a reciclagem do que afinal não se coaduna com o resto do conjunto.
Esse trabalho, que eufemisticamente apelidamos de
"administrativo", vai sendo permanentemente controlado e assegurado
pelo Secretário e pelo Tesoureiro, quando necessário com a intervenção do
Orador ou do Hospitaleiro (a tarefa do "dia a dia"), pontualmente
atalhando algum caso mais evidente com providência imediata e casuisticamente
decidida (a "rotina semanal") e periodicamente metódica e
expressamente realizado (a "limpeza a fundo").
Quando é tempo de efetuar a revisão geral das
situações, dois parâmetros iniciais são verificados em relação a todos os
obreiros do Quadro: a assiduidade e o cumprimento das suas obrigações
pecuniárias para com a Loja.
Considera-se haver normalidade com a verificação da
assiduidade ao menos no nível mínimo definido pela Loja e o cumprimento, ao
menos sem atraso significativo, das obrigações pecuniárias.
Entende-se haver motivo para preocupação e
verificação da necessidade de intervenção quando, num dos parâmetros, o nível
mínimo, regulamentarmente fixado, não é cumprido. Fazem-se soar os sinais de
alarme quando esses níveis mínimos de cumprimento são incumpridos em relação
aos dois parâmetros.
Várias situações podem ocorrer, aconselhando
diversos graus e tipos de intervenção.
Quando se verifica que, embora mantendo o nível
mínimo de cumprimento das obrigações pecuniárias, ocorre uma degradação da
assiduidade, impõe-se a determinação da causa do que está a acontecer.
Se o obreiro está deslocado no estrangeiro ou longe
do local de funcionamento da Loja, não será uma situação preocupante, havendo
apenas que determinar se perspectiva que essa situação se mantenha por pouco ou
por muito tempo e se será mais aconselhável providenciar uma transferência de
Loja ou simplesmente aguardar que o impedimento cesse.
Neste tipo de casos, é normalmente determinante a
expressão da vontade do interessado.
Pode também verificar-se que a ausência decorre de
anormal acumulação de trabalho ou afazeres do faltoso. Também nesta situação
importa verificar se a circunstância é temporária ou se perspetiva com foros de
permanência.
Se for meramente temporária, de expectável curta
duração, pode-se perfeitamente aguardar que a situação melhore, mantendo
contatos à distância ou informais.
Mas se as causas do impedimento tendem a manter-se
por tempo significativo, será oportuno considerar a pertinência da solicitação
e emissão de atestado de quite, com adormecimento do obreiro até superação da
situação, retomando este a sua atividade quando de novo estiverem reunidas as
condições para fazê-lo.
Mas pode também ocorrer que a ausência decorra de
problemas de saúde do obreiro ou de seus próximos. Aí e então o que importa, em
primeiro lugar, é verificar, em conjunto com o Irmão, de que forma é possível e
útil que a Loja dê uma ajuda na superação da situação ou minimização das suas
consequências. É hora de entrar em cena o Hospitaleiro da Loja.
Pode também suceder que o afastamento decorra ou
de desinteligência com outro ou outros obreiros da Loja ou de dificuldade de
integração do obreiro no grupo.
Nessas situações, há que procurar as soluções para
sanar a situação. Cabe, em primeira linha, ao Orador "passar a
trolha" sobre o problema que tenha surgido, alisando as divergências e
limpando os mal-entendidos, de forma a que a harmonia se restabeleça.
Quanto a eventuais problemas de integração detectados,
deve, sem demora, de eles dar-se conhecimento aos padrinhos do obreiro que os
sofre (normalmente é um elemento recentemente admitido na Loja) e a toda a
Loja, para que o que estava a correr mal passe a correr bem.
A integração de um obreiro na Loja é uma tarefa que
se desenrola em ambos os sentidos. Ambos, o obreiro e a Loja, identificados que
seja o problema, têm de cooperar para resolvê-lo.
Finalmente, pode suceder que a ausência derive apenas de desinteresse do obreiro. É o que familiarmente designamos por "erro de casting"...
Finalmente, pode suceder que a ausência derive apenas de desinteresse do obreiro. É o que familiarmente designamos por "erro de casting"...
Nessa situação, e porque a integração numa Loja maçônica
é um ato estritamente voluntário, se conclui que a Loja ou a Maçonaria não
corresponde às expectativas do obreiro, razão geradora do seu desinteresse, só
há uma forma de resolver a questão: a saída do obreiro de algo de que se
desinteressou.
Essa saída pode ser feita de duas maneiras: com
honra e consideração mútuas, através do pedido de atestado de quite; ou, não
havendo a consideração de pedir formalmente a desvinculação, mediante uma
decisão de exclusão por parte da Loja.
Pode, por outro lado, suceder a verificação de falta de cumprimento das obrigações pecuniárias, designadamente falta ou atraso sensível no pagamento de quotas, por parte de obreiro que até cumpre os critérios de assiduidade.
Pode, por outro lado, suceder a verificação de falta de cumprimento das obrigações pecuniárias, designadamente falta ou atraso sensível no pagamento de quotas, por parte de obreiro que até cumpre os critérios de assiduidade.
É uma situação que assume alguma gravidade para a
Loja. Por um lado, porque esta tem de pagar à Grande Loja uma (importante)
percentagem da quota mensal dos seus obreiros, independentemente da
regularização desses pagamentos por eles - o que implica que os pagamentos das
percentagens das quotas em atraso tem de ser satisfeito mediante o recurso aos
fundos próprios da Loja, que são obviamente finitos.
A não resolução atempada do problema cedo ou tarde
conduziria a Loja à bancarrota. Por outro, porque, pura e simplesmente não é
justo para os que pagam que se permita, sem medidas, que, podendo fazê-lo,
outros assim não procedam.
A falta de cumprimento das obrigações pecuniárias normalmente resulta de uma de duas situações: dificuldades econômica do obreiro ou desinteresse.
No caso de dificuldade econômica do obreiro, dependendo da situação concreta, do grau de gravidade, da duração previsível da situação, opta-se por várias e diferentes medidas: estabelecimento de plano de pagamentos do atrasado, durante um período mais ou menos prolongado, até recuperação da situação, sendo que, estabelecido um plano de pagamentos, durante e mediante o seu cumprimento o obreiro é considerado em dia perante a Loja; assunção pela Loja da responsabilidade pecuniária do obreiro, mediante empréstimo sem prazo e sem juros, pelo Tronco da Viúva, do montante que for preciso, pelo tempo necessário, até que a sua situação econômica melhore - quando estiver em condições para tal, o obreiro diligenciará o reembolso do Tronco da Viúva, como é apanágio dos homens livres e de bons costumes; nos casos mais graves e previsivelmente de indisponibilidade prolongada, pode o obreiro pretender pedir o seu atestado de quite (o que pressupõe que esteja quite) - nesses casos, o Tronco da Viúva assume, a título de empréstimo sem prazo e sem juros, o pagamento do que está em atraso, para que o obreiro possa receber o seu quite, e, se e quando puder pagar, pagará se e quando puder e quiser regressar, regressará.
Só nos casos em que o incumprimento das obrigações pecuniárias ocorra por desinteresse ou falta de vontade de fazê-lo é que a Loja decide a exclusão do obreiro, de forma a deixar de ser responsável pelo pagamento à Grande Loja da capitação a ele referente.
Por muito bem que funcionem o Secretário o Tesoureiro, o Orador e o Hospitaleiro, é conveniente que, desejavelmente uma vez por ano, no mínimo de dois em dois anos, esta tarefa de verificação geral e resolução proativa dos problemas detectados seja feita.
A falta de cumprimento das obrigações pecuniárias normalmente resulta de uma de duas situações: dificuldades econômica do obreiro ou desinteresse.
No caso de dificuldade econômica do obreiro, dependendo da situação concreta, do grau de gravidade, da duração previsível da situação, opta-se por várias e diferentes medidas: estabelecimento de plano de pagamentos do atrasado, durante um período mais ou menos prolongado, até recuperação da situação, sendo que, estabelecido um plano de pagamentos, durante e mediante o seu cumprimento o obreiro é considerado em dia perante a Loja; assunção pela Loja da responsabilidade pecuniária do obreiro, mediante empréstimo sem prazo e sem juros, pelo Tronco da Viúva, do montante que for preciso, pelo tempo necessário, até que a sua situação econômica melhore - quando estiver em condições para tal, o obreiro diligenciará o reembolso do Tronco da Viúva, como é apanágio dos homens livres e de bons costumes; nos casos mais graves e previsivelmente de indisponibilidade prolongada, pode o obreiro pretender pedir o seu atestado de quite (o que pressupõe que esteja quite) - nesses casos, o Tronco da Viúva assume, a título de empréstimo sem prazo e sem juros, o pagamento do que está em atraso, para que o obreiro possa receber o seu quite, e, se e quando puder pagar, pagará se e quando puder e quiser regressar, regressará.
Só nos casos em que o incumprimento das obrigações pecuniárias ocorra por desinteresse ou falta de vontade de fazê-lo é que a Loja decide a exclusão do obreiro, de forma a deixar de ser responsável pelo pagamento à Grande Loja da capitação a ele referente.
Por muito bem que funcionem o Secretário o Tesoureiro, o Orador e o Hospitaleiro, é conveniente que, desejavelmente uma vez por ano, no mínimo de dois em dois anos, esta tarefa de verificação geral e resolução proativa dos problemas detectados seja feita.
Só assim se tratam situações que deveriam já ter
sido tratadas e que, por erro, negligência ou simples inércia estão por tratar,
com risco de agravamento.
Só assim, por iniciativa organizada da Loja, se
obtém, por vezes, a noção de que um Irmão atravessa dificuldades e não revela
tal fato aos seus Irmãos, seja por que razão seja.
Só assim a Loja logra obter uma imagem global do
que se passa com os seus obreiros, do que está a Loja a fazer para auxiliar os
que necessitam de auxílio e do que tem de modificar ou diligenciar para bem
cumprir o dever de Solidariedade que une todos os maçons.
Tal como nas nossas casas, a limpeza semestral ou anual não implica só deitar coisas fora, mas também detectar o que precisa de ser reparado e providenciar pela reparação e efetuar as mudanças que sejam convenientes, também a limpeza da Loja não se limita à exclusão daqueles que é necessário excluir.
Tal como nas nossas casas, a limpeza semestral ou anual não implica só deitar coisas fora, mas também detectar o que precisa de ser reparado e providenciar pela reparação e efetuar as mudanças que sejam convenientes, também a limpeza da Loja não se limita à exclusão daqueles que é necessário excluir.
Muito mais há a fazer, para, além disso: reparar o
que houver a reparar, providenciar o que houver a providenciar, auxiliar o que
se houver de auxiliar pela forma que se puder fazê-lo.
Tal como nas nossas casas, efetuar periodicamente a limpeza da Loja é imprescindível para o bom funcionamento desta e fortalece os laços entre todos.
Rui Bandeira
Tal como nas nossas casas, efetuar periodicamente a limpeza da Loja é imprescindível para o bom funcionamento desta e fortalece os laços entre todos.
Rui Bandeira