A MÍSTICA DO AVENTAL


O Avental é o típico símbolo do trabalhador. Desenvolvido inicialmente como elemento de proteção, logo se tornou um brasão de identificação da condição e da qualidade do obreiro. Quase todos os tipos de trabalhadores usam aventais, sendo o seu uso uma prática muito antiga, geratriz de uma simbologia cuja origem se perde na bruma dos tempos. 

Na maçonaria, o revestimento do iniciado maçom com o avental do grau significa a sua condição de obreiro e denuncia o seu grau hierárquico. Por isso, em cada grau da Loja simbólica o Irmão usa um avental de modo diferente, símbolo do grau ao qual ele está ascendendo. E essa prática ritualística continua pelos graus superiores, simbolizando em cada tipo de avental o  momento espiritual que o iniciado maçom está vivendo dentro da maçonaria.   

O avental branco do aprendiz simboliza o seu noviciado. É o estado de sua alma quando ele se inicia nos Mistérios maçônicos. Esvaziado do seu ego e purificado pelo ritual da iniciação, ele se apresenta "limpo e puro" na egrégora formada pelos Irmãos como se fosse uma “tabula rasa”, pronta para nela ser escrita os ensinamentos maçônicos. Assim também se apresentava o novato alquimista quando se iniciava nos trabalhos da Grande Obra, da mesma forma que nos canteiros de obras medievais, em que o tipo de avental usado denunciava a condição de iniciante do obreiro.

Os aventais nos quais o Irmão for revestido durante a sua progressão pela Escada de Jacó são os símbolos dessa escalada. Enquanto aprendiz e companheiro o avental é branco, liso, sem nenhuma ornamentação. A única diferença entre um e outro é o fato de o aprendiz usar o avental com a abeta levantada enquanto o companheiro baixa a abeta do seu avental. 

A abeta do avental maçom representa um triangulo isósceles, que nas suas três linhas simbolizam os três graus da Loja simbólica. Por isso é que, vencida a primeira etapa, o iniciado dobra a abeta do seu avental para dizer que ele já percorreu essa primeira linha, que é a do Aprendiz. A segunda linha é a do companheiro e a terceira é a do mestre. Mas quando o iniciado se torna mestre ele também atinge a plenitude dos graus simbólicos, e então o seu avental muda de conformação e nele se inscrevem as três rosáceas do maçom pleno, que representam a aquisição do perfeito equilíbrio, representado pelo triângulo completo. 

Há quem interprete as disposições do avental em Loja simbólica como uma representação das três etapas do aprendizado pelas quais o irmão deve passar: a etapa da pedra bruta, da pedra lavrada e da pedra angular.

Essa interpretação, provavelmente tem sua origem nos graus distintivos da maçonaria operativa, onde os artesãos usavam aventais de diferentes cores e conformações para distinguir os diversos níveis profissionais existentes entre os profissionais da construção. É, portanto, uma interpretação que reclama uma base histórica e nada tem a ver com o esoterismo que se quer enxergar nessa distinção.

Com o passar dos tempos e com os acréscimos simbólicos que foram acrescentados á pratica maçônica, também os aventais foram adquirindo caracteres de verdadeiros brasões representativos de cada conjunto de ensinamentos que se queria transmitir em cada bloco.

Assim é que nas Lojas de Perfeição e Capitulares os aventais foram desenhados para simbolizar as tradições que ali se cultivam, da mesma forma que nos graus filosóficos e administrativos, cada um deles teve a sua representação formulada nos motivos desenhados nos aventais.

Assim eles se tornaram verdadeiros estandartes, onde o conjunto das tradições cultivadas pela Arte Real são traduzidas em símbolos e metáforas, ricas em conteúdo esotérico, filosófico e histórico. Assim é que nos aventais dos graus capitulares, por exemplo, encontraremos muitos motivos evocativos ao crime dos Jubelos, da mesma forma que nas Lojas de Perfeição a ênfase será dada aos motivos referentes à reconstrução de Jerusalém, ao simbolismo da Rosa-Cruz (grau 18) etc. E assim, sucessivamente, até o grau 33, cada bloco de ensinamentos refletindo nos aventais os seus motivos filosóficos.(...)

DO LIVRO LENDAS DA ARTE REAL


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