Segundo alguns autores essa
declaração advém dos antigos canteiros medievais da Franco-maçonaria que
saudavam pelo Sinal o Mestre da Obra por nove vezes – “Eu vos saúdo, eu vos saúdo, eu vos”… (repetia-se
o procedimento por nove vezes). O número nove associava-se à unidade de
proporção do cubo poliédrico – três partes para a largura somadas as três para
a profundidade e ainda mais três partes para a altura.
Três desses cubos compostos por três partes iguais
na sua largura, profundidade e altura quando sequencialmente unidos nessa
proporção perfaziam geralmente o volume do edifício ou o quadrilongo. Essa
harmonia proporcional construtiva mais tarde seria muito usada para determinar
os limites simbólicos da Loja (Oficina ou Canteiro) da Moderna Maçonaria – um
cubo para o Oriente e dois cubos para o Ocidente, ou ainda, um para o Oriente,
um e meio para o Ocidente e meio para o Átrio.
Outro provável aspecto originário do termo T∴VV∴T∴ está na saudação oriunda das Lojas maçônicas
inglesas no que se refere ao cumprimento às Três Luzes Maiores, às Três Luzes
Menores e aos três principais Oficiais, a saber: o Livro da Lei, o Esquadro e o
Compasso; O Sol, a Lua e o Venerável (o Sol para governar o dia, a Lua para
governar a noite e o Venerável para governar a Loja); os dois Vigilantes e o
Guarda do Templo. Assim, o termo T∴VV∴T∴ se reportava também à saudação aos componentes de
uma Oficina maçônica daquela época, anterior ao século XVIII e da profusão e
aparecimento de Ritos e Trabalhos maçônicos.
Cabe nesse particular uma importante observação:
essa conduta não pode ser tomada como exclusividade deste ou daquele Rito, já
que a expressão comentada antecede a existência desses na Maçonaria.
Assim o termo T∴VV∴T∴ pela sua importância histórica e dos seus usos e
costumes ficaria fazendo parte do complexo ideário maçônico.
Ainda, em se tratando da vertente deísta da Moderna
Maçonaria francesa, o termo também se reporta à evolução e aperfeiçoamento da
Natureza onde T∴ corresponde a cada ciclo
natural (estação do ano) que somados por T∴VV∴ corresponde ao número nove
(meses) – a primavera, o verão e o outono. Os três meses de inverno não
aparecem por se reportarem a estação em que a Terra fica viúva da Luz. Daí o
quadrado de T∴ ou T∴VV∴T∴.
Nesse sentido as tríades se apresentam na Maçonaria
em vários aspectos simbólicos, todavia apenas como tríades e não como origem da
expressão usada especificamente no telhamento maçônico.
No Real Arco, Arco Real, o Tríplice Tau, Selo de
David, etc., são tríades que revelam verdades e lições de ética e moral,
entretanto nunca como origem específica da declaração T∴VV∴T∴ no examinador maçônico.
Também nem mesmo Ramsay teria influenciado o REAA
nesse particular. O escocesismo simbólico somente tomaria forma a partir de
1.804 na França por influência das Lojas Azuis norte-americanas.
Embora essa influência anglo-saxônica no simbolismo
do Rito Escocês, este pela sua origem francesa adotaria em seu arcabouço
doutrinário a alegoria da evolução da Natureza acima mencionada – note as nove
luzes dispostas em grupo de três em três sobre o Altar ocupado pelo Venerável
Mestre e as mesas dos Vigilantes.
Concluindo, nunca é demais
lembrar que entre as duas vertentes principais da Maçonaria – a inglesa e a
francesa – as práticas litúrgicas e ritualísticas dos Ritos e Trabalhos (working do Craft) não raras
vezes se diferenciam entre eles, principalmente pelos seus costumes culturais,
daí práticas como a do Tríplice Abraço e do próprio Telhamento latino
(questionário tal qual conhecemos no Brasil) aplicado no REAA, por exemplo, não
podem ser generalizados como artifício único para toda a Maçonaria universal.
Como dito, há entre eles práticas diferenciadas e muitas vezes desconhecidas conforme
a sua vertente maçônica – anglo-saxônica ou latina.
Autor: Pedro Juk
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