“O templo representa o
Universo que é o Templo de Deus, cuja contrapartida é o corpo do homem. No
interior do Sagrado Templo há uma câmara destinada à reunião geral para estudar
as obras de Deus. É a câmara interna é o sol do Templo, o lugar santo
onde mora a Presença de Deus: a Loja. (...) Tudo isso quer dizer que, como o
Universo não tem limites e é um atributo de Deus que abarca tudo, assim também
a Loja, o “Logos”, o Cristo dentro do homem, por definição não tem limites,
está dentro e fora e tudo o que é feito por Ele foi feito.”
(Adoum, Jorge; GRAU DE
APRENDIZ E SEUS MISTÉRIOS, ed. Pensamento - 1993.)
Já esmiuçamos em
trabalhos anteriores a forma da Loja, citando o Templo de Jerusalém como imagem
e representação do Universo e todas as maravilhas da criação. A Loja
representa a superfície da terra com os quatro pontos cardeais: Oriente
Ocidente (“caminho da luz”), Norte e Sul, sua largura; com terra, fogo e água
sob nossos pés, e ar sobre as nossas cabeças, acima das quais representa o teto
da Loja um céu estrelado, símbolo de um mundo imaterial.
Sustentada por três
CCol.’., a Loja de Aprendiz é governada pelo Vem.’., fonte e fundamento da
SABEDORIA em sua Loja, e pelos IIr.’. Primeiro e Segundo Vigilantes, que
representam as CCol.’. da FORÇA e da BELEZA, respectivamente.
No significado
histórico e filosófico das três CCol.’., a sabedoria jônica venceu a
força espartana (dórica) e, quando ato e potência se equilibraram, surgiu a
beleza, que se completou mais tarde, já na época helenística, ensejando a
perfeição da coluna coríntia e completando o ternário, o qual, por
sua vez, viria a repercutir em toda a história da humanidade.
É regra colocar as
CCol.’. sobre o Altar das três luzes (Vem.’. e VVig.’.), cada qual
com sua coluna correspondente, figuradas nos Altares por Pilares: o Pilar
da SABEDORIA no Oriente; no Setentrião, o Pilar da FORÇA e no Sul, o da BELEZA.
Representam o complemento de tudo, uma vez que SABEDORIA, FORÇA e BELEZA
retratam os três aspectos da Criação: o Idealizador, o G.’. A.’., Aquele
que imagina a perfeição e assim torna perfeita essa imagem; a Potência, que
constrói a perfeição de Si, ou a que nos sustém em nossas dificuldades; e a
Qualidade de quem Se reconhece na própria obra e ali contempla a própria
perfeição.
A Beleza, enfim, é o
que nos agrada os sentidos com seus padrões estéticos: “Deus contemplou sua
obra, e viu que tudo era muito bom” (Gen., 1:31).
A SABEDORIA, um dos
Pilares mestres da nossa Ordem, nos obriga a relembrar certos ensinamentos , os
quais fomos imbuídos a praticar. A busca incessante do Saber, a Tolerância, o
Amor Fraternal, o Respeito para com os nossos semelhantes - bem como o respeito
próprio, a busca da Verdade, da prática do Bem e da Perfeição.
Segundo o Ritual de A.’. M.’. ,
o Ir.’. Primeiro Vig.’. nos diz que nos reunimos em Loja para “
Combater o despotismo, a ignorância, os preconceitos e os erros. Para
glorificar a Verdade e a Justiça. Para promover o Bem Estar da Pátria e da
Humanidade, levantando TTempl.’. à Virtude e cavando masmorras ao
vício.“. Ou seja: combater, com toda certeza, a ignorância, que é a
argamassa do vício, do egoísmo, da desonestidade, do fanatismo e da
superstição. em outras oportunidades, já tratamos dos primeiros - falemos agora
desses dois últimos: o fanatismo e a superstição.
A superstição e o
fanatismo são duas graves moléstias que afligem os espíritos místicos
ignorantes. Este é a religião radical, despida da razão e do saber e afastada
do conhecimento verdadeiro. Leva ao Mal pelo abandono do bom senso e pela
escravidão do intelecto - é a regra que o fanático deixe de pensar por si
próprio e entregue-se a ideias preconcebidas (preconceitos) e rejeite sua
liberdade pela escravidão a um “líder” ou falso Messias.
A superstição, por sua
vez, é um arremedo de religião, é a religião deturpada, onde a ignorância ocupa
o lugar que seria o da Fé. É o culto da imperfeição e da mendacidade, em que se
desiste de compreender a natureza do Bem, transformando em bem o que seja do
interesse próprio e da conveniência.
Contra todos esses
males a prática da Solidariedade haverá, por certo, de fortalecer nossa
Fraternidade. Não pelas vantagens morais ou materiais que se cogita tenha
advindo do fato de nos termos tornado MM.’.. A simples vantagem material, no
interesse egoístico do indivíduo, é estranha às práticas e à ética dos MM.’. Vantagens
morais de fato há: residirão dentro de cada um de nós, resultados da firmeza de
nosso caráter.
Esta firmeza virá como
fruto do nosso ofício (desbastar a P.’. B.’.) e da nítida compreensão dos
Deveres e dos Ideais estabelecidos por nossa Ordem - A Moral e a Honra.
A Solidariedade
Maçônica não consiste, como creem o vulgo e o profano, no amparo
incondicional de um Ir.’. ao outro e os laços da Fraternidade, quanto ao
amparo moral ou material (individual ou coletivo), são oferecidos àqueles que
apesar de praticarem o Bem sofrem os revezes das vida; para os que, trabalhando
lícita e honradamente, correm o risco de soçobrar; ou mesmo para os que, tendo
fortunas, sentem infelicidade em seu interior e amargas suas almas. Para estes
IIr.’. a Solidariedade Maçônica deverá e será colocada em prática,
pois aí haverá uma causa justa e nobre.
Em nossa iniciação,
juramos amar o Próximo como a nós mesmos, cuja máxima representava o
compasso sobre o nosso peito, na justa medida para a construção do mundo de
Fraternidade Universal. Juramos ainda defender e socorrer nossos IIr.’. ;
todavia, quando um Ir.’. se desvia da Moral que nos fortifica, ele
simplesmente rompe a Solidariedade que nos une. Estará então em condições
notórias de deixar de ser um Ir.’., perdendo todos os direitos ao nosso auxílio
material e, principalmente, ao nosso amparo moral.
Essa Solidariedade não
dá guarida à ignorância e ao preconceito: em igualdade de circunstâncias,
podemos preferir um Ir.’. a um profano; mas nunca devemos
fazê-lo se assim cometermos uma injustiça - a cada um, o que é de seu mérito.
Ela não existe para ferir nossa consciência. Seus ensinamentos nos conduzem a
proteger um Ir.’. no que for justo e honesto, mas sem boas e justas razões
não devemos favorecê-lo pelo simples fato de ser Ir.’..
Ademais, tal Princípio
nos ensina tanto a dar quanto a não pedir sem a justa necessidade.
A Ordem, idealmente,
só admite entre os seus membros aqueles que são probos, de caráter ilibado, que
tenham a faculdade chamada inteligência e que sejam livres e de bons costumes.
Assim é natural que MM.’. cheguem a posições sociais elevadas, visto se
destacarem por suas qualidades pessoais.
Se alguém pretende
obter o mesmo utilizando-se unicamente de um sistema de favorecimento, proteção
e acobertamento fazem mal em entrar para o seu seio. Sua admissão padece de
vício insanável, de erro essencial quanto à pessoa. Para estes casos, nossa
Ação Moral, nossos Princípios e Leis haverão de serem instrumentos seguros para
separarmos o joio do trigo - e ficarmos com o trigo.
A Solidariedade, aliás,
não está adstrita aos Ir.’.: estende-se a todos os Homens e se materializa não
apenas no amparo imediato, mas na educação. O exercício da Solidariedade,
assim, deve pautar-se em duas palavras - tolerância e humildade. A
predominância da Humildade se faz necessária em todas as ações que
empreendermos e desenvolvermos, para que o auxílio não se transforme em esmola
e enodoe a alma do necessitado.
A Tolerância para com
os nossos semelhantes, quer em suas opiniões, quer em suas crenças, impõe-se
para garantir a Liberdade e a Justiça. É pensamento muito bem traduzido por
Voltaire: “Discordo de tudo quanto dizes, mas defendo até a morte o direito de
dizê-lo.”
Ambas serão, portanto,
utilizadas para Educar os que necessitam e, pelo processo dual, nos educarmos.
Ensinar aquilo que realmente sabemos e com isto nos instruir também. Corrigir e
alertar para os erros que atentem quanto à ética e compromissos inerentes à
sociedade.
Cabe aqui encerrar com
La Fontaine, em trecho do prefácio de “FÁBULAS DE ESOPO”: “Antes de sermos
obrigados a corrigir nossos maus hábitos, é necessário que nos esforcemos para
torná-los bons”.
BIBLIOGRAFIA:
1. Varoli
Filho, Theobaldo; CURSO DE MAÇONARIA SIMBÓLICA - Aprendiz (1º Tomo), ed. A
Gazeta Maçônica.
2. Figueiredo,
Joaquim Gervásio de; DICIONÁRIO DE MAÇONARIA, ed. Pensamento - 1994.
3. Castellani,
José; DICIONÁRIO ETIMOLÓGICO MAÇÔNICO, ed. Maçônica “A Trolha”, 1ª ed.-1993.
4. Adoum,
Jorge; GRAU DE APRENDIZ E SEUS MISTÉRIOS, ed. Pensamento - 1993.
5. Leadbeater,
C. W.; A VIDA OCULTA NA MAÇONARIA, ed. Biblioteca Maçônica - 1994; trad. de
Joaquim Gervásio de Figueiredo.
6. A
BÍBLIA SAGRADA, ed. Ave-Maria.
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