Falamos muito, na Maçonaria e outras instituições filantrópicas,
de caridade e beneficência, como deveres que os mais afortunados têm para com o
"miserável e carente de sorte". Mas dificilmente caridade e
beneficência chegam a ser uma experiência verdadeiramente caridosa e benéfica,
porquanto procedem de um erro, ao invés da verdade, somos chamados a contribuir
muitas vezes para reforçar e tornar estático ou crônico o mal que desejamos
eliminar, reforçando a sua raiz.
Como ensinaram todos os sábios de todos os tempos (e isso pode
ser, em alguns aspectos, o paradigma da verdadeira sabedoria), a raiz e a
primeira causa de todos os males devemos procurar no erro ou na ignorância. E
até que não se corrija esse erro e esta ignorância, todas as formas de caridade
não serão mais do que um paliativo, pois não elimina a raiz do mal, mas muitas
vezes é feito, muitas vezes contribuímos com a consciência do mal que
estimulamos para torná-lo mais forte e vital.
Por exemplo, há sem dúvida aquele tronco de solidariedade
oportunamente circulado a favor de um irmão necessitado, ou de outro caso
piedoso, pode constituir uma ajuda útil e providencial, especialmente se os
presentes são generosos em suas contribuições, como pode ser a ajuda direta
para outro irmão.
Mas se, com a ajuda monetária (cujo valor e a eficácia devem ser
temporários e transitórios) os presente acompanham, como quase sempre acontece,
seus sentimentos e pensamentos de compaixão e, pior ainda, de comiseração, ou
de alguma forma se considera a pessoa necessitada como impotente e em estado de
inferioridade, a influência desses pensamentos são pouco desejáveis e efetivas
a ajuda, na medida em que contribui mais para abater, ao invés de realçar seu
estado moral e a confiança em si mesmo.
O mesmo deve ser dito, com mais razão, de todas as formas de
beneficência, que ao invés de uma simples e espontânea manifestação do espírito
de fraternidade entre irmãos livres e iguais, manifesta, claramente, a
distância que medeia entre o benfeitor e o beneficiário, ou de alguma forma se
transforma essa dádiva em humilhação, com a qual paga muito caro o apoio
recebido. Não dizemos nada da caridade que serve como pretexto para ostentação
e vaidade, porque neste caso, dificilmente poderia ser digno desse nome.
A verdadeira caridade deve ser secreta e espontânea e não deve
envolver-se em qualquer forma de humilhação. Prevenir as necessidades de um
irmão que está claramente em dificuldade é muito mais fraterno que esperar que
este peça ajuda, porque com o pedido isso já está quase pago e nenhuma coisa
que se paga tão caro como as pedindo.
A mão que dá como verdadeiro espírito de fraternidade deve
esconder-se, e "esquerda não deve saber o que faz a direita".
Devemos, portanto, evitar a prática em uso em algumas lojas de pedir a outras
oficinas uma contribuição para ajudar um irmão e especialmente dar o nome do
irmão.
Nem mesma na própria oficina devemos dar o nome da pessoa
socorrida, porque não há nenhuma necessidade de que seja conhecida, com exceção
daqueles diretamente envolvidos na ajuda.
Ir. ALDO LAVAGNINI
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