O termo “Loja Simbólica” faz alusão à vivência dos pedreiros, em
alojamentos, nos canteiros de obra, em tempos pretéritos.
Atualmente, a parte da Maçonaria, cuja responsabilidade é a
administração dos três primeiros Graus, independente do Rito praticado, é a
Maçonaria Simbólica, chamada, antigamente, de “Blue Lodges” ou “Loja Azuis”,
possuindo uma estrutura simbólica, rica em informações, porém um tanto
complexa, principalmente, àqueles que, de fato, não passaram por um processo
iniciático, ou não se enveredaram, como deveriam, nos estudos de seus excelsos
Arcanos.
Quando a chamamos de “simbólica”, não devemos entender esse
termo, pelo cunho pejorativo, como irrelevante, sem importância, apenas
ilustrativo, conceito adotado por muitos “profanos de avental”, lamentavelmente.
Quando assim a tratamos, é em razão de seus ensinamentos estarem
ocultos em símbolos, cuja interpretação é parte imprescindível do aprendizado
e, consequente, da evolução maçônica do postulante à iniciação.
O próprio processo de iniciação não se finda na cerimônia de
iniciação, quando o candidato ingressa na Ordem.
Transcorre por toda caminhada maçônica, cujos símbolos que
ornamentam o Templo, que é um verdadeiro “Livro de Pedra”, passam a ter um
papel fundamental na busca do arquétipo, até que o postulante, por mérito,
consiga se fundir ao mesmo, e, de fato, tornar-se um iniciado, na acepção da
palavra.
As instruções maçônicas se utilizam de uma metodologia de
aprendizagem muito especial. Muitas vezes não é suficiente lê-las para
compreendê-las.
O processo é mais que analítico e envolve, além da instrução
escrita, um conjunto de outros fatores para que possamos captar sua verdadeira
essência.
Observa-se que toda instrução deve ser ministrada dentro de
nossos Templos, em Loja aberta. Se tivéssemos que nos ater, apenas, no que está
escrito em nossos rituais, bastava, apenas, lê-las em nossa casa e fazermos
peças de arquitetura e enviarmos à Loja, como monografias.
Essa possibilidade de ensino à distância não existe na
Maçonaria, justamente porque se fazem necessários, além da instrução escrita,
outros aspectos importantíssimos que compõem o processo pedagógico maçônico.
Um desses aspectos é o Símbolo, que no significado lato, é a
representação de um aspecto da verdade, que independe da estática da fé, mas,
decorre da cinética do raciocínio.
É certo dizer, portanto, que símbolo, à luz da Ciência
Iniciática das Idades, é a síntese de um aspecto da Verdade Única. E, por esta
mesma razão, sua forma gráfica, numérica, pictórica ou qualquer outra,
atravessa incólume os tempos sem sofrer, intrinsecamente com as modificações
aparentes das ideias, descobertas e invenções, pois, como síntese de algo real
e imutável, assim permanece através dos séculos.
Os símbolos existentes em nossos templos têm uma finalidade maior
que a decoração. Todo símbolo, através de seu arquétipo, é uma vertente de
energia. O Maçom interage com essa energia, essa informação oculta que o
símbolo emana.
O estudo de nossas instruções, por si só, tem, apenas, uma
atuação no aspecto físico, enquanto o decifrar de um símbolo provoca,
paulatinamente, um desenvolvimento no aspecto psíquico.
As instruções ministradas no Templo, em Loja aberta, sob a
influência da egrégora milenar de nossa Ordem, completam o processo, atuando no
plano espiritual. Esse entendimento foi se perdendo e, hoje, é pouco percebido
por nossos Mestres.
Infelizmente, o cargo de 1º e de 2º Vigilantes, muitas vezes,
passa a ser ocupado, apenas, como um trampolim para o Veneralato e as
preocupações daqueles, que deveriam ser diretamente responsáveis pelas
instruções, lamentavelmente, são bem outras.
Para alcançarmos o perfeito entendimento de uma instrução
maçônica precisaremos nos conscientizar e fazer uso desse conjunto de fatores
que compõe esse especial processo pedagógico.
Assim procedendo, tornar-nos-emos portadores das Chaves que
abrirão as portas do perfeito entendimento. As chamadas Chaves do Conhecimento
Iniciático. O Processo é “Simbólico”, mas não pejorativamente falando!
Francisco Feitosa