Quando esse assunto é apresentado em Loja, por meio de diversos
trabalhos ou palestras, muito se fala sobre Mozart, sua iniciação, sua Loja,
seus companheiros de Loja, o desenvolvimento da maçonaria na época, mas muito
pouco se fala sobre a Flauta Mágica. Por que é considerada uma ópera maçônica?
O que há de maçonaria nela?
A Flauta Mágica conta a história de um príncipe perdido na
floresta, que é salvo por um servo de uma rainha que o leva ao castelo. No
castelo, ele vê a foto de uma bela mulher e se encanta por ela.
O servo conta que se trata de uma princesa, filha da rainha, e
raptada por um sacerdote. O príncipe se apaixona ainda mais ao ouvir a história
e decide resgatar a princesa. O servo da rainha acompanha o príncipe na missão,
e o Orador do Templo da Sabedoria alerta que as intenções do sacerdote são boas
e que, talvez, as da rainha não sejam. O príncipe e seu servo aceitam serem
iniciados. No final, ambos ficam com suas almas gêmeas.
Os principais elementos simbólicos utilizados em “A Flauta Mágica” pertencem à
tradição alquímica e astrológica. A marca egípcia (a obra se desenrola
principalmente em um conjunto de templos dedicados aos mistérios de Isis e
Osíris) se deve à fascinação que causou o redescobrimento do Egito no século
XVIII e à influência que exerceu sobre Mozart o humanista Ignaz Von Born, autor
de um livro sobre os Mistérios Egípcios. Os símbolos alquímicos são claros
através de toda a obra: por exemplo, Tamino e Pamina devem passar pelos quatro
elementos, simbolizados na obra pelo Fogo e pela Água.
Os sacerdotes se reúnem em um bosque de palmeiras de prata com
folhas de ouro. Os diversos caracteres também se relacionam com os diferentes
planetas do sistema astrológico que contemplam 2 astros e 5 planetas. A Rainha
da Noite se relaciona com a noite e os mistérios lunares; seu reino é o bosque.
Sarastro, que ao final do primeiro ato aparece em um carro puxado por leões,
encarna as forças solares. Junto a estes símbolos, a presença das chaves
numéricas acompanha os elementos de interpretação da mensagem da obra. O número
3 e seu simbolismo é o mais frequentemente utilizado (as três damas, os três
jovens, os três templos, os três acordes iniciais da abertura, entre outros,
demonstram a importância do número 3).
As três etapas alquímicas
A Obra ao Negro, regida por Saturno: corresponde ao primeiro
ato, que transcorre principalmente no bosque. Durante esta etapa, Monostatos é
o principal obstáculo, relacionado com Saturno, quer dizer, a prisão da
matéria. Ele é o carcereiro de Pamina que se interpõe entre Tamino e Pamina (ao
final do primeiro ato) e está apaixonado pela Princesa, sem poder possuí-la.
A Obra ao Branco, regida pela Lua: esta obra corresponde as
primeiras provas a que Tamino e Papageno se submetem, e por outra parte Pamina.
Nesta etapa ainda não foi realizado o casamento alquímico.
A Obra ao Vermelho, regida pelo Sol: guiados pela força solar,
Tamino e Pamina, agora reunidos pelo matrimônio alquímico, passam através dos
quatro elementos. Nesta etapa também são destruídas definitivamente as vestes
da Rainha da Noite e de Monostatos, símbolos da matéria inferior.
Flauta Mágica como alegoria alquímica, ou seja, um conto de
transformação em que todos os intervenientes são submetidos a uma estrutura
simbólica, iniciática, que os conduz a um grau superior de realização e
espiritualidade: nos opostos que se confrontam luz e sombra, negro e branco,
mal e bem, sairão vencedores os representantes de uma humanidade regida pelos
princípios em que imperam o belo, o bom, a verdade da razão iluminada
Provas e Iniciações
Estas acontecem através de toda a obra, principalmente no
segundo ato.
No primeiro ato vemos uma cena em que Tamino está tocando a flauta mágica e
todas as feras do bosque se rendem ao encanto da música. Mas de repente ele se
lembra de Pamina e o encanto desaparece; o discípulo renuncia aos poderes
inferiores e continua em busca de sua alma.
As iniciações e Provas do segundo ato não são apenas rituais,
mas geralmente carregam uma situação de perigo, como fica claro na evocação de
Sarastro aos deuses Isis e Osíris: “Oh Osíris, ilumina com o espírito da
Sabedoria o novo casal. Vocês que guiam os passos dos caminhantes,
fortalecendo-os com paciência durante o perigo. Permite-lhes vê-los como frutos
dessas provas. Mas se tiverem que morrer, premie a virtude de seu valoroso
esforço e acolha-os em sua morada”. Estas linhas nos recordam as palavras de
Krishna no Baghavad Gita: “Morto ganharás o céu, vitorioso dominarás a terra,
então, levanta-se, Parantapa, e apressa-se a lutar.”
No segundo ato, Tamino mantém o voto de silêncio que se havia
imposto e rejeita as três damas. Pamina deve escolher entre sua mãe e o reino
solar, que culmina na separação de Tamino. Estas provas pertencem aos Mistérios
menores e se alude a elas na obra como etapas de purificação.
Os mistérios maiores se acham simbolizados pela passagem através
dos quatro elementos, que realizam em conjunto Tamino e Pamina, guiados pela
Flauta Mágica.
O SIMBOLISMO DA FLAUTA MÁGICA
“A Flauta Mágica” de Mozart é um dos mais maravilhosos
testamentos musicais que um músico-filósofo deixou como legado. Mozart não era
somente um músico, mas um filósofo no sentido mais pleno da palavra.
Ele procurou criar uma ponte entre o ser humano e o divino
através do amor, como é demonstrado em todo o seu trabalho. Em “A Flauta
Mágica”, o apolíneo, a iluminação do divino; e o dionisíaco, a transformação do
homem.
A Maçonaria que Mozart viveu era como uma Escola de Formação
Humana, baseada na tradição, no simbolismo, na fraternidade, indo além da
cultura, das classes sociais, da ideologia, da religião; na luta contra todo o
tipo de fanatismo, e a favor do aperfeiçoamento do homem que constrói a
Humanidade.
Ainda que o ingresso de Mozart na Maçonaria tenha sido
relativamente tardio, pois já estava com 28 anos, foi a partir dessa época que
ele escreveu suas mais célebres composições musicais maçônicas. Das obras que
precedem a sua iniciação, mas que já são de inspiração maçônica veio sua obra
mais esotérica, A Flauta Mágica, todas, em maior ou menor medida, recorrendo a
símbolos, ritos e encenações esotéricas.
SANDRO PINHEIRO
Biografia:www.noesquadro.com.br/artes/mozart-flauta-magica-e-maconaria
Biografia:Ópera maçônica a flauta mágica: W. A. Mozart-Rizzardo
da Camino
Biografia:https://bibliot3ca.com/a-flauta-magica
Biografia: A Flauta Mágica, A Maçonaria e a Alquimia- Gerson
Fraissat
Biografia:www.freemason.pt/mozart-flauta-magica-maconaria
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