Quando entrei para a
Loja Valley of Danville, em Illinois, há 23 anos, feitos em 22 de Março
passado, cada membro da minha classe recebeu um livro – Os Construtores (The
Builders), de Joseph Fort Newton. Eu nunca li este livro na totalidade, mas li
uma boa parte dele ao longo dos anos e diria que ajudou a moldar o que penso da
Maçonaria e o que significa ser Maçom. Ao longo dos anos, ocasionalmente
visitei as suas páginas para aprender, reaprender e refletir, e para me
refocar, quando necessário.
No mês passado, o
nosso país, as nossas comunidades, a nossa fraternidade e, de fato, cada um de
nós entrou num momento de crise. Esta mudança, para a maioria de nós, foi
relativamente abrupta e chocante.
Muitos de nós não pensamos
seriamente numa crise como a COVID 19, nem em como lhe responderíamos e às
mudanças que ela provocou. As crises geralmente trazem o melhor e o pior das
pessoas. Sei disto porque vivenciei crises várias vezes na vida e sei que isso
trouxe à tona o melhor e o pior de mim e dos que por elas passaram, comigo.
Esta crise não se
mostrou diferente. Sem reuniões para ir, senti uma espécie de letargia maçônica.
O meu tempo nesta Primavera teria sido principalmente preenchido com a preparação,
a aprendizagem e a reaprendizagem de peças para diferentes graus de Lojas e dos
Corpos Rituais.
Sinto-me aliviado por
não ter que fazer isto, mas aprender e reaprender também são uma das maneiras
pelas quais me imerjo na reflexão sobre o significado dessas Lojas e graus
específicos. É também assim que me encontro e me conecto com os meus Irmãos.
Sem esta reflexão e
conexão, senti o meu espírito maçônico a atrofiar-se. Pior ainda, na maior
parte do tempo que eu passaria aprendendo e refletindo com meus irmãos,
preenchi-o online e no Face book. Não me interpretem mal; Eu acho que o Face
book pode ser uma maneira fantástica de se comunicar. Já o vi usado por muitas
pessoas, organizações e irmãos para espalhar mensagens que elevam e alimentam o
nosso espírito – o melhor das pessoas.
Infelizmente, eu
também já vi isto ser usado por pessoas, organizações e até irmãos para
espalhar mensagens que não têm verdade, que denigrem e zombam daqueles com quem
discordam que ameaçam a violência e que incentivam a mentalidade de que “os
outros” são menos que humanos. O pior das pessoas. Pior do que isto, porém, é o
que testemunhar este pior nos outros traz à tona em mim. Eu senti-me
desprezando os outros que postam ou gostam de coisas que eu discordo. Eu vi-me
a querer partilhar esse desdém – enfrentar a ação adversa com a mesma ação
adversa, em vez de bondade. Eu sabia que precisava mudar.
E foi assim que me
sentei para ler uma parte do The Builders neste fim de semana. Diferentemente
de outras vezes em que abri este livro, eu realmente não sabia que parte dele
queria ler. Eu sabia que queria encher minha mente com aquilo que elevaria a
minha alma e me colocaria no caminho certo novamente, mas não tinha certeza de
onde encontraria isso, então decidi começar do princípio.
Eu não fui longe.
Folheei a página de título, o conteúdo e a lista de ilustrações e cheguei ao
Prefácio. Lá, o falecido Francis G. Paul, 33° (Past Sovereign Grand Commander
de NMJ e autor do Prefácio na minha edição do livro), leva-nos ao ensaio de Newton:
“Quando é que um homem é um Maçom?” que conclui o livro.
Quando lá fui,
encontrei o seguinte:
“Quando é que um homem
é Maçom? Quando ele pode contemplar os rios, as colinas e o horizonte distante
com um profundo senso da sua própria pequenez no vasto esquema das coisas, e
ainda ter fé, esperança e coragem – o que é a raiz de toda a virtude: quando
ele sabe que, no fundo do seu coração, todo homem é tão nobre, vil, divino,
diabólico e tão solitário quanto ele próprio, e procura conhecer, perdoar e amar
o próximo. Quando ele sabe simpatizar com os homens nas suas tristezas, e sim,
mesmo nos seus pecados – sabendo que cada homem luta duramente contra muitas
probabilidades. Quando ele aprendeu a fazer amigos e a mantê-los, e acima de
tudo como mantê-los consigo. Quando ele adora flores, pode caçar pássaros sem
uma arma e sente a emoção de uma velha alegria esquecida quando ouve o riso de
uma criança pequena. Quando ele pode ser feliz e ter uma mente altiva no meio
das piores coisas da vida. Quando as árvores coroadas de estrelas e o brilho da
luz do sol nas águas correntes o subjugam como o pensamento de alguém muito
amado e já morto. Quando nenhuma voz de angústia atinge os seus ouvidos em vão,
e nenhuma mão procura a sua ajuda sem resposta. Quando ele encontra o bem em
toda fé que ajuda qualquer homem a se apossar das coisas divinas e vê
significados majestosos na vida, qualquer que seja o nome dessa fé. Quando ele
pode olhar para uma poça de beira de estrada e ver algo além da lama, e para o
rosto do companheiro mortal mais abandonado e ver algo além do pecado. Quando
ele sabe orar, como amar, como ter esperança. Quando ele mantiver a fé em si
mesmo, no seu próximo e no seu Deus; em suas mãos uma espada para o mal, no seu
coração uma alegria, por viver, mas sem medo de morrer! Um homem assim
encontrou o único segredo real da Maçonaria e o que ela está a tentar dar a
todo o mundo“.
Este é um belo ensaio
que merece ampla reflexão, mas uma frase realmente me prendeu esta noite.
Quando é que um homem
é Maçom? Quando ele sabe que no seu coração todo o homem é tão nobre, tão vil,
tão divino, diabólico e tão solitário quanto ele próprio, e procura saber,
perdoar e amar o próximo.
Quantas vezes eu me
esqueço desta simples verdade. Sou, e todos somos os melhores e os piores, os
nobres e os vis, os divinos e os diabólicos. Sabendo disto, o meu dever,
propósito e razão de ser Maçom é continuar a procurar conhecer, amar e perdoar
o meu próximo.
Quando eu puder fazer
isto, quando puder ver o nobre e o divino nos outros, mesmo quando for mais vil
e diabólico, eu observá-los-ei com olhos divinos – vendo-os da maneira que Deus
os vê – dignos da minha bondade, respeito, carinho e amor. É isto que tenho a
promessa de fazer pelos meus Irmãos e por toda a Humanidade. Espero que os meus
irmãos olhem para mim com a mesma tolerância.
Brian L. Pettice
Tradução de António
Jorge
Fonte
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