SABEDORIA, FORÇA E BELEZA NA NATUREZA


 

A Iniciação Maçônica, uma viagem sucessiva através da matéria, do intelecto, do instinto e do afeto, fornece o caminho para que do interior do homem brote o ser que pode transformar o planeta em um Templo de liberdade, harmonia e justiça. O método iniciático, praticado no Templo Maçônico, envolve o despertar do aspecto sagrado da vida. Estudos sobre o sagrado foram feitos por Mircea Eliade e por Georges Charpak.

Para Charpak sagrado é o “sentimento gerador de uma consciência, que corresponde ao que existe de mais elevado no conhecimento, as leis sutis da natureza”. Para outra pessoa, porém, uma pedra pode ser sagrada, desde que sua realidade de pedra se transmute numa outra realidade por ter sido, por exemplo, ofertada por alguém querido que se foi deste mundo.

Alguns dizem que o dever e a família são sagrados. Portanto, O método iniciático leva o maçom a tornar significativo o seu despertar para uma nova visão de mundo, em busca de uma consciência universal unificada.

Sabedoria

A Sabedoria Maçônica ensina que o maçom deve investigar constantemente o caminho da verdade, buscando seu aperfeiçoamento interior para crescer intelectual e espiritualmente. Com este objetivo, a Maçonaria instrui o maçom a tomar atitudes corretas e decisões acertadas, a viver em paz e harmonia consigo mesmo, a ser equilibrado e sensato e a ser capaz de iluminar outras pessoas de modo eficaz.

O ponto de partida da aplicação da Sabedoria Maçônica para forjar o caráter do maçom é o “conhece-te a ti mesmo”, obtido através da observação de si mesmo, de modo regular. É preciso que cada maçom enfrente a si mesmo e reconheça seus defeitos, fraquezas e imperfeições, reforçando suas virtudes.

Nessa busca do conhecimento de si mesmo, é preciso levar em consideração que o caráter de cada um é grandemente influenciado pelos instintos, pelas emoções, pelo pensamento e pelas paixões. Os instintos podem ser sublimados, se não forem alimentados, segundo a maioria dos psicanalistas, já as emoções, de um modo geral, motivam, deformam, bloqueiam e corrompem as ações do indivíduo. Por isso mergulham o ser humano na aflição ou no êxtase, provocando sucessos ou insucessos.

Por sua vez, o pensamento é a atividade que formula conceitos, que permite ter ideias claras e raciocinar sobre qualquer assunto. Esta é uma habilidade que pode ser adquirida e desenvolvida. Enfim, a paixão é um sentimento intenso e exclusivo, levado ao extremo, estando, comumente, ligadas a qualidades individuais negativas.

 Não é difícil reconhecer, nas paixões voltadas para esportes, política e religião, fortes traços de fanatismo, intolerância, grosseria, violência, desrespeito. Observe-se que emoções negativas ou positivas (como raiva, medo ou alegria), surgem de situações de vida significativas e de avaliações do seu significado para o nosso bem-estar, mas duram pouco.

As pessoas, entretanto, experimentam um fluxo constante de estados de humor. Esse humor, positivo ou negativo, também nascido no interior, tem uma ação prolongada. A Maçonaria ensina o controle das emoções e das paixões violentas, mantendo-as dentro de limites convenientes, através do cultivo de virtudes como a temperança, a prudência, a disciplina e a perseverança, auxiliares importantes nesse embate.

Também, ter, todos os dias, alguns momentos de recolhimento, ou uma pequena pausa nas atividades externas, permite ao maçom iluminar seu interior e obter uma revelação sobre seus vícios e virtudes, suas paixões e instintos, seu corpo e seus pensamentos.

Força

Construir uma obra viva, como busca a Maçonaria, requer um grande esforço, tanto individual como coletivo. Através de uma ação orientadora de vida, a Loja é o canal perfeito da Força que alimenta todos os participantes e os guia no caminho do Conhecimento. É o trabalho em regular em Loja que reúne as forças individuais, físicas e/ou morais, dos maçons, fazendo nascer uma força superior àquela resultante da simples adição das forças individuais.

Para desenvolver sua força individual é imprescindível que o maçom tenha o conhecimento de si mesmo, a nível mental (virtudes e defeitos, reações negativas e positivas) e físico (biológico), e o conhecimento do mundo que o cerca (sociedade e natureza).

Mas isso não basta. É, sobretudo, necessário que ele aja, reforçando suas virtudes, livrando-se de seus defeitos e maus hábitos, velando seus desejos, subjugando sua vontade, controlando suas emoções, dominando suas paixões e pensando corretamente, para evitar que oscilações de seu estado emocional o desviem de seu Caminho.

Isto não é tarefa fácil, mas começa com uma tomada de decisão.

Ao tomar uma decisão o ser humano influencia a próxima, aumentando, ou diminuindo, a probabilidade da nova escolha quaisquer das decisões tomadas por alguém, mesmo se for considerada de pouca importância, tem algum significado para o resto de sua vida.

Certamente, o indivíduo precisa ter coragem, para tomar algumas decisões e vencer seus hábitos, cuja quebra pode exigir um esforço mental hercúleo, e bastante determinação e energia, principalmente quando seus atos são ditados por leis, códigos ou costumes sociais.

Não se trata, aqui, daquela coragem que marca a virilidade, mas, da capacidade de superar o medo, quando ele existe, ou da aptidão para enfrentar a ansiedade através de uma vontade mais forte. Sem dúvida, essa coragem deve ser dosada com prudência, pois a experiência tem mostrado que a sensatez leva ao discernimento do que é bom ou mau em um momento de decisão, evitando que alguém cometa erros dos quais venha a se arrepender.

Embora a força interna, integradora, exista em todos os seres humanos ela pode passar percebida. Acontece que paixões negativas e reações consomem muita energia e essa força só emerge se não for dissipada com elas. Essa é mais uma razão para o maçom se libertar de suas emoções e vencer o ardor de suas paixões, aquelas emoções que, levadas a um grau de intensidade, sobrepujam a razão e a lucidez.

Uma vez iniciado o processo do controle das emoções e paixões, há de se sentir uma realimentação positiva resultante do uso da força interna, visto que ela só emerge se houver a beleza proporcionada pelo equilíbrio interno e fraternidade. Contudo, essa é uma via de duas mãos: para se ter equilíbrio interno, é preciso usar essa força.

Beleza

O equilíbrio da vida interior, obtido através do processo iniciático permite, a alguém evitar fazer aos outros o que ele não gostaria que fosse feito a si mesmo. Ao manter o equilíbrio em seu relacionamento com os outros, o maçom permite o desenvolvimento da fraternidade, um caminho para combater o egoísmo.

Em contraste com o mundo profano em que a desarmonia está, muitas vezes, presente, a Loja deve ser um mundo sagrado onde tudo está em ordem e em harmonia, um mundo de Beleza, portanto. Pelo fato de o ser humano ser imperfeito é que se faz sua purificação ritual antes que ele entre nesse lugar de paz. Mas, esta purificação é apenas simbólica e a verdadeira purificação só é obtida pelo esforço individual na busca do domínio das emoções, das reações, da linguagem - disciplinas praticadas em Loja.

A Maçonaria luta por uma ordem social que propicie, a todos, oportunidades iguais para revelar suas potencialidades e talentos e atingir níveis compatíveis com sua dignidade. É através de seu lema, Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que sua Beleza se manifesta.

Para se ter uma sociedade com Liberdade, é necessário que seus componentes entendam que liberdade não é apenas uma questão de dizer sim ou não, nem de revolta, libertinagem, demagogia, luxúria ou vida desregrada. Também, não se faz uma sociedade livre a não ser com homens livres, eles mesmos.

Ser livre é ter o domínio o domínio da consciência sobre seu próprio comportamento e atos, é conciliar a liberdade de cada um com a liberdade do outro, é não estar amarrado a preconceitos, é crer em alguma coisa (não necessita ser religioso no sentido de praticante), é ser capaz de ter tempo livre, é ter consideração pelo conhecimento dos outros, é tomar decisões racionalmente, é fazer o que quer, profissionalmente, é conhecer a si mesmo para se liberar de seus traumas e recalques, é vencer seu próprio ódio e ressentimento.

A Liberdade e a Igualdade formam o corpo da Beleza Maçônica, a Fraternidade é sua alma. A beleza da Grande Obra Maçônica aparecerá no instante em que todas as pedras, enfim polidas, estiverem unidas no pleno sentido do termo, conforme o plano do Grande Arquiteto do Universo. Adornada com o Amor, essa beleza se manifesta na forma de prática de solidariedade, beneficência, benevolência e altruísmo; e o cimento capaz de unir essas pedras é a Fraternidade.

Bons costumes são indispensáveis à harmonia em uma Loja. Por isso, o maçom deve trabalhar continuamente no conhecimento de si mesmo, e dos outros, e cultivar as qualidades adequadas. Uma delas é a paciência, a capacidade de suportar os dissabores, as adversidades e infelicidades do cotidiano, o que se consegue com equilíbrio e serenidade nas situações em que as soluções independem de nossa capacidade, habilidade ou esforço. Já os relacionamentos humanos, em uma Loja, devem ser marcados pela lealdade e pela discrição.

Assim como o uso harmonioso e bem organizado do Conhecimento, gerado pela Informação, resulta em uma Sabedoria que, através das Forças Fundamentais, rege a Beleza do cosmos, o Conhecimento adquirido através da Iniciação Maçônica governa a Arte Real. É sobre os pilares da Sabedoria, Força e Beleza que se apóia a construção do Templo Maçônico, a Grande Obra.

Utilizando símbolos, que mantêm a Verdade intacta, a Sabedoria Maçônica ensina que o maçom deve investigar constantemente o caminho dessa Verdade, buscando seu aperfeiçoamento interior para crescer intelectual e espiritualmente.

Para isso, ela guia o maçom no aprendizado necessário e progressivo das condições de domínio de si mesmo. Por ser submetido a forças relacionadas com instintos, emoções, tradição, sociais, etc., a maioria provocando reações negativas que podem levá-lo ao sofrimento, o maçom deve cultivar força de vontade, forjando seu caráter e seu conhecimento.

Assim ele se capacita a tomar atitudes corretas e decisões acertadas, a viver em paz e harmonia consigo mesmo. Somente ao atingir o equilíbrio, livrando-se do consumo de energia provocado pelas reações negativas, é que o maçom sente emergir uma força interna positiva que, por sua vez, reforça sua vontade e seu caráter. Essa força interna, existente em cada maçom, quando refletida e integrada ao todo Maçônico, gera a Força que permite a manifestação da Beleza ocorre na construção de uma sociedade onde seja plena e natural a ação da Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Um mundo de Paz, Justiça e Amor.

Conclusão

 Mostrou-se, neste trabalho, que a Harmonia, a Força e a Sabedoria são os pilares sobre os quais se apóia a natureza e, também, que elas são manifestações de algo mais profundo. Entre elas, a Beleza é uma manifestação da harmonia existente na organização de todas as coisas, tanto no Macrocosmos como no Microcosmos.

Essa manifestação, percebida através de instrumentos como equações matemáticas, leis físicas, inspiração, sentidos, tanto dá uma sensação de prazer, como fornece informações que possibilitam ao ser humano preparar-se para eventos futuros. Entretanto, não haveria harmonia na natureza sem a atuação de quatro forças fundamentais, provavelmente diferentes facetas de uma mesma Força Primordial.

Além disso, todas as forças atuam segundo leis pré-estabelecidas e inteligentes, que se entrelaçam umas às outras e que constituem a Sabedoria da natureza. Isso permite que a matéria, a energia e a informação se organizem numa.

Todo este simbolismo nos indica que, na obra de nossa construção Moral, devemos trazer para a Luz, todas as possibilidades das potências individuais, despojando-nos das ilusões da personalidade. E nesse trabalho, só poderemos ser Sábios se possuirmos Força, porque a Sabedoria exige sacrifícios que só podem ser realizados pela força, mas ser Sábio com Força, sem ter Beleza, é triste, porque é a Beleza que abre o mundo inteiro à nossa Sensibilidade.

 

ORIENTE DO RIO DE JANEIRO, RJ.

A.·. R.·. L.·.M.·. FLAUTA MÁGICA DO RIO DE JANEIRO, Nº 170

M.·.M.·. SANDRO PINHEIRO

 

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