A ESSÊNCIA DA MAÇONARIA ESCOCESA


O breve artigo a seguir foi escrito por Robert L. D. Cooper, Curador da Grande Loja da Escócia, antigo Venerável Mestre da Loja de Pesquisa Quatuor Coronati nº 2076 e um dos estudiosos maçônicos mais respeitados do mundo, na atualidade.

O irmão Cooper escreve sob a comissão da Grande Loja da Escócia, para oferecer pela primeira vez a razão por que a Grande Loja da Escócia não explica a maioria, senão todos, os aspectos da Maçonaria (escocesa). O seu objetivo não é apresentar uma “declaração de missão”, mas uma tentativa de encorajar os Maçons a perceber que estão a empreender uma jornada pessoal.

Esta informação serve para informar os Maçons, que de outra forma poderiam não estar cientes, de que nem todas as Grandes Lojas do mundo operam da mesma maneira. Na verdade, a Grande Loja da Escócia – apesar de ter sido formada relativamente tarde, em 1736 – representa o que muitos argumentariam ser a origem da própria Maçonaria especulativa e, como tal, opera de uma maneira muito diferente das Grandes Lojas Norte-Americanas.

Andrew Hammer
President Ad Masonic Restoration Foundation

Recentemente, tem havido alguma discussão sobre o “significado” do Ritual Maçônico Escocês, Paramentos e Simbolismo. Ao ler a Constituição e as Leis da Grande Loja da Escócia (GLdS), alguém poderia ser levado a pensar que não havia opiniões sobre estes assuntos.

O silêncio sobre o significado de todos os aspectos da Maçonaria Escocesa, não apenas na Constituição e nas Leis, mas também noutras publicações oficiais, não significa que tais opiniões não existam, muito pelo contrário. Porque, então, não há explicações oficiais de qualquer um dos elementos da Maçonaria Escocesa? Esta questão vai ao cerne do que é a Maçonaria Escocesa.

A GLoS acredita que a Maçonaria Escocesa é uma estrutura em torno da qual os indivíduos empreendem a sua jornada Maçônica. Esta visão é criada em parte pela história e origens da Maçonaria Escocesa, bem como pela psique dos Escoceses em geral.

Sem entrar em muitos detalhes, é suficiente para explicar que antes que a GLoS surgisse em 1736, existia uma rede nacional de Lojas, de pelo menos 1598, senão antes, cujos membros eram pedreiros e não pedreiros. Havia Lojas, que eram inteiramente constituídas por pedreiros (por exemplo, a Loja de Maçons Journeymen, nº 8), Lojas que não tinham pedreiros como membros (por exemplo, a Loja Haughfoot) e Lojas que tinham pedreiros e não pedreiros como membros (por exemplo, a Loja de Aberdeen nº1 ter).

Estas Lojas existiam independentemente umas das outras e sem qualquer “sede” para dirigi-las a partir de um ponto central. Este sistema era, e até certo ponto ainda é bem adequado à psique dos Maçons Escoceses (se não à população em geral). A independência das Lojas antes de 1736 também se traduziu num grau significativo de independência para as Lojas fundadas depois de 1736.

Ao contrário de outras Grandes Lojas, que têm e usam muito mais poder e autoridade do que a GLoS, ela funciona mais como um facilitador e um corpo consultivo. Este método não autoritário de governo não é conhecido por existir em nenhum outro lugar no mundo Maçônico e tem um impacto direto na natureza da Maçonaria Escocesa.

Em primeiro lugar, porque a participação na Maçonaria é uma experiência pessoal que difere de pessoa para pessoa, o significado dos diferentes aspectos da Maçonaria também pode diferir de pessoa para pessoa.

Embora possa haver um consenso entre alguns Maçons Escoceses sobre o que qualquer palavra ou símbolo em particular pode significar, pode haver outras explicações alternativas. A letra “G” será suficiente para ilustrar este ponto.

Um Maçom que é cristão pela fé geralmente interpretará a letra “G” como Deus (God), mas um Maçom que é muçulmano pode rejeitar esta ideia porque não pode aceitar que Deus possa ser reduzido a uma mera letra de um alfabeto humano. Ele irá, muitas vezes, argumentar que a letra “G” significa geômetra ou talvez geometria.

Por razões semelhantes, um Maçom que seja judeu pode argumentar que “G’” representa a bondade (goodness) – a bondade inata dentro de cada ser humano. Existem várias outras interpretações possíveis. Se a GLoS expressasse uma opinião quanto ao significado da letra “G”, ela tornar-se-ia a interpretação de fato e, portanto, amplamente aceite pela maioria dos Maçons Escoceses. Se a GLoS fornecesse tais interpretações, na verdade, criaria um dogma Maçônico Escocês e que poderia ser usado para definir a Maçonaria como uma religião – algo que os Maçons sempre rejeitaram.

A Maçonaria Escocesa é, portanto, considerada uma experiência individual, ou jornada, embora feita com a ajuda, assistência e orientação de outros Maçons. O significado e a interpretação do Ritual Maçônico Escocês, Paramentos e Simbolismo, por uma boa razão, não são fixos e são deixados para a interpretação de cada Maçom individual. Esta é uma das razões pelas quais a Maçonaria escocesa permanece única no mundo, e que se mantenha assim por muito tempo.

Robert L. D. Cooper

Tradução de António Jorge

 

CONDUTA MORAL


 

A privacidade dos pensamentos e sentimentos são condições intangíveis e inerentes à individualidade, pois estão intimamente ligados ao perfil e ao caráter de cada um. Assim, para que possamos conquistar uma posição de equilíbrio, primeiro é preciso que procuremos trabalhar o nosso interior para que nos tornemos pessoas justas, perfeitas e de bons costumes e, segundo, aprender a respeitar a opinião dos outros, porque ninguém pode dizer-se dono da verdade, achando que esta ou aquela pessoa esteja certa ou errada na sua maneira de pensar e agir.

Sabemos que tudo o que é intangível, é aquilo que não se pode ver sentir ou pegar, pois são características intrínsecas e intocáveis como, por exemplo, os pensamentos, os sentimentos, as percepções, a visão, a missão, etc., uma vez que são valores individuais que estão enraizados na essência do ser e, consequentemente, invisíveis aos nossos olhos. Portanto, não temos qualquer condição de medir a sua magnitude, diferentemente do que é tangível, que são características que se podem tocar ver e medir, pois têm uma consistência física e palpável.

Todos nós temos o nosso livre arbítrio, ou seja, a livre escolha de decidir qual o melhor caminho que devemos seguir na nossa jornada evolutiva. Este livre arbítrio traduz-se na voz da consciência que é ouvida com base no nível de crescimento moral de cada um.

A essência da alma traduz-se na voz da consciência, pois é ela que nos dá um norte e está sempre a alertar-nos para o que devemos ou não fazer para não cairmos nas armadilhas dos vícios e das tentações a que somos submetidos no nosso dia a dia.

Já perceberam quantas vezes desprezamos conselhos valiosos que são ditados pela voz da nossa consciência e que por não serem ouvidos, impulsionam-nos a tomar decisões às vezes impensadas e que poderão trazer-nos consequências potencialmente negativas?

Todos nós sabemos que podemos perfeitamente interferir e mudar o rumo das coisas. Para tanto, precisamos rever as nossas atitudes para que possamos conquistar dignamente o nosso espaço. De uma coisa podem estar certos: se as nossas atitudes e ações forem direcionadas para um sentimento puramente pessoal, corremos o risco de ferir a sensibilidade de alguém que reagirá contrário aos nossos interesses. Portanto, quando pensamos não no pessoal e sim no coletivo, estaremos a criar uma atmosfera propícia aos bons relacionamentos interpessoais.

Assim, nos relacionamentos interpessoais é fundamental que procuremos sempre dar ouvidos à voz da nossa consciência para que possamos evitar eventuais desvios de conduta, pois assim procedendo, estaremos a prevenir a disseminação de opiniões contrárias que poderão comprometer o ambiente da nossa convivência pessoal.

O conto que transcrevo a seguir (desconheço o autor) mostra-nos que somos livres para fazer as nossas escolhas e que, dependendo de como gerimos a nossa conduta moral, receberemos de volta os reflexos das nossas ações.

“Certo dia um velho índio falava para o seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas. Disse ele ao neto:

— A batalha é entre dois lobos que vivem dentro de cada um de nós. Um é mau, o que se traduz em raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça arrogância, pena de si mesmo, sentimento de culpa, ressentimento, sentimento de inferioridade, mentira, falso orgulho, superioridade, ou seja, ausência da essência de Deus no coração.

– O outro lobo, pelo contrário, é bom e os seus sentimentos são de alegria, sentimento de fraternidade, de paz, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, fé e confiança; enfim, este tem a presença de Deus no seu coração.

O neto ouviu atentamente e após pensar um pouco perguntou ao Avô:

— E qual é o lobo que vence?

E o velho índio sabiamente respondeu:

— Aquele que cada um escolhe alimentar!”

Vejam que se trata de uma historia simples, porém, profunda na sua essência, pois mostram-nos de forma clara que as tentações são muitas e que para beneficiarmos dos bons fluidos precisamos constantemente de trabalhar o nosso interior, visando o desbastar contínuo das asperezas do caráter, filtrar os nossos pensamentos para que possamos assim agir de forma justa e perfeita para com as pessoas que convivemos e, deste modo, receber o merecido prêmio das boas ações praticadas.

Uma coisa é certa, tudo o que nos acontece, seja de bom ou de mau, tem um sentido lógico, pois são as imagens refletidas no espelho que cada um construiu para si.

Pensem nisto!

“Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”
 (Antoine de Saint-Exupéry)

Tomé Castro

AS EXPECTATIVAS DO APRENDIZ EM RELAÇÃO À ORDEM E O QUE ENTENDE QUE A ORDEM ESPERA DELE


 

 INTRODUÇÃO

 Preliminarmente: “Este trabalho foi elaborado do ponto de vista dos aprendizes maçons. São posições, aqui manifestadas, levando-se em conta o pequeno quinhão de instrução recebido no nosso humilde grau, que até o presente momento, ainda refletem os anseios do conhecimento maçônico no nosso crescimento individual, pois os sentimentos primários ainda persistem no nosso eu, diante da penumbra do desconhecido da ordem. Entretanto, tais sentimentos são divergentes entre nós e a exposição deles, livremente levada a efeito por cada um, haverá de levar-nos à aprendizagem contínua. Assim, animados tão-somente pelo espírito de construir, colocamos as nossas impressões e sentimentos, compartilhando-os com todos os presentes, a fim de gerar as mais abalizadas opiniões, por meio das quais possamos coletar novas e valiosas informações, capazes de contribuir para o enriquecimento deste trabalho.”

1 – A EXPECTATIVA DO APRENDIZ EM RELAÇÃO À ORDEM

Entrar para a Maçonaria! Quanta expectativa. Primeiro, a fase burocrática do processo. Preencher Formulário-Proposta, tirar retratos e certidões, ter a sua vida minuciosamente vasculhada.

Tudo isto representa uma primeira etapa a vencer; uma vez aprovado, vem à iniciação. Uma vez neófito, vislumbra-se um mundo novo, onde a observação e a curiosidade associadas à leitura reflexiva são pilares básicos para o início do desbastar da PEDRA BRUTA da massa informe que somos.

Todos os iniciados, ao ingressarem na Maçonaria, têm uma visão diferente do que vão encontrar e de como a sua vida será afetada por isso. Mas, certamente, o que traz o homem profano para a Maçonaria é a “curiosidade”, muito embora, isto jamais seja admitido pelos neófitos, mesmo porque encontramos sérias advertências sobre isso. Porém, o folclore popular criado em torno da Ordem, com o seu lado místico gerado pelos Mistérios dos Segredos Maçônicos é, na verdade, o grande responsável pelo ingresso do profano.

A visão de uma instituição de homens de bom conceito que se reúnem e trabalham em prol do crescimento pessoal e da humanidade é conscientizada após as participações nos trabalhos em Loja. De maneira geral, isto pode ser encontrado, salvo pela falta de uma posição mais forte da ordem maçônica junto da comunidade em geral. É interessante observar que as mudanças que ocorrem dentro da ordem são observadas de forma lenta e o crescimento dá-se de forma progressiva, sem a ocorrência de mudanças drásticas.

Porém, uma vez iniciados, ainda é notória a falta de compreensão do que representa a Ordem Maçônica. A curiosidade, ainda está presente, gera expectativas do agora aprendiz, notadamente quanto ao que está para vir. Confusos, como uma criança nos seus primeiros anos, recebemos apenas “os deveres do aprendiz maçom”, o que é natural, já que, de acordo com a Doutrina e as Legislações Maçônicas, nós Aprendizes, temos vários deveres a cumprir. Dentre eles, podemos destacar:

Sigilo: promessa feita por juramento, que deve ser guardado de forma inviolável, principalmente na presença de profanos. Refere-se a tudo o que tenha sido confiado ao Irmão sob a fé e a confiança maçônica.

Vencer as paixões ignóbeis que aviltam e desonram, o que só se consegue estudando, dominando os seus instintos e aperfeiçoando-se.

Como aprendiz, entendemos que somos como uma criança ainda na ordem, que vem ao mundo maçônico e começa a sua aprendizagem, com o balbuciar das primeiras palavras e passos, “na intensa observação e imitação do comportamento dos seus pais e dos que estão à sua volta”.

Tudo é novo e, portanto, as atenções estão afloradas. Como comportar-se? Quais os ensinamentos que receberemos? O que devo fazer? Comparativamente, podemos inferir que o aprendiz tem como mãe, a sua “LOJA” e como pai, os seus “MESTRES”. Começa, então, uma longa jornada onde, a cada dia, paulatinamente, lições de vida e fagulhas filosóficas nos são lançadas, durante a abertura, transcorrer e fechamento dos trabalhos.

Passam-se os primeiros meses e nós, aprendizes, começamos a criar “calo nas mãos” no sentido de que o desbastar da pedra bruta é bastante incômodo, e que é necessário muito esforço físico e mental para este trabalho.

Neste momento, necessitamos da intervenção e ajuda dos mestres, para evitar que o desânimo e a descrença se instalem; ensinando-nos desde “a posição correta do corpo” até “o modo mais eficaz de usar o cinzel e o maço”. Caso contrário, isto poderá estabelecer a dúvida e a contestação para nós aprendizes, causado muita vezes pela falta de postura maçônica de alguns membros da Loja, quer na ritualística, quer na própria aplicação pessoal.

Nós, aprendizes, antes de tudo, somos observadores e copiamos as atitudes, virtudes e até defeitos dos nossos mestres, pois são os nossos modelos. Imaginamos que eles estejam ultra-polidos e já transpuseram os mais altos degraus do conhecimento maçônico, navegando em águas profundas dos oceanos filosóficos.

Atentos a tudo, nós, aprendizes de fato, escutamos as orientações que nos são dadas, não só nos momentos de trabalho em Loja, mas também na confraternização entre os Irmãos, após o encerramento dos trabalhos.

Sabemos que a maçonaria é uma instituição milenar que tem as suas origens na névoa dos tempos. E através dos seus membros tem preservado todo o manancial de sabedoria de anos, aos quais, nós, ainda não tivemos acesso. Com toda a certeza, podemos dizer que O GADU encarregou-se de atribuir esta tarefa somente a alguns que suportaram o glorioso estandarte da maçonaria e contribuíram para a perpetuação da ARTE REAL.

Começamos então a perceber, que a Maçonaria é uma associação íntima de homens escolhidos, cuja doutrina tem:

Por base, o Grande Arquiteto do Universo, que é Deus;

Como regra, a Lei Natural. Abrindo parêntesis, sabemos que a Lei Natural está gravada na nossa consciência e, certamente, a Lei Humana nem sempre está conforme a justiça definida pela Lei Natural e pelas demais leis que envolvem apenas algumas das relações sociais;

Por causa, a Verdade, a Liberdade e a Lei Moral;

Por princípio, a Igualdade, a Fraternidade e a Caridade material (filantropia), bem como a caridade moral;

Por frutos, a Virtude, a Sociabilidade e o Progresso;

Por finalidade, a felicidade de todos os povos, procurando, incessantemente, a união sob a sua bandeira de paz, abrindo os nossos os olhos para todo o Bem que se pode fazer e não se faz.

Assim, um iniciado que possua um coração frio e uma inteligência limitada, que não conheça ou não queira conhecer com a sua ciência vã e superficial, não será jamais capaz de compreender o culto que a Maçonaria rende à Verdade, à Natureza e ao seu Sublime autor. Desertará da Sociedade Maçônica para precipitar-se, por fim, nos lúgubres abismos das paixões humanas.

2 – E O QUE ENTENDE QUE A ORDEM ESPERA DELE

Por que realmente nos reunimos? Por que nos aceitaram estar entre eles? É um trabalho contínuo de reflexão em que as dúvidas vão sendo esclarecidas homeopaticamente, a despeito das nossas ansiedades.

E somente depois de certo tempo, já participando dos trabalhos em loja, e as atenções mais reflexivas nos nossos rituais, acompanhando, escutando e interpretando, é que verificamos algumas respostas, e que recebemos continuamente estas orientações básicas, para o ato de “lascar a nossa pedra bruta.” Enfáticas são as instruções, dadas a cada trabalho. Dentre elas,

“despojar-se da ignorância, renegar a tirania que cega, a discriminação sem sentido, que nos leva ao engano e às falhas de julgamento, e para isto, devemos buscar sempre a verdade para instaurar a justiça, firmando a Ordem na mais alta escala virtuosa, condenando de vez os maus hábitos e defeitos da humanidade, e assim, promovermos o bem estar entre os homens, buscando o aperfeiçoamento da própria humanidade”.

Recebemos a informação de termos sido pinçados da sociedade, por primarmos da virtude de sermos homens livres e de bons costumes, mas por que disto? Tal indagação está constante nas nossas expectativas, verificando então junto dos nossos Mestres, de quem recebemos as orientações, passadas de forma paulatina e em doses, e isto nos permitiu compreendermos, que para as pessoas e organizações, que acreditam que outro mundo é possível, a Ordem Maçônica lhes oferece um espaço para que se reconheçam mutuamente, troquem experiências, se articulem para ampliar e desenvolverem as suas ações, e lancem novas iniciativas, para efetivamente melhorar o mundo.

Seria muito utópico, pensarmos que uma Instituição tão antiga, tradicional e sábia, não houvesse preparado um ensino adequado para os seus Aprendizes, num processo de evolução, independente da sua cultura, mas com certeza por aquilo que são e não pelo conceito exagerado de si mesmos, e de forma segura tratam de destruir as causas que produzem o mal, terminando com a ignorância e eliminando as diferenças gritantes, geradoras da miséria material e moral de milhões de indivíduos, e formulando proposta para promover os direitos humanos, a justiça social, a democracia participativa, a paz e o desenvolvimento sustentável, criando para a humanidade um caminho de luz e de esperança, enfeitado nas flores da fraternidade.

Ainda, pelo nosso pouco e humilde entendimento em formação, como aprendizes que somos, verificamos que a Maçonaria deseja e espera que acreditemos na força transformadora das ações que visam construir uma sociedade mundial igualitária, pacífica e justa. Que a entendamos como um modelo a seguir na solução dos problemas, e pelo fortalecimento da convicção de que aquilo que parece destino pode ser mudado, passo a passo e ponto por ponto. Para tudo existe conserto, sim. É só juntar CLAREZA, CORAGEM E AÇÃO.

Hoje, vivemos das histórias da maçonaria, da sua influência em todo o curso da humanidade e dos feitos heróicos dos seus membros. Porém, isto é passado e, amargurados, verificamos que atualmente encontramos poucos relatos de ações dos membros da atual maçonaria. E, aflitos, assistimos à instalação da crise geral em todos os meios, e de forma mundial, na política, na sociedade, com as suas discriminações, as suas divergências étnicas e os seus conflitos governamentais, onde a corrupção já está agregada aos meios sociais. Corrupção que nos envergonha e que corrompe. Isso, sem contar o mau maior representado pelas “drogas”, que se lastra sem fronteira, numa autêntica guerra que não sabemos como combater nem estamos preparados para isso.

Precisamos mudar! Urge mudar! Missão difícil, não acham?

E agora? O que faremos nós, maçons modernos, para tentar perpetuar este trabalho milenar? Sabendo que faltam homens da estirpe de Pitágoras, Platão, Jacques De Molay; de Gonçalves Ledo, José Bonifácio, Joaquim José da Silva Xavier, Deodoro da Fonseca e de tantos outros que a história generosamente registra, temos o dever de conduzir os nossos trabalhos à semelhança desses vultos, desses maçons-maçons, estabelecendo como meta, “Melhorar a Humanidade”.
As expectativas do aprendiz em relação à ordem e o que entende que a ordem espera dele?

Afinal, somos os maçons de hoje, que geraremos a história do amanhã.

“Para isto acontecer, basta somente que cada um de nós seja maçom em toda a plenitude da palavra, praticando em Loja e principalmente no mundo profano, a verdadeira maçonaria explícita nos nossos rituais”.

Assim, devemos manter-nos fiéis ao que somos, porém, fortalecer e tornar representativa a participação da Ordem Maçônica na vida da comunidade em geral. Fortalecidos internamente, estaremos aptos a participar e fortalecer os diversos movimentos e atividades voltadas para o engrandecimento da sociedade em que vivemos.

Esperamos, sinceramente, que a Ordem Maçônica possa continuar o seu trabalho milenar com harmonia, união, plantando sementes de fraternidade, acolhendo a todos os seus membros fraternalmente, de forma que possamos juntos, trabalhar em prol de uma sociedade equilibrada e justa. “Este é o sonho de todos nós e a nossa expectativa de aprendizes maçons”.

CONCLUSÃO

Encontramos na maçonaria uma escola de virtudes, e verificamos que dentro dela os nossos trabalhos de aprendizes são importantes e têm um bom cunho filosófico. O próprio futuro da maçonaria está diretamente ligado a estes aprendizados e aos trabalhos dos aprendizes. É de grande importância que os grupos com mais vivência na Loja orientem e incentivem o surgimento de novos líderes. A maçonaria deve ser vista como uma instituição honesta e fiscalizadora.

Há que se repetir: a Maçonaria é realmente uma escola de conhecimento e, desde que independamos os princípios desta Ordem, certamente ocorrerão mudanças nas nossas vidas, tornando-nos cada vez mais tolerantes, éticos nas nossas ações e justos, valorizando cada um de nós. Estes fatores podem fazer a diferença entre o ser e o não ser, o estar e o não estar na Instituição. Queremos dizer com isto, que não basta ingressar na maçonaria; é preciso querer acertar e deixar que os seus ensinamentos possam influir no nosso comportamento.

Entendemos, portanto, que a ordem não pode ter senão um objetivo: a Liberdade do Homem, e, também, como corolário moral, o respeito da sua dignidade, o que exclui toda pressão exterior a este respeito, A Maçonaria, nos seus princípios, só pode estar em conflito com aqueles que a negam ou que restringem esta liberdade de consciência e de pensamento, que para todo ser humano, é fundamental e absoluta. Por ser de ordem metafísica, a Maçonaria pugna, como postulado, pela procura do conhecimento e da verdade.

Assim, devemos acreditar no Homem, mesmo que ele não seja um ser perfeito. Mas que devidamente preparado e doutrinado para a interpretação correta dos ensinamentos recebidos, e pela prática das virtudes, o Iniciado trilhará o caminho certo e contribuirá para transformar o Homem e o Mundo. É só juntar CLAREZA, CORAGEM E AÇÃO.

E concluímos, finalmente, que a maçonaria busca o desenvolvimento contínuo do indivíduo e que sendo esta, uma verdadeira oficina de caráter do cidadão, formará os LIVRES PENSADORES, para que estes possam buscar sempre A VERDADE, atingindo A PLENA FELICIDADE.

Sê humilde se queres adquirir sabedoria; Sê mais humilde ainda, quando a tiveres adquirido (Helena Petrovna Blavatsky)

Adaptado de prancha escrita conjuntamente por:

Augusto Prochnow Junior Apr

Luis Fernando Cerri Apr

Edson Roberto Ceccato Comp

Fábio Fiorim Comp

Henrique Souza Guimarães Apr

Márcio Adão Pereira Comp

RELATOR: Edson Roberto Ceccato Comp

ARGBLS “ESTRELA DO RIO CLARO” nº 496

Referências bibliográficas

MARCOS H. DE A. SANTIAGO – Cadernos de Estudos Maçónicos – A Formação do Maçom na Loja Simbólica.

RIZZARDO DA CAMINO, – Introdução à Maçonaria, v.3, 2ª Ed., Aurora, Rio de Janeiro, RJ.

ZILMAR DE PAULA BARROS – Maçonaria para Profanos e Neófitos, Ed., Mandarino LTDA, 2ª ed, Rio de Janeiro, RJ.

JORGE ADOUM – Grau de Aprendiz e Seus Mistérios, Editora Pensamento S.A., São Paulo, São Paulo;

O QUE UM APRENDIZ ESPERA DE SEUS MESTRES – Oriente de Fortaleza, Prancha em trabalho de Diógenes José Tavares Linhares – MM

 

 

O ALVORECER DA REFLEXÃO E A MAÇONARIA


O alvorecer da reflexão se dá quando o pensamento não só pensa, mas já observa o que pensa, ou seja, o pensamento pode a partir deste momento pensar o pensamento. Tudo começou em Mileto, um porto às margens da Ásia Menor, na região da Jônia, com o filósofo Thales, perguntando “o que é isso?”, isso significando o cosmos. Buscou na água a resposta que necessitava. Seu discípulo Anaximando procurou no a-peiron, no infinito, a origem cósmica ilimitada e eterna.

O discípulo deste, chamado Anaxímenes, procurou no “pneumas”, o ar, a sua elucidação. O jônico Heráclito de Éfeso, já estava à busca do logos, ou seu significado, que transcendia um princípio dinâmico. Pitágoras, que muito tem a ver com o final numérico desta instrução, formulou um cosmo essencialmente musical e geômetra.

É interessante observar que ele acreditava na imortalidade da alma e que a vida correta só poderia ser alcançada seguindo a princípios matemáticos harmoniosos. Ensinou em vários pontos da Magna Grécia e ministrava suas aulas numa caverna, por trás de uma cortina. Seus ensinamentos coincidem com o final desta sexta instrução.

O ser humano sempre esteve diante de pequenas questões e de grandes questões, variando suas formas conforme suas épocas. As pequenas questões sempre encontraram respostas no senso comum, mas as grandes questões necessitam, devido à sua abrangência, de uma forma além da usual de pensar, para que sejam respondidas.

Hoje se confunde a dificuldade de se elucidar as questões intrínsecas pela quantidade maior ou menor de informações para solucioná-las. Como se vê, dá-se uma ênfase maior à busca exterior, do que à reflexão interior. Tornou-se fácil, para o pensar da maioria, responder coisas difíceis, apertando apenas alguns botões do computador e retirando dali um enunciado. Vejam: as grandes questões não comportam estes tipos de arautos do rei. Certamente que se temos questões técnicas, buscaremos ancoradouro na sistemática das informações tecnocráticas.

Se temos questões cotidianas, deveremos resolvê-las em âmbitos do conhecimento que as solucione. Se é um problema de vendas, buscaremos métodos e técnicas capazes de melhorá-lo. Se é um problema de emprego, fazemos currículos e os enviamos às empresas. Aprimoramos nosso currículo. Adequamo-nos às necessidades de trabalho. Se é um problema familiar, buscamos psicólogos, analistas, aconselhadores pastorais.

Possa até ser, que alguns tenham problemas maiores com as bolsas de aplicações, por ex., mas que também têm seus analistas de mercado.

Mas há perguntas que são outras. Exemplos: Como começou o universo? Onde eu estava antes de nascer? O que é a vida? O que é o tempo? Por que somos humanos em um corpo que sobre alguns aspectos parece um pouco animal? Não que estas perguntas tenham uma resposta precisa, porém, reconhecemos que suas soluções não estão na tecnologia e nem somente no conhecimento acumulado do intelecto. Voltamos às indagações da Antiga Jônia, onde Pitágoras, de Samos, se aproxima de nós.

Nunca saberemos tudo e nem alcançaremos a verdade sem praticarmos a meditação constante. É preciso encontrar respostas que sejam nossas. Que sejam cavadas em nossa mina interior. As teorias são necessárias até ao limite de que não sejam verdades absolutas e de que se tornem sementes para se buscar alternativas, para retirarmos os véus da ignorância, embora nos encontremos diante de um oceano de indagações.

Coloquemos em prática os mistérios da Maçonaria, através de seus símbolos, sua numerologia, seus sinais, suas palavras, suas cerimônias, pois ainda entre os maçons, encontram-se Mestres, com o mesmo quilate dos mestres do passado.

A/D

QUAIS SÃO ALGUNS DOS BENEFÍCIOS DE SER UM MAÇOM?


 

Vai ficar rico por ser Maçom? Vai ficar famoso por ser Maçom? Talvez um político bem-sucedido?

Seria um grande NÃO, para todos os itens acima.

Embora haja muitos benefícios em ser Maçom, eles não são bem os que você deveria esperar se estiver pensando em se tornar um deles.

No entanto, existem muitos outros benefícios (que são mais importantes que riqueza, poder e influência) que você precisa conhecer. São eles:

Você terá acesso a uma Fraternidade mundial.

Você encontrará irmãos em todo o mundo.

Você fará parte de algo

Você fará parte de uma sociedade que valoriza a igualdade para todos os homens.

Você tornar-se-á um homem melhor.

Você estará a ajudar pessoas através de várias obras de beneficência.

Estes são apenas alguns dos benefícios que você pode esperar ao fazer uma petição para ingressar numa Loja.

Se você está a pensar ingressar na Maçonaria (uma Fraternidade que tem Reis e presidentes nas suas fileiras), este guia é para si.

Vou explicar todos os pontos mencionados acima em maior detalhe abaixo (destruindo alguns mitos ao longo do caminho) e também compartilharei um pequeno guia que explicará como se tornar um Maçom. Vamos começar…

Com a Maçonaria, você ganha uma segunda família

Quando ingressa na Maçonaria, você tem uma rede de aproximadamente 6 milhões de Irmãos em todo o mundo (as estimativas variam, mas está na casa dos milhões).

Você tem sorte de ter cerca de uma dúzia destes reunindo-se na Loja em que você será iniciado e eles vão tratá-lo como um Irmão desde o primeiro dia da sua adesão.

O respeito que recebo dos meus irmãos surpreende-me toda vez que é necessário.

Os seus irmãos podem ser encontrados no mundo inteiro

Estes 6 milhões de irmãos estão espalhados por (quase) TODOS os países desta face do planeta.

Em qualquer lugar do mundo (exceto naqueles países onde a Maçonaria é oficialmente proibida); você pode ter certeza de que tem um irmão em algum lugar por perto.

Você pode visitar qualquer Loja no mundo e assistir às reuniões da Loja com os seus irmãos.

É realmente incrível viajar para lojas em todo o mundo e testemunhar como eles trabalham a Maçonaria e seus graus.

Pode ser um pouco diferente do que você está acostumado, mas o amor e o respeito sempre estarão lá.

Faça parte de algo maior do que você

A Maçonaria existe há centenas de anos.

Quando você for iniciado, você fará parte desta “tradição” que tem uma história muito, muito longa.

Você fará parte de uma fraternidade que teve Reis e Presidentes nas suas fileiras e deve tratá-la de acordo.

A Maçonaria é igual para todos

Uma das coisas mais incríveis é que em cada loja; todo irmão é igual.

Não existe um tratamento especial apenas devido ao seu status social.  Na loja, todos os irmãos são tratados igualmente.

Pessoalmente, conheço milionários que fazem o trabalho “não tão glamoroso” na Loja e fazem-no com orgulho, sabendo que estão servindo a uma Fraternidade que é muito maior (e mais rica) do que eles.

É simplesmente incrível ver homens de todo o mundo, de diferentes raças e religiões, mantendo vivas as tradições maçônicas centenárias.

A Maçonaria recebe homens bons e torna-os melhores

Este é um dos princípios básicos que você aprenderá quando se tornar um Maçom.

Você aprenderá como tratar melhor o seu próximo e como viver a vida sendo justo e perfeito com o mundo.

Claro que você pode ser uma pessoa melhor sem a Maçonaria, mas ser um Maçom é uma maneira de fazer isso!

O Trabalho de Caridade

Depois de fazer parte de uma Loja, você terá que pagar as suas taxas anuais.

A maior parte dessas taxas é usada para cobrir as despesas da loja e para despesas de Beneficência.

Maçons doam milhões para construir hospitais infantis, ajudar comunidades carentes, ajuda em desastres, etc. e muito mais.

O que se pensa ser os benefícios de ser um Maçom

Há muitas informações erradas por aí sobre os benefícios e vantagens que você obtém como Maçom, então vamos apenas abordar estes mitos:

Você ganha dinheiro com a Maçonaria: Falso! A Maçonaria tem custos para se associar e você não será “pago” para ser um Maçom.

Você ficará rico: Falso! A Maçonaria não o torna rico

Você faz conexões para promover o seu negócio: VERDADE! Mas isto pode ser feito em qualquer grupo social e comunidade.

Você fará parte de uma sociedade secreta que controla o mundo: Totalmente absurdo!

O que um Maçom faz?

Agora que você conhece os benefícios de ser um Maçom e o que poderá obter com isso, vamos conversar sobre o que é exigido para ser um membro.

Haverá muitas coisas para você fazer, e todas elas serão explicadas antes da sua iniciação, para que saiba exatamente o que se espera de você, mas não se preocupe; envolve principalmente ser um homem com uma forte bússola moral.

Claro, não posso revelar muito, mas confie em mim; A Maçonaria vale a viagem.

Como se tornar um Maçom

Tornar-se um Maçom é um processo bastante simples e fácil.  Se você tem mais de 21 anos, tem uma ficha limpa e acredita num “Ser Supremo”, tem o que é preciso para se tornar um Maçom.

Publicamos um Guia do Candidato em E-book que o ajudará a entender do que se trata e tomar uma decisão consciente, caso receba ou tenha recebido um convite para ingressar na Maçonaria.

J. Filardo

Fonte

https://bibliot3ca.com/

 

POR QUE OS MAÇONS NÃO LÊEM?


 “Não é afirmação jocosa quando observo que VOCÊ, que está lendo estas linhas, é na verdade um dos poucos componentes deste grupo minoritário de leitores maçônicos” Kurt Prober

A Comissão de Educação Maçônica da Grande Loja de Missouri (EUA) recentemente publicou um brilhante artigo a este respeito, de autoria do Irmão Earl K. Dille Jr., e usando de alguns trechos das conclusões a que ele chegou, irei tecer um breve comentário sobre o que acontece no nosso ambiente maçônico.

A simples existência deste estudo prova que o mal não é somente nosso, mas sim Universal, embora entre nós muito agravado. Costumam afirmar que a Arte Real não precisa de divulgação escrita, por ser ela uma agremiação tradicional onde tudo é comunicado “oralmente”.

E todos aqueles que já se dedicaram jornalisticamente à feitura de um jornal maçônico, ou que, como escritores ou historiadores, já tentaram editar ou mesmo conseguiram fazê-lo, um livro maçônico, podem sumariamente provar o fato: “O MAÇOM NÃO GOSTA DE LER” seja por falta de interesse, entusiasmo, motivação íntima, ou seja, por simples preguiça.

Se receber um jornal ou boletim, geralmente distribuído graciosamente por Lojas ou Potências, para início de conversa esquece a sua obrigação mais elementar de profano, “a de acusar o recebimento”. Muito contrário, ainda reclama quando lhe mandam.

Mas, quando o recebe, mal passa os olhos pelo cabeçalho, se é que algo lhe merece atenção NÃO O GUARDA e nem dá a algum irmão eventualmente mais interessado. E quando alguém lhe fala de um determinado artigo, muitas vezes até sem tê-lo lido, “mete a lenha” ou faz uma alusão desairosa sobre o autor, especialmente quando não é do seu “partido fofoqueiro maçônico”.

Normalmente arquiva o boletim na “CESTA-secção…”

E o famoso artigo “POR FAVOR, NO LIXO, NÃO…!”, publicado pelo esforçado “ADAUTO” no “O CINZEL” n° 104/106, em Março de 1976 (protesto veemente do redator do O CINZEL – Órgão da Loja REALIDADE n.º 21, de Recife) é um documento mais do que convincente deste estado de coisas.

Calcula o autor americano que menos de 10% dos maçons americanos “passam os olhos em tais publicações”, dizendo os editores de livros maçônicos que menos de 5% COMPRAM UM LIVRO. Mas se isto acontece num país altamente alfabetizado, o que diremos nós do BRASIL?

Ao ser iniciado, elevado ou exaltado no simbolismo e a seguir no filosofismo, cada Maçom recebe UM EXEMPLAR do rito de cada grau, e um Regulamento Geral.

Pois bem, sendo eu possuidor da maior Biblioteca Maçônica do Brasil, tenho me perguntado a milhares de Irmãos de tudo quanto é rito e potência, e RARO é aquele que, mesmo sendo Grau 33 me pode mostrar (ou emprestar para tirar uma Xerox) dos rituais da sua época, ou das Constituições que recebeu.

Praticamente nenhum Irmão, de Lojas que durante anos imprimiram Boletim ou Jornais, me pôde mostrar algum e muito menos ALGUNS números dos mesmos, e a maioria das Lojas que os imprimiram não possuem uma coleção completa, única que seja. Não quero aqui citar os nomes de pelos menos 10 Lojas às quais escrevi perguntando, para não envergonhar ninguém.

Basta só citar o BOLETIM DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL, editado continuamente de 1871 até 1976, com poucas interrupções, perfazendo um total de digamos 800 números. Creio que só existe UM ÚNICO CONJUNTO COMPLETO, que é o da minha biblioteca, e nem o GOB possui uma coleção completa, faltando-lhe, creio, quase 8 anos.

Se eu afirmasse categoricamente que nem 5% dos nossos Irmãos Iniciados e que hoje possuem altos graus, jamais passaram os olhos nesses rituais e constituições, provavelmente seria taxado de exagerado. Entretanto, na verdade eu estaria assim mesmo “mentindo descaradamente”, pois raros são os que jamais abriram estes livrinhos… e raríssimos são os que os guardaram carinhosamente.

Faça-se em qualquer Loja de mais de 15 anos de existência a experiência, mandem trazer os rituais de todos os graus que possuem, pelos Irmãos antigos, e terão confirmado o que acabo de afirmar. Portanto, não é a firmação jocosa quando observo que VOCÊ, que está lendo estas linhas, é na verdade um dos poucos componentes deste grupo minoritário de leitores maçônicos.

Existem no mundo muitas Lojas de Estudos; ARS QUATOR CORONATI da Inglaterra e da Alemanha, a Sociedade “PHILALETES” dos Estados Unidos, o Centro de Estudos Maçônicos de Jandaia do Sul, etc., que editam livros e boletins, mas os seus membros e assinantes, evidentemente “contribuintes”, são em número tão reduzidos que seria ridículo aqui citar números, para a Maçonaria não morrer de vergonha.

O iniciando, olhando respeitosamente os membros antigos das Lojas, especialmente os que fazer questão de “enfeitar o Oriente”, ou os componentes da nossa honorável Fraternidade, de um modo geral os imagina bem ilustrados e informados, mas na realidade, em 99% dos casos, está redondamente enganado.

Mostra-se o desejo de estudar e aprender alguma coisa, especialmente quando possui um grau de cultura mais elevado, é sumariamente freado e até ridicularizado com o velho chavão: Ainda é muito cedo para você ficar sabendo isto, porque isto irá aprendendo com o tempo, quando for mestre…”

Na hora, o novato ainda reverencia “tamanha cultura demonstrada”, e quando o tempo passa e ninguém lhe ensina coisa alguma, então se desencanta, e quando exaltado a mestre, começa a se afastar e vai faltando ao convívio daqueles que tão vilmente o enganaram.

Com vaidade quase pessoal, os mais vivos citam bombasticamente, e em tudo quanto é ocasião, os nomes de grandes maçons do passado: Cônego Barbosa, Lêdo, Nabuco, Rui, Macedo Soares, Saldanha Marinho, George Washington, Franklin, Goethe, Monroe, etc., mas esquecem que estes maçons se tornaram GRANDES, de fato, por que estudaram e leram tudo quanto aparecia de impresso, escreveram e publicaram livros, e assim foram ensinando os seus irmãos contemporâneos e atuais, o que a maioria de nós NÃO FAZ e não está disposta a fazer.

Para que se tornaram maçons, então? Se não estão dispostos a “desbastar a pedra bruta”, nem a sua própria e nem a dos aprendizes, ainda se dispõem a aprenderem alguma coisa? Será que nos tornamos maçons pelo simples desejo de pertencer ao “sindicato”?

A verdade é que a grande maioria só quer mesmo é bater no peito e “apregoar”, ou então “sussurrar” ao ouvido dos outros SOU MAÇOM!…

Existem bibliotecas maçônicas em algumas Lojas ou Potências, e eu já fui e ainda sou bibliotecário de algumas, e posso comprovar que ENTRA ANO E SAI ANO sem sair UM ÚNICO LIVRO para ser lido em casa, já não se falando para ser “estudado”, e quando alguém aparece furtivamente é quase sempre para OBTER UMA RESPOSTA a alguma pergunta eventual e, nesta hora, nem procura saber, nem está disposto a fazê-lo, “pois está com pressa”, mas quer que alguém lhe dê a resposta certa e imediata.

E quando não lhe agrada, pois pretendia que a coisa fosse outra, ainda fica duvidando da resposta que recebe. Mas muito pior é quando um livro sai emprestado por 15 dias, que deve ser o prazo máximo; o bibliotecário precisa exigir “recibo assinado”, para no fim ficar atrás do livro A SER DEVOLVIDO, DURANTE 180 DIAS (seis meses). Deve dar-se por feliz quando consegue reaver a obra, geralmente em mau estado de conservação, e no fim fica mal visto pela sua insistência. Ou então, no fim de um ano, recebe a resposta lacônica: “Acho que perdi o livro, pois não o encontro”

E quando lhe é exigida a compra de um livro igual ou de outro equivalente, recusa-se, então, peremptoriamente, preferindo nem mais aparecer na oficina. Isto, não falando dos “amigos do alheio”, que fazem a sua biblioteca à custa dos irmãos, pedindo livros emprestados e esquecendo-se de devolvê-los. E poderia até citar o nome de um Grão-Mestre, cujos familiares venderam a sua biblioteca, depois que este faleceu, inclusive “várias centenas de livros com carimbo da Biblioteca Oficial da Casa” e nem tiveram a dignidade de restituir, pelo menos nesta hora, tais preciosidades, assim perdidas para sempre, pois o comprador paulista não as irá devolver.

Habituaram-se os nossos Irmãos a NÃO ESTUDAR E A NÃO LER COISA ALGUMA, preferindo discutir com veemência sobre o “disse me disse” dos outros. Ou, então, preferem ficar em casa vendo e ouvindo novela na televisão. Mas chegando à Loja, isto bem entendido, quando vão, gostam de arrotar sapiência, fazendo discursinhos estéreis, sempre repetindo as mesmas baboseiras, e ficam muito zangadinhos e mesmo ofendidos quando um “explicadinho”, destes poucos renitentes que tem frequência, lhe fazem um pergunta incomoda que não sabe responder, ou, então, lhe prova na hora a incongruência de alguns desses seus discursos tipo “comício”, sem qualquer profundidade cultural e mesmo de valor maçônico (…)

Agora, POR QUE NÃO LÊEM…? Bem, isto é outra página da história, e faço votos que cada um consiga responder esta pergunta indiscreta, pelo menos a si mesmo, e, depois disto, pode até ficar com “raiva” de mim, por ter dito a verdade…

Kurt Prober, Revista “A Trolha”, Londrina, 19.01.1979

 

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